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Re: Comunhão na mão
Escrito por: paula (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 16:45

"É verdade o que dizes quanto ao "poder" dos padres neste campo. Eles são os ministros ordenados a quem é conferida missão de presidir à Eucaristia e só eles podem consagrar o pão e o vinho."

é apenas isto que é interdito ás mulheres, sem nenhuma razão teológica ou espiritual.
Trata-se de partilhar o PODER.

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 19:13

Alef

Mais uma vez obrigado.

Fico ainda um pouco baralhado em relação ao um ponto.

Se são as palavras do saberdote que, devido a poderes sobre naturais transforma o pão e o vinho em corpo e sangue de Cristo, como é que afirmas que essa Corpo e Sangue deixa de o ser a partir do momento em que a Sagrada Hostia passa a ter humidade e ganha bolor?

Então temos uma transsubstanciação ao contrário?

E em que condições é que decorreria essa nova transubstanciação?

Confesso que me ponto tenho dificuldades em compreender.

Um abraço

Pedro B

Re: Comunhão na mão / ?!
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 20:55


Caríssimo Pedro B,

Escreveste na tua mensagem de 16:01 (em relação a uma msg do Alef):
«Confesso que com esta tua visão fico com duvida se aquilo que fui aprendendo corresponde mesmo à doutrina da Igreja...
Confesso que depois de te ler fico com algumas dúvidas se isto que indico (e que sempre estive convencido ser a doutrina da Igreja) ser exactamente assim»...

E não é para menos, pois o Alef, quando se põe a filosofar sobre "teologia" (esta não tem nada a ver com filosofia, e muito menos com racionalismo...!), a maior parte das vezes "mete as mãos pelos pés", infelizmente...

Concluindo e resumindo: Continua a pensar e a creditar exactamente assim, tal como aprendeste, e como referiste explicitamente na tua mensagem, que essa é a mais pura Realidade (e não apenas "simples espiritualidade"...), muito mais autêntica e importante que a nossa presença física neste mundo, neste mundo efémero e ilusório...

E fazes muitíssimo bem em receberes directamente Jesus Eucarístico na boca/língua, porquanto essa é, sem sombra de dúvida, a maneira mais pura, digna e santa de receber o Pão dos Anjos, Deus Humanado, por motivos óbvios...

E pensas muitíssimo bem, também, quando disseste exemplarmente (noutra mensagem) que a tua íntima vontade é a de "ajoelhar-te perante a recepção da Sagrada Comunhão", e que normalmente só não o fazes para não incomodares a outrem, sobretudo em Comunhões colectivas, mas que, no entanto, fá-lo espiritualmente, com a alma e o coração...

Grande Homem e grande Cristão! É assim mesmo que se fala, pensa e vive! Bem hajas por isso! Precisamos de Católicos exemplares, como tu, até porque cada vez há menos, embora seja preferível haver poucos e bons, graças a Deus!...

E, já agora, mais duas palavrinhas, caso ainda tenhas algumas dúvidas, naturais ou induzidas por outrem...

- É Doutrina – teológica, assim como particularmente revelada – da Igreja Católica, que o Santíssimo Sacramento (enquanto Tal) depois de recebido, mais em nossa alma que no nosso corpo, permanece, com as características Reais/Sacramentais, e não apenas espirituais/sobrenaturais, no nosso corpo (fisicamente), durante, aproximadamente, quinze minutos/meia-hora (embora para Deus não haja tempo/espaço, tal como o concebemos)...
Findo este tempo, deixa de estar presente em Corpo, Sangue e Divindade, para passar/continuar a estar simplesmente de modo espiritual, caso continuemos, é claro, na Graça de Deus, como Templos do Espírito Santo que somos...

* E isto porquê? Embora seja um Mistério, como Mistério é sobretudo a Presença Real, nas espécies de Pão e Vinho Consagrados, de Nosso Senhor Jesus Cristo – transfigurado/transubstanciado (em Corpo e Divindade...), mas não em Glória tal como no Céu, pelo que será incorrecto dizer "glorificado" –, deve-se tal explicação/entendimento ao facto de, após cerca de quinze minutos (meia-hora, no máximo...), começar a digestão fisiológica da Hóstia Consagrada, alteração física essa que "neutraliza automaticamente" (digamos assim) a Presença Real/Eucarística de Jesus, e isto não simplesmente pela lógica/natureza humana, mas pelo Mistério e Natureza Divinos, aliados estes ao Ensinamento, divinamente dogmático, da Igreja, quando esta define a Doutrina e a Moral, e não apenas um Dogma propriamente dito, em nome do mesmo Deus, através da Autoridade e Infalibilidade (ex-cathedra) do Papa...

* E, consequentemente (nisso a explicação do Alef está relativamente correcta, embora um pouco confusa...), assim explica-se – ou compreende-se melhor – que a Hóstia e o Vinho Consagrados... tanto são-no (Consagrados) como podem deixar de sê-lo, bastando para tal, natural e sobrenaturalmente, que a respectiva espécie físico-química seja alterada, ou danificada; assim como, por exemplo, "profanada"..., o que a partir de então não é mais Corpo e Sangue de Jesus, embora permaneça o pecado de grave sacrilégio (neste caso específico)...

Aceita um abraço cristão de reconhecimento e dedicação.

Abelardo


Re: Comunhão na mão
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 22:12

Sem comentários Abelardo/Avlis. Uma nota positiva. Desta vez não ex-comungaste o já mais que ex-comungado "ímpio" Alef.

Luis

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 22:30

Pedro B:

Não se trata de “transubstanciação ao contrário” e a verdade é que não tenho qualquer intenção de entrar nesse assunto, pois entraríamos no campo da casuística, que é muito fértil. Seria entrar pela lógica do fisicalismo. Apenas quis ressaltar a ideia de que a presença de Jesus na Eucaristia não é um acto mágico, nem uma questão de moléculas. A presença de Cristo é sacramental, o que significa que “depende” da existência de um sinal visível. Se o vinho consagrado passou a vinagre e o pão consagrado, pela sua corrupção, já não pode ser considerado pão, já não temos a presença de Cristo. Os exemplos que dei foram, contudo, para realçar um aspecto importante, o de que não tem sentido um certo tipo de argumentação dos que se opõem à comunhão na mão (porque supostamente se perdem partículas, por minúsculas que sejam, das hóstias consagradas, havendo então sacrilégio). Creio ter mostrado que tal argumentação é de tipo fisicalista, normalmente escrupulosa (e os escrúpulos são uma artimanha do mal na vida cristã) e injustificada.


Avlis:

Como é costume, recorres a um discurso racionalista para rebater um suposto racionalismo e afirmas mais um disparate. Não me surpreendi.

Desta vez afirmas à boca cheia que a teologia “não tem nada a ver com filosofia”. É um enorme erro. Gostava que provasses tal coisa absolutamente indefensável. Se a teologia é o discurso racional sobre a fé (que é diferente de racionalismo, como também é diferente de fideísmo!), como se pode recorrer a uma argumentação teológica sólida sem um aparato filosófico, explícito ou implícito? Por que será que a filosofia está sempre presente nos grandes teólogos? Pensa nos Padres da Igreja (qualquer um deles, a começar por S. Justino), em Santo Agostinho, em S. Tomás, em Bultmann, Paul Tillich, Karl Rahner, em von Balthasar, em Wolfhart Pannenberg ou em Ratzinger (sim, Ratzinger!) e diz-me se em algum destes grandes teólogos se dispensa a filosofia.

De resto, não me aventurei em casuísticas tontas, antes limitei-me a apontar casos “extremos”; não me aventurei em prazos de “validade” da presença de Cristo de 15 ou 30 minutos, como tu fazes, “exercício” que me parece susceptível de muitos reparos e não resiste também à crítica de fisicalismo.

Enfim, como tu dizes, eu é que fui só relativamente correcto e um pouco confuso. Talvez por não ter colocado o cronómetro... Parece que tu substituíste a filosofia pelo cronómetro. Talvez com “apito dourado”, não se com tempo “extra”.


Ana:

Do ponto de vista filosófico e teológico, realidade não é o mesmo que matéria. Dizer que algo é menos “real” se não for material ou, neste caso, se for espiritual, é uma posição filosoficamente insustentável, como o é qualquer tipo de materialismo, contraditório em si mesmo, porque tomas um ponto de vista metafísico para negar a metafísica, o que não deixa de ser irónico.

Já agora, relê o texto que escreveste, por três vezes (cito uma dessas vezes), e nota bem como manipulaste a sua leitura. Escreveste: «Não é por acaso que o Papa JP II afirma que a Paternidade de Deus é meramente espiritual : "A paternidade em Deus é com certeza inteiramente espiritual"». [em [www.paroquias.org]].

Pergunto: sendo Deus espírito, poderia de alguma forma a Sua paternidade ser biológico-material? Se for inteiramente espiritual, é menos real? Isso significa que Deus é menos real que as formigas e as pedras que conhecemos empiricamente? Mas o que é a realidade para ti, cara Ana?! Pois bem, antes que digas que é a matéria visível, antecipo-me a tal possível erro para te alertar para o facto de que realidade é um conceito de metafísica, irredutível a “matéria empírica”.

Já agora, as realidades humanas não materiais são menos reais? O amor é menos real que um movimento peristáltico? Bem... A angústia existencial é uma ilusão? Os sentimentos são pouco mais que “espectros”?

Quanto a dizeres que a questão do sacerdócio feminino é uma questão “de partilhar o poder”, aí tenho que dizer que esse é também um argumento que nada tem de teológico. Responder a uma suposta falta de razões teológicas (já respondi a estas questões até à exaustão, pelo que não me vou repetir por agora) com um argumento que nada tem de teológico é oferecer armas ao “adversário”. É apenas uma nota. Reduzir a questão do sacerdócio à questão do poder (tão querida aos “gringos”) é cair num reducionismo muito perigoso.

Alef

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 09:59

Caro Abelardo
Caro Alef

Obrigado ppelos vossos mails. Confessei a minha ignorância em relação às formas de da Hóstia e Vinho Consagrados deixarem de o serem.

Só por isto já teria valido a pena participar neste forum.

Depois de toda esta troca de ideias fico de facto mais certo de que irei, se Deus quiser, até ao fim da vida a comungar na boca com o coração ajoelhado.

Esperando que um dia a conferencia episcopal dê instruções aos Padres para proporcionarem aos fieis, que assim o entenderem, a possibilidade de comungarem de joelhos.


Pedro B

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 10:12

Pedro B,

Apenas uma pergunta por curiosidade, sem qualquer sentido de julgar ou criticar. Porquê o desejo de comungar de joelhos? Serei mais digno do Corpo e Sangue de Cristo se estiver de joelhos em vez de estar de pé, ou sentado?

Luis

Re: Comunhão na mão
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 15:23

Pedro B,

Se cada um se lembrar de começar a alterar os ritos da missa, vai ser bonito...

Depois vão dizer que é o Ratzinger a ser autoritário: tu queres comungar de joelhos, o próximo acha que é de cócoras, e a seguir??

Não estou a desconversar, apesar das cócoras.

A seguir um acha que deve ser pão a ser partido e distribuído, outro acha que deve ser numa mesa, estes por aproximação com a última ceia. Em que ficamos?

A opção actualmente existente parece-me mais do que suficiente. Aliás é obrigatória, porque não podes usar a mão quando comungas das duas espécies.

João (JMA)

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 16:52

Caro Luís
Caro JMA

Da mesma maneira que me os fieis se ajoelham no momento da consagração, penso que não se será qualquer despropósito comungar de joelhos, eu pela minha parte preferiria.

De referir que não reclamo que as pessoas comunguem de joelhos ou sequer na boca. O que me pareceria uma boa ideia é que fosse possível comungar de joelhos.

Já as cócoras sinceramente não me parecem uma posição muito respeitosa. Aliás o ajoelhar na Missa é algo que está presente em todas as celebrações.

Uma das vantagens do Concílio foi de facto acabar com os modelos fechados e abrir espaço para a criatividade. Se numa comunicadade os fieis preferirem comungar de Joelhos então qual é o problema. Em Munique é comum as Igrejas terem um espaço para os fieis comungarem de joelhos. Seria uma forma de proporcionar a comunhão cada uma das sensibilidades dentro do espírito de tolerância. Aliás já hoje muitas pessoas comungam na mão e outras na boca sem qualquer problema.


Pedro B

Re: Comunhão na mão
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 17:45

Pedro B,

Desconhecia o exemplo alemão.

Concordo com a adaptação possível da liturgia à comunidade a que se dirige, razão pela qual aceito a missa em latim, por mais "estranha" que a ideia me pareça. (bizantina, melhor dizendo :o)) )

A questão está em definir os limites dessa adaptação, sob pena de se tornar uma confusão.

Mas coloco uma questão:
a comunhão é de cada um com Deus, ou de cada um, integrado numa determinada comunidade, com Deus?

A questão não é retórica, é desconhecimento mesmo.

João (JMA)

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 21:15

Bem, por falar de "posições" (litúrgicas, claro!), mais "estranho" que o caso alemão (que, tanto quanto sei, não é "universal"), é o caso irlandês. Nas missas católicas na Irlanda (pelo menos em Dublin, mas creio que também noutros sítios), as pessoas passam quase todo o tempo ajoelhadas. Quase não existe ali a posição erecta! Mal se dá a saudação inicial ("Em nome do Pai..."), as pessoas ajoelham-se até às leituras e levantam-se, para se... sentarem! Estão de pé (ufa!) para o Evangelho e sentam-se para a homilia. Mal acaba o ofertório -- pimba! -- ajoelham-se outra vez, até ao "Pai Nosso" ou ao momento da comunhão. Levantam-se para ir comungar e -- pimba! -- ajoelham-se outra vez para comungar, pois muitas igrejas ainda mantêm, os comungatórios. Levantam-se para irem para os seus lugares e -- pimba! -- ajoelham-se e só se levantam (alguns) para a bênção final.

Confesso que a primeira vez que vi isto me causou má impressão por achar que cada pessoa vive a sua Eucaristia o mais privadamente possível, quando a Eucaristia é uma celebração eminentemente comunitária. Depois comecei a "habituar-me", não só porque os genuflectórios são bastante confortáveis ;-) mas porque vejo que, se todos repetem um mesmo gesto, fazemos liturgia. Mesmo assim mantenho muitas reservas a este modo de ser irlandês, embora o entenda, por ser fruto da sua luta secular de identidade "católica" diante do poder opressor protestante (não é a única razão, certamente).

De qualquer forma, tenho ainda mais reservas em relação a alguns gestos mais "devotos" durante as nossas eucaristias, digamos, em espaço português.

Mesmo arriscando ser politicamente incorrecto, devo dizer que liturgicamente incorrecta é também a forma como uma boa parte dos católicos comungam: saem dos seus lugares e vão comungar, regressam ao seu lugar e ajoelham-se para as suas "orações privadas". Outros, mais "modernos" ou "distraídos", vão comungar, regressam e sentam-se, mesmo antes de toda a gente ter comungado. Do ponto de vista litúrgico, ambas as atitudes estão incorrectas. Se somos uma comunidade litúrgica, devemos estar também unidos no mesmo gesto. Quando vamos comungar estamos todos de pé, dirigindo-nos como Povo ao altar de Deus, que nos alimenta e mantemo-nos de pé até que todos tenham comungado. Sentamo-nos apenas quando todos terminam a comunhão. Há espaço para quem quiser ajoelhar-se depois da Eucaristia ter terminado.

Outra coisa muito incorrecta, que infelizmente ainda acontece em alguns sítios -- incluindo a minha paróquia --, é que alguns padres recitam orações como o "Avé Maria" ou "Pai Nosso" antes da oração que se segue à comunhão. É outro erro litúrgico. Como também é um erro litúrgico colossal o que acontece quando "pregadores" começam a homilia ou sermão dentro da Eucaristia com uma oração inicial (e benzendo-se) e terminam esse mesmo tempo de homilia ou sermão da mesma forma. Enfim, não me vou dispersar pelas "enormidades" que grassam por esse mundo católico fora, todas com boa intenção... Como em muitas outras coisas, tendemos a nivelar por baixo e é pena.

Alef

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Francisca (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 23:42

Francisca
Data:23/04/2004
Estou estupefacta! Tanta conversa de liturgia que por fim, liturgicamente não se tira coisa nenhuma! Se Comunga na mão,mas não sabe depois.. ,chega lá e volta para trás e não fez o que devia,porque o padre disse assim... e que é à antiga ,e nunca comungou senão na boca ,.e ainda, que é para ficar de joelhos... ou agora já querem é comungar de joelhos!..mas o que é isso "de nivelar por baixo"? Se o que vale é a interioridade de cada ser Humano!...meu Deus e meu Senhor! Que será que Jesus Cristo diz a isto???? Tanta rétorica, para quê? Gente sem mais ocupação! Inventam tantas e mais regras de nada , fica tudo no vazio que daqui a pouco a igreja fica vazia, mas só com o padre lá dentro . Não interessa a ninguém, nem mesmo ao Menino Jesus!

Re: Comunhão na mão
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 24 de April de 2004 00:10

Tens razão Francisca. A esta hora as Igrejas em Portugal estão vazias, excepto nalgum caso excepcional.

Mas esvaziaram-se para virem ler o que se escreve aqui no Fórum.

E é uma maldade deixarem o padre lá dentro.

João (JMA)

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 24 de April de 2004 00:31

Francisca:

Parece-me que o que escrevi é bastante simples, mas parece-me também que não me expliquei suficientemente bem. Mea culpa.

Por definição, a liturgia é um acto de comunidade e na comunidade fazem-se gestos que devem ter sentido e ser sentidos por todos. Por isso se recorrem a símbolos e gestos comuns. É certo também que nas liturgias há sempre uma herança de símbolos, pelo que muitos deverão ser aprendidos. Se não conheço bem os símbolos quefazem parte da minha cultura, antes de os rejeitar devo conhecê-los, não será?

As celebrações litúrgicas têm muito de teatral e, portanto, muito de simbólico e é preciso estar dentro do quadro de significação desses símbolos para que esses símbolos sejam também nossos, expressão nossa. É importante conhecer algo da sua origem e do seu significado e isso não vem por ciência infusa. Por exemplo, hoje mantém-se o costume de nas Eucaristias deitar uma pequena porção da hóstica consagrada no cálice com vinho consagrado (antes da comunhão) porque, simbolizando a unidade da Igreja, nos primeiros séculos o pão consagrado na missa do bispo era levado também para as outras igrejas onde se celebrava a Eucaristia... E depois do ofertório o padre normalmente lava as mãos (alguns agora omitem esse gesto) não tanto como um rito penitencial (esse foi feito no início da celebração), mas porque antigamente era necessário lavar as mãos depois do ofertório, uma vez que no ofertório se davam ofertas para os pobres, não só em dinheiro, mas também em géneros, que o padre recebia nas suas mãos e que, naturalmente, ficavam sujas.

Cada gesto litúrgico tem a sua própria história e o seu significado. Como comunidade que somos, herdamos símbolos, gestos, celebramos a fé que recebemos através desses símbolos e gestos. Não tem muito sentido que cada faça o que bem lhe apetece.

Na minha mensagem anterior, dei algumas pistas sobre o porquê da incorrecção de certas práticas. Tudo é permitido, mas nem tudo convém...

Se bem percebi, tu preferes o "cada um sabe de si"... De alguma forma, assim acontecia na Liturgia pré-Vaticano II... Muitas pessoas rezavam o terço ou outras devoções particulares (e com isso ganhavam indulgências!...) enquanto o padre celebrava a missa. As pessoas estavam ali a assistir...

Mas será isso o que queremos numa Liturgia? É claro que liturgia não pode significar um conjunto de matraquilhos alinhados a fazer o mesmo só porque há um impulso externo que manda que seja assim... Mas vivemos em comunidade, celebramos em comunidade e celebramos a comunidade, unida pelo mesmo Jesus Cristo, celebrando o maior acontecimento da história, o chamado Mistério Pascal (morte e ressurreição de Jesus Cristo). Naquilo em que a comunidade celebra como comunidade, devemos mostrar unidade e comunhão nos gestos e não fazer da Eucaristia um mero "self-service", onde cada um tira ou leva o que lhe apetece...

De resto, não inventei nada, apenas mostrei que há coisas mais e menos correctas também em liturgia. Os actos comuns têm sempre um qualquer tipo de regras, que não são de confundir, em liturgia, com rubricismo, que é o pior que pode haver em liturgia. Não sou rubricista, mas também me parece que devemos aprender "a estar", distendidos, mas sem anarquismos. E isso faz-se com formação, que os párocos também deveriam dar nas suas paróquias (e muitos até a dão, não metamos tudo no mesmo saco).

A minha mensagem anterior pretendeu precisamente chamar a atenção para o facto de que numa liturgia nem tudo fica bem, por muito devoto que pareça. Por exemplo, pode parecer muito devoto passar toda a Eucaristia de joelhos ou prostrado (por máximo respeito e adoração!), mas isso não é propriamente a forma correcta de estar na celebração eucarística. Como também não o é que cada um esteja como quer ou faça o que quiser, a propósito e a despropósito... E às vezes os "sedentos" de novidades fazem grandes disparates, como o quererem mudar a ordem de certas partes da missa, só "para ser diferente"... Enfim, chega por agora.

De qualquer forma, vejo que muitos dos problemas que acontecem vêm da falta de formação e do clericalismo que ainda grassa (o anti-clericalismo é apenas o seu reflexo mais "esperto"). A tua mensagem reflecte pelo menos o segundo problema, pois imediatamente viste nas considerações sobre liturgia que aqui se escreveram como um problema clerical: inventam tantas e mais regras de nada , fica tudo no vazio que daqui a pouco a igreja fica vazia, mas só com o padre lá dentro . Não interessa a ninguém, nem mesmo ao Menino Jesus!»

Pobre Menino Jesus! ;-)

Alef

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Curioso (IP registado)
Data: 26 de April de 2004 13:45

Pedro B

Se preferes comungar na mão é lá contigo e ninguém tem a ver com isso.

Acho perfeitamente rezoaveis as tuas razões como as de outros participantes.

De igual modo te quiseres ajoelhar qual é o problema?

Decerto que o Padre não te vai negar a comunhão só por te ajoelhares.

Não está a ir contra nenhuma regra se comungares de joelhos por isso se o não fazes é porque não queres.


Fica Bem

Re: Comunhão na mão
Escrito por: acteia (IP registado)
Data: 27 de April de 2004 18:58

O colocar a hóstia na mão de quem vai comungar é só uma questão de higiéne. Eu desde que comecei a comungar com a hótia na minha mão nunca mais voltei a comungar na boca.
Por muito cuidado que se tenha nem sempre conseguimos evitar o contacto da nossa língua com os dedos do padre ou ministro da comunhão. E o mesmo pode ter acontecido com os que comungaram antes de nós e os que foram comungar depois.
Os ministros de comunhão que conheço dizem-me que sempre que dão a comunhão isso acontece. Não é para mudar rituais nem para obrigar ninguém a mudar. Cada um de nós é que sabe o que quer fazer e o que é melhor e mais saudável para cada um.
Na minha paróquia ninguém obriga ninguém nem ninguém chama a atenção de ninguém. Falou-se do assunto na devida altura e depois cada um fez o que achou melhor.

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Cris (IP registado)
Data: 29 de April de 2004 22:34

A Comunhão Eucarística na mão

A Comunhão foi ministrada nas mãos dos fiéis até o século IX. Por causa de abusos e profanações, a partir daí a Igreja preferiu ministrar a Comunhão na boca. Depois do Concílio Vaticano II a prática antiga da Comunhão nas mãos foi restaurada, sob certas condições. No dia 3 de abril de 1985 a Sagrada Congregação Para o Culto Divino, publicou a segunte Notificação:

Protocolo 720/85

A Santa Sé , a partir de 1969, mantendo sempre em toda a Igreja o uso de distribuir a Comunhão, concede às Conferências Episcopais que o peçam, e em condições determinadas, a faculdade de distribuir a Comunhão na mão dos fiéis. Esta faculdade é regida pelas Instruções Memoriale Domini e Immensae Caritatis (29 de maio de 1969, AAS 61, 1969, 541´546; 29/1/1973, AAS 65, 1973; 264´271) assim como pelo Ritual De Sacra Communione publicado aos 21/6/1973, n.21. Todavia parece útil chamar a atenção para os seguintes pontos: 1. A Comunhão na mão deve manifestar, tanto quanto a Comunhão recebida na boca, o respeito para com a real presença de Cristo na Eucaristia. Por isso será preciso insistir, como faziam os Padres da Igreja, sobre a nobreza dos gestos dos fiéis. Assim, os recém batizados do fim do século IV recebiam a norma de estender as duas mãos fazendo “com a esquerda um trono para a direita, pois esta devia receber o Rei” (5ª Catequese Mistagógica de Jerusalém, n.21; PG 33, Col. 1125; São João Crisóstomo, homilia 47, PG 63,Col. 898, etc.). 2. Seguindo ainda os Padres, será preciso insistir sobre o Amém que o fiel diz em resposta às palavras do ministro: “O Corpo de Cristo”. Este Amém deve ser a afirmação da fé: “Quando pedes a Comunhão, o sacerdote te diz “O Corpo de Cristo”, e tu dizes “Amém”, “é isto mesmo”; o que a língua confessa, conserve´o o afeto” (S. Ambrósio, De Sacramentis 4,25).

3. O fiel que recebe a Eucaristia na mão, levá´la´á à boca antes de voltar ao seu lugar; apenas se afastará, ficando voltado para o altar, a fim de permitir que se aproxime aquele que o segue.

4. É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, que é a Comunhão com o Corpo de Cristo e com a Igreja. Eis porque o fiel não deve ele mesmo retirar a partícula de uma bandeja ou de uma cesta, como o faria se se tratasse de pão comum ou mesmo de pão bento, mas ele estende as mãos para receber a partícula do ministro da Comunhão.

5. Recomendar´se´á a todos, especialmente às crianças, a limpeza das mãos, em respeito à Eucaristia.

6. Será preciso previamente ministrar aos fiéis, uma catequese do rito, insistir sobre os sentimentos de adoração e a atitude de respeito que se exige (cf. Dominicae coenae n.11). Recomedar´se´lhes´á que cuidem de que não se percam fragmentos de pão consagrado (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, 2/5/1972, Prot.n. 89/71, em Notitiae 1972, p. 227).

7. Os fiéis jamais serão obrigados a adotar a prática da comunhão na mão; ao contrário, ficarão plenamente livres para comungar de um ou de outro modo. Essas normas e as que foram recomendadas pelos documentos da Sé Apostólica atrás citados, têm por finalidade lembrar o dever do respeito para com a Eucaristia independentemente do modo como se recebe a Comunhão. Insistam os pastores de almas não só sobre as disposições necessárias para a recepção frutuosa da Comunhão, que, em certos casos, exige o recurso ao Sacramento da Penitência; recomendem também a atitude exterior de respeito que, em seu conjunto, deve exprimir a fé do cristão na Eucaristia. Da sede da Congregação para o Culto Divino, aos 3 de abril de 1985. († Agostinho Mayer ´ Pró Prefeito; † Virgílio Noé ´ Secretário). (Transcrito da Revista Pergunte e Responderemos, n º 283, 1985, p.512). Observação: Em nota publicada no número de março´abril de 1999, no boletim Notitiae, a Congregação Para o Culto Divino reafirmou o que prescreve o n.7 na Notificação acima, respondendo sobre a obrigatoriedade de receber a Comunhão nas mãos: “Dos documentos da Santa Sé depreende´se claramente que nas dioceses em que o pão eucarístico é depositado nas mãos dos fiéis, a estes fica absolutamente garantido o direito de o receber sobre a língua. Aqueles que obrigam os comungantes a receber a santa Comunhão unicamente nas mãos como também aqueles que recusam aos fiéis a Comunnhão nas mãos nas dioceses que utilizam tal indulto, procedem contrariamente às normas estabelecidas. Segundo as normas referentes à distribuição da Santa Comunhão, estejam os ministros ordinários e extraordinários particularmente atentos a que os fiéis consumam imediatamente a partícula consagrada, de modo que ninguém se afaste com as espécies eucarísticas nas mãos. Em todo caso é para desejar que todos tenham presente que a tradição secular consiste em receber a Comuhão sobre a língua. O sacerdote celebrante, caso exista perigo de sacrilégio, não dê a Comunhão nas mãos dos fiéis e exponha´lhes as razões porque assim procede.” (Notitiae nº 392.393/1999, transcrito de Pergunte e Responderemos, nº 457, junho de 2000)
www.cleofas.com.br

Jesus eu confio em Vós!
Ana Cristina Fernandez

Re: Comunhão na mão
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 24 de January de 2006 00:06

Olá, gostava de deixar aqui o meu primeiro contributo.

Em relação a este tema, tenho a dizer que costumo comungar na boca. Nunca comunguei na mão. Porquê?
1º foi assim que me ensinaram
2º depois de refletir melhor do porquê, fiquei com esta ideia na cabeça: "Se a Hóstia é verdadeiramente corpo de Cristo, porque é que tenho direito de tocar nele? Estarei assim tão puro?"
Não sei, mas parece-me que o poder para tocar na Hóstia foi dado aos Apóstolos e deixem-me referir que os apóstolos não eram simples leigos como nós. Eram sacerdotes de Cristo. Nós não o somos.

Há outra coisa que me faz confusão. É haver ordem do Vaticano para que os comungantes não comungem por si mesmos e não levem a Hóstia no vinho, e há tanto padre que ensina as pessoas a fazerem.

O que acham?

cumps.

Re: Comunhão na mão
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 24 de January de 2006 00:49

Caro S7v7n,

Sê bem vindo a este fórum.

Pessoalmente, e de há alguns anos para cá, comungo sempre na mão, embora compreenda e respeite a tua posição. Mas pergunto-te, partindo do princípio que as mãos estão lavadas (pré-requisito) porque razão consideras que a tua boca é mais pura que as tuas mãos? Quando tens a hóstia na tua boca, não estás a tocar nela?

Quanto à "ordem" do Vaticano para não comungar nas duas espécies - pão e vinho - não tenho conhecimento de qualquer directiva. Podes partilhar connosco a que documento ou instrucção te referes?

Não sei em que contexto empregas o termo "sacerdotes de Cristo" pelo que não posso dizer se concordo ou não. O Alef há dias falou do sacerdócio comum dos fiéis.

Luís Gonzaga

Comunhão na mão
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 24 de January de 2006 18:53

Mas que linguagem é essa: «comungar na mão» ?! ...

Comungar é "estar" ou "ter" algo ou alguém em comum ....

É estranha à bíblia e à linguagem normal a expressão «"comungar" nas duas espécies»....

Porquê esta confusão ?!

A Bíbia fala de Memória e não de comunhão ....

Posso dizer o mesmo em relação à palavra «Eucaristia» que significa «acção de graças».

Até parece que foi apenas na última ceia de despedida que Jesus deu graças ao seu DEUS., e nosso Deus.

Na verdade os «TeóLogos» têm um vocabulário muito simbólico e esquisito e muito diferente da linguagem da Bíblia. Será só para criar confusão ?!

ou não duas linguagens diferentes?!

Uma confusão autêntica !!!

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.

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