Fóruns Paroquias.org
paroquias.org

  A participação no Fórum Paroquias.org está condicionada à aceitação das Regras de Funcionamento.
Inteligência Espiritual
Fóruns Paroquias.org : Catequese

 

Ir para tópico de discussão: AnteriorPróximo
Ir para: Lista de fórunsLista de mensagensNovo tópicoPesquisarEntrar
Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: Catequese_7_Avanca (IP registado)
Data: 09 de May de 2009 16:13

Boa tarde a todos,

Somos um Grupo de Catequese da Paróquia de Avanca (7º Ano) e utilizámos uma das apresentações disponíveis no Cantinho da São: A Carta de um Adolescente de 12 anos a uma Catequista.
Reunimo-nos todos os sábados das 15h - 16h e neste sábado (9 Maio) decidimos reflectir sobre a carta que encontrámos neste Fórum.
Lemos com atenção esta carta e queremos partilhar convosco a reflexão dos dois grupos:

Grupo 1 (Catequizabdos) - Para as conquistarmos temos de as respeitar, a cima de tudo, portando-nos bem, ter vontade de trabalhar, confiar nelas,quando precisarmos de desabafar procurá-las.

As catequistas são importantes para nós através dos seguintes tópicos:

Carinho
Amizade
Ternura
Evolução
Qualidade
Única
Inteligente
Segurança
Trabalhadora
Amor

Uma boa relação consiste em confiança, respeito e ajuda.

Há momentos em que nos esforçamos para ter uma boa relação, ao contrario de outros em que nos portamos mal e deixa de existir respeito entre catequizandos e catequistas. No entanto estamos a tentar a eliminar os momentos em que a relação não é tão boa.

Grupo 2 (Catequizandos) - Para conquistarmos as nossas catequistas temos que procurar respeitá-las estando mais calados, sendo amigos mostrando interesse e obedecendo-lhes.
As catequistas sao importantes em alguns aspetos porque nos inccentivam e ensinam a falar com Deus.
Consideramos que numa boa relação entre catequistas e catequisandos tem de haver confiança, respeito, simpatia, interesse e amizade.
No geral o nosso grupo de catequese tem uma relação razoável, porque nos entreajudamos apesar de não o fazermos sempre. Por vezes cometemos erros mas acaba sempre tudo em bem.

Catequistas - Ser Catequista é um desafio muito aliciante...isto tudo porque é Deus que nos chama a Amar cada vez mais.
Que haja muitos grupos de catequese a partilhar o Amor de Cristo!

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: rmlm (IP registado)
Data: 08 de June de 2009 17:38

Tenho 1 filho de 8 anos que anda no 2ª ano de catequese.

Quer sair da catequese porque diz que não acha piada nenhuma.

A nossa vivência familiar é de grande interactividade, passeamos muito, saimos muitos fins-de-semana.
Como a catequese é ao sábado, significa que perdemos muitos fins-de-semana em família e ele já se apercebeu disso, que a catequese é uma entrave para passear.

No próximo ano, se ele não quiser ir, vai mesmo sair.
Como se convence um míudo de 8 anos a continuar?

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 08 de June de 2009 20:32

Ainda não ficou claro o que pretendes aqui. A primeira impressão é que a formação do seu filho te prejudica os passeios e esperavas por isso conseguir algum tipo de ajuda ou aconselhamento. Só assim se pode perceber algum nexo nos posts recentes em tópicos diferentes.

Não entendo, sinceramente, a razão de tanto drama. Se não percebes nenhum valor, nada do que se diga fará diferença. Deus abençoe seu filho, que aos vistos terá muita provação pela frente.

Paz e Bem.

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 15 de June de 2009 08:24

A catequese é muito importante para 2 coisas:

1 - ao formar a pessoa na sua dimensão espiritual dá-lhe um sentido da vida. Esse fortalecimento da dimensão espiritual do ser humano é fonte de esperança na vida, esperança essa que dá alegria e felicidade.

2 - Ajuda a formar para os valores morais. Essa formação dos valores morais e espirituais profundos ajuda a estruturar a pessoa na sua totalidade. Para ser feliz (e penso que é esse o desejo dos pais, que os filhos sejam felizes) não basta a pessoa ter instrução e cultura se não tiver a sua dimensão moral bem estruturada, se não tiver um horizonte de esperança, se não tiver caridade/amor fraterno torna-se muito mais difícil ser feliz.

A catequese é por isso muito útil para as crianças, adolescentes e diria até que para os adultos (aprendemos sempre até morrer).
Claro que o convívio familiar também é muito importante e muitíssimo útil. Mas creio que com boa vontade conseguirão, com maior ou menor facilidade, conciliar as duas coisas.
Há muitos passeios que se podem fazer que não implicam um fim de semana inteiro... quantas vezes as pessoas conhecem bem lugares distantes e não conhecem de todo lugares próximos.
Nalguns casos há a possibilidade de procurar outro centro de catequese que tenha um horário que se adapte melhor às vossas necessidades ou preferências...

Uma coisa é certa se fossem as crianças a escolher se queriam ir à escola metade delas não colocava lá os pés. Também não acham piada nenhuma à escola. Atualmente nenhum pai ou mãe coloca a hipótese de o filho não ir à escola porque simplesmente não lhe acha piada nenhuma. E sentindo que não têm hipóteses de contestar essa frequência da escola a criança não a contesta. Se o seu filho contesta a frequência da catequese é porque sente que tem algum apoio familiar para contestar essa frequência.
O caminho da felicidade não é necessariamente o caminho da facilidade. Aliás habituar as crianças às facilidades, furtando-as a uma formação humana integral não é o melhor caminho para que estas venham a ser felizes. Na vida ele terá muitos compromissos e não poderá fugir a eles para passear. Deverá ser feliz mesmo com compromissos que em muitos casos não lhe serão os mais agradáveis.
O mesmo vale para os pais. Quantas vezes prefeririam estar com os filhos mas têm de abdicar de estar com eles para o bem dos próprios filhos! Um filho desloca-se para outra cidade para estudar na universidade e passa a só ver os pais ao fim de semana... ou nem isso. E custa a ambos mas todos compreendem que é um sacrificio que se faz para bem da formação dos filhos.

A formação espiritual, moral, religiosa também é importante para que a pessoa cresça feliz. E normalmente é uma formação que é feita em comunidade porque é em comunidade que vivemos.

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: amitaf (IP registado)
Data: 27 de June de 2009 10:45

Este tema é bastante interessante, visto que também eu observo certos catequizandos e certos catequistas, pois sou Delegada do Secretariado de Catequese da Região do Alto Tâmega, e o que me apercebo é de que certos catequistas dizem que não precisam de formação pois já sabem tudo, outros já nem deviam ter um grupo de crianças consigo, devido á idade avançada, e este é um dos pontos em que os catequizandos não gostam de ir á catequese pois acham "uma seca", "não se aprende nada", etc.
Falando um pouco de mim, eu tento captar a atenção do catequizando com actividades diferentes, preparo material próprio para o grupo etário que me é entregue e no final do ano de catequese, catequizandos e os pais, agradecem e dizem que os seus filhos gostaram imenso de vir à catequese e até perguntam se para o ano eu vou continuar com eles.
OS catequizandos querem é que lhes falem ao coração e não que os catequistas ditem fórmulas e regras, deves fazer isto, não deves fazer aquilo...
Por isso eu digo que todos nós catequistas necessitamos de fazer formação.
EU sou formadora dos Cursos de Iniciação para CATEQUISTAS e aprendo sempre todos os dias um pouco mais.
TAmbém na formação dos Cursos Gerais Módulo I e Módulo II.
O Espírito santo Já chamou algumas mas num universo tão grande eu tenho fé que mais apareçam.
No enatanto se alguém precisar de material é só escrever para mim: fatimpaula@gmail.com

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: Fátima Santos (IP registado)
Data: 08 de October de 2009 12:43

Olá Bom dia,

Face a este menino que tem 8 anos e não quer ir à catequese, tenho uma opinião que também me abrange, pois tenho um de 7 anos que não quer ir .

Eu penso que o problema não só reside neles por nao aceitarem irem (e ai nós pais temos de lhes conseguir dar a volta e não tirá-los), mas principalmente nos catequistas, porque eu conheço catequistas que têm uma maneira tão aberta de dar catequese que os miúdos desejam o dia e a hora para irem (pois além de aprenderem que Jesus é um amigo... têm alguém amigo para brincar com eles para falar com eles..) e conheço outros catequistas que chegam à catequese abrem o guia e limitam-se a ler e a ensinar as formulas, ora esta maneira de dar catequese não pode ser.

Hoje em dia temos crianças na catequese que estão completamente integradas nas novas tecnologias, novos saberes, novos horizontes e não aquelas crianças de há 20 anos atrás chegavam davam beijinho e sentavam-se a ouvir tudo o que havia para lhes ser dito.

É importante os catequistas fazerem formação, adaptarem-se e abrirem-se com as crianças.

Os tempos são outros e a Catequese tem que se adaptar a estas novas exigências e, claro os pais têm de colaborar, dar o exemplo e porque não dar ideias aos catequistas sob formas de que os miúdos iriam gostar mais.

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: CJSR (IP registado)
Data: 16 de October de 2009 17:25

Aos pais que têm crianças que não querem ir para a Catequese, já pensaram em transferir a criança para outro centro catequético?

Eu coloco esta questão porque a minha filha quando entrou pelo primeiro ano na catequese, na Paróquia de Caxinas (Vila do Conde), como não conhecia ninguém, sentia-se um bocado deslocada.

Transferi-a para a Paróquia de S. João Baptista em Vila do Conde e lá, talvez por ter encontrado alguns colegas da escola e do infantário, e por ter tido um bom acolhimento por parte dos catequistas, (indo um pouco ao encontro da mensagem da forista Fátima Santos) que são muito mais novos que na anterior paróquia, adaptou-se muito bem.

Actualmente a minha filha frequenta o 3º ano, participa em todas as actividades organizadas pela catequese, (e nós pais também) e por iniciativa própria entrou para o coro da catequese (que "dinamiza" a missa da catequese).

Cada ano que passa o catequista cordenador me surpreende, este ano por exemplo criou um blog onde os pais poderão acompanhar o que se passa na catequese e naturalmente emitir as suas opiniões.



Editado 1 vezes. Última edição em 16/10/2009 17:30 por CJSR.

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: amitaf (IP registado)
Data: 16 de October de 2009 18:24

Muito bem a esse catequista, os meus parabéns, mas também aos pais que colaboram, pois é a maior necessidade que nós catequistas sentimos: a ausência dos pais.
Com o meu grupo de catequese não tenho sentido isso pois sempre que peço a colaboração dos pais eles participam muito activamente.
Em relação a crianças que não gostam de ir à catequese é porque nunca se sentiram bem acolhidas e até um pouco desprezadas, mas nunca desanimar - é Jesus que as chama.
Depois de irem até gostam e colaboram muito activamente.
Eu também tenho um blogue onde coloco todas as actividades que vou desenvolvendo com os meus grupos - 4º e 7º catecismos mas também a nível paroquial bem como de diocese pois sou Delegada do Secretariado de Catequese do Alto Tâmega.
Desenvolvo muitas actividades também para os catequistas e pais.
Apenas peço sempre que alguns minutos na vida para escutar Jesus nunca fez mal a ninguém. Alguns não sabem ao que vêm, outros vêm contrariados mas no final saem com o coração e a alma mais preenchidos e que gostaram imenso.
Qualquer ajuda de que precisem enviem mensagem para: fatimpaula@gmail.com

Re: Importância da relação entre Catequistas e Catequizandos
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 18 de October de 2009 16:06

SOBRE A ÉTICA DO ATO DE CATEQUESE - 1

(texto extraído de um artigo do teólogo católico francês Xavier Thevenot)

(...)

Primeiramente questões sobre o uso que o catequista faz de sua singularidade diante dos jovens. Que “estilo” o catequista adota, do duplo ponto de vista humano e especificamente cristão, e o que representa este estilo dentro da sua economia psíquica e da sua “estratégia” catequética? Seria para se examinar aqui tanto o “look” quanto o estilo literário, pedagógico e religioso do catequista. Seria bom deter-se, especialmente, sobre o tipo de distanciamento que este “look” e este estilo mantêm com aqueles dos adolescentes destinatários da catequese. Com efeito, a adolescência é um período onde tem um papel particularmente forte a dialética da singularização e do conformismo. Porque o adolescente procura se distinguir cada vez mais do mundo dos parentes, ele tende a manifestar cada vez mais sua singularidade e estilo próprio, até às vezes confundir o fato de “se singularizar” com aquele de se personalizar. Mas, ao mesmo tempo, o adolescente tem medo de renunciar à segurança de seu mundo original, o que o leva a fundir sua singularidade dentro de um conformismo grupal, às vezes ao limite do mimetismo. A maneira com a qual o catequista assume seu estilo, sua função expressiva, não pode ser sem conseqüências; tanto que resta sempre nele um adolescente adormecido, e que quer ser uma ponte entre o mundo dos adultos e aquele dos jovens. Assim, é provável que sua aparência e sua maneira de falar, de viver, de rezar, serão algumas vezes excessivamente distanciadas daquelas das instâncias educativas da qual ele faz parte, e outras vezes daquelas do grupo de adolescentes com os quais ele comunica. A responsabilidade ética do catequista deve convidá-lo a refletir sobre sua maneira de lidar com as distâncias frente aos adultos e frente aos jovens. Primeiramente é uma questão de seu equilíbrio psíquico pessoal: não se pode estar sempre representando, ou, pior ainda, dividido (“jovem com os jovens, adulto com os adultos”). É também uma questão de autenticidade do ato catequético. De fato, convidando o adulto a entrar dentro do seu jogo regressivo, o adolescente espera realmente, no mais profundo dele mesmo, confrontar-se com uma personalidade afirmada e confirmada que lhe fará compreender existencialmente que a escuta da moral e da fé, longe de nivelar a originalidade do indivíduo, contribui para desenvolvê-la. Eis porque o adolescente é particularmente atento à maneira com a qual o catequista situa sua originalidade diante das duas instâncias que representa e tenta fazê-lo amar: a Igreja e Deus.

O estilo próprio do catequista, em relação com aqueles da Igreja universal e local às quais ele pertence, é decisivo para a moralidade do ato catequético. De fato, o adolescente vive sempre uma ambivalência real: as instituições educativas (família, escola, Igreja) são vividas por ele como repressivas e portadoras de uma moral somente de interditos, portanto ele espera muito delas como instâncias de proteção e de abertura ao futuro, a tal ponto que ele, não raramente, idealiza uma dentre elas em oposição com as outras. O adolescente, em sua relação com a instituição eclesial, oscila então entre os apelos idealizados e as decepções carregadas de agressividade. A maneira de ser, diante da Igreja, da instância que catequiza (grupo de catequistas ou o catequista sozinho) será então muito importante para fazer o jovem compreender concretamente que a realização de sua própria personalidade e a comunhão com a instituição, mesmo sendo algumas vezes relações conflituosas, não são incompatíveis. Uma tal compreensão só poderá surgir se o estilo do catequista evita tanto a idealização ou a “linguagem dogmatista” quanto a marginalização ou o discurso sistematicamente crítico frente ao magistério. Claro que tal posição do catequista diante de sua Igreja depende certamente de sua maturidade psíquica, mas, tanto, senão mais, de sua relação com o Deus revelado em Jesus Cristo.

Com efeito, levar a sério a Revelação cristã é deixar uma atitude de exclusão, que os psicanalistas destacaram como dimensão excessivamente imaginária, para promover uma atitude de inclusão, ou, mais exatamente, de articulação; é passar do “ou... ou...” (ou Deus ou a Igreja; ou a fé ou a lei; ou o evangelho ou a instituição...) para o “e...e...” (e Deus e a Igreja; e a fé e a lei; e o evangelho e a instituição...). A reflexão sobre a eucaristia, que segundo o Vaticano II contém todo o tesouro da Revelação, faz, por exemplo, compreender isso bem. Vê-se aqui que o reencontro singular com o Cristo se faz no seio do reencontro institucional eclesial; que a escuta da palavra, na medida em que é dirigida a cada um na solidão do seu coração, se faz pela mediação da memória de uma Igreja (Escritura e Tradição); que a vinda do Espírito (“Pai, envia teu Espírito sobre este pão e este vinho...”), ao mesmo tempo em que personaliza cada um, edifica um corpo comunitário com tarefas institucionais diferenciadas. Resumindo, a celebração eucarística faz compreender que encontrar o Deus Trino é encontrar o seu próprio estilo e personalidade, estando ao mesmo tempo incluído dentro de um corpo institucional religioso. A vida de Jesus de Nazaré o mostra com clareza. Enquanto seus contemporâneos queriam classificá-lo segundo o “ou... ou...” (ou bem ele é fiel à letra das instituições judaicas e é um profeta, ou bem ele transgride a lei e é um pecador), Jesus por sua existência prova que ser portador de Deus é encontrar uma originalidade no coração mesmo da banalidade de um corpo social e institucional. As repetidas interrogações de seus contemporâneos a seu propósito o mostram bem: “Não é ele o filho do carpinteiro?” [Mt 13,55] (banalidade), e, contudo: “Quem é aquele [Lc 7,49] que não fala como nossos escribas?” [Mt 7,29] (originalidade).

Uma releitura atenta dos evangelhos sugere que a multiplicação dos títulos dados a Jesus (filho do homem, messias, cordeiro de Deus, esposo, profeta...) traduz esta convicção teológica: quando a alteridade de Deus se revela dentro de uma natureza humana idêntica a nossa, ela aparece inclassificável, impossível de se encerrar dentro de somente um significado. Para ser “alcançada” ela requer não uma abordagem puramente conceitual, que se verifica sempre particularmente redutiva da alteridade pessoal, mas uma abordagem ética, que se deixa alcançar por ela e aceita uma marcha na incerteza do futuro (“Vinde e vede”. Jo 1,35). É por isso que a função expressiva da autocomunicação de Jesus é particularmente humanizante: longe de fascinar, ou de "petrificar" (no mito grego das três Gorgonas: Medusa, uma delas, possuía o olhar tão penetrante que qualquer que o visse era imediatamente transformado em pedra), ela mobiliza para fazer encontrar a verdadeira morada de Deus... que é si-mesmo. Maravilhosa dialética de realização da fé! É quando, inquieto por encontrar a moradia do Cristo (Jo 1,38: onde moras?), eu me coloco no caminho do amor (Jo 1,39: vinde e vede), que eu descubro que o Cristo ressuscitado fez em mim sua morada (Jo 14,23: se alguém me ama, meu Pai e eu faremos nele nossa morada). Procurar a universalidade de Deus na singularidade do Cristo é procurar-se a si-mesmo, não mais fechado na clausura do seu eu, mas aberto a um Hóspede que dará a verdadeira fecundidade: “Quem mora em mim como eu nEle, dá muito fruto” (Jo 15,5).

Abandonar-se por Deus é procurar a verdadeira expressão da sua personalidade. Tal é a dialética cristã cuja função expressiva no ato catequético, por ser ética, dá ser ao testemunho. Mas, ainda é necessário compreender a palavra testemunho, porque ela faz parte dos conceitos mais ardilosos do cristianismo, e especialmente da catequese. Bem compreendida a função do testemunho é uma das mais belas maneiras de significar a presença ativa do Reino de Deus, mas mal compreendida ou pervertida por uma dose excessiva de narcisismo ela se torna particularmente imoral! Expliquemo-nos.

Preocupar-se com o testemunho é preocupar-se com o desejo dos outros. Todavia, sobre a aparência de conformidade com a necessidade ética mais fundamental (dar lugar ao outro), pode acontecer desta preocupação ser verdadeiramente manifestação do que alguns chamam “a doença da idealidade”; doença facilmente percebida já que ela provoca com o tempo tendências depressivas em quem testemunha e/ou reações do tipo fuga ou agressividade na pessoa que recebe o testemunho. Com efeito, quando no testemunho o desejo dos outros é instaurado como critério da qualidade de vida da testemunha, esses outros são instaurados como objetos-espelho ao serviço da imagem idealizada da testemunha e não mais como sujeitos da comunicação, portadores da novidade do questionamento. Conseqüentemente, tanto o locutor quanto os destinatários da mensagem ficam bem mal. Estes porque são “coisificados” e no limite excluídos do intercâmbio, aquele porque só encontra uma imagem de si mesmo, verdadeira “estátua” que ele gostaria que fosse cada vez mais amada pelo outro. Assim, quanto mais ele se esforça para assemelhar-se com esta “estátua” mental desencarnada, ampliando seu testemunho, mais ele se aliena; o que conduz inevitavelmente a atualizar as reprimendas mórbidas contra si-mesmo, decepções dolorosas cuja manifestação é: ou o mal de viver, viver a depressão; ou, no extremo oposto, para sair dessa, queimar o que se adorava.

A reflexão ética deve então lembrar a todos que se preocupam com a qualidade de seu testemunho dentro do ato catequético: somente tem chances de ser moral o testemunho que surge por acréscimo, pode-se dizer, de uma experiência do homem e de Deus, que humaniza. Em outras palavras, testemunhar para viver é particularmente alienante, como também viver para testemunhar. O verdadeiro testemunho é o que vem desta dialética de renúncia-descoberta de que falamos anteriormente: renunciar a uma imagem completamente idealizada de si mesmo para descobrir que o eu se desdobra sempre na ambivalência; renunciar à ilusão de que a distância entre o dizer e o fazer pode ser totalmente abolida, para descobrir que a vida humana e cristã é uma aventura arriscada onde eu sou incapaz de fazer tudo o que eu digo e de dizer tudo o que eu faço; renunciar a mirar-se segundo sua pseudo “profunda indignidade” para descobrir que eu sou certamente pecador, mas pecador reconstituído por Cristo na sua dignidade de filho e filha de Deus. Em poucas palavras, renunciar a querer “testemunhar” para tornar-se pouco a pouco testemunha dAquele que sendo Luz (Jo 8,12) quer fazer de mim uma lâmpada (Mt 5,15), dando-me vontade de buscar a fonte da Luz. É evidente que essa Páscoa, que é passagem da renuncia para a descoberta, no coração do testemunho, é particularmente difícil numa catequese de adolescentes. Primeiro, porque para viver bem a perda de sua dependência parental o adolescente necessita de um tipo de “espaço transacional” onde a idealização do catequista tem seu papel; assim o narcisismo do catequista é tentado a satisfazer excessivamente este desejo. Também porque o testemunho da fé remete sempre a qualquer coisa da ordem do “começo” : começo que o catequista experimenta como sua “vocação” ou como sua “conversão”. E os adolescentes gostam especialmente dessas narrações sobre suas origens (“o que fez você crer ou se tornar padre ou religiosa...?”). Sem dúvida porque o adolescente é ele mesmo um “começo” que remete ao fundamento da existência. De repente o catequista se lança dentro da narração da “sua” vocação (de “seu” começo), reconstituindo mais mal do que bem essas quase “cenas primitivas” onde ele acreditava ser levado à fé ou a tal ministério por Deus. Todavia, ele aqui faz a experiência de que ninguém pode reconstituir plenamente seu começo... e fica então dividido entre dois desejos: aquele de se calar, porque ele quer respeitar seu próprio mistério, particularmente porque este escapa ao seu saber, e aquele de falar diante dos jovens e diante de Deus da ação do Cristo nele, porque ele experimentou que não há verdadeira identidade do sujeito senão a identidade narrativa: personalizar-se, em outras palavras moralizar-se, é sempre dizer sua história, recontá-la, e recontá-la de novo, dentro de um movimento incessante de referência ao Outro.

Assim, como previsto, a reflexão ética sobre o lugar da função expressiva na catequese nos conduziu a refletir sobre o surgimento de nosso ser de sujeito e de sujeito cristão. No coração da função expressiva se manifesta, de uma maneira ou de outra, as questões fundamentais de toda existência crente: “quem sou eu?” e “este Jesus, Filho de Deus, quem é ele?”. É na medida que estas duas questões ficarem sempre abertas que o ato de catequese será ético. De fato, a Bíblia nos ensina: não há discurso verdadeiro sobre Deus e sobre o homem-diante-de-Deus senão aquele que vem de um percurso, e mesmo, que é percurso com Deus e com o homem, e especialmente com o mais pobre. Um locutor somente se tornará verdadeira testemunha ativa de Deus se, consciente da fragilidade de seu discurso, aceitar fazer um percurso onde seu ouvinte, que era supostamente simples receptor passivo do testemunho, for vivido como sendo também uma testemunha ativa da alteridade de Deus. Em outras palavras, só se é mensageiro sendo também passageiro no seio de um povo que comunica e que marcha humildemente com um Deus que “não tem vergonha de se chamar seu Deus” (He 11,13-16) porque, longe de alienar o homem, é Ele o iniciador de uma história de libertação.

(...)

(Da obra de Xavier Thevenot: Compter sur Dieu – Études de théologie morale, chap. IX ,Éd. Du Cerf, Paris, 1993 --- tradução minha.)



Editado 1 vezes. Última edição em 18/10/2009 16:16 por firefox.



Desculpe, apenas utilizadores registados podem escrever mensagens neste fórum.
Por favor, introduza a sua identificação no Fórum aqui.
Se ainda não se registou, visite a página de Registo.

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.