Noutro tópico foi iniciada uma discussão sobre a kenosys operada na encarnação. Assunto relacionado com a nossa compreensão sobre a pessoa de Jesus, pelo que imagino que merece atenção e reflexão. O ponto de partida pode ser as cartas de Paulo, onde falando sobre Cristo Jesus o apóstolo escreveu:
"Ele, apesar de sua condição divina, não fez alarde de ser igual a Deus, mas esvaziou-se de si e tomou a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E mostrando-se em figura humana, humilhou-se, tornou-se obediente até à morte, morte de cruz." (Filipenses 2, 6-8)
Na discussão anterior, alguns protestantes aqui no fórum chegaram a citar como heresia uma "teoria da kenosys" criada no séc XIX. Ora, para os católicos a kenosys nada tem de heresia, é doutrina professada na igreja desde os tempos patrísticos! Então fui ler mais sobre o assunto e percebi que tratamos de assuntos muito diferentes. De fato, existem algumas correntes teológicas protestantes modernas, nascidas entre os teólogos protestantes liberais e teístas, que interpretam a kenosys de um modo bastante exagerado e obviamente contrário ao modo católico. Sobre essas heresias, o papa Pio XII já tinha se pronunciado na carta encíclica sobre o XV centenário do concílio de Calcedônia:
"SEMPITERNUS REX CHRISTUS" (ver números 32 a 34).
Antes apresentei um link para um artigo sobre
A pessoa de Cristo, da autoria de G.C.Berkouwer. Reapresento o link pq é uma boa leitura, o autor foi um teólogo protestante bem notável, sério e equilibrado. Foi um dos poucos não católicos presentes como observadores convidados no concílio Vaticano II. Não cheguei a ler o artigo em profundidade, mas talvez seja uma oportunidade para compará-lo como o modo católico de abordar a temática.
Tenho esperança que a idéia que motiva esse tópico sobre a pessoa de Jesus, esclarecer dúvidas e procurar uma correta interpretação para os dogmas cristológicos, possa contribuir tb para ajudar a cada um na oração, despertando nossa atenção para os mistérios relacionados com a pessoa de Cristo. A noção de mistério é comum para os católicos, talvez um protestante estranhasse mais, mas imagino que um católico aceite bem a idéia de debatermos um tema sem ter obrigação de destrinçar todos os detalhes. Há um teólogo de quem gosto que disse certa vez: a melhor teologia é aquela que se constrói de joelhos. Portanto, a reverência para a pessoa do tema terá que servir de explicação qdo preferir evitar certos enfoques e dar maior atenção a outros.
Como o assunto é complexo, para não ficarmos perdidos andando em círculos, proponho como referência a Enciclopédia Católica. Trata-se de uma sugestão prática, pois é claro que outras fontes poderiam ser interessantes como auxílio, especialmente se vierem de autores patrísticos ou de documentos da Igreja. Achei algumas referências que poderiam servir como ponto de partida. Na Enciclopédia Católica:
* verbete Kenosis [
www.newadvent.org]
* verbete Communicatio Idiomatum [
www.newadvent.org] (termo técnico teológico sobre a relação entre a palavra divina e a palavra do homem Jesus)
* verbete encarnação [
www.newadvent.org]
* verbete Jesus Cristo [
www.newadvent.org] (verbete maior, mais completo)
Os textos da enciclopédia estão em inglês, mas suponho que isso não seja empecilho.
A.M.D.G.