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Confissão
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 15 de November de 2004 17:49


Você faz a sua Confissão Sacramental uma vez por ano, como manda a Igreja? Vamos falar sobre a confissão, ou seja sobre o Sacramento da Reconciliação. Será que o povo perdeu a noção do que é pecado? Será que a catequese da infância ensinou os pecados da vida de um adulto?

Re: Confissão
Escrito por: marta (IP registado)
Data: 16 de November de 2004 01:13

"Será que a catequese da infância ensinou os pecados da vida de um adulto?"....

Ana, ñ entendi... ou, melhor: espero não ter entendido bem o q entendi...

Podes pf desenvolver melhor esta ideia?

marta

PS: Faço catequese...




Editado 1 vezes. Última edição em 16/11/2004 01:14 por marta.

Re: Confissão
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 16 de November de 2004 20:14


Mas por aquí, ninguém se confessa? Vocês se confessam ou não?

O jovem padre que temos, por agora, no domingo disse: eu não quero saber da vossa vida, mas quero que todos se confessem para o Natal...

marta, os pecados dos adultos são diferentes dos das crianças, claro!!! As crianças são puras e simples...que pecados pode fazer uma criança? Uma mentira? As mentiras das crianças nem trazem grandes problemas...penso eu e mentiras de adultos, trazem ou não?

Re: Confissão
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 16 de November de 2004 21:19

A necessidade da confissão decorre da consciencia da nossa incapacidade de sermos Santos como Deus é Santo, ou como diz Jesus, sermos perfeitos como o Pai celeste é perfeito (Mateus 5, 48) e "Mas a constância tem de se exercitar até ao fim, de modo a serdes perfeitos e irrepreensíveis, sem falhar em nada" Tiago 1,4.
Nunca de uma obrigação porque Deus não nos obriga a nada.
Confesso que pessoalmente sempre fui muito avesso a essas coisas da "desobriga", de me ir confessar porque o senhor padre disse, ou quer. O que temos é de ajudar as pessoas a tomarem consciencia do pecado, num mundo que tende a desvalorizar essa mesma noção. Não matamos, não roubamos, logo nao temos pecados. Esquecemos tantas vezes que as nossas linguas são espadas mais afiadas que espadas reais, e como matam.... Esquecemos que roubamos tantas vezes a alegria aos outros com as nossas acções. Esquecemos sempre de confessar as nossas omissões - tanto bem que deixei de fazer.
Mas para isso é preciso que as pessoas tenham consciencia de que somos todos pecadores e todos carecemos da misericórdia de Deus. Se não têm essa noção como se podem elas abeirar da confissão? O caminho a seguir, não é certamente o dramatizar o facto de sermos pecadores, todos o somos. Nem é possivel voltar ao discurso abusivo do inferno.
O que é necessário é que os Cristãos vejam Deus como um Pai amoroso, que nos ama, que nos quer fieis a Ele, porque Ele é fiel, que compreende e conhece as nossas limitações, e que a Parábola do Filho prodigo é a Parabola do seu amor e do seu perdão. Que basta querer "ir ter com meu Pai".
Essa história do preceito de confessar no Natal e na Pascoa, por confessar porque é uma lei da Igreja, apenas funciona num clima de medo de ir parar ao inferno. Não creio que seja esse o caminho. Nunca o fiz nem o farei, e tal atitude repugna-me. Não podemos começar pelo fim ao exigir confissões. Aliás o Jovem Padre canadiano, ñunca saberá se as pessoas se confessaram ou não, não tem de ser a ele e os confessados não trazem um selo na testa.
Há que começar pelo principio, e anunciar o Deus de Amor que nos chama à Santidade e deixou-nos um Sacramento - a reconciliação - que não só nos limpa dos pecados, como também é medicina de Deus, dá-nos a força do Alto para resistirmos á tentação.

Re: Confissão
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 16:21


Pe. João Luis

Concordo consigo...A necessidade da confissão depende da conciência de cada um.

Pois, mas por vezes é bom lembrar. Como lembramos a um filho de comer, principalmente quando é pequeno, alguns até se esquecem de comer. Ou por exemplo, lavar as mãos antes de comer, que por vezes até nem todos os adultos o fazem...

Lembrar uma pessoa que deve confessar-se para o Natal eu não acho mal. Quanto mais que aquí todos comungam...Judeus e fariseus:) Mesmo em igrejas canadianas, os bancos ficam vazios, vão todos. Todos participam da ceia do senhor. Será que estejam todos preparados? Ou não será preciso estar isenta de pecados, para receber Jesus na Eucaristia? Ora, se roubamos a alegria de outro, estamos em pecado? E como confessar esse pecado? Por meio da confissão ou ir reconciliar-se com o irmão? Irmão em Cristo com certeza!!!

Re: Confissão
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 22:53

Muito bem Ana, contudo continuo a achar que é muito mais facil dizer do altar abaixo que Têm de se confessar todos" do que ao longo do ano, ir formando a comunidade sobre essa necessidade, na catequese, nas homilias, nos diversos grupos. A formação é essencial e já passamos o tempo em que as pessoas fazem porque o Padre lhes diz que tem de fazer, apesar de ter razão. As pessoas precisam de saber o porquê.
A missão do Pastor é guiar, ajudar a crescer na fé, exortar, dar ordens resulta pouco numa sociedade que rejeita a autoridade.

Re: Confissão
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 23:28

Bravo Pe. João Luis,

Há algum tempo que não escrevia tão pouco e tão certo! «A formação é essencial...» disse muito bem. E por esta falta de formação, hoje, andamos a "apagar fogos": seja a dizer às pessoas que têm de se confessar, ou para não lerem Dan Brown, ou que abortar é errado, etc... Bastava termos formado os nossos leigos ao longo das últimas décadas e não teríamos esses fogos para apagar. Era floresta que nem ardia.

É preciso ir à origem do problema: falta de formação. Corrigi-lo, e depois, as consequências do problema, resolver-se-ão por si.

Luis

Re: Confissão
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 18 de November de 2004 03:34

Pe. João Luis

Pois, mas este jovem padre começou a dizer a missa há um mês na nossa igreja. E já começou por formar as pessoas, o outro que foi embora nem em confissões nunca o ouvi falar, temos um grupo de oração na nossa igreja e raramente participou...
Claro, que alguns leigos têm formação suficiente, para procurar um padre quando precisam de se reconciliar, mas muitos padres andam tão aflitos com os afazeres deles, que nem sempre estão disponíveis!

Re: Confissão
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 30 de November de 2004 12:45

A confissão é acima de tudo um acto de humildade.

Ouvimo-nos dizer que falhámos, o que é tanto mais humilhante quando temos de confessar que sabíamos que aquele não era o caminho certo.

Que absolutizámos valores inferiores, ou que cometemos o "pecado original" de colocar coisas - auto-suficiência, dinheiro, carreira, etc - no lugar de Deus.

Ela decorre do reconhecimento das nossas faltas e serve para colocar o ego - pelo menos momentaneamente - no local certo.

E terminada a confissão vem a reconciliação. O que significa que depois da tempestade vem a bonança. Sentimo-nos acolhidos por Deus.

É, mais uma vez, a imagem do filho pródigo. Deus, como o pai da parábola, corre até nós para nos acolher.

Não compreendo a lógica temporal, nem vejo como pode ser considerada uma obrigação.



João (JMA)

Re: Confissão
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 30 de November de 2004 17:24

João (JMA)

Concordo com tudo o que dizes, porém...

A questão não é bem o facto de se fazer a confissão, mas como é feita! Eu acho constrangedor estar perante um estranho a contar pedaços da minha vida... Erros que fiz... Sei que deveria ver, não o padre, mas Deus que ele substitui, mas é difícil!

E nesta perspectiva, é uma obrigação!

Se bem que, passada a confissão, a forma como me sinto faz com que tenha valido a pena.

cassima

Re: Confissão
Escrito por: Antonio Jose Monteiro (IP registado)
Data: 30 de November de 2004 18:12

Só quero salientar aquilo que em minha opinião é pecado: Pecado é o que nos afasta de Deus. Como Deus é amor, pecamos sempre que afastamos o amor da nossa vida, dos nossos actos, das nossas relações. E deixamos de estar em pecado quando nos reconciliamos, quando recolocamos o amor no centro da nossa vida e ficamos em paz.

Não creio que precisemos de nos deixar enredar em teias de sentimentos de culpa, temos que descobrir, no nosso íntimo, o que Deus, que nos ama sem limites espera de nós e reconciliarmo-nos com ele no mais íntimo do nosso coração.

Por vezes não nos sentimos capazes de entender a dimensão desse amor, duvidamos da imensa capacidade de perdão que Deus nos oferece e é bom que alguém nos apoie nesse processo de descoberta, daí a confissão enquanto momento e a reconciliação como sinal (sacramento) desse perdão.

É assim que entendo este sacramento, nunca como uma obrigação rotineira, mas como um sinal do amor de Deus que por vezes precisamos de (re)encontrar

Re: Confissão
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 01 de December de 2004 00:32

Familia Monteiro....
Ora até que enfim que concordamos nalguma coisa.... já não era sem tempo. Subscrevo tudo.

Re: Confissão
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 01 de December de 2004 10:40

Por outro lado, a confissão é obrigatória para realizar plenamente a comunhão com Deus. E ainda, descobrir a que obriga realmente o amor a Deus, segundo os conselhos evangélicos e tudo o que procede da lei moral natural exposta nos Mandamentos e pelo ensino da Igreja. Na dimensão do amor, em que somos livres para agir e não agir, há sempre mais apelos a realizar mais perfeitamente esse abandono de toda a própria liberdade nas mãos de Deus. Será pela humildade e confiança que me reconciliarei, pelo reconhecimento da libertação encontrada apenas na verdade da minha vida face à santidade de Deus, chamando por mim, que me pode restaurar e conduzir.

Mas os tempos litúrgicos são muito pedagógicos para introduzir os fiéis sempre mais profundamente na compreensão e no amor a Deus. Compreendo que se entenda mal a "obrigatoriedade" de tempos de reconciliação. Mas e se os entendermos bem? Certamente que será mais eficaz na pastoral da paróquia, por exemplo, propôr com frequência celebrações penitenciais comunitárias. Se nestes casos, porque o Padre me diz para me confessar, encontro em mim resistência e sobranceria face ao seu apelo à minha reconciliação ("está a chamar-me pecador!? eu!? ora esta! quero lá saber... agora é que nunca mais cá ponho os pés"), são sinais da opção pela própria permanência no pecado, muitas vezes devido à falta de vontade ou de discernimento para crescer. Ou seja, é preciso muitas vezes um "empurrãozinho", porque é mesmo para isso que serve o cuidado pastoral. Se se detecta uma má relação da comunidade com a proposta à reconciliação, será certamente por aquelas deficiências na formação, homilias pouco eficazes, poucos testemunhos de santidade na comunidade, etc. Da forma como vejo as coisas, a comunidade devia mesmo agradecer e pedir mais celebrações penitenciais; quando se chega ao ponto de "fugir" quando o Padre o recomenda, estamos mal e aí vamos ficar enquanto não se evangelizar mais profundamente.

...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: Confissão
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de December de 2004 11:31

Vu então dar a minha opinião pessoal sobre a "confissão". Trata-se de uma opinião meramente pessoal e resultante de várias reflexões e experiências a este nível.

ESte sacramento, tal como é percepcionado por muitos "crentes" e alguns raros clérigos parece-me muito pouco dignificante da condição de cristão.

Trata-se de um ritual em que uma pessoa se ajoelha submissamente à frente de um desconhecido, em que vai respondendo a uma série de perguntas inquisitoriais sobre os aspectos mais íntimos e reservados da sua personalidade e da sua vivência, á procura de indícios de culpa. È depois necessário que essa mesma pessoa se sinta profundamente culpabilizado - mesmo relativamente a actos em que moral e eticamente não sinta culpa nenhuma. Após isto, e depois de uma "fórmula mágica" fica perdoado dos pecados.
A "Confissão" nesta perspectiva é apenas o que apalavra diz - uma Confissão resultante de processo inquisitoriais.

Como é privada - dá um poder imenso a quem fica detentor dos segredos mais íntimos das pessoas e é ( aliás, foi) um instrumento poderoso na manipulação de consciências. A confissão ou"direccção espiritual" foi utilizada com eficácia com benefícios para a Igreja ao longo da história, pois constituiu um imenso trunfo político e económico.

Todos os movimentos sociais fechados e que tendem à aniquilação do Eu consciente e pensador têm utilizado mecanismos similares a estes.
Por exemplo, nos partidos políticos de extrema esquerda e extrema direita assim como nas seitas religiosas mais fechadas, ou nos movimentos católicos integristas, são frequentes estes rituais públicos ou privados de "confissão" e expiação dos pecados, isto é dos desvios pessoais á ideologia dominante.



Algumas pessoas sentem-se reconfortadas, após uma confissão.
Neste caso a "confissão" até pode ter uma função terapêutica - as pessoas desabafam os seus problemas e as suas ideias de culpa, sentem que alguém as escuta. Isso pode até ser positivo para a sua saúde mental e para o seu bem estar. Mas parece-me também uma visão bastante redutora.


Uma outra grande questão igualmente grave tem a ver com a formação , quer dizer, a falta dela, de alguns Padres. Sobretudo no que respeita a crianças e adolescentes, os pais devem estar MUITÌSSIMO atentos a tentivas de manipulação de consciências contra os valores cristãos mais puros. Devem acompanhar PRESENCIALMENTE os seus filhos menores, se os autorizarem a aceder a este sacramento, tendo consciência de que as crianças estão especialmente vulneráveis.

A visão tradicional da Confissão tem ainda um outro óbice. Baseia-se no princípio de que perdão infinito de Deus necessita obrigatoriamente de um mediador humano "com poderes especiais". Ora esta é uma visão instrumental e redutora da imensidade do perdão de Deus.

A Reconciliação, se existe, não tem a ver com rituais externos de culpabilização e expiação. Passa-se no mais íntimo do coração das pessoas. E esse mais íntimo é um lugar sagrado, que deve ser resguardado com pudor e autenticidade.

È muito fácil deixar a reconciliação interior em mãos alheias. Muito fácil mas bastante arriscado. Paga-se um preço pela falta de autonomia e responsabilização pessoal.

Re: Confissão
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 01 de December de 2004 13:21


Por estas e por outras é que não podes ser lá muito "praticante", como te pretendes dizer... Ainda não percebi se é "intenção interior" ou se é mais ou menos paródia.

Não vou pegar nas circunstâncias sociais que referes, porque são marginais ao ministério da reconciliação, e no caso de terem lugar é porque a vivência sacramental não foi vivida como devia ser. Então, vamos falar do que ela é.

«muito pouco dignificante da condição de cristão»

O que é isso de ser dignificante da condição de cristão? O que é a condição de cristão?

Já descobriste o que é pecar ou para ti a confissão ainda é mesmo só entendida, pelo melhor, como catarse?

O que acontece na reconciliação é a recuperação da dignidade perante a vida; quer-se caminhar para Deus e Ele está já a auxiliar-nos com os sacramentos. Dizer o que se fez de errado, na falha de realização do fim para que fomos criados, e manifestar-se presente na humildade perante a Misericórdia de Deus.

Tens uma visão de Deus ainda muito pouco cristã... Esse tal "perdão infinito" encarnou na realidade da história humana e dotou uma Comunidade com ministérios, não "mágicos" mas sacramentais, agindo na santificação do ser humano.

Compreendo que coloques muitas barreiras no acesso à tua consciência, tenho-o testemunhado já, posso dizer, bastantes vezes. O que é complicado é dizeres que as coisas são, em si, algo que não é verdade, mas o que tu "pensas" sobre elas colocando de parte uma realidade que não te parece satisfatória.

O que é que acontece no coração? A purificação, a entrega dos próprios pecados e o seu perdão realiza-se em nós, juntamente com as nossas relações comunitárias. Nós recebemos os sacramentos... Há uma profunda relação entre a confissão e o Santíssimo Sacramento da Eucaristia... O melhor é dar espaço para que te comuniques e rezar por ti, para que encontres em ti disposições interiores e um bom confessor. Sem essa interioridade e compromisso, andarás sempre "desafinada" com a Igreja...

...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: Confissão
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de December de 2004 13:40

Diz o João que a Confissão é "a recuperação da dignidade perante a vida"

Pra mim todos os seres humanos têm uam dignidade inalienável que não podem perder em circunstância alguma. ma sclaro que isto é uma oponião pessoal.

Re: Confissão
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 01 de December de 2004 14:26


Isso é linguagem cristã; igualdade perante Deus. Mas estava a falar de dignidade moral, de honra, de vergonha, de ofensas, etc.

...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: Confissão
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 01 de December de 2004 15:19

O sacramento da Reconciliação, é o Sacramento do Perdão de Deus, cuja parábola do Filho Pródigo é o paradigma. Na verdade cada ser humano tem uma dignidade inalienavel, mas podem-na perder, cada vez que viram costas a Deus, como o filho o fez. Para um Judeu, guardar porcos é o mais baixo que se podia descer. É o perder a essa dignidade. Ninguém lha tirou, ele é que a perdeu. No sacramento da reconciliação Deus pega o homem pela mão e eleva-o à sua dignidade incial de Filho de Deus, criado à sua Imagem e Semelhança, e redimido por Cristo.
A confissão é apenas um dos momentos da reconciliação, não o unico, e concordo que o Sacramento deve ser dissociado de quaisquer sentimentos de culpa, pelo menos por parte do ministro do sacramento. No entanto esse sentimento de culpa acompanha o penitente que na sua consciencia sente que ofendeu a Deus e ao Irmão. Cabe ao ministro do sacramento desvalorizar essa mesma culpa, porque todos pecamos, e há que ajudar aquele que se quer reconciliar e livrar-se dessa carga de culpa, e abrir-se à misericórdia de Deus.
É certo que o sacramento da reconciliação pode ser purificador e terapeutico, na verdade ele é medicina de Deus. No entanto não é o sacramento do desabafo. E há que saber distinguir as coisas. Muita gente as vezes vem para se confessar e não confessa nada, o que precisa é que alguém a ouça e lhe dê um conselho como pode resolver esta ou aquela situação. E como isso é importante.
Contudo o sacramento da reconciliação, não é uma pratica terapeutica do mesmo tipo da psicologia clinica, em que o sacerdote apenas ouve e leva o paciente a descobrir dentro de si respostas aos seus problemas. No sacramento da reconciliação, o sacerdote conduz o penitente a um processo de conversão, de entrega a Cristo dos seus pecados, das suas fragilidades na certeza que como outrora ele me irá dizer, Ninguem te condena,, vai e não voltes a pecar.
O que me parece descabido e inconcebivel, é a insinuação de que a reconciliação pode ser manipuladora de mentes de menores. Então os pais devem autorizar os filhos a confessarem-se ou não? Então um pai poe o filho na catequese, chega a primeira comunhão do filho e o mesmo pai, recusa que ele alguma vez se confesse. Conclusão, a criança nunca comungará? Não entendo.`
Só falta agora que a confissão das crianças seja feita na presença dos pais, a fiscalizar o padre.....inconcebivel.
Em primeiro lugar presume-se que quando os pais inscrevem as crianças na catequese, conhecem e concordam com o seu percurso na Igreja. Conhcecem aceitam a vida sacramental. Presume-se também que os mesmos pais e padrinhos - os grandes educadores da fé da criança - tenham uma postura presente nesta area da vida dos seus filhos e não despejem as crianças na Igreja tendo ela a responsabilidade total da educação na fé das crianças.
O que me parece pouco digno é a afirmação de que o sacerdote manipula a consciencia da criança. É sinal de uma mentalidade de suspeita de uma visão errada da realidade. Quando alguem vem fazer direcção espiritual - diferente da confissão, vem pedir ajuda, vem pedir que a "dirijam" numa questão concreta. Ninguem a obriga a seguir o conselho do padre. Este o que faz, é apresentar uma resposta cristã ao assunto. A luz da doutrina da Igreja como fazer. Será isso manipular? Não será mais manipuladora as imagens e ideias que nos entram pela televisão, pela radio, pela net, pelos outdoors, apelando a sexo facil, descomprometido, sem consequencias, pura diversão? Não é isto manipulação sem qualquer instancia critica? Então a Igreja não tem o direito de manifestar aos seus fieis a sua doutrina?
So falta agora os pais, entregarem nas paróquias os temas que não querem que sejam abordados pelos catequistas na catequese, porque discordam da Doutrina da Igreja.....
Uma vez mais, Deus propõe-se, não se impôe.

Re: Confissão
Escrito por: OS (IP registado)
Data: 28 de December de 2004 09:46

Bom dia Cassima,

A Confissão não tem de ser vista como uma obrigação, no sentido de ser um peso.

(Eu não sou muito bom em citações mas fica aqui a ideia) - Algures num Evangelho tendo uma criança ao seu colo, Nosso Senhor disse aos Apóstolos que deveríamos ser como as crianças.
Ora bem, quando pecamos somos a criança que ao correr tropeça e cai. As crianças, choraram claro está, mas não ficam muito tempo a lamentar-se (no nosso caso a remoer as faltas que cometemos quando tomamos consciência delas) mas estendem a mão para o pai as ajudar a levantar (neste ponto fazemos o exame de consciência falando das nossas faltas directamente a Deus), sacodem o pó (nós confessamo-nos ao senhor padre que representa Cristo na terra) e continuam a sua caminhada (voltamos aos nossos afazeres após a reconciliação).

Eu tenho encarado a confissão desta forma (ou quase sempre) e digo que facilita e muito a minha vivência da confissão.


Paz de Cristo

Re: Confissão
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 28 de December de 2004 12:21

A reconciliação pode ser descrita na Parabola do Filho Prodigo. Um pai amoroso que está à porta da casa à espera do regresso do filho, correndo ao seu encontro para o abraçar, lhe por um anel no dedo e fazendo uma festa porque o filho estava morto e voltou à vida.
Uma vez um colega padre dizia-me que os nossos pecados são como a porcaria da qual se pode fazer estrume para fertilizar. Tudo depende como lidamos com os nossos pecados. Deus não se escandaliza com os nossos pecados, detesta-os mas quer que nos livremos deles.
Penso que há que haver uma relação positiva com a reconciliação, como festa do encontro com Deus, de libertação e purificação.

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