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Matrimónio
Escrito por: Recem Casado (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 00:36

A Instituição do Matrimónio foi oficialmente reconhecida como um dos Sacramentos da Igreja no Concílio de Latrão IV (1215).

Antes desta data ele foi sempre considerado como uma realidade religiosa distintamente diferente de outras formas de Matrimónio não-católicas.

S. Paulo refere-se ao Matrimónio como um mistério, ou, um grande mistério. (Ef. 5/32).

Alguns escritores da primitiva Igreja se referiram ao Matrimónio, especialmente S. Agostinho, como um Sacramento, mas nessa altura este termo tinha diversas interpretações, em referência ao que S. Paulo escreveu.

Teologicamente, o Matrimónio é considerado como Sacramento porque é a imagem da união de Cristo com a Sua Igreja.

Diferentemente dos outros Sacramentos, o Matrimónio não foi instituído por Cristo porque é anterior ao Cristianismo, mas foi elevado à dignidade de Sacramento por Cristo que reconheceu alguma coisa de fundamental e boa na instituição marital (cf. Cân. 1055).

Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1601. - "O pacto matrimonial, entre os baptizados, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, foi elevado por Cristo, como Senhor, à dignidade de sacramento.(Cân.l055 §1).

Ele está fundamentado nas relações complementares entre o homem e a mulher.

O Livro do Génesis diz que, na Criação, o homem estava incompleto :

- Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele.(Gen.2,18).

Assim, o homem, no sentido genérico, ficou completo com a criação da mulher, uma auxiliar semelhante a ele.

A descrição da Criação refere que o homem não encontrou outra criatura para o auxiliar :

- Contudo, não encontrou para ele uma auxiliar adequada. (Gen.2,20).

O homem reconheceu na mulher a carne da sua carne :

- Esta é, realmente, osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, visto ter sido tirada do homem. (Gen.2,23).

Depois veio a conclusão final que se impunha "à única e mesma carne" :

- Por esse motivo, o homem deixará o pai e mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne. (Gen.2,24).

Esta total relação vincula a doação de um esposo ao outro com a finalidade de cada um dar ao outro algo de bom.

Esta elevada forma de doação requer que os esposos sejam totalmente um do outro, numa fidelidade que se fundamenta numa certa forma de amor a que S. Agostinho chamou a "caridade conjugal".

O Matrimónio como instituição natural é considerado pelos teólogos cristãos como um bem essencial porque foi fundado pelo Criador no princípio da História da humanidade.

Foi sujeito às vicissitudes da História e experimentou certas variações, algumas delas contrárias ao plano de Deus (infidelidade, concubinato, poligamia, homossexualidade e outras).

Como Sacramento, significa que encontra Cristo num caminho especial e caminha para a salvação dos esposos.

Assim, diz o Direito Canónico de 1983 "

Cân.226/1. - Os que vivem no estado conjugal, segundo a própria vocação, têm o dever peculiar de trabalhar na edificação do povo de Deus por meio do matrimónio e da família.

O Matrimónio, como acto ou compromisso, é reconhecido tanto pela sociedade civil como pela lei da Igreja e do Estado.

Isto é absolutamente primário em virtude do papel que desempenha no bem-estar da sociedade civil e religiosa.

Por esta razão, as instituições seculares e religiosas, têm criado leis apropriadas à regulamentação do Matrimónio.

Estas leis dizem respeito às exigências do Matrimónio bem como aos direitos e deveres dos esposos, particularmente quanto aos efeitos do Matrimónio na comunidade.

Para o Sacramento as finalidades são :

* O Matrimónio, por natureza, está ordenado para o bem dos esposos, procriação e educação dos filhos :

Cân.1055/1. - O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si o consórcio íntimo de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os baptizados foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento.

Cân.1055/2. - Pelo que, entre baptizados não pode haver contrato matrimonial válido que não seja, pelo mesmo facto, sacramento.

* Os pais são instrumentos, não apenas para a procriação física dos filhos, mas também directamente responsáveis pela sua educação natural e cristã.

Isto inclui, não apenas o seu bem-estar físico e material mas também o seu comportamento cristão.

A fonte essencial deste comportamento é a participação dos filhos num total amor entre os esposos.

Pelo exemplo eles aprendem o sentido da caridade cristã e do amor de Deus.

O Sacramento do Matrimónio está marcado por certos atributos invioláveis, como a fidelidade perpétua e a indissolubilidade :

Cân.1056. - As propriedades essenciais do matrimónio são a unidade e a indissolubilidade, as quais, em razão do sacramento, adquirem particular firmeza no matrimónio cristão.

Uma vez que exista a aliança matrimonial, os esposos são obrigados a permanecer fiéis um ao outro por toda a vida.

Para além disso, o Matrimónio consumado pela vida conjugal não pode ser dissolvido por força nenhuma ao cimo da terra.

O Matrimónio realiza-se quando os esposos expressam o seu mútuo consentimento.

Este consentimento não é considerado apenas como um mero contrato, mas como uma aliança, pois que reflecte as relações de Cristo com a Sua Igreja que, em si mesmas, são uma aliança.

Pela "Aliança" se considera que há uma igualdade espiritual dos esposos e a sua capacidade exige uma doação total da pessoa um ao outro.

Logo que esta Aliança começa, os esposos ficam unidos pelos laços do Matrimónio.

E se são ambos baptizados, pelo facto do mútuo consentimento expresso, recebem o Sacramento :

Cân.1057/2. - O consentimento matrimonial é o acto de vontade pelo qual o homem e a mulher, por pacto irrevogável, se entregam e recebem mutuamente, a fim de constituírem o Matrimónio.

Os Ministros do Matrimónio, no rito latino, são os esposos e não o oficiante ou as testemunhas.

No rito Oriental, a bênção do oficiante é indispensável para a validade.

* A sacramentalidade não é assim uma coisa que se acrescenta, mas, para além disso, é uma realidade que está fundamentada no Baptismo de ambos, pelo qual eles se tornaram filhos de Deus e discípulos de Cristo, e o qual lhes deu a oportunidade de transformar as suas vidas em ordem à Redenção.

* A sacramentalidade do Matrimónio é o resultado da acção de Cristo para com as pessoas e não a resposta do conjunto de dois indivíduos a Cristo.

* A sacramentalidade não depende objectivamente da vontade dos esposos para receberem o sacramento, porque o Matrimónio em si mesmo está ordenado para a perfeição da caridade.

* Apesar destas formulações teológicas o triste facto está em que para a grande maioria das pessoas que recebem o Baptismo e o Matrimónio, apenas existe a cerimónia.

Cristo pode atingir as pessoas, mas as pessoas permanecem livres em recebê-Lo ou rejeitá-Lo.

A Igreja desde há muito presumiu que aqueles que querem receber o Matrimónio o fazem como ela deseja, pelo menos com uma aceitação fundamental das suas responsabilidades cristãs.

* Até mesmo sociologicamente os factos indicam que esta presunção não é forte ou bem fundamentada na nossa sociedade..

Nós sabemos que muitos Católicos, embora baptizados, não têm uma vida cristã nem mesmo a um nível mínimo.

Nós sabemos também que muitos dos que são casados numa cerimónia católica ou cristã de qualquer facção, não vão para a cerimónia com a ideia de qualquer compromisso ou obrigação do Matrimónio-Sacramento.

A Igreja conhece o facto de que muitos homens e mulheres, como produtos de uma sociedade secular e materialista, vão para o Matrimónio sem acreditarem na sua verdadeira sacramentalidade.

Apesar desta falta de fé, a Igreja continua a ensinar que estes Matrimónios são Sacramentos e não apenas contratos naturais.

O Matrimónio é simultaneamente um facto legal e uma realidade teológica.

A questão da fé e as suas relações com o Matrimónio, estão situadas numa ordem jurídica e teológica.

Se duas pessoas livres e capazes, baptizadas, católicas, dão o seu mútuo consentimento de acordo com a lei canónica, presume-se que o seu consentimento é válido e que existe o Sacramento.

A lei não diz que os esposos têm que ter fé, embora as fontes teológicas, incluindo o Vaticano II, determinem claramente que os Sacramentos pressupõem a fé.

Haverá uma contradição entre a ordem jurídica e teológica ?

A lei fala da presunção de uma fé mínima.

A Teologia fala num facto .

Para um Sacramento frutífero, a fé deve estar presente.

Um Sacramento válido significa que certas consequências legais e sociais acompanham a sua recepção.

Se é inválido, ele não existe apesar de todo o ritual sacramental.

Um Sacramento frutífero é aquele em que, além da validade, existe a possibilidade de adquirir as suas finalidades.

* Para a válida recepção do Sacramento do Matrimónio, primeiramente é necessário que ambos estejam livres de qualquer impedimento.

Se existir um impedimento, tem que ser removido primeiro se isso for possível, ou dispensado.

Nem todos os impedimentos podem ser dispensados :

Cân.1058. - Podem contrair matrimónio todos aqueles que não estejam proibidos pelo direito.

* Os esposos têm que ser fisicamente capazes de contrair o Matrimónio, isto é, capazes de realizar as relações sexuais em ordem à procriação, porque o Matrimónio está ordenado para a procriação e educação dos filhos, e porque o acto sexual, como profunda manifestação do amor conjugal, é essencial para uma Matrimónio total.

* A capacidade mental para o Matrimónio significa que os esposos sabem o que fazem quando recebem esse Sacramento.

* Devem também ter uma capacidade psicológica para o cumprimento das obrigações fundamentais e uma capacidade moral para aceitarem as exigências do Matrimónio formulado pela Igreja.

* É necessário também que os esposos manifestem expressamente o seu consentimento livre e sem qualquer simulação, isto é, os esposos devem querer fazer o que o seu consentimento implica e o que a Igreja espera deles.

* Finalmente, para os Católicos, é requerido que o consentimento seja expresso segundo a forma canónica, isto é, perante um ministro e duas testemunhas, (cf. Cân. 1108).

A Teologia do Sacramento do Matrimónio teve um variado e longo desenvolvimento através da História da Igreja.

Basicamente, está fundamentado na descrição da Criação do Antigo Testamento no Livro do Génesis.

Os textos primários do Novo Testamento encontram-se nos Evangelhos e nas Cartas de S. Paulo.

Além disso, muitos escritores cristãos da primitiva Igreja se referem ao Matrimónio, e foi S. Agostinho quem nos deixou as primeiras instruções sistemáticas desta instituição.

Depois que a Igreja adquiriu competência jurídica e legal de natureza civil sobre o Matrimónio na Idade Média, o desenvolvimento teológico organizou-se e tornou-se mais jurídico ou de natureza canónica, concentrando-se mais numa estrutura legal do que numa realidade teológica.

A renovação dos estudos teológicos sobre o Matrimónio, veio com o Concílio Vaticano II ficando tudo esclarecido na Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Actual Gaudium et Spes, 45-52.

Desde então foi dada maior atenção à sua íntima realidade teológica em relação com a fé dos esposos para o Sacramento, e o Matrimónio como vocação na Igreja, entre muitas outras coisas.

Em 1980 os Sínodo dos Bispos debruçou-se sobre o Matrimónio e a Família no mundo contemporâneo.

E apareceu ainda uma importante exortação papal Familiaris Consortio (sobre a Família).

Muitos textos do Novo Testamento nos falam de Casamentos, (ou Matrimónios) mas é sobretudo S. Paulo que dá normas sobre o Matrimónio, especialmente na 1ª Epístola aos Coríntios.



Nos tempos modernos, para além das muitas irregularidades que afectam o Matrimónio, questionam-se muitos problemas relativos ao Matrimónio, tais como :

Aborto. Divórcio. Divórcio e Recasamento. Família e Casamento.

Fidelidade Conjugal. Homossexualidade. Indissolubilidade. Registo Civil. Sexo Pré-Matrimonial...e outros.



Mas não restam dúvidas de que, para além de um certo egoísmo pelo qual marido e mulher se não querem suportar mutuamente, há sobretudo muita ignorância do valor e dignidade deste Sacramento, e falta de preparação para a formação de uma verdadeira Família através do Sacramento do Matrimónio.

Re: Matrimónio
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 01:27

Recém -casado - depois de tanta justificação jurídica ( onde se confirma a nulidade de casamentos católicos que o J.L propõe, em que um dos conjuges se está a borrifar para a Igreja ou para o sacramento, mas lá faz o frete por causa da socialite), fiquei bastante perplexo.


Mas num discurso tão longo e tão jurídico, onde está o Amor???

Qual a sua vivência de intimidade conjugal? Qual a diferença, antes da cerimónia pública e depois?
SEntiu-se mais capaz de amar?
A sua preocupação diária é fazer feliz a sua companheira?

è que , do seu discurso, o amor esteve ausente. Apenas as normas.

Re: Matrimónio
Escrito por: Recem Casado (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 01:34

Este texto é para si mesmo. Tanto se queixa de estudos teologicos neste forum. Quando os há, são normas, quando não se apresentam, são estupidos.
Sugiro ao moderador, que este forum passe a ter participantes registados, à semelhança de outros, porque personalidades como este taliban apenas servem para que as pessoas desistam de cá vir. Vem-se para dialogar e partilhar experiencias e esta personagem em tudo o que li, tudo serve para dizer mal dos catolicos.
Sinto pena de este forum se estar a tornar um espaço de batalha onde quem entre leva logo com uma espadeirada.
Moderador faça alguma coisa.

Re: Matrimónio
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 01:35

Mas uma informação importante para os que pensam casar é esta:

Os Ministros do Matrimónio, no rito latino, são os esposos e não o oficiante ou as testemunhas.

Portanto, ao contrário do que alguns "padres" dizem , mesmo aqui no Forum, não são os padres que casam ninguém.

São os esposos que se casam um aos outro.

E pedir a um padre X que seja testemunha deste acto é até uma simpatia dos noivos, que deve ser acolhida com humildade pelo pároco.

Este é o único sacramento que não pertence ao domínio dos padres e o único que os padres nunca poderão realizar nem receber.

Não deixa de ser irónico as tentavivas que alguns deles fazem para depois controlar a intimidade e a consciências dos casais para além de tentarem monopolizar, por e dispor de uma cremónia onde os seu papel é de meros "oficiantes"...

Re: Matrimónio
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 01:46

SE ersa para mim, devo dizer-lhe que não me trouxe nenhuma informação que eu nãos soubese...embora tenha feito algumas incorrecções.
Por exemplo, quando afirma que "O Matrimónio como instituição natural é considerado pelos teólogos cristãos como um bem essencial porque foi fundado pelo Criador no princípio da História da humanidade"..

Obviamente que não foi deus quem criou o Matrimónio enquanto cerimonial emuito menos Jesus Cristo. Nme o matrimónio é uma "instituição natural"., o que seria uma expressão paradoxal.

Visto que o "matrimónio" é uma instituição social/cultural, uma forma de organização de poderes dentro dos vários tipos de sociedades.. e precisamente por ser uma criação cultural , é que é tão diversificado e tem tantas variantes - poligamia, poliandria, monogamia, todas as constelações possíveis, incluindo pares homossexuais...

A actual construção social ocidental do Casamento de amor, e da família centrada no amor é tão recente quanto a ideia de amor maternal... Tem apenas um século, ou muito menos...

A própria igreja católica também só no século XX é que passou a considerar como benévolo e positivo o casamento, pos nunca gostou muito dele...

Falam tão mal da modernidade e esquecem-se que foi a Modernidade que permitiu a construção social do amor conjugal, a ideia de família enquanto centro de amor e doação...

Re: Matrimónio
Escrito por: Recem Casado (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 01:59

A Ignorância é muito atrevida.
Que entende por instituíção natural? Senão uma instituição social e humana???? tanta contradição. É o que se chama dizer mal por dizer mal.
Onde é que a Igreja nunca gostou muito do matrimónio? Apresente as provas do seu disparate. Como é evidente a Igreja hoje vê o Matrimónio de modo diferente como a sociedade onde a Igreja está inserida o vê. Ou o amor maternal e a fidelidade conjugal eram valores da Idade Média????
Tanto desconhecimento de teologia e História é deveras humilhante para si.
Depois fala de cremónia - suponho ser cerimónia, mas o seu mau português não ajuda. Nunca li em qualquer livro de liturgia a palavra cerimónia para se referir a acções sagradas - sacramentos. Normalmente são celebrações, cerimónias existem no Palácio de Belém.
Do pouco conheciemto que revela da teologia Latina, deverá saber que o Matrimónio não pode ser celebrado sem um oficiante. Sacerdote ou Diácono (para não falar do Bispo), pelo que não bastam apenas os noivos.
Em topicos anteriores acusa os padres de celebrarem matrimónios que afirma serem nulos, aqui diz que os devem celebrar com humildade, qual graça divina ter sido convidados para tão grande alegria. Em Milhões de Padres foram eles os eleitos. Caso não saiba, quem preside ao matrimónio numa dada Igreja é o pároco, não esse eleito pelos noivos. Sem jurisdição do pároco não o pode fazer.
Depois cita a Igreja Latina e a sua tradição. Mas a Igreja não é apenas latina - estou achar que está muito papista!!! - é tambem oriental, e nesta, Católica Apostolica de Rito Oriental a teologia é outra.
E olhe que não está errada.
Aconselho-a a passar um Semestre na Universidade Gregoriana, (depois de rever o seu péssimo português) e depois terei o prazer de conversar mais consigo.

Re: Matrimónio
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 02:38

Caro Recém -casado.
Vou tentar responder ás perguntas que coloca.
"Que entende por instituíção natural? Senão uma instituição social e humana???? tanta contradição. "

Não existem "instituições naturais", no sentido de que "naturalmente" , surgem da "Narureza", como se as construções socioculturais fossem um dado adquirido, biologicamente inscritas nos nosso comportamentos e não uma construção humana.
As instituições humanas são , por definição "não naturais", tal como é "não natural" os connheciemntos científicso que fomos construindo, a estética, a filosofia, os teclados de computador. dizer que o "casamento +é uma instituição natural" é a mesma coisa que dizer que o computador é um artefacto "natural".
Dizer que o casamento monogâmico heterssexual é uma "instituição natural" é uma falácia.

Quanto ao facto da Igreja não gostar muito da Instituição casamento, é um facto histórico. Basta ter um bocadinho de conhecimentos sobre a história da Igreja e sobre os grantes teólogos e pensadores "oficiais" para se compreender que só muito tardiamente - por volta do século XII, na europa, é que a igreja começou a considerar o casamento como algo de aceitável .
A doutrina da igreja, desde S.Paulo, era a de valorizar a ausência de sexualidade, a virgindade. O casamento era um mal menor, para aqueles que não conseguiam o grau máximo de perfeição - a castidade.

O casamento não era considerado um bem de per si , mas um mal menor ou um mal necessário para que Houvesse reprodução. Santo Agostinho, que o recém casado referiu no seu longo texto, era profundamente contra ao casamento e até a gravidez, tendo descrito as mulheres grávidas como seres abjectos, que deviam causar horror.
Se quiser bibliografia histórica sobre o assunto terei todo o gosto em enviar-lha.

2 - "Ou o amor maternal e a fidelidade conjugal eram valores da Idade Média?"
Não, não eram. Nenhum homem na Idade Média acharia normal ser fiel á mulher...
A ideia de fidelidade masculina como condição de validade matrimonial curiosamente surgiu muito tardiamente no século XX...

3 - Quanto ao cerimonial da celebração , não deve ter compreendido o que eu escrevi, mas vou tentar esclarecê-lo ó J.L. , ops, desculpem quero dizer, recém casado, é que eu apenas afirmei o que você confirmou - quem celebra o matrimónio são os nubentes e não o oficiante, que tem uma função testemunhal.
E isto é tão verdade que nem é preciso que seja um Padre a "oficiar" a cerimónia, isto é o ritual, pode ser um leigo, eu sei que isto pode perturbar alguns padres, mas felizmente os noivos podem escolher os oficiantes que entenderem...
Não é verdade que um padre não possa oficiar casamentos fora da sua jurisdição - isso é realizado todos os dias neste país e mundo fora...
Trata-se de pormenores burocráticos que podem sempre ser contornados, um acoisa é a burocracia e as formalidades outra acoisa o Sacramento.
Aliás a preocupação excessiva com as normas, a burocracia, a formalidade e as aparências é muito típica d quem verdadeiramente não conhece nem nunca conhecerá o que é o Matrimónio.

4 - E é ou não nulo um matrimónio em que uma das partes o faz sem fé e sou por questões sociais?Se é NULO, é correcto que um padre o promova?


Já agora, fico muito emocionado com a sua preocupação pelo meu português, mas olhe que o seu...
Quanto ao seu amável convite, já vi qu estudou lá teologia e por isso mesmo , confesso que neste momento estou ocupado com tarefas mais aliciantes, mas fico grato.
E não fique tão nervoso... não é muito recomendável para um recém casado.. ( nem sabe o que isso é )
eheheheh

Re: Matrimónio
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 08:04

Ana Taliban:

Não é totalmente correcto o que dizes. Vou referir-me apenas ao "cerimonial da celebração", como chamas, no que respeita aos ministros e testemunhas.

Sim, os nubentes são os ministros do sacramento, mas a forma canónica exige, além do consentimento, a presença de testemunhas qualificadas. Se na prática há "oficiantes" que não são o pároco, na verdade isso só acontece se o pároco autorizar nominalmente (isto é, quem recebe a autorização não a pode transmitir a outro).

É importante saber que isto acontece essencialmente como meio de evitar os problemas que existiam na Idade Média com a grande profusão de "matrimónio clandestinos". Também há quem tenha uma leitura menos benevolente, porque toca o "maganão". De qualquer forma, a parte burocrática, sobretudo no que diz respeito ao registo, é fundamental, para que se evitem situações de poligamia, entre outros problemas.

Alef

Re: Matrimónio
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 25 de May de 2004 04:35


Parece que nestes debates sobre as fundamentações jurídicas e formais de um sacramento falta a profundidade do essencial, que é a questão que eu coloquei inicialmente - a capacidade ou, neste caso concreto, a incapacidade, das pessoas viverem o amor conjugal e de se pronunciarem sobre essa vivência.
Aliás incapacidade não só de o viverem como de eleborarem um discurso reflexivo sobre essa realidade , limitando-se a copiar textos avulsos sobre o assunto.

Re: Matrimónio
Escrito por: Padre João luis Paixão (IP registado)
Data: 25 de May de 2004 14:52

Não deixa de ser curioso como umas vezes as pessoas se insurgem por "os padres interferirem na consciencia das pessoas" e as mesmissimas que o afirmam, resolvem elas mesmas decidir que os nubentes não tem profundidade no matrimónio, julgam as pessoas, etiquetam-nas sem as conhecer, sabem tudo etc.
Já diz o ditado, "Vozes de burro não chegam ao céu"

Re: Matrimónio
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 25 de May de 2004 15:19

Tem razão o J.L. pois ele tem manifestado aqui várias que acha que tem a capacidade de decidir se os nubentes têm ou não "profundidade" para o matrimónio, a ponto de negar ser oficiante de alguns casamentos ( (EMBORA SEJA OFICIANTE DE OUTROS QUE SÃO nulOS FACE AOS CÃNONES DA IGREJA CATÓLICA) , e de etIquetar e insultar pesoas que não conhece, apenas porque não tem ARGUMENTOS...

Lá diz o povinho, vozes de burros não chegam aos céus..

HÁ OUTRO DITADO QUE SE APLICAMELHOR . "bEM PREGA FREI TOMÁS, FAZ COMO ELEL DIZ, NÃO FAÇAS O QUE ELE FAZ...

Re: Matrimónio
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 17 de January de 2006 18:54

Este ditado é apenas popular:

«HÁ OUTRO DITADO QUE SE APLICAMELHOR . "bEM PREGA FREI TOMÁS, FAZ COMO ELEL DIZ, NÃO FAÇAS O QUE ELE FAZ...»

Mas nas escrituras Jesus disse melhor aos doutores....

«Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. Fazei, pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois eles dizem e não fazem.»

É de notar que no tempo de Jesus ainda não havia «padres» católico-romanos.

É de notar que Jesus não queria que os seus discípulos seguissem o exemplo desses senhores doutores.

Mas que havemos de fazer?!

Sim! Devemos cumprir os mandamentos de YHWH e de fazer a vontade do Seu Cristo!

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.

Re: Matrimónio
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 17 de March de 2006 17:09

Não resisti a colocar esta mensagem/artigo de opinião.

Susete



Dos ex-casamentos felizes
Ana Sá Lopes ana.s.lopes@dn.pt

Há casamentos horríveis e ex-casamentos horríveis. Não falo dos divórcios, que são quase sempre horríveis. Mas o ex- -casamento, que costuma iniciar-se algum tempo após o divórcio, pode ser uma coisa diferente. O ex-casamento (quando não é horrível) é uma espécie de reunificação familiar: essa estranha relação, nas sociedades modernas, veio substituir o velho conceito de família alargada. As criaturas das estatísticas ignoram esta realidade e atiram-nos para cima, com ar de tragédia, com os números das famílias monoparentais. Ora, por detrás de muitas famílias monoparentais, está um ex-casamento feliz. E a felicidade familiar está-se nas tintas para o estado civil.

A Vanessa, por exemplo, tem uma das famílias mais alargadas que eu conheço: três ex-casamentos, um filho de cada. O Júlio, o João e o Zé são membros da família, quase tão omnipresentes na vida da Vanessa quanto os respectivos filhos.

O ex-casamento prolonga o habitual sem-cerimónia do casamento. À parte o sexo, trata-se efectivamente de uma relação íntima (coisa que nem sempre o sexo é). Uma questão delicada dos ex-casamentos é que um ex-marido, que nos achava bonita "naquele tempo", raramente voltará a achar o mesmo. E preocupa-se, julgando que a visão desse ser que para ele perdeu a graça toda tem a ver com a nossa saúde. Pior: com a intimidade do ex-casamento, um ex-marido costuma ter o descaramento de nos dizer isso na cara. A Vanessa, pobre dela, tem estes problemas a multiplicar por três.

No caso do Júlio: quando vivia com o Júlio, a Vanessa tinha os cabelos curtos, mas depois deixou crescer. Raro é o dia em que o Júlio, quando vai lá a casa, não deixa cair: "Tens que tratar de ti. Não cortas o cabelo porquê? As mulheres mais velhas devem usar o cabelo curto." No caso do João: quando vivia com o João a Vanessa tinha 80 kg, depois emagreceu muito. Raras vezes o João se esquece de dizer: "Tens que tratar de ti. Estás muito magra. As mulheres muito magras parecem sempre mais velhas." No caso do Zé é mais simples: quando estava casada com o João, a Va- nessa já tinha cabelo curto e era magra, só que isso já foi há uns anos. E então o Zé diz apenas: "Tens que tratar de ti. Estás muito cansada. Mais velha. Velha e cansada."

In Dn de hoje

Re: Matrimónio
Escrito por: Cee Jay (IP registado)
Data: 02 de May de 2006 17:05

Só uma pequena ajuda para tentar re-centrar a questão: na minha (modestíssima) opinião o matrimónio é uma aliança de amor entre os esposos e destes com Deus.
Deus entrega, por Cristo, todo o Seu amor como raiz e suporte para o amor que se celebra.

Abraços
Cee Jay

Re: Matrimónio
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 04 de May de 2006 14:13

Eu seria mais realista e em vez de dizer:
Citação:
... o matrimónio é uma aliança de amor ...
eu diria : « ... o matrimónio deve ser uma aliança de amor ... »
Eu prefiro constatar-me com a realidade em vez de utilizar frases feitas de definições que só servem para ocultar a triste realidade.

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.

Re: Matrimónio
Escrito por: Cee Jay (IP registado)
Data: 04 de May de 2006 15:09

Eu falo apenas a partir da minha realidade. Para si pode ser uma frase feita, par a mim é a minha vida do dia-a-dia. E em relação aos outros casais, aqueles que não vivem assim o seu casamento, eu prefiro apontar-lhes o melhor e não apenas algo que os faça "ir andando".
E Deus faz de facto uma aliança de amor com os esposos, quer queiramos, quer não.

Re: Matrimónio
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 04 de May de 2006 15:31

Se é assim consigo, tenho muito gosto em lhe dar os parabéns. É ouro sobre azul.
Contudo, olhando para o mundo à minha volta vejo, infelizmente, que assim não acontece com a maioria dos casais.
Já agora talvez a sua curiosidade queira saber o seguinte: «E quanto a mim próprio». Para lhe satisfazer a curiosidade (embora isto seja muito meu, muito íntimo), eu nunca tive essa oportunidade. Sempre estive solteiro. O matrimónio foi um privilégio que nunca consegui alcançar. Porquê?! Pode ainda perguntar. A resposta é simples: Não sei.

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.




Editado 1 vezes. Última edição em 04/05/2006 15:33 por Manuel Pires.

Re: Matrimónio
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 04 de May de 2006 15:47

Manuel

Nunca encontraste uma mulher bonita? Esquisito, heim:-)

Re: Matrimónio
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 04 de May de 2006 16:02

Esquisito?!... Não!
Não tem nada a ver com "encontrar", nem com o "bonito".
Tem a ver apenas com a história de uma vida para a qual eu nunca estive preparado.
Pelo menos, tenho que dar graças a Deus, quando olho à minha volta e vejo o que vejo. Não é que o mal dos outros me siva de consolação, mas esta vida é assim, não é um paraíso.

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.




Editado 1 vezes. Última edição em 04/05/2006 16:02 por Manuel Pires.

Re: Matrimónio
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 04 de May de 2006 16:04

Mais vale que digas, que nunca tiveste vocação para o casamento!

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