A propósito de uma mensagem pessoal que recebi no meu e-mail, e que colo neste Fórum depois de rasurar alguns pormenores a fim de preservar a identidade de quem ma enviou, gostaria que manifestassem a vossa opinião acerca mesma.
Tenho que dizer que esta "ajuda" me foi pedida, porque tento dentro das minhas limitações, organizar a leitura e proclamação dos textos sagrados em português e inglês durante a missa das "11", aos Domingos na Igreja de S.Lourenço de Almancil. Temos muitos visitantes Católicos, de diferentes nacionalidades, e quer sejam residentes ou turistas, gostam de participar e assistir à missa. E apreciam bastante o facto de entenderem ao menos as Leituras, já que de português não pescam nada... Para que eles saibam que isso acontece, informo em jornais locais de língua inglesa, em pequenas secções que disponibilizam para isso.
Aproveito para vos convidar a todos, quando por cá passarem a visitar também esta pérola de arquitectura e arte sacra que é a Igreja de S. Lourenço. E a tomarem um cafézinho connosco no fim da missa, o que nos proporciona um agradável convívio e novos conhecimentos. Sobre isso poderemos falar mais para diante.
Então cá vai:

Exmº Sr Vitor,


Após ter lido o Seu anuncio no Resident, venho por esta forma humildemente solicitar se nos pode ajudar.
Eu XXXXXX e YYYYYYY temos casamento marcado no registo civil de L., pois eu não sou católico mas a minha futura esposa é.
O casamento está marcado para 00 de Maio Xfeira, na conservatória porque em L. não o fazem no fim de semana.
Temos então de casar pelo registo na 4ª e fazer a festa na casa de meus pais no dia 00 sábado e era muito importante para nós podermos realizar uma cerimónia junto dos nossos amigos e familiares onde nos fosse dada uma benção á nossa união.
Nesse sentido solicitamos delicadamente se nos poderá ajudar a concretizar este nosso desejo.
Agradecendo a atenção dispensada, aguardo a Sua resposta, despedindo-me com a mais elevada consideração,

XXXXXXXXX


Eu, respondi a este e-mail, com uma recomendação para contactarem um Sacerdote da Paróquia respectiva, pois será a pessoa indicada para responder. Mas sempre fui dizendo que a Igreja, contempla a possibilidade de casamentos inter-religiosos. Que apresentem o problema a quem de direito.
Mas agora estou curioso em relação ao que poderia acontecer, embora pense qual vai ser o resultado ...

Desde já, os meus agradecimentos pelas vossas opiniões/informações.
Abraço Fraterno

De facto estão contemplados os casamentos mistos na Igreja Católica - isto é entre uma pessoa católica e outra de outra religião cristã mas não católica com um baptismo valido (protestantes, ortodoxos, anglicanos etc. Os baptismos das seitas não são considerados validos). São os chamados casamentos misto. Os noivos vão a uma Igreja catolica - se for essa a decisão e falam com o Padre que tratará do Matrimónio, que neste caso é Misto. Sendo este caso um impedimento para o Matrimónio é necessário que a parte catolica peça a Licença necessária ao Bispo diocesano - e que normalmente é concedida.
Condições:
1º A parte catolica comprometé-se a não ir a um ministro acatólico prestar ou renovar o consentimento matrimonial - só o faz na Igreja Católica.
2ª A parte catolica promete evitar tudo o que possa constituir perigo para a sua fé catolica e fazer os possiveis para os filhos sejam educados na fé católica.
3º A parte catolica delarar que está elucidade quanto aos fins e propriedades essenciais do matrimónio e que as aceita.
A Parte Não Catolica apenas declara que tomou conhecimento do compromisso da parte catolica e está disposto a aceitá-lo e que está elucidado sobre os fins e propriedades essenciais do matrimonio e que os aceita.
Após obtida a Licença, o Matrimónio é celebrado e e recebem a Benção de Deus.
Se a outra parte não possui qualquer baptismo valido - Muculmano, Hindu, ou até é ateu e nunca foi Baptizado, o impedimento é outro. Trata-se de disparidade de Culto. Também é possivel, e os passos são os mesmos, pedindo dispensa desse impedimento ao Bispo diocesano.




Editado 1 vezes. Última edição em 18/05/2005 01:11 por Padre João Luis.

Já agora, uma história recente...
Uma pessoa das minhas relações, profundamente católica viveu um processo de divórcio ( foi abandonado pelo conjuge) .. Passados uns anos decidiu refazer a sua vida e vai casar novamente, com muita alegria... face ás leis canónicas o casamento só pode ser pelo civil... Mas, porque essa pessoa é católica e vive intensamente o simbolismo da cerimónia lembrou-se de pedir a vários padres que lhe abençoassem as alianças que vão usar , só isso... Já bateu a muitas portas, todas estão efchadas...
Essa pessoa sabe que, a partir do momento em que se casar pelo civil vai estar impedidada de comungar ..
Essa pessoa sabe que, se continuasse a viver em união de facto ou a ocultar publicamente a sua relação com a noiva poderia rranquilamente cumprir os rituais religiosos...
Essa pessoa sabe que está a impor á noiva (solteira e católica) uma restrição dolorosa...
Mas o amor é grande.... maior que a hipocrisia...

O que vale é que a pessoa tem uma consciencia bem formada e não quer viver uma mentira.
Sabe que as consequencias do seu acto. Sabe que continua casada com uma pessoa e agora casa com outra, isto é fica casado com duas.....
È dolorosa a situação e medio prazo a Igreja tem de encontrar uma resposta para estas situações. A pessoa foi abandonada, não tem culpa, será que a Igreja tem o direito de impor a essa pessoa uma vida de celibato?
O assunto não está encerrado pela igreja, e parece que o Papa estava a estudar o assunto. Esperemos que haja uma resposta brevemente. Até lá a situação é esta.

Sim é complicado, para ambos...
É uma situação que essa pessoa não pediu, até porque foi abandonada!
Mas agora eu pergunto, assim como os padres podem renunciar ao sacerdocio e passado algum tempo, este é um caso que eu conheço particularmente, o Vaticano dá-lhes autorização para casar pela Igreja, porque não poderá se solicitado, pedir-se a anulação desse casamento agora desfeito?!
Não sei se é assim tão fácil, e deve levar algum tempo... mas Pe. Luís é possível?

Eu venho pôr a questão do matrimónio de uma forma mais drástica!

O que aconteceria se acabassem os «padres», se mais ninguém quisesse ser «padre»?

Já mais ninguém se poderia casar, sem pecar?!

Quem são os «ministros» no «matrimónio»?!

Como é que se casavam as pessoas antes e no tempo dos dos Apóstolos ?

Como é que se casavam as pessoas, no tempo de Cristo ?

Será que Iahweh não aprovou o matrimónio de Abraão com Sara, sua mulher?!

E como foi o casamento de Tobias?!

Sim, o matrimónio de Tobias?! (Tobite 8,1)



(Obs. Quando tentamos referenciar mais que um cap. ou partes distribuidas por mais de um cap. o link não funciona bem.) Só mostra o seleccionado do 1º capítulo. Click aqui.





_{Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.}

Caro Manuel:

A tua questão não é propriamente drástica, embora algo do que dizes fosse sério para outro âmbito.

Os ministros do sacramento do Matrimónio são os noivos, não o padre. O padre é uma testemunha qualificada que representa a Igreja, mas poderá ser substituído por um leigo. Isso está previsto e já é assim em muitos sítios onde os sacerdotes são muito poucos (por exemplo, em várias dioceses do Brasil).

A tua questão poderá ser interessante noutro âmbito, esse, sim, sério: se deixássemos de ter a Eucaristia, teríamos ainda Igreja? De facto, não é a «instituição» do padre em si o que conta, mas aquilo que é «típico» do padre, o seu ministério específico: a presidência da Eucaristia (e o sacramento da Reconciliação). Os padres, enquanto «estado de vida», poderão desaparecer; o que não pode desaparecer é a Eucaristia, porque ela é que é o central na vida da Igreja.

Alef

Jesus instituiu a Comemoração da sua «morte».

Com o tempo, evoluiu .....

A palavra «Eucaristia» tomou o seu lugar. «Eucaristia» é uma palavra grega que significa «Acção de graças».
Não sei porque á que a palavra «Eucaristia» se associou ao acto. Talvez por Jesus ter dado «graças ao Pai».
Jesus dava sempre «Acção de graças ao Pai», não foi apenas na sua última ceia de despedida.


Lc.22,19 *Tomou, então, o pão e, «depois de dar graças, partiu-o e distribuiu-o por eles, dizendo: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em minha memória.»

====

Na verdade, a comemoração da morte de Cristo terá lugar até que Ele venha:

1.ª Coríntios 11,24-25



--------------------------------------------------------------------------------


24e, tendo dado graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim». 25Do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto sempre que o beberdes, em memória de mim.»


1 Corintios 11 Verso 26

«Porque, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha.»

====
Isto que dizer que a comemoração da morte do Senhor não é para toda a eternidade.
É só até que ELE venha.
====

Apocalipse 22,20
O que é testemunha destas coisas diz:
'Sim. Virei brevemente.'»


E ainda bem!

Também me apecece-me dizer:


- Ámen! Vem, Senhor Jesus!


_{Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.}



Editado 1 vezes. Última edição em 16/01/2006 14:36 por Manuel Pires.

Boa noite,
sou recém chegada a este fórum, que desconhecia.
Aproveito este tópico para expor a minha situação: sou católica praticante, desde a faculdade que frequento Centros Universitários de Jesuítas (Porto e agora, Lisboa) e tenho uma caminhada relativamente longa de CVX. Tenho uma fé cada vez mais firme, sobretudo depois de começar a namorar. Agradeço a Deus todos os dias a pessoa que Ele colocou no meu caminho.
Vamos casar em Setembro. Ele é Muçulmano ismailita. Nesta comunidade não existe casamento religioso, podendo, no entanto, quando os dois pertencem à comunidade, pedir uma benção no dia do casamento.
Embora sendo de religiões diferentes, o Deus é o mesmo e, sobretudo identificamo-nos com os mesmos princípios morais e de vida. Ele apoia-me na minha prática e incentiva-a, o que eu faço também em relação a ele.
Sendo assim, tenho várias questões:
1 - está posta de parte a hipótese de um casamento católico?
2 - Poderei requerer uma benção nesse dia?
3 - Poderão os filhos ter o melhor dos dois mundos ou têm que optar por uma das religiões dos pais?

Obrigada desde já pelos esclarecimentos que me puderem dar.

Fiquem em Deus
Susana

Susana

O casamento católico com um muçulmano é possível (diz-se um casamento com disparidade de culto) mas implica que a Susana assuma alguns compromissos e que deles tenha conhecimento o seu noivo:

Citação:

Código de Direito Canónico
1125 Si hay una causa justa y razonable, el Ordinario del lugar puede conceder esta licencia; pero no debe otorgarla si no se cumplen las condiciones que siguen:
1 que la parte católica declare que está dispuesta a evitar cualquier peligro de apartarse de la fe, y prometa sinceramente que hará cuanto le sea posible para que toda la prole se bautice y se eduque en la Iglesia católica;

2 que se informe en su momento al otro contrayente sobre las promesas que debe hacer la parte católica, de modo que conste que es verdaderamente consciente de la promesa y de la obligación de la parte católica;

3 que ambas partes sean instruidas sobre los fines y propiedades esenciales del matrimonio, que no pueden ser excluidos por ninguno de los dos.

Se quiser uma panorâmica mais geral, pode encontrar no site do Vaticano o Código de Direito Canónico em várias línguas (mas não em português). A parte do matrimónio é o Título VII, Cânones 1055 a 1165.

Isto é apenas um contributo em abstracto. Deve contactar a paróquia onde pretende casar para avaliar a sua situação concreta.

pontosvista

Pode um padre depois de ter solicitado dispensa para contrair matrimónio, enviuvando voltar a exercer o sacerdócio.
saudações

Sim, pode.