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Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 18 de February de 2008 13:37

Porque disseste que os padres deixavam de o ser quando não deixam. Quem casa tambem não deixa de ficar casado.
Porque o celibato não é inerente ao sacerdocio consagrado, a indissobilidade é inerente ao casamento. Os casos de sacerdotes casados não são assim tão raros, há na Igreja ritos, normalmente ritos orientais, em que os padres casam. São milhares. O celibato ssacerdotal é uma questão de disciplina eclesiastica, a indissobilidade da casamento é uma questão doutrinal.
Aliás nalguns casos mesmo os padres suspensos podem exercer, por exemplo podem ouvir confissões em situações em que não haja mais nenhum sacerdote e exista perigo de vida.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 18 de February de 2008 14:35

Citação:
Camilo
Pois, mas acho que devemos partir do principio de que os casamentos são válidos e é preciso provar a sua nulidade e não do principio contrario. O contrario é considerar as pessoas geralmente infantis ou hipocritas. Acho que devemos partir do principio de que as pessoas sabem o que fazem. Até porque antes do casamento os nubentes devem ser entrevistados por alguem capaz, normalmente um sacerdote mas não necessariamente, que avalia a sua correcta disposição e conhecimento sobre o casamento cristão.

Na hora de casar admite-se, bem, que as pessoas sabem o que estão a fazer, embora seja seguro que muitas delas não sabem o que estão a fazer ou não o estão a fazer com as disposições adequadas. Basta aplicar o mesmo princípio na admissão à comunhão.

pontosvista

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 18 de February de 2008 20:05

Citação:
camilo
Porque o celibato não é inerente ao sacerdocio consagrado, a indissobilidade é inerente ao casamento.

Num debate em que se discutisse o celibato facultativo eu concordaria contigo, mas agora que a discussão diz respeito à fidelidade das promessas que são feitas nos sacramentos, então a sua afirmação passa por falaciosa.

Todo mundo sabe que o voto de castidade faz parte dos votos do sacerdócio, inclui e até é centrado no celibato, e são votos perpétuos! Quem se interessar pode consultar o texto dos votos no ritual de ordenação. O que a Cassima te perguntou, e vc está fugindo para não responder, é porque aceitam que alguns padres se casem depois de deixarem o exercício do sacerdócio. Com os leigos é tudo em ferro e fogo.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 19 de February de 2008 14:10

Citação:
camilo
Porque disseste que os padres deixavam de o ser quando não deixam.

Depois de me teres corrigido, eu refiz a afirmação.

Citação:
camilo
Porque o celibato não é inerente ao sacerdocio consagrado, a indissobilidade é inerente ao casamento.

Mas há sempre excepções, aliás o próprio Cristo a deu: Ora Eu digo-vos: Se alguém se divorciar da sua mulher - excepto em caso de união ilegal - e casar com outra, comete adultério. (já agora, alguém sabe dizer a que género de união ilegal Jesus se referia?).
E na forma como o sacerdócio está regulamentado hoje em dia é como se fosse também inerente. Experimenta ordenar-te e depois casar, sem deixares de exercer. Ou casares, ordenares-te e manteres-te casado, sem ser naqueles casos excepcionais de que falei.


Citação:
camilo
Os casos de sacerdotes casados não são assim tão raros, há na Igreja ritos, normalmente ritos orientais, em que os padres casam. São milhares.

Eu sei camilo, mas estava a referir-me à realidade que eu conheço, que é a ocidental.


Citação:
camilo
O celibato ssacerdotal é uma questão de disciplina eclesiastica, a indissobilidade da casamento é uma questão doutrinal.

Mas no entanto, em ambos os casos há promessas, em ambos os casos são quebradas e as consequências em ambos os casos não são iguais! Uma promessa é uma promessa! Não as há de categorias diferentes!

Citação:
camilo
Aliás nalguns casos mesmo os padres suspensos podem exercer, por exemplo podem ouvir confissões em situações em que não haja mais nenhum sacerdote e exista perigo de vida.

Também eu posso baptizar em casos excepcionais e isso não faz de mim padre.


Cassima

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 28 de February de 2008 09:34

A unica objecção pertinente parece-me ser a do Pontovista. É uma argumentação pastoral e não teologica. No entanto acho que só podia ser aplicada a pessoas particularmente esclarecidas na fé, o que está longe de ser o caso de 90% dos cristãos. Aliás a analogia não se dá conforme ele disse. Antes do casamentos há uma conversa com um padre. Creio que os ortodoxos só aceitam a comunhão com quem se tenha confessado com o sacerdote celebrante.
Pois dessa forma talvez se pudesse fazer a analogia. Pastoralmente seria um desastre e seria interpretado como a autorização facil do divorcio.
Agora que a anulação do casamento devia ser mais facil e muito mais agil, com isso concordo.

Cassima, parece-me a união ilegal será o concubinato ou em termos actuais a simples união de facto, para cristãos a união não sacramentada (seja esta uma união de facto ou um casamento civil). Não se pode partir do principio de que todos os casamentos estão dentro desta categoria logo é compativel o divorcio com as palavras que Jesus Cristo proferiu sobre a indissobilidade do casamento. Nem todos as uniões são ilegais.
A quebra de uma promessa não implica o fim do casamento. Há muitas outras situações analogas.

No baptimo há promessas. Os escuteiros fazem promessas. Na primeira infidelidade às promessas do baptimo ficamos "desbaptizados"? Os escuteiros devem ser expulsos do corpo de escuteiros quando passarem um dia sem fazer uma boa acção ou proferirem uma palavra impura?

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de February de 2008 15:47

camilo, seu último post foi mais esclarecedor. Posso ter me enganado e entendido mal, mas parece-me, afinal, que sua preocupação era de que uma aproximação da teologia com a pastoral pudesse ser mal interpretada e passasse a idéia de laxismo ou falta de cuidado e assim resultasse numa perda dos valores espirituais associados aos sacramentos. Se for assim, tivesse dito isso logo, teria evitado confusão e muita discussão desnecessária.

Concordo contigo que muitos cristãos não tem boa formação, mas não acho que vá ajudar a melhorar esse quadro tratá-los como completos ignorantes e tentar resolver tudo pela via da imposição; por muitas razões, das quais cito apenas duas:
- isso não funciona mais no mundo de hoje, o que provavelmente acontecerá é que muitas pessoas não vão obedecer uma ordem intransigente que inferniza suas vidas e para a qual não entendem a razão. Também aí existe o risco da perda de valores, de referencial, e do esfacelamento da autoridade (boa) da igreja. Os efeitos colaterais do "remédio" da imposição podem acabar resultando piores do que a própria "doença".
- o dialógo pode ser também muito catequético e uma oportunidade de melhorar aquela formação que, antes se supôs, não era muito boa naqueles cristãos. Perde-se então mais uma oportunidade para ensinar e para ajudar a interiorizar valores que se fortaleçam "de dentro", que encontrem sentido numa experiência de fé, e que não apareçam somente como mais um incômodo imposto por de alguém "de fora".

Acho que as intervenções nesse tópico foram nessa direção. Não notei aqui ninguém defendendo que o matrimônio seja algo sem importância, mas que a imposição absoluta não ajuda a esclarecer, não transmite bem os valores que defendemos, passa uma idéia confusa do papel da igreja e do evangelho, e tudo isso resulta depois em afastar mais pessoas da igreja.

O cristianismo pressupõe uma boa dose de confiança e de esperança. Jesus confiou em nós e nos chamou para fazer parte da sua missão, mesmo apesar de todas as nossas trapalhadas.

Paz e Bem.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 28 de February de 2008 18:50

Preocupa-me mais a fidelidade ao Evangelho que atrair pessoas para simplesmente aumentar o numero de aderentes ao clube.
"Para que serve o sal se perder o seu sabor?"

Prefiro menos mas melhores que uma multidão que não se distingue em nada dos não cristãos. Certo é que todos somos pecadores e fracos, mas pelo menos que tentemos andar na direcção certa. Agora dizer às pessoas que podem caminhar para qualquer lado que todos os caminhos vão dar ao céu é engana-las.

Não se deve tirar uma só letra das exigencias evangelicas embora se deva ter compreensão para com as limitações dos fieis para não apagar "ao pavio que ainda fumega".

Resumindo, do texto evangelico é-me claro que o casamento cristão é indissoluvel, a grande maioria dos casamentos celebrados nas igrejas não chegam a ser casamentos cristãos por isso são anulaveis e sendo-o devem se-lo com agilidade. As entrevistas previas com os nubentes poderiam propor aqueles que não manifestam aceitar o casamento cristão com a sua indissolubilidade uma cerimonia-benção alternativa mas desde que ficasse bem claro a sua distinção do casamento.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 29 de February de 2008 13:52

Camilo

Relativamente à união ilegal mencionada por Jesus: os casamentos dos judeus com não judeus não estariam incluídas nesse caso? Lembro-me de que esses casamentos não eram bem aceites.

Citação:
camilo
No baptimo há promessas. Os escuteiros fazem promessas. Na primeira infidelidade às promessas do baptimo ficamos "desbaptizados"? Os escuteiros devem ser expulsos do corpo de escuteiros quando passarem um dia sem fazer uma boa acção ou proferirem uma palavra impura?

Que promessa é que um baptizado faz? Se o baptizado for bebé, as promessas são feitas por outros, razão pela qual não pode ser responsabilizado por isso. Se for adulto, qual é a promessa que se faz? Nunca assisti a um baptizado de um adulto...

Não acho que a promessa dos escuteiros seja comparável à do casamento. Aqui há uma entrega a dois, para uma vida comum, com responsabilidades, consequências e implicações que não são equiparáveis à intenção de fazer o bem e não dizer palavrões. A quem é que os escuteiros fazem a promessa? A Deus? Aos chefes?

De qualquer das formas, a promessa de um baptizado adulto será a Deus. A promessa de um casamento, será ao cônjuge, perante Deus.

Deus perdoa sempre, nós nem por isso.

Não tenho dificuldade nenhuma em concordar, quer com o firefox quer contigo, nas últimas intervenções.

Aliás no dia 19 de Dezembro de 2007 13:02 disse:

Citação:
Cassima
Em relação ao divórcio, eu até compreendo as razões pelas quais que lhes está vedada a comunhão. O que não compreendo é porque a anulação do casamento é tão difícil. Muitas das situações de divórcio deviam ser passíveis de anulação.
Concretamente, maus tratos e adultério seriam sempre motivos válidos para anular um casamento, possibilitando ao cônjuge inocente o casamento religioso com outra pessoa

Cassima

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 29 de February de 2008 14:05

Nas linhagens de Jesus apresentadas no evangelho até aparece um casamento entre um judeu e uma não judia, Rute. As palavras de Jesus são claras, o casamento deve ser indissoluvel.
Ah, e tambem nos ensinou a orar dizendo "perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos".
ninguem disse que ser cristão era facil.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 29 de February de 2008 15:54

Citação:
camilo
As palavras de Jesus são claras, o casamento deve ser indissoluvel.

Até mesmo Jesus falou de uma exceção. Vc entende "não é o homem que foi feito para a lei, mas é a lei que foi feita para o homem"? Pense depois sobre o significado disso.

Citação:
camilo
Ah, e tambem nos ensinou a orar dizendo "perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos".

Também ensinou a não julgar o próximo.

Citação:
camilo
ninguem disse que ser cristão era facil.

Parece-me que vc ainda não entendeu que ninguém está propondo o laxismo, mas que um legalismo intransigente leva muitas vezes a uma falta de misericórdia. Já vimos esse filme com os fariseus.

Olha camilo, eu entendi a sua preocupação, mas agora fico pensando se vc entendeu o que os outros estão te dizendo aqui. Lamento dizer que não parece, às vezes não parece.

Paz e Bem.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Sónia C. (IP registado)
Data: 17 de March de 2008 14:30

Olá a todos!
Eu em Dezembro último fui buscar este post numa altura que estava muito em baixo, porque eu casei com um homem divorciado e que qd casou foi pela igreja. Qd casei não "ligava a mínima para estas coisas de Deus", não ia à Missa, não acreditava pronto... A minha ideia na altura era que o casamento na Igreja era uma coisa bonita, mas consegui me casar numa quinta e foi bonito à mesma.
Mas isto meus caros é o que eu pensava há 10 anos atrás. A minha conversão aconteceu no ano passado... O Senhor me deu o Seu Amor e transformou a minha vida!!
Qd coloquei o post queria saber se iria have alguma alteração neste sentido, pois eu não posso comungar, porque não posso me confessar. Confesso-me a Deus somente, porque nenhum Padre me dá a sua benção...
Agora o colega aqui atrás escreveu aquilo que se resume este problema:


Citação:
firefox
O absurdo é tanto que já parece que o único pecado sem perdão não é o pecado contra o Espírito Santo, é se casar pela segunda vez. Não somente um rico avarento, mas ainda um assassino, um ladrão ou um torturador, qualquer tipo de gente pode ter acesso à eucaristia bastando para tal se confessar à igreja e se dizer arrependido. Já no caso de uma pessoa divorciada que se casou pela segunda vez, a hipocrisia é tamanha que colocam como única hipótese para a coitada o cometimento de um segundo pecado muito maior para cobrir o primeiro: abandonar o segundo conjuge e os filhos do segundo casamento, para viverem todos infelizes, e satisfazer o legalismo dos fariseus e dos doutores da lei. Quando acontecer assim a pessoa se tornará pura (pura insensibilidade e hipocrisia) e poderá se sentar à mesa com os seus juízes.

Eu qd casei com um homem divorciado NÃO SABIA o que estava a fazer, mas NÃO VOU me divorciar do meu marido, NÃO vou separar os meus filhos do pai, por causa do facto de não poder comungar. Nem vou viver como "irmã" do meu marido para que isso aconteça.

Estou arrependida sim, porquê então não tenho perdão??
É pecado menor dissolver mais uma família?
É pecado menor fazer com que os meus filhos sofram?

Não creio que o Senhor queira isto...

Ima coisa é certa, tb não é por isto que deixarei a minha Religião. Foi na Religião Católica que me converti, ela é que me preenche na minha fé, nos meus ideais... Se a Igreja Católica permitir a comunhão para os divorciados que se arrependam, mas que não podem cometer um pecado maior para poderem receber o Corpo de Jesus, aonde está o problema? Vai provocar a banalização do casamento?
O casamento já está banalizado há muito tempo, meus amigos... As pessoas qd casam acham que se não der certo se separam. ninguém mais se esforça para suportar o outro... Mas porquê isso acontece? Porque deixaram o Senhor, porque não querem mais saber Dele... Aonde está a fé das pessoas? Então, fé fraca leva ao crescimento das seitas... A Igreja Católica deveria repensar isto tudo e apostar mais na Evangelização!

O meu marido não me bate, nem nada que se pareça... Mas tb não é um casamento maravilhoso, não! Temos muitos problemas, muitas incompatibilidades! Mas eu, qd casei com ele CASEI PARA TODA A VIDA,e é exactamente o que vou fazer, arcando com todas as consequências disso...

Agora, me separar pq preciso receber o Corpo de Jesus, porque anseio por isso? Não, o Senhor não quer que eu faça isto!
Mas... SERÁ QUE JESUS ACHA QUE NÃO MEREÇO COMUNGAR? QUE NÃO SOU DIGNA DE RECEBER O SEU CORPO?

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 18 de March de 2008 01:40

Olá, Sónia!

Um bem-hajas pelo teu «post», comovente e de uma qualidade humana-espiritual pouco habitual. Oxalá toda a hierarquia eclesiástica lesse este teu testemunho com a preocupação de agir como Jesus!..

Esbocei uma longa resposta ao teu «post», mas não fiquei satisfeito e dei-me conta de que não tinha tempo suficiente para uma resposta bem pensada; prefiro então não dizer mais nada por agora. E infelizmente não o terei nos próximos dias. Como o teu caso tem vários pontos de contacto com o do quimnogueira, já «chamei» o tópico «Carta Aberta à Igreja Católica», onde poderás ver o diálogo mantido aqui há já uns anos. Por aí se vê que há muitos aspectos a ter em conta ao tratar deste problema. No teu caso concreto, e pelo que leio da tua atitude religiosa de fundo, haveria que «explorar» mais a componente espiritual, nomeadamente a oração. [E por oração não me refiro ao «mero» recitar Pai-Nossos e Ave-Marias…] Mas isto é muito pano para muita manga…

Deixo apenas uma dica que me parece importante. Mesmo tendo em conta a situação difícil e a provável impossibilidade de poderes comungar (haveria que averiguar isso a fundo), é possível viver a fé cristã assumindo essa «anomalia». Porque a acção de Deus não se reduz aos sacramentos. A tua situação nem sequer é a de uma «separada» da Igreja, muito pelo contrário. Não podes ficar «paralisada» pelos «impedimentos», mas aprofundar o espaço de pertença que se mantém intacto. Eu diria que o melhor seria procurar e encontrar uma pessoa prudente e com um bom sentido pastoral e espiritual que te ajude na caminhada necessária. Que não se substitua às tuas decisões, mas que te ajude a encontrar o espaço próprio para uma decisão honesta e livre diante de Deus e na Igreja.

Como já disse na «conversa» com o quimnogueira, parece-me necessário fugir a dois extremos: o facilitismo e o espírito legalista da «Igreja dos puros».

Poderemos voltar ao assunto. Que esta Páscoa te traga alguma esperança!

Alef

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Sónia C. (IP registado)
Data: 18 de March de 2008 09:59

Obrigada Alef pela sua resposta!
Como eu disse eu vivi uns tempos difíceis por causa desta impossibilidade, e antes de conversar com o Sr. Padre da minha localidade eu sentia-me excluída sim... Qd fui falar com ele foi no sentido de averiguar a possibilidade de anular o 1º casamento do meu marido, mas, como o motivo da separação foi simplesmente a incompatibilidade existente entre ambos, o Sr. Padre disse que só me iria desgastar com uma situação que poderia durar anos e poderia ser indeferida... Aconselhou-me e eu agora sinto-me feliz.
Eu agora comungo espiritualmente, nem sempre consigo, depende muito se eu levo o meu coração completamente aberto para a Missa, mas qd consigo, fico mesmo muito feliz, Jesus é Maravilhoso, se muitos que não crêem soubessem quão grande é a felicidade que Jesus proporciona para os que n'Ele crêem...
A razão da minha resposta anterior foi que a impossibilidade de me confessar significará para a Igreja que eu não tenho perdão?? NÃO HÁ NENHUM PECADO QUE O SENHOR NÃO PERDOE SE O HOMEM SE ARREPENDER, EXCEPTO O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO!!
Eu estou arrependida sim, porque se fosse hoje eu não me casava com uma pessoa divorciada, mas agora que estou casada e tenho dois filhos, o importante é manter a família unida!!
Vou ler o post que me indicou...
Obrigada uma vez mais pelas suas palavras e uma Páscoa muito Feliz para você e para todos!

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 18 de March de 2008 23:02

Olá Sónia,

Não tenho muito tempo agora, mas fiquei comovido com seu testemunho e assino embaixo do post do Alef. Se me permite gostaria de chamar a atenção para alguns pontos:

Somos mais de um bilhão de católicos, muitas culturas, muitas histórias diferentes, e só isso já deveria ser suficiente para levar alguém a pensar. Não chame todas as culpas para si, lembre-se que como vc também há muitos casos de gente que sofre, digo, gente sincera que tenta ser fiel e sofre dentro da igreja. Ela não é um celeiro de trigo, tem joio no meio, então paciência. Aliás, não existe nenhum celeiro de trigo.

Também temos a tendência a considerar que nossas dores doem mais do que a dos outros, mas é uma falsa impressão. Deus é capaz de escrever certo por linhas tortas, se te caiu a "sorte" de ter que levar essa cruz, coloque isso na oração, não deixe a dor se transformar em mágoa, peça a Deus que a converta em compaixão. Vai ter mais facilidade para entender qdo ouvir falar da dor dos outros. A maior pérola de todas é a caridade, mas não significa que não possa "lutar". Procure se orientar com algum padre de sua confiança, os sacramentos deveriam ser sinais de nossa libertação, e não cruzes para que carregássemos. Tente redescobri-los.

Nesse momento estou pensando particularmente no sacramento da reconciliação, pelo que li, talvez ainda não tenha tido a alegria de se confessar na igreja. É verdade o que disse, sempre pode se confessar com Deus e é mesmo bom que o faça, mas parece-me que ainda não descobriu a alegria de poder se confessar com a igreja. Essas coisas levam tempo, às vezes levam toda uma vida. Se não for agora, talvez um outro dia, só não desista. Ao menos se pergunte: "será este mês?" :)

Já percebeu que não tenho receio de reclamar, valorizo a sinceridade, então se te escrevi as palavras acima foi porque me ajudaram. Não é só para "repetir o figurino", tenho esperança que possam te ajudar também.

Uma feliz páscoa para você. Qdo for comungar (ainda que seja espiritualmente) reze um "Glória ao Pai" por mim. Acho que vindo de vc Ele receberá de modo especial :)

Fica com Deus.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 19 de March de 2008 02:15

Olá Sónia, eu sou cristão evangélico e queria lhe dizer o seguinte:

Pelo que percebi o caso da Sónia é muito simples de resolver. Se a Sónia está casada com um homem divorciado e o casamento ocorreu antes da sua conversão [Mas isto meus caros é o que eu pensava há 10 anos atrás. A minha conversão aconteceu no ano passado... O Senhor me deu o Seu Amor e transformou a minha vida!!] então saiba a Sónia que perante a lei de Deus está numa situação perfeitamente regular. Pois é um caso onde se aplicam as palavras de Paulo: "Cada um fique no estado em que foi chamado" (1 Cor. 7:20). Ora a Sónia foi chamada no estado em que está actualmente. Tudo regular. O mesmo princípio se aplica, por exemplo, a alguém que se converte a Cristo já divorciado e recasado, ele deve ficar no estado em que está e não abandonar a mulher com que vive, ou quando um muçulmano que tem 5 mulheres se converte a Cristo, ele não deve abandonar as 5 mulheres mas ficar no estado em que estava quando foi chamado.



Editado 2 vezes. Última edição em 19/03/2008 02:17 por Epafras.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Sónia C. (IP registado)
Data: 19 de March de 2008 09:29

Olá Firefox!
Agradeço imenso a sua mensagem, emocionei-me a ler as suas palavras de solidariedade!
Sim, eu fui abençoada por Deus e aceito a minha situação e sei que existem muitas pessoas nas mesmas condições.. Já não deixo que a mágoa se instale no meu coração, porque eu sei que o Senhor está comigo e me perdoou por viver 40 anos a recusá-Lo...
Não perco a esperança de um dia poder me confessar e comungar, entretanto vou-me aperfeiçoando no meu diálogo com Deus, peço-Lhe todos os dias que me ensine a rezar e vou vivendo sem angústia, feliz por tê-Lo no meu coração!!
Felizmente o Padre da minha paróquia é uma pessoa com o dom da palavra e muito forte espiritualmente, foi ele que me ajudou a libertar-me da angústia e a poder usufruir da missa, conseguindo comungar espiritualmente.
Oh meu amigo... Pode ter a certeza que vou rezar o Glória que me pediu, pode ter a certeza!!
Uma Feliz Pascoa para você e para todos!
Que Deus vos Abençoe.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: Sónia C. (IP registado)
Data: 19 de March de 2008 09:39

Caro Epafras,
Sim, eu sei que o Senhor me perdoou e que estou numa situação regular. Eu sei disso, tanto que eu questionei se Jesus acha que eu não mereço comungar...
Mas, a Igreja Católica exclui os casados em segunda união, os que vivem maritalmente e os casados com os casados em segunda união (este é o meu caso, para a Igreja é como se eu vivesse maritalmente sem estar casada.). Falta-me portanto o Sacramento do Matrimónio, que é condição para usufruir do Sacramento da Reconciliação. Na nossa Igreja ninguém deve comungar sem se confessar, devemos estar com o coração puro para receber o corpo de Jesus, entende?
Mas, eu digo que comungo "espiritualmente" porque sei que estou perdoada e o Senhor me concede essa benção, exactamente porque me veio buscar na situação em que eu estava... Ele não quer que eu desfaça a minha família, ele quer que eu viva como eu tenho vivido, tenho a certeza disso!!

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 19 de March de 2008 09:42

Epafras, isso é meio certo. O problema é mais ele que ela.
Vejamos o que Jesus disse à Samaritana:
Declarou-lhe Jesus: «Disseste bem: 'não tenho marido', 18pois tiveste cinco e o que tens agora não é teu marido. Nisto falaste verdade.»

O mais provável é que o marido dela não se tenha convertido, como a Sónia se converteu, sendo assim a situação da Sónia até seria regular. O problema surge porque a igreja, por razões pastorais, parte do principio que todos os casamentos são válidos, sendo assim é preciso provar bem provado que não o são. Na prática sabemos bem que a maior parte (bem, não sei se é a maior parte mas é a sensação que tenho) não cumpre as condições necessárias para serem considerados válidos porque a maior parte dos noivos parte do principio que podem muito bem vir a divorciar-se e a casarem com outro, logo o juramento que fazem é falso. Esta é, muito provavelmente a situação do marido da Sónia, a dificuldade está em prova-lo.

Sónia, o que é o pecado contra o Espirito Santo? Quanto a ser digna de receber Cristo pergunto é digna de receber a condecoração "Grande Colar da Torre e Espada" (creio que é a maior condecoração atribuida pelo estado portugues)?
Parece-me que verdadeiramente ninguém é inteiramente digno de receber a Jesus. No entanto há pecados graves e pecados que não são graves. O adultério é considerado grave.
Eu sei, deve parecer-lhe estranho considerar a sua situação um adultério. Colocou-se nela quando ainda não se tinha convertido, por isso não sentia o seu futuro marido como alguém casado.
A sua situação tem alguma analogia com outra que conheço. Uma mulher casou com um homem que usou uma identidade falsa. Era casado e usou o nome de um irmão solteiro. Quando o irmão solteiro pretendeu casar descobriu-se o engano. Já existiam filhos comuns. Diga-se que o bigamo mantinha vida em comum com as duas mulheres (creio que justificava as ausencias de uma casa com viagens de trabalho, não sei qual seria o trabalho dele mas certamente obrigava-o a viajar muito).
Sei, há diferenças mas também há pontos em comum e não tenho tempo para fazer uma analise mais cuidada.
Mas se agora o bigamo ao ser obrigado a optar quiser a 2ª mulher, rejeitar a 1ª e ser rejeitado por ela (pela 1ª) que deve esta fazer? Não é fácil a opção. Se não tivesse filhos seria mais fácil mas tendo-os surgem conflitos de valores.
Uma coisa me parece muito provavel, no 1º casamento quando ele jurou amor e fidelidade eternos deve ter mentido logo o casamento não deve ter sido um casamento cristão (ou canonicamente válido ou seja lá o nome que lhe derem).

Se tiver tempo talvez faça uma analise mais aprofundada sobre este tema. Não baseado em estudos, que não tenho, mas nas minhas diletantes reflexões. O problema é que elas me levam a coisas como casamento natural, etc e acho que para serem bem explanadas ocupam talvez 4 páginas A4 e não tenho tempo para fazer isso agora.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 19 de March de 2008 09:43

Mas aproveito para copiar para aqui um texto que já tinha escrito:

O divórcio e a guerra civil

Jesus disse "O que Deus uniu não separe o homem" e ainda "Todo aquele que se divorcia da sua mulher e casa com outra comete adultério; e quem casa com uma mulher divorciada comete adultério".
Ninguém se "divorcia" de seu filho ou de sua mãe. Pelas palavras de Jesus percebemos que o casamento cria um vínculo de profundidade idêntica à que existe entre uma mãe e o seu filho.
A existência do divórcio revela sempre um pecado grave. É grave que duas pessoas não consigam viver juntas hormoniosamente. É grave que quem um dia jurou amar em lugar de viver em amor viva em desentendimento tal que não consegue viver de baixo do mesmo tecto.
Admiramo-nos com as guerras civis, por exemplo a da Kosovo. Aí duas etnias dizem-se incapazes de viver juntas, guerreim-se e matam-se porque não conseguem viver lado a lado. Poucos duvidaram que há um enorme pecado e é moralmente indefensável esta incapacidade de viver em no mesmo país. Mas aquelas pessoas não juraram amar-se.
No casamento que acaba em divórcio algo de similar se passar. A mesma incapacidade de viver em comum, de tolerar, respeitar e compreender o outro. Nas guerras a culpa pode ser só de um, principalmente de um ou igualmente de ambos, uma coisa é certa, não é um acontecimento inocente, uma falha grave esteve na sua origem e a guerra é algo que nunca devia acontecer.
Como o divórcio. Claro que há diferenças. São escalas diferentes.
Mas se na guerra civil a violência é maior no divórcio a ligação que existe entre o membros do casal é mais intensa e ao contrário da guerra civil esta união foi livremente construída.

Re: Divorciados vão poder comungar nas missas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 19 de March de 2008 09:52

Citação:
Cassima
Camilo
Relativamente à união ilegal mencionada por Jesus: os casamentos dos judeus com não judeus não estariam incluídas nesse caso? Lembro-me de que esses casamentos não eram bem aceites.

Cassima

Jesus que disse:
«Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. 25*Posso assegurar-vos, também, que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; 26contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma viúva que vivia em Sarepta de Sídon. 27*Havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão o sírio Naaman.»
que tinha na sua linhagem uma Moabita que tinha casado com um israelita não tinha certamente esses sentimentos xenofobos.
Esses sentimentos não seriam compativeis com a perfeição do Verbo que se fez carne e habitou entre nós.
Não é bom que para defender determinada posição atribuamos algo a Jesus que o desfigura e torna imperfeito.
Sei, já tinha respondido a isto mas só depois me apercebi deste problema.

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