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«Cada pessoa precisa de mais amor do que merece» (J. Splett)
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 30 de November de 2010 01:46

«Cada pessoa precisa de mais amor do que merece»

Hoje, deparei-me com esta frase de Jörg Splett, pela mão de Piet van Breemen.

A frase é desarmantemente simples e enormemente profunda. Facilmente lhe reconhecemos um alcance «humano», identificando muitos exemplos que nos mostram estas duas ideias: a) precisamos de amor; b) precisamos de mais amor do que merecemos. Basta pensar na experiência primeira do amor maternal.

Mas tem igualmente um enorme alcance espiritual, mesmo que não tenha sido escrita com uma intenção «estritamente» espiritual. Contra uma certa tendência a reduzir a vida espiritual à religiosidade dos «méritos», há que reconhecer que na relação de Deus connosco tudo se «resume» a um imensurável amor imerecido (é a «misericórdia») e que na nossa relação com Deus tudo «começa» por um reconhecer que «Ele nos amou primeiro», mais do que merecíamos, por graça, de graça.

Como não tenho tempo de alinhavar algumas das ideias que me sugere esta frase, fica aberta a sessão para outros comentários, ideias, sugestões...

Alef

Re: «Cada pessoa precisa de mais amor do que merece» (J. Splett)
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 01 de December de 2010 20:28

Continua esta mensagem, Alef. Pode ajudar muita gente.

Aliás, temas de espiritualidade sempre ajudam muita gente... mais do que qualquer outras ideias/teorias/argumentos.

É um tema interessantíssimo - e muito tocante - o amor de Deus por todos nós que o não merecemos em absoluto.

Vá lá... continua a mensagem!

Re: «Cada pessoa precisa de mais amor do que merece» (J. Splett)
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 07 de December de 2010 20:38

Ainda hoje ouvimos no evangelho a parábola dos 99 para 1 que se perde. E Deus dá toda a sua alegria àquele que volta para casa e não tanta àqueles que nela permanecem, exactamente porque estes já tem mais amor do que merecem: têm o próprio Deus, enquanto aquele 1 tem só aquilo que merece, ou seja os dons que garantem a sua subsistência fisica e lhe permitem dar um passo atrás e mudar de rumo em direcção a muito mais do que aquilo que ele merece. Ter o que merece é não ter Deus perto de si.

Re: «Cada pessoa precisa de mais amor do que merece» (J. Splett)
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 07 de December de 2010 21:14

Será correcto pedir mais do que se merece?

Acho este tipo de reflexões encurralantes. Alguém morre de fome e sede.. teve ela o que merecia? Teve ela mais do que merecia?

Francamente, acho melhor não irem por aí, a maior parte das situações escapa ao mundo ideal dos cânticos de natal cheio de alegria e fraternidade.
A vida é naturalmente azeda e impiedosa q.b.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: «Cada pessoa precisa de mais amor do que merece» (J. Splett)
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 08 de December de 2010 13:45

Lena,
O mundo 'real' só é tão mau porque nós não transformamos o pequeno mundo que nos rodeia. Se cada um de nós fosse sal e luz - como nos pede Cristo - com os nossos familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, com os desconhecidos que se cruzam connosco nas ruas ou no café...

Tudo seria muito diferente.

Claro que podes dizer que isto são só palavras, e infelizmente são mesmo... Somos tão imperfeitos que, mesmo tentando ser melhores, não conseguimos superar as nossas grandes misérias, impulsos de carácter, etc...

Mas eu acredito. Acredito que podemos todos construir um mundo melhor, se nos construirmos todos os dias a nós mesmos. Se pedirmos a Deus que nos dê - um dia, talvez? - um coração grande, generoso, infinitamente capaz de amar... acolhedor e compassivo... atento à dor, ao sofirmento e às fraquezas humanas...

Há tanta gente pobre. Pobre moral, espiritualmente; e gente pobre de carácter, de bondade.

Quantas pessoas vemos todos os dias duras de coração, frias... e nós em vez de lhes darmos mais do que o que merecem, pagamos-lhes com a mesma moeda e transformamo-nos em pessoas iguais a elas...

Muita gente pode achar isto ridículo, mas ridículo a valer: eu aprendi a amar desde pequena... nas telenovelas!!! Com os filmes!

Sempre fui fascinada pelas pessoas com que me cruzo eventualmente (e pelas personagens de ficção) aparentemente «más»...

Acho que o grande problema da humanidade é mesmo este: falta de amor. Quando as pessoas são muito amadas, aprendem a amar. E ninguém é realmente «mau»...

Só o amor pode transformar os corações e salvar o mundo.

Logo, todos nós precisamos muito mais do que o que merecemos - precisamos de mais e mais amor, para aprender a amar verdadeiramente. Para amar mais e melhor... para ter um coração maior, onde caiba todo o mundo... toda a humanidade e cada pessoa individualmente considerada.

Todos os dias peço a Deus que realmente me ensine a amar, que me dê um coração grande e generoso... porque pelos meus méritos jamais o terei, então espero em Deus e confio n'Ele que, nas diversas situações diárias, Ele me vá ensinando lentamente a ser uma pessoa melhor. E só somos melhores se amarmos. Só o amor transforma.

Claro que se uma pessoa morre de fome pode ter tido o que merecia. Mas se todos dermos aos outros mais do que eles merecem, se em todo o mundo toda a gente soubesse amar, ninguém seria tratado como merece.

É minha convicção profunda e firme: só o amor pode salvar o mundo. O amor é a grande força transformadora de tudo.

Se começássemos por transformar o pequeno mundo que nos rodeia - pelo amor, quanto mais amor a todo o tipo de pessoas melhor -, rapidamente o mundo mudaria...

Mas não, infelizmente isto são só palavras ao vento... porque não sou capaz de amar ninguém nem sequer como merece, quanto mais o dobro disso...

Continuo a rezar para que um dia consiga!

Re: «Cada pessoa precisa de mais amor do que merece» (J. Splett)
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 19 de December de 2010 14:49

Citação:
Claro que se uma pessoa morre de fome pode ter tido o que merecia.

Olá.
Não vou comentar a frase, pois ela fala por si, fora que não quero alimentar polémicas inúteis.

Não concordo com o autor, que diz que "cada pessoa precisa de mais amor do que merece".
A frase é falaciosa.

Na verdade, por detrás desta frase, está um "à priori"... o à priori de ser eu a determinar qual é ou não é o nível de amor, melhor, a qualidade intensiva de amor que o outro sugeito merece, ou não!! Desta sorte, sou eu mesmo que atribuo o outro como noção de bem, dentro do limite subjectivo da minha noção de bondade, não olhando à bondade ontológica objectiva do outro sugeito.

Aprofundo um pouco mais: se eu digo que determinada pessoa não merece um nivel de amor qualitativamente superior, mas digo que precisa dele, automáticamente estou a me colocar numa atitude de falsa compaixão, numa postura sofisticadamente farisaica, pois sei de antemão (na verdade não sei) que o outro não merece um nível superior de amor, mas mesmo assim afirmo que precisa dele, e por isso dou-lhe mais amor.

Mas, nesta condições, em que a verdade sobre o outro, expressa na minha inteligência através de um juizo, me diz que esse sugeito não merece um determinado nível de amor, então a minha vontade, objectivamente voltada para a procura do bem, bem esse que me é informado pela inteligência, a minha vontade, dizia, procura um bem, que não é o outro sugeito (uma vez que o sugeito parece não merecer o amor que eu lhe possa dar), mas eu mesmo, através de uma falsa compaixão, que, sob a forma de amor, se traduz na expressão concreta de um sentimento de superioridade moral em relação ao outro.

Como pode a minha vontade buscar um bem (amar o outro sem limites), se a relação de conhecimento que estabeleço com os entes, através de um juizo, me diz que esse ente não é merecedor de mais que determinado nível de amor??
Se a inteligência informa a vontade, e vice-versa, de que um ente não é digno de mais que determinado nivel de amor, mas mesmo assim dou mais amor do que o ajuizado pela inteligência, e procurado como bem pela vontade (o que é impossivel), então é a mim mesmo que me procuro, é a mim mesmo que me amo, pois desde inicio me coloquei na condição de juiz do outro, dizendo o que ele merece, ou não merece, em termos de amor.

Feliz Natal para todos, e um 2011 cheio de coisas boas

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)



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