Um artigo de Licínio Lima no DN


Joseph Ratzinger, antes de ser eleito Papa, estava a preparar documentos teológicos que, postos em prática, significam uma autêntica revolução na Igreja Católica. Um deles tem a ver com o levantamento da proibição dos católicos divorciados comungarem (receberem a hóstia) nas missas. Este poderá ser um dos primeiros dossiers que Bento XVI colocará sobre a secretária logo após a sua entronização, no domingo, para a qual já chegou uma enchente de peregrinos, especialmente alemães.
A admissão à Eucaristia dos católicos divorciados e recasados civilmente é há muito debatida no seio da Igreja. Existem milhares de grupos que se reúnem para meditar sobre a mensagem do Evangelho. Mas que não podem participar plenamente no sacramento da Eucaristia de acordo com as normas do Direito Canónico.
Surpreendentemente, na edição de ontem do jornal La Repubblica, anuncia-se que Joseph Ratzinger, ainda no exercício de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, estava a preparar um documento teológico visando alterar aquela norma, de forma a que os católicos recasados civilmente possam participar plenamente na missa. A única condição imposta é que seja provado que não foram a causa principal da separação.
Ainda de acordo com aquele jornal, estão na Congregação para a Doutrina da Fé dois outros documentos em forja, também revolucionários. Um deles visa repensar a figura do Papa como sinal de unidade de todos os cristãos, permitindo aprofundar o diálogo ecuménico. Esta reflexão, recorde-se, foi pedida por João Paulo II em 1995, na encíclica Ut Unum Sint. E não será por acaso que Bento XVI começa o seu pontificado estabelecendo como prioridade a aproximação às diferentes igrejas cristãs. O outro documento prevê a alteração da idade da jubilação dos bispos, passando de 75 para 80 anos.
Surpresa. Bento XVI está a surpreender de muitas formas. Ontem reuniu-se com todos os cardeais do mundo, incluindo os que não participaram no Conclave. Depois de uma saudação de Angelo Sodano, em nome do Colégio Cardinalício, o Papa agradeceu-lhes a colaboração, apelou à unidade e, no fim, recebeu de todos uma saudação pessoal. D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, ajoelhou-se, beijou-lhe as mãos e dirigiu-lhe umas palavras durante 20 segundos.
A postura de Bento XVI foi sempre muito informal. Levantou-se para abraçar Sodano quando este acabou o discurso, notando-se que o fez com sentida alegria. Ergueu-se sempre da cadeira quando foi saudado por um cardeal fisicamente mais debilitado, e sorriu com os olhos. O cardeal Lemann, compatriota alemão, tido como pouco ortodoxo, não lhe beijou as mãos. Mas a pequena conversa entre ambos foi envolta em expressões afáveis e sorridentes.
Bento XVI já saiu à rua duas vezes, a pé, aproximou-se das pessoas, deixou-se cumprimentar, transmitiu emoção. "Estou emocionadíssimo", tem repetido constantemente. Distam cerca de 30 metros entre a porta de Santana, uma das saídas do Vaticano, e o seu apartamento, em Borgo Pio, onde tem ido buscar alguns livros. Na quarta e na quinta-feira, ouviram--se aclamações Be-ne-di-to, Be-ne-di-to". "Em Roma, não é só apreciado, como também estimado", garantiu-nos D. José Policarpo.
O ambiente em Roma está agitado com a preparação da Praça de S. Pedro para o dia da entronização do Papa, que ocorre no domingo. A montagem de ecrãs gigantes multiplica-se, quer na praça, já cercada por detectores de metais, quer ao longo da Via da Conciliação. E, sobretudo, ouve-se o falar germânico - são os compatriotas do Papa que estão a chegar aos milhares para o saudar.

«Que a paz esteja convosco»
Fernando Cassola Marques

Não se trata de revolução nenhuma, mas de colocar em prática o 2º Concílio do Vaticano.

As referências deste Santo Padre ao Concílio são frequentes, assim como as referências bíblicas, directas e indirectas, ainda mais o são.

Os textos dele têm soado semelhantes aos textos conciliares e mais não são que a aplicação do Evangelho ao 3º Milénio.

A continuar assim não teremos uma revolução mas sim a aplicação do Concílio.

Voltou o perito conciliar agora como Sumo Pontífice?

João (JMA)



Editado 1 vezes. Última edição em 26/04/2005 11:15 por JMA.

Há tanto tempo que os divorciados aquí comungam. Os que vivem juntos, os que fazem sexo antes do casamento, etc. Os bancos aquí nas igrejas ficam vazios durante a comunhão. Seja na comunidade portuguesa, seja nas igrejas canadianas.

Aqui também.

Um Cisma silencioso.

Nunca a verdade foi uma questão de maiorias nem de modas.

Claro que foi.
A "VERDADE" É SEMPRE UMA CONSTRUÇÃO situada.
A verdade e as verdades mudam com o tempo e com o espaço...
Mudam com as modas e mudam com as condições e circunstãncias de vida.
Não há verdades imutáveis.... Ah, e um facto concreto observado por uma larga maioria é provavelmente verdadeiro...

A verdade é imutavel, a nosso percepção da verdade é que é normalmente imperfeita.

Se então é a maioria que interessa nas questões morais e religiosas convém escutar então a opinião dos chineses e indianos. Por acaso são das regiões mais conservadoras do mundo, aonde o sexo fora do casamento é muito mal visto. Juntemos a estes 2 paises o mundo islamico e já temos uma maioria mundial que acha que o sexo fora do casamento é um pecado grave.

Não me parece um bom metodo para decidir da validade de uma proposta moral mas já que o sugeriu.

"A verdade é imutavel"

SE conseguires dizer aqui neste Forum uma única verdade imutável, agradeço.

Nota - Uma regra sobre a moral sexual não é um facto concreto observado por uma larga maioria...

Deus é a verdade.

Um pai não pode ser mais novo que seu filho.

2+2=4

A verdade não está sujeita ao julgamento de ninguém. A realidade não muda por nós mudarmos de opinião. Se existiu um tempo em que a maioria das pessoas julgava ser a terra plana nem por isso na verdade ela deixou de ser aproximadamente esferica. Está confundido verdade com a percepção da realidade, verdade com opinião. Um relativismo muito na moda.

Senhor "Camilo" :

"Um pai não pode ser mais novo que o seu filho"

1 - De acordo com a teoria da relatividade de Einstein, se um pai jovem realizar uma viagem espacial, viajando à velocidade da luz a uma galáxia relativamente distante e os seu filho menor ficar no planeta Terra, quando o pai regressar , passados alguns anos, será bastante mais jovem que o seu filho, que até poderá já ter morrido de senilidade enquanto que o pai acrescentou á sua idade biológica apenas os anos da viagem espacial..
Logo - ESta não é um Verdade científicamente válida, muito menos uma verdade definitiva.

2 - Aplicação desta "verdade" a conceitos teológicos, como "a santíssima trindade."

SE O Pai - deus é sempre mais novo que o Filho deus, o filho deus não é divino..
Se o Filho de deus é mais novo que o pai não é verdadeiramente Deus.
SE deus pai e deus Filho são divinos - sempre existiram ( conceitos meramente teológicos) , então é possível um pai que não é obrigatoriamente mais velho que o filho.

Logo Para quem acredita na S Trindade, esta "verdade" não tem sentido.

Aguardo uma verdade que seja imutável.

Já agora, gostei do recurso á matemática básica.
Sim, as verdades matematicamente demonstráveis são bastante fidedignas..
Mas dois mais dois podem não ser quatro... Depende do que se soma..

"Deus é verdade"

Basta pensar nos milhares de deuses e de deusas adorados ao longo da história da humanidade, e nas milhares de "verdades "religiosas associadas ás várias divindades para compreender a falsidade, o relativismo e a mutabilidade desta "verdade"...

Engraçado... uma "praticante" a fazer comparações equitativas entre Deus e milhares de deuses e deusas... verdade?!

Qual o problema?

Nenhum, nenhum, cara CP...

Para mim, nenhum. Deus é Deus, e essa verdade para mim chega-me e é imutável. O resto é tanga! Tão simples como isso...

Para ti, é que me parece que tens problemas com isso. Montes. Será que estás a tentar discernir e compreender a falsidade, o relativismo e a mutabilidade desta verdade?

Sinceramente, que o Espírito Santo te ilumine. E a mim também, já agora.

Abraço Fraterno

Em suma :
Não se trata de uma "verdade" mas de uma opinião pessoal...
Para ti "deus é deus" o que quer que isso signifique, pois não explicaste, e isso para ti, neste momento, é uma "verdade imutável."..

Mas mesmo falando apenas dessa tua "verdade" pessoal e subjectiva - nunca tiveste dúvidas? Tens a certeza que nunca as terás? O teu "deus é deus " de agora é o mesmo de quando tinhas cinco anos ou trinta anos?

Ou seja, mesmo para quem acredita em deus enquanto "verdade" relativa e subjectiva, as faces de deus e a maneira como o interpreta ( como constrói essa "verdade") variam , não só de religião para religião ( por isso há tantos deuses e deusas) , como dentro de cada religião ( nem todos os católicos acreditam no mesmo Deus) , como ao longo da vida da história da mesma pessoa...
Sim, há quem só se sinta seguro na rigidez... mas aprópria fé e as crenças são dinãmicas...

Continuo á espera que o "camilo" ou alguém aqui escreva uma VERDADE IMUTÀVEL:

"Nunca se consegue observar um electrão e medir sua velocidade ao mesmo tempo. Ao incidir um foco de luz para observá-lo, sua velocidade altera-se.
Então, não se sabe mais onde ele estava antes. Consegue-se medir ou sua exacta posição – quando ele se manifesta como partícula – ou sua velocidade no momentum – quando se expressa como onda, mas nunca ambos a um só tempo.

Esse é outro princípio fundamental da teoria quântica: o princípio da incerteza de Heisenberg. A incerteza substitui, então, o determinismo e a objectividade.


É o observador, por meio da observação, que fixa o electrão, densifica a sua energia e o observa numa determinada posição. Diz-se que o observador provoca o colapso de sua função de onda. No nível subatómico, não se pode dizer que a matéria exista, com certeza, em lugares definidos. Diz-se que ela apresenta “tendências a existir” e que os eventos têm “tendências a ocorrer”.


Fonte:

Física Quântica e IdentificaçãoProjectiva: Uma tentativa de aproximação.

Não sei o que tem a ver com o presente tópico, mas lá vai uma verdade imutável:
Penso, logo existo.

João (JMA)

Hum...

Isto de pensar é complicado...

O que é o pensamento? Um conjunto de operações formais?
Um computador existe porque pensa???

E, a ser esta afirmação filosófica uma verdade imutável, será uma verdade imutável o seu corolário - " Não Penso, logo não existo."??

Quem não pensa não tem existência?