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Falar da Quaresma aos pequeninos
Os tempos litúrgicos e a Catequese
Em cada ano celebramos os vários tempos litúrgicos que têm, em si, uma sequência e uma unidade. Chamamos tempos litúrgicos a um período que nos introduz aos mistérios da nossa fé. Usar esses tempos para falar de Deus às crianças é uma forma pedagógica de iniciar à liturgia e ao mistério cristãos.
A catequese, mais do que um ensino sistemático de uma matéria, é um encontro vivo com Jesus Ressuscitado. Procurar dar uma matéria que se memorize não é o suficiente para desenvolver o encontro com Jesus ressuscitado. É necessário apresentar o mistério de Cristo de forma celebrativa, onde a criança tome consciência, de forma gradual, da presença de Jesus na sua vida.
Catecismos e preparação para a Páscoa
Em cada ano, a caminhada que o catequista estabelece com o catequizando é também marcada pelo tempo litúrgico que se vive. Começando pelo Advento que prepara o Natal, passando pela Quaresma que prepara a celebração da Páscoa, o catequizando vai aprendendo a viver e a conhecer o Senhor nas várias dimensões do seu mistério.
A catequese actual exige que catequista estabeleça uma relação entre a doutrina e a vida do cristão, entre a liturgia e o encontro com Jesus, entre a vida do pequenino no encontro com todas estas dimensões.
Preparação para a Páscoa no 1º catecismo
Olhando o exemplo das catequeses do primeiro volume, encontramos os traços do tempo de preparação para a Páscoa desde a catequese 11 até à 16.
“Deus dá-nos a vida” é o tema da catequese 11 e “Deus faz tudo por nós” da catequese 12. O catecismo começa por olhar para a criação como Dom de Deus e o homem como centro da Criação. Tudo o que vive e respira, tudo o que tem vida neste mundo, foi criado para servir o homem. Ele fez tudo para nos servir. Na catequese 13, “Deus ajuda-nos a crescer”, o catequista ajuda a criança a compreender a sua vida e a presença de Deus. Deus ajuda todos a crescer.
Olhar a vida e a criação só pode levar o homem à adoração. Por isso, a catequese 14 olha para o louvor de Jesus a Seu pai. O louvor e a oração brotam do coração admirado. Admirado pela obra criada, admirado pela beleza da vida.
Mas a catequese e a sua coerência sequencial não permanece na criação e na vida criada. Ela avança para a vida que Jesus veio trazer ao mundo, para falar da Páscoa. Por isso a catequese 15, “A semente floriu” fala do mistério da morte e da vida, da morte e ressurreição de Jesus. Dando o exemplo da semente, de Jo 12, 24, “Se o grão de trigo, caindo à terra, não morrer, fica só ele: mas se morrer dá muito fruto”, parte-se da morte de Jesus que dá a vida aos que nele acreditam.
Partindo da vida do quotidiano, de uma semente, chega-se assim à Páscoa de Jesus, à vida que Ele nos veio trazer. A partir da contemplação das coisas criadas, chega-se à Nova Criação que Jesus veio realizar através da sua morte. Chega-se à “grande festa – aleluia”, na catequese 16, a última antes da Páscoa. Nela se realiza uma celebração com as crianças. Agora não se fala só sobre a Páscoa, mas celebra-se o que se tem vindo a preparar. É necessário que não falte esta pequena celebração pois a catequese não é apenas um ensino da fé. A celebração ajuda a compreender a fé com o coração e a leva ao encontro com a Ressurreição de Jesus.
Tomámos como exemplo o primeiro volume, no entanto, podíamos tomar os outros volumes e encontraríamos também catequeses que, acompanhando o tempo litúrgico ajudam a preparar os tempos fortes, concretamente a Páscoa.
Catequese e Quaresma
Depois de olharmos para algumas catequeses a partir da celebração da Páscoa, olhamos agora para os elementos da Quaresma que ajudam a vida cristã na preparação para a Páscoa.
A Igreja procura no tempo da Quaresma preparar-se para a Páscoa, através de alguns exercícios espirituais: a oração, a esmola, o jejum, a via-sacra, as procissões penitenciais, entre outros.
Algumas vezes hesitamos em apresentar às crianças estes exercícios por os acharmos antiquados. Mas não aconselhamos à oração e não fazemos cabazes de Natal para os pobres? Porque não olharmos para a Quaresma como tempo de oração? Ou tempo de esmola? E porque não apresentamos a via-sacra de uma forma renovada?
Praticar o exercício da via-sacra é sempre um momento de meditar, de forma progressiva, os mistérios da paixão do Senhor. É uma forma de caminhar com Jesus na sua entrega e, ao mesmo tempo, de ajudar a nossa caminhada para a Páscoa.
Com as crianças e adolescentes continua a ser um exercício válido e desejável. Não substituindo a hora da catequese, não substituindo os temas propostos em cada ano, estes exercícios participados podem criar nas crianças um desejo de orar e de se encontrarem com Jesus morto e ressuscitado. É claro que exige uma preparação única com os destinatários. Eles próprios podem e devem construir, a partir da via-sacra tradicional, um caminho que percorra os textos bíblicos da paixão de Jesus que vá ao encontro das suas vidas.
Pe Edgar Clara
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fonte - Dep. de Catequese do Patriarcado de Lisboa
Editado 2 vezes. Última edição em 17/03/2006 18:01 por marta.
