Boa noite,

Em 2006 casei-me pela Igreja, durante um ano vivi com alguém que, descobri durante o matrimónio, não era quem eu pensava. Foi um ano dificil, e em 2007 saí de casa num dia e 15 dias depois já estava divorciado, devido ao regime de casamento exigido pela familia dela.

Passei 3 anos com este estigma mas nunca pensei na anulação do matrimónio, até que conheci alguém, que sendo profundamente católica, assim como os pais, não ultrapassou o facto de eu ser divorciado, muito menos os pais com as ameaças que vocês podem imaginar.

A minha pergunta é, o que tenho de fazer?

Não tenho o direito de ser feliz? Não houve felicidade no meu casamento, não houve filhos, muito menos uma vida a dois, a minha ex-mulher já vive junta com alguém que conheceu durante o casamento. Eu tive a sorte ou o azar de conhecer alguém que dá a devida importancia à Igreja, mas vai ser a Igreja que vai impedir-nos de sermos felizes?

Fui catequista, acólito e até menino de coro, vivo a minha fé, desejo uma familia, educar os meus filhos na fé católica! ou estarei consignado a como muitos me dizem: "procura antes alguém divorciado como tu...", mas eu não procurei nada, encontrei alguém, e neste momento é a Igreja que impede a felicidade de um dos seus filhos...

Por favor ajudem-me.

Obrigado,

Olá RAV...

Na minha opinião não deves NUNCA, mas NUNCA deixar de ser feliz! NUNCA!

O preconceito que sofres não faz sentido, mas isso já não depende totalmente de ti, mas de uma mudança urgente de mentalidade, para que não se continue a mutilar o ser humano na sua capacidade de amar! São leis do homem! Deus não esteve ausente ao longo do tempo em que foste percebendo que não era a pessoa que pensavas, tal como não esteve ausente quando te deu uma nova oportunidade de amar! Deus quer que sejas feliz...a Igreja quer obediência! Não sei dizer isto de outra forma! Deus é amor, a Igreja é a burocracia do amor...

Fico triste quando alguém antes de amar, sofre escondido, ou ama mesmo escondido...

Não desistas do Amor...

Olá!

Não conheço essa senhora e já a admiro - sempre fiel à Santa Igreja!

Quer um conselho sincero de uma ultra-católica que ama e adora a Igreja...?

Inicie o seu processo de nulidade matrimonial. Não creio que obtenha sucesso, dadas as razões que apresentou; mas tente, lute com todas as forças para ser feliz! Se todos os casamentos fossem declarados nulos (e não anulados) por falta de maturidade do casal, então seriam todos nulos. Não é esse o critério, desgraçadamente para si.

Vou rezar muito por vocês, para que sejam felizes, mas na fidelidade à Igreja. Que essa pessoa se mantenha firme nos seus princípios católicos, até o Rav conseguir a sua nulidade matrimonial.

Reze, reze muito, pode ser que Deus, na sua infinita misericórdia, lhe conceda essa graça.

Mas se infelizmente não puder ser, seria muito bom que a sua noiva, amiga, namorada... se mantivesse fiel à Santa Igreja Católica - era o que eu faria.

Abraço, fique com Deus, vou rezar muito por vocês... sou católica devota e vou torcer muito pela boa resolução do seu caso...

O que vou escrever provavelmente te parecerá como insensibilidade...

Citação:

RAV
A minha pergunta é, o que tenho de fazer?

Aceitar o fato.

Citação:

RAV
Não tenho o direito de ser feliz?

Tem todo direito a ser feliz, mas parece que tem também que repensar o conceito de felicidade.

Citação:

RAV
Fui catequista, acólito e até menino de coro, vivo a minha fé, desejo uma familia, educar os meus filhos na fé católica!

Se foi tudo isso, se vive a fé como diz, e principalmente se tinha o desejo de educar seus filhos na fé católica, não deveria antes aceitar e praticar a fé?

Citação:

RAV
é a Igreja que impede a felicidade de um dos seus filhos

A frase acima é a que mais marcou o tom da resposta. Do modo como fala, parece até que imagina a Igreja como um tipo de "entidade" distante que não tem nada a ver consigo. Desculpe-me a sinceridade, mas está se fazendo de vítima e jogando a culpa das suas próprias decisões em outros. Isso é um exemplo típico de "má fé", ao estilo sartriano. Vc tb faz parte da Igreja, e agora surgiu um "incômodo"...

Citação:

RAV
Por favor ajudem-me

Que tipo de ajuda tem em mente? Infelizmente não me parece que seu caso seja passível de anulação. A nova mulher por quem se apaixonou não deseja cometer adultério. Não seria o caso de repensar sua situação?

Apesar de tudo, reconheço que agora carrega um fardo pesado e espero que reencontre a paz o mais breve possível. Uma coisa posso fazer, vou orar por ti.
Deus te ilumine.



Editado 1 vezes. Última edição em 28/06/2010 06:03 por firefox.

Firefox,
vc surpreende-me sempre...

Adorei a sua resposta, assino em baixo!

Mas...

A outra senhora (a esposa) também já vive em adultério... seria muito bom que conseguissem a nulidade. Mas infelizmente acho que não vai conseguir...

Que a senhora por quem o Rav se apaixonou se mantenha firme nos princípios da fé católica!

Afinal ainda há católicas em Portugal - ainda há esperança de restauração do Catolicismo -:))

Boa noite a todos que aqui estão,
O sofrimento, a dúvida ou simplesmente a curiosidade uniu a todos nesta conversa paralela, e qto a mim...eu estava pesquisando, buscando dicas p/ a oficialização de minha UNIÃO...e foi assim que cheguei até aqui, tbm vivo este entrave!
Triste, muito triste.....Só DEUS e APENAS ELE "JULGA", nós seres em constante evolução, temos que nos preocupar em EVOLUIR... as regras que toda a sociedade cria, deve sempre visar o bem comum, atender necessidades e demandas. Porque a IGREJA assume este papel e insiste em JULGAR, ACUSAR, RECRIMINAR E CONDENAR? O AMOR não pode NUNCA seguir regras criadas por homens, cuja as vestes cobrem e descobrem erros indefensáveis, cruéis e hediondos como a INQUISIÇÃO E A PEDOFILIA,praticados não pelas batinas, e sim por homens, seres humanos que fogem da necessária e inevitável evolução, baseada sempre no AMOR em DEUS, não se deve nunca oprimr a sua plenitude(AMOR), deve-se em nome do AMOR/DEUS/JESUS-que aqui viveu e morreu e não fora compreendido, AMAR, AMPAR E ACOLHER OS SEUS, sim os seus, pois essas pessoas que buscam o SIMPLES direito de serem recebidos em a UNIÃO NA CASA DO PAI, são o rebanho da fazenda onde a porteira se encontra fechada, impdedindo a criação, a sustentação e a multiplicação deste fiel e carente rebanho, e ainda os expõe aos lobos que de plantão se disfarçam em cordeiros, prontos a explorar e extorquir vossas ex-ovelhas, que desiludidas se entregam a cobiça!
Há ainda a hipocresia, porque o que não é visto, não é comentado e por tanto não é acontecido! Triste, triste....bater em uma porta que não se abre!

Olha, qto ao rebanho parado em frente a porteira fechada da fazenda, se é assim tão importante, converse com o padre da sua igreja, ou com o padre da paróquia vizinha, peça p/ ele dar uma benção, em um local lindo...salões, clubes e porque não em uma bela fazenda, ele não se negará(há muitos padres evoluídos e sensíveis ao problema e a demanda, já assiti a um, não têm diferença,pode até se tornar mais emocionante e bonito!)Vista-se de noiva, e viva este momento tão sonhado e importante, e DEUS EM SUA PLENITUDE VAI ABENÇOAR ESTE AMOR, enqto durar!
Ah!, e não se esqueçam deixem as portas ABERTAS!
SEJAM FELIZES!
RENATA

E

Citação:

RENATA
DEUS EM SUA PLENITUDE VAI ABENÇOAR ESTE AMOR, enqto durar!

Bastante revelador da mentalidade em questão.

Não sei porque alguém se dá ao trabalho de deixar uma mensagem como esta, não por ser um fórum cristão, mas por ser apenas e só um meio de comunicação.

Será algum tipo de novo messianismo, em que se pretende reinventar os propósitos do casamento, que são baseados fundamentalmente no amor e no compromisso, não só com aqueles que estão vivos mas com aqueles que estão para nascer, pela existência desse amor. Toda essa mensagem se baseia no descomprometimento total para com o outro e isso é inaceitável, numa sociedade e para uma religião cristã que pretende criar a civilização do amor. Embora Saramago esteja nas antípodas do cristianismo, tem uma frase muito apropriada:
«Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir.»
- José Saramago
- Diário II

Eu devo ser mesmo uma estúpida idealista... mas é compreensível que eu ainda acredite no amor eterno?

É um tanto paradoxal e estranho que alguém que nunca experimentou um sentimento dessa magnitude possa acreditar nele, mas eu acredito.

O amor eterno, que dura para sempre, deve existir. Algures pelo mundo, mas tem de existir...

a parte da facilidade do divórcio devido ao regime de casamento exigido pela família dela dá ideia de que muito provavelmente estamos perante um casamento nulo. Quando se exige um regime de casamento que facilita o divórcio...

Tostaría de saber o que se pode fazer para pedir a anulacao matrimonial

para inpugnar o matrimónio, por causas não reservadas à Sé Apostólica, é competente o tribunal eclesiástico do lugar onde se celebrou o matrimónio, ou o tribunal eclesiástico em que a parte demandada tenha domicilio, ou o tribunal eclesiástico em que a parte autora tem domicilio, salvo algumas condições, ou ainda o tribunal eclesiástico do lugar onde se hão-de recolher a maior parte das provas, salvas também algumas condições.

(Código de Direito Canónico, can 1673)

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Boa tarde! Estou um bocado confusa, não sei a diferença entre anulaçao de matrimonio e anulaçao de casamento religioso. Peço desculpas, mas sou mesmo leiga neste assunto. Se puderem ajudar-me agradeço muito.

É a mesma coisa.

Boa tarde,

Eu gostaria de entrar com um processo de anulação de casamento religioso. Na altura que me casei foi com a ideia de que seria "até que a morte nos separe", mas rapidamente verifiquei que o meu "marido" estava mais interessado no meu dinheiro do que em outra coisa...Resumindo em traços gerais: destruiu e delapidou todo o património que tinhamos; falsificou o estado civil na criação de mais uma empresa; humilhou-me publicamente e deixou-me dividas de milhares de euros para eu resolver sozinha. Neste sentido, não quero estar casada perante Deus com um homem que é tudo, menos o que aparentava ser. SE conhecerem algum advogado bom em direito canónico que me possa aconselhar relativamente à possibilidade de anulação do meu matrimónio agradeço desde já e que me informem também (se souberem) quais os passos que posso seguir para dar entrada a este processo.

Cumprimentos
Sofia Dias

Boa tarde, Sofia.

Primeiro, perdão pela demora na resposta. Faz meses não estava acessando o fórum, e ainda acesso pouco por estar muitíssimo atarefado. Não pude deixar de perceber, entretanto, sua msg. Gostaria de ajudar mais, mas tudo o que posso fazer nesse caso é lhe sugerir que procure o pároco da sua freguesia para obter maiores informações. Imagino que já deve ter lido um pouco sobre o assunto, mas mesmo assim seguem algumas pistas básicas:

1) Pode acontecer de mesmo seu pároco não tenha especialização em direito canônico, embora todo padre receba instrução básica sobre o assunto no seminário. Assim, recorra ao pároco primeiramente para obter informação sobre o modo de proceder com o assunto, a quem deve se dirigir na paróquia para iniciar o processo, quais são os trâmites etc. Se der sorte, pode acontecer que o pároco seja um especialista no assunto, mas não conte imediatamente com isso.

2) Direito canônico é um tema complexo. Especialmente sobre o matrimômio e sua nulidade, vai ter que exercitar sua paciência e perseverança. Talvez por isso mesmo - porque muitos imaginam que separação seja algo "fácil" de obter com base em "argumentos" - o pároco deve lhe acenar com todas as dificuldades em que vc poderá esbarrar. Trata-se de um processo formal de direito, e caberá a vc apresentar as provas de que o casamento nunca ocorreu para conseguir que seja decretada a inexistência do mesmo. Entenda que definitivamente não existe anulação do casamento religioso na Igreja Católica, ao menos não no sentido que muitos imaginam. Vc deve procurar provar que o casamento nunca existiu - isto é, a outra parte lhe enganou desde o princípio e por isso o juramento não foi verdadeiro. Todavia, se o casamento ocorreu, o tempo transcorreu, e posteriormente houve uma traição, o assunto se torna bem mais complicado.

3) "mas rapidamente verifiquei que o meu "marido" estava mais interessado no meu dinheiro do que em outra coisa", fica atenta pq a medida desse "rapidamente" pode contar a seu favor.

Espero que encontre a paz que procura.
Fica com Deus.



Editado 2 vezes. Última edição em 18/09/2012 20:02 por firefox.