Olá Clara,
Faz algum tempo que não trabalho com crianças, mas há um excelente material de catequese da autoria do jesuita Ruiz de Gopegui que foi publicado pela Ed. Loyola.
Se você ainda conseguir encontrar, e tiver oportunidade de ler [
www.loyola.com.br] , tenho certeza absoluta que vai se encantar com as idéias da catequese desse autor. Ele escreveu os livros que formavam a coleção "Caminhos", abordando a catequese desde as crianças até os adultos, mas hoje está esgotada. Parece-me que só o 2o livro ainda está disponível, "A história de Jesus", que é justamente o que trata da eucaristia com as crianças. O primeiro livro era "Jesus e o caminho de Deus", que abordava a iniciação com as crianças de 6 a 8 anos. Com esses dois você teria um ótimo material.
Essa coleção de catequese foi centrada na narrativa das comunidades primitivas e inspirada nos grandes catequistas da igreja, tudo apresentado de modo prático e dentro da proposta do Vaticano II de "retornar às fontes". A leitura é agradável e bem fácil apesar da sua profundidade. Você não encontrará nela nada "pronto", como "dinâmicas" ou coisas do gênero, mas vai esbarrar todo o tempo com orientações valiosas sobre como agir e como fazer para refazer o caminho da catequese junto com os seus catequisandos. A catequese ali aborda tudo que é importante na vida de fé de um discípulo de Jesus, desde a oração e a leitura da Bíblia, até a postura diante das crises e o testemunho no dia a dia.
Citação:Mas, a minha dúvida: De que maneira se podem por estas ctianças a participar numa eucaristia, tentando fazer com que algo tenha sentido para elas, uma vez que são pequenos demais para perceberem muito do que acontece durante a missa? Alguém saberá dar-me algumas sugestões?
Acho esse ponto de vista meio equivocado, digo, isso acontece muitas vezes nas catequeses, mas parece-me uma "inversão" do que deveria acontecer normalmente: por as crianças numa eucaristia e trabalhar para que isso faça sentido. Jesus não fez justamente o contrário? Fez com que tudo fizesse sentido e então os apóstolos participaram da eucaristia.
Tenho uma sugestão mas não sei se agradará. Uma experiência aqui foi muito positiva. Não levávamos as crianças para a missa, e enquanto acontecia as crianças "brincavam" com os catequistas. Com isso aprenderam a gostar da catequese, a ver Jesus como um amigo próximo que brincava com elas. Claro que as "brincadeiras" não eram sem objetivo, os catequistas conversavam com as crianças e elas falavam sobre a vida delas, sempre era narrado algum acontecimento da vida de Jesus. Com isso as crianças iam aprendendo mais sobre a história de Jesus. O fio da meada era uma proposta apresentada para as crianças: em algum momento elas tinham que contar para alguém a história de Jesus, do jeito delas. Com desenhos, numa peça de teatro, com palavras... elas que escolhiam. Nenhuma era "obrigada" a nada, cada qual podia fazer do seu jeito (sempre com orientação de um catequista, é claro). As crianças e o catequista conversavam e acordavam o que fazer, e procurava-se respeitas as diferenças: algumas crianças são falantes, outras são tímidas. O catequista acaba tendo que ser um "facilitador" para elas, alguma coisa como um "irmão mais velho" que dá uma ajudinha.
Quando uma criança está pronta para participar da eucaristia? Quando ela demonstrar esse desejo, e não existe mais necessidade de alguém mostrar para ela que aquilo "tem sentido", porque já faz sentido para ela: ela descobriu que aquele acontecimento está ligado com o testemunho de amor de Jesus que se oferece a Deus por nós e está presente no pão.
Claro que nesse momento não se pede que a criança tenha uma idéia profunda da paixão, nem da Trindade, nem de transubstanciação, etc. O catequista nem devia tocar nessas palavras, já que o importante não é tanto a razão, mas a vontade e o coração. O papel do catequista no início é ajudar as crianças a se apaixonarem por Jesus, para isso é que o apresentam: basta isso ;) Quem o conhece começa a amá-lo.
Foi muito interessante e o resultado foi gratificante. A dificuldade dessa proposta é que exige muito do catequista. Ele tem que saber improvisar, já que o ritmo é ditado pelas crianças, e ele tem que conhecer bem Jesus. É o "velho problema" das catequeses primitivas, o seguimento acontece na vida, o catequista é aquele que caminha junto (Emaús), e naquele tempo não se resumia tudo em informação intelectual, nem ser cristão era um acontecimento social.
Não sei se isso ajuda alguma coisa.
Desejo uma boa catequese para você e as crianças.
Paz e Bem.
Editado 2 vezes. Última edição em 25/01/2008 21:18 por firefox.