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Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 13 de August de 2010 21:19

Citação:
e firmam um ensinamento sobre esta questão, eu procuro entender da forma como eles ensinaram.
No entanto não tem sido assim com o amigo.

Epá, antes de mais nada, tenha lá paciência, mas guarde as suas sentenças para si. O que voce acha de mim pouco me interessa.
Não me interessa se voce acha que falo de forma biblica ou não, justamente porque eu posso achar o mesmo de si.

Mas agora surge uma questão: voce é muito bom a acusar, mas é péssimo a defender a sua posição teologica.
Ou seja, voce acusa sobre o que ignora. é poir isso que somente acusa e lança apupos para o ar, dizendo isto e aquilo, achando isto e aqueloutro da doutrina da fé.

Mas o que é que você ignora?

Vamos ver mais de perto o ridiculo das suas proposições.

Citação:
Pois, querer insinuar que a remoção da alma, de um determinado corpo, e a introduçao da mesma, em um outro corpo, no mesmo instante em que se dá a morte, é ressurreição, é o cúmulo do absurdo

Sem duvida. Mas esse absurdo só poderia ser imaginado por si, porque parece que voce admite a dualidade grega alma/corpo, ou a tricotomia alma/corpo/espírito, quando toda a Tradição biblica é unãnime em afirmar a unidade da natureza humana, na qual não há corpo sem alma, nem alma sem corpo.
Vá ver o video, vá ler os manuais de teologia que explicam isto, e verá que não há "transmigração" nenhuma.
mas afinal o que há?

Há a realidade da regeneração.
Regeneração essa que se traduz na passagem de uma situação de morte, de finitude, de fraqueza, para uma situação de glória.
O seu problema é que voce tem a visão estreita, curta. Por isso só consegue imaginar a ressurreição como um acordar de mortos, a acontecer algures no fim dos tempos.
Mas está enganado sobre o sentido do termo ressurreição!!

Que você tenha que se agarrar aos dicionários para procurar o significado de ressurreição é uma coisa; outra coisa é a correcta compreensão do que é que significa ressurreição. As suas vistas curtas só lhe perrmitem entender ressurreição como sendo um corpo morto, ou até totalmente desaparecido, quiçá um corpo mutilado, que, imagine-se, volta à vida!!

Mas se voce der uma olhada séria aos textos biblicos, verá que a vida do cristão é apresentada como uma vida de ressuscitado, no qual há uma verdadeira ressurreição, porque ocorre uma morte, e uma morte do corpo.

"Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova. 5De facto, se estamos integrados nele por uma morte idêntica à sua, também o estaremos pela sua ressurreição.
6*É isto o que devemos saber: o homem velho que havia em nós foi crucificado com Ele, para que fosse destruído o corpo pertencente ao pecado; e assim não somos mais escravos do pecado. 7É que quem está morto está justificado do pecado.
8Mas, se morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos. 9Sabemos que Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não morrerá; a morte não tem mais domínio sobre Ele. 10*Pois, na morte que teve, morreu para o pecado de uma vez para sempre; e, na vida que tem, vive para Deus. 11Assim vós também: considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus
" (Rm 6,4-11).

Esta transformação, esta regeneração, esta ressurrieção, é retomada em Rm 8,19-13: "9Ora vós não estais sob o domínio da carne, mas sob o domínio do Espírito, pressupondo que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não lhe pertence. 10Se Cristo está em vós, o vosso corpo está morto por causa do pecado, mas o Espírito é a vossa vida por causa da justiça. 11E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que habita em vós.
12Portanto, irmãos, somos devedores, mas não à carne, para vivermos de acordo com a carne. 13É que, se viverdes de acordo com a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis
".

Repare que paulo não se refere à escatolgia futura; refere-se ao hoje do cristão que, com Cristo, é nova criatura: "17Por isso, se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas" (II Cor 5,17).

Mas muito interessante, e directo, é o texto de Ef 2,4-6: "Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo amor imenso com que nos amou, 5precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Cristo - é pela graça que vós estais salvos - 6com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Cristo".

Igualmente importante é Col 2,12: "Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele que fostes ressuscitados, pela fé que tendes no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos".

Estes textos para quê? Para lhe mostrar as suas vistas curtas,e para o fazer pensar duas vezes antes de se inchar tanto com essa sua pseudo-sabedoria biblica.

Ressurreição é, antes de mais, e sobretudo, regeneração, transformação.
regeneração essa que pode ser traduzida como passagem de uma situação de morte, de fraqueza, para uma situação de plenitude.

Continuando com isto.

Citação:
Isso sim, é acreditar no que bem lhe "apetecer". Talvez o faça apenas para justificar a petição aos mortos...

Na Igreja católica não se fazem petições ao mortos sr David. Todos vivem.

Citação:
Mais parece um processo de transmigração da alma. O padre do vídeo, parece acreditar que o homem é formado apenas de corpo e alma

parece, parece, parece.... tanto que lhe parece...
Mas não é.

Citação:
Como todos, que acreditam na visão "dicotômica", a alma estaria "encrustrada" no corpo.

Mas aqui o único que advogou essa teologia foi voce. Esqueceu?
A teologia católica nunca ensinou isso. Isso é criação sua, fruto da sua imaginação e dos seus preconceitos sobre a Igreja católica.

Mas é justamente agora que a sua posição começa a ficar em dificuldades.
Voce diz:

Citação:
Para não admitir o "sono", com a morte do indivíduo, o padre criou um processo de transmigração, onde o sujeito que morreu, tem sua alma mudada de um corpo para outro

Comecemos pelo fim.
Corpos temos muitos ao longo da vida; portanto, o padre não disse nada de novo, nem de absurdo.
Mas o que é absurdo? Absurdo é pensar que temos um unico e mesmo corpo ao longo da vida.
Mas você continua, dizendo que o padre afirma que o sujeito que morre, tem a sua alma "mudada" de um corpo para outro... Onde é que o padre afirma isso?
Não há nenhuma alma mudada de lado nenhum, nem Ariel Valdez afirma isso em parte nehuma. Há transformação, regeneração definitiva, e é isso que voce não encaixa. E não encaixa ou porque é incapaz de aprender, ou porque tem uma má vontade de compreender seja o que for que seja dito pela teologia católica.

Dos inumeros corpos que eu sou, eu, na minha unidade, na morte sou regenerado, transformado. Não há aqui transmigração nenhuma, nem pode haver, porque de doutrina católica eu percebo e conheço, e sei muito bem que a fé católica não admite essas palhaçadas.

Mas voce parece abonar ao sono, ao estado de morte total, até ao fim dos tempos, até que se dê a ressurreição.

As dificuldades aqui são de peso. Com efeito, o Novo Testamento diz-nos claramente que com a morte, a pessoa não desaparece.

"19*«Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e fazia todos os dias esplêndidos banquetes. 20*Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas. 21Bem desejava ele saciar-se com o que caía da mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber-lhe as chagas. 22*Ora, o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão.
Morreu também o rico e foi sepultado. 23*Na morada dos mortos, achando-se em tormentos, ergueu os olhos e viu, de longe, Abraão e também Lázaro no seu seio. 24Então, ergueu a voz e disse: 'Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar em água a ponta de um dedo e refrescar-me a língua, porque estou atormentado nestas chamas.' 25Abraão respondeu-lhe: 'Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado. 26Além disso, entre nós e vós há um grande abismo, de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão-pouco vir daí para junto de nós.'
27O rico insistiu: 'Peço-te, pai Abraão, que envies Lázaro à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos; 28que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.' 29Disse-lhe Abraão: 'Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam!' 30Replicou-lhe ele: 'Não, pai Abraão; se algum dos mortos for ter com eles, hão-de arrepender-se.' 31*Abraão respondeu-lhe: 'Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos.'
» (Lc 16,19-31).

No episódio da transfiguração, aparecem Moisés e Elias a conversar com Jesus (Mt 17,1-9; Mc 9,2-10; Lc 9,28-36). Foi uma ilusão de optica de Jesus, ou dos autores evangélicos? Não!!

Paulo também nos fala do desjo de morrer, para estar com Cristo.

"6*Portanto, estamos sempre confiantes e conscientes de que, permanecendo neste corpo, vivemos exilados, longe do Senhor, 7pois caminhamos pela fé e não pela visão... 8Cheios dessa confiança, preferimos exilar-nos do corpo, para irmos morar junto do Senhor. 9*Por isso também, quer permaneçamos na nossa morada, quer a deixemos, esforçamo-nos por lhe agradar.
10Com efeito, todos havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba conforme aquilo que fez de bem ou de mal, enquanto estava no corpo
" (II Cor 5,6-10)

"21*É que, para mim, viver é Cristo e morrer, um lucro. 22Se, entretanto, eu viver corporalmente, isso permitirá que dê fruto a obra que realizo. Que escolher então? Não sei. 23Estou pressionado dos dois lados: tenho o desejo de partir e estar com Cristo, já que isso seria muitíssimo melhor; 24mas continuar a viver é mais necessário por causa de vós" (Fl 1,21-24).

Postos estes textos, que nos dizem com certeza absoluta que, com a morte, a nossa existencia prossegue, como é que voce descalça a bota do problema da inseparabilidade biblica alma/corpo?
Ou nega a vida post mortem, que é errado, ou afirma a existencia de alma sem corpo, que é errado também!!
E desta sorte voce não se safa mesmo: é uma escolha irredutivel, radical.

Como é que a teologia católica, olhando para a biblia, resolve o problema?
admitindo aquilo que voce diz ser anti-biblico, mas que de anti-biblico não tem nada.
E não tem porque ressurreição é transformação, regeneração.

Por isto mesmo, porque é errado olhar para a escritura aos bochechos, em parcelas, tomando versiculos isoados, sem prestar atenção ao conjunto de todos os textos, não faz sentido essa sua acusaçãozinha:

Citação:
Definitivamente, a linha de interpretação do vídeo não se refere a ressurreição, e muito menos, aquela ensinada pelas Escrituras Sagradas

Mas vamos lá ver qual é então o sentido da sua visão sobre a ressurreição da carne.

Firefox lançou-lhe umas perguntinhas que você fugiu de responder.
Vamos recordar a lição do insigne teologo:

Citação:
Firefox
1) Suponha que um canibal coma a carne de um missionário e depois de algum tempo se converta à fé cristã. O "ex"-canibal, agora cristão, morre. Na ressurreição, quem leva a carne comida? Ela vai "voltar a vida" no corpo do missionário ou no corpo do canibal? Quem volta gordo e quem volta magro?

Como é?

Citação:
Firefox
2) Alguém que nasce deficiente, faltando um membro, quando da ressurreição vai ressuscitar sem o membro que nunca teve, ou o novo membro vai "brotar" no sujeito, ao estilo de reencarnação?

Como é?

A estas perguntinhas básicas que voce fugiu de responder (uma vez que atacar e difamar é o seu forte, mas se defender, está escasso), tem que se reflectir melhor.

3) Imagino que saiba, como pessoa de cultura média/superior, que, de 5 em 5 anos, nada é igual no nosso corpo, pois as células morrem, e novas nascem. Ou seja, ao longo da vida, terei tido muitos corpos. Com qual vou ressucitar?

4) E se o corpo for cremado, incinerado? Como é que vai ressuscitar?

5) Você sabe que o corpo será devorado, por toda a sorte de bichos! Como é?

É.... absurdo!
tal como é absurdo afirmar que as nossas células (quais?) vão ressuscitar, tal como voce afirmou num tópico.

Portanto, ressurreição da carne é regeneração da carne que eu sou, da alma que eu sou na carne, que deixa de ser sujeita á mortalidade, á freagilidade, á transitoriedade, e passa a ser gloriosa!
Isto é ser biblico, e ser biblico em plenitude, ou seja, olhar para todos os textos biblicos, e não apenas para uns em detrimento de outros, e não procurar resolver aparentes conflitos na mensagem dos textos com teorias dicotomicas e... imagine-se, tricotomicas.

Já agora, não quero que fique na ignorancia do pensamento da teologia catolica: espirito, alma e corpo designam 3 aspectos, ou dimensões, da unica pessoa. Vou citar agora um manual de teologia:

"SER HUMANO PSIQUE

O ser humano é alma enquanto ela informa um corpo, segundo o esquema clássico da tradição filosófica e teologica da Escolástica. nesse caso, sua compreensaão psiquica depende de como percebe essa relação com o corpo, ora mais dicotomica, ora mais unitária. em outra perspectiva antropologica, fala-se da trilogia: corpo, alma e espírito. A alma faz a ponte entre a dimensão coproral e a espiritual (...)

SER HUMANO ESPÍRITO

Aqui aparece mais claramente a dimensão humana aberta á fé. o ser humano é espírito, abertura para o Transcendente. A metafisica clássica trabalhou profusamente tal dimensão. sendo estruturalmente aberto para o Outro, o ser humano experimenta a fé em sua relação teologal mais pura. nela encontra a sua realização maior. Nunca ele é tão ele mesmo do que quando crê
(...)"
(João Batista Libanio S.J., Eu Creio Nós Cremos, Tratado da Fé, Centro de estudos Superiores da Companhia de Jesus, Edições Loyola).

Citação:
Isso mesmo... Você tem questionado com perguntas inteligentes, e isso é muito bom pois que, não somente eu, mas também os demais colegas leitores tem meditado naquilo que voce tem escrito! E isso adiciona conhecimento, isso SOMA a aquelas informações que nós já temos, Rui. E é isso que é muito bom em um forum de debates!

Desculpe, mas sou muito céptico. pessoalmente acho que voce está-se nas tintas para o que os católicos aqui escrevem. E até acho que voce nunca aprendeu nada de novo com o que aqui dissemos.

Trocar ideias? Você não troca ideias; você difama quem tem ideias diferentes das suas; faz proselitismo, propaganda contra a Igreja catolica. desculpe a minha fanqueza... mas se não quizer desculpar, paciência!

PS: Volto a relembrar que estou de férias, e não me apetece andar aqui mais que 1 hora diante do pc para lhe responder. Não vou aparecer aqui nos proximos dias, ok? é promessa mesmo.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)



Editado 1 vezes. Última edição em 13/08/2010 21:27 por Rui Vieira.

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: David_ (IP registado)
Data: 14 de August de 2010 15:05

Sem duvida. Mas esse absurdo só poderia ser imaginado por si, porque parece que voce admite a dualidade grega alma/corpo, ou a tricotomia alma/corpo/espírito, quando toda a Tradição biblica é unãnime em afirmar a unidade da natureza humana, na qual não há corpo sem alma, nem alma sem corpo.

Olá Rui... Paz do Senhor JESUS


Como já expliquei, existe duas linhas, que tentam explicar o homem. Uma é a linha "dicotomista" e a outra a "tricotomista". Nesta última, o espírito realmente "sai" do corpo, quando da morte do homem. Como o amigo não acredita assim, eu lanço uma pergunta:

O que aconteceu a Jesus durante os 3 dias em que esteve morto? Será que Ele fez apenas uma mudança de corpo, no instante em que morreu na cruz? Será que o Corpo de Jesus, aquele que morreu na cruz, de alguma forma, se decompôs, ou foi destruído? Ou será que seu Espírito saiu do corpo? Será que Jesus "ressuscitou" em outro lugar, assim que morreu, seguindo a mesma doputrina do padre, ou será que Ele apssou 3 dias para ressuscitar, como dizem as Escrituras? Lembre-se que Jesus foi 100 por cento homem! É certo que os apóstolos nos informam que Ele "pregou aos espíritos em prisões". É claro que imagino que o amigo dificilmente entenderá essa questão.

O amigo tem de refletir nesta questão pois essa linha de entendimento, proposta pelo padre, no vídeo, faz apenas uma coisa: NEGAR A RESSURREIÇÃO.

Vá ver o video, vá ler os manuais de teologia que explicam isto, e verá que não há "transmigração" nenhuma.

O que é ensinado ali é um processo que pode ser chamado de REENCARNAÇÃO, de TRANSMIGRAÇÃO, de "troca de corpo", ou qualquer outra palavra sinônima a estas. Só não pode ser chamada de RESSURREIÇÃO.

mas afinal o que há?

Há a realidade da regeneração.
Regeneração essa que se traduz na passagem de uma situação de morte, de finitude, de fraqueza, para uma situação de glória.


A "regeneração", o "novo nascimento" começa aqui, no momento em que o homem aceita a Jesus Cristo como único e Suficiente Salvador de sua vida. Se isto, se o novo nascimento não acontece aqui, em vida, é porque o homem não é um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.

O seu problema é que voce tem a visão estreita, curta.

Como pode ver, eu poderia dizer o mesmo de voce... Pois demonstra sequer entender o significado literal da palavra "ressurreição".

Por isso só consegue imaginar a ressurreição como um acordar de mortos, a acontecer algures no fim dos tempos.

Amigo, reflita... Nós não somos roBôs, onde a carenagem ficou inservível, porque enferrujou, e o seu chip foi mudado para uma carenagem nova, mais robusta...

Rom 8:11
E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.


Com toda a certeza, não existe alguém com mais autoridade, ou com mais profundidade em assuntos sobre a morte e a vida, hoje, do que o Apóstolo Paulo. Não é qualquer José Manoel que aparece na televisão dizendo: " A ressurreição não é bem como o apóstolo ensinou...", que devemos acreditar naquele José Manoel... Pense nisso, amigo.

Mas está enganado sobre o sentido do termo ressurreição!!

E eu devo imaginar que é o amigo quem entende o sentido literal da palavra "ressurreição", dizendo acreditar naquele "negócio" ensinado por aquele padre!

Joa 6:39
E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.


Veja acima que até mesmo Jesus Cristo parecia desconhecer essa nova doutrina, em que tu acreditas!

Que você tenha que se agarrar aos dicionários para procurar o significado de ressurreição é uma coisa; outra coisa é a correcta compreensão do que é que significa ressurreição. As suas vistas curtas só lhe perrmitem entender ressurreição como sendo um corpo morto, ou até totalmente desaparecido, quiçá um corpo mutilado, que, imagine-se, volta à vida!!

Com a ressurreição será removido todas as mazelas do corpo, advindas do erro de Adão! É evidente que o corpo será revestido de imortalidade, que não adoecerá mais... Pergunto uma coisa ao amigo: QUando Deus disse a Adão que no momento em que ele comece do fruto, ele certamente morreria, quando isso aconteceu, quando Adão comeu do fruto, no mesmo instante aconteceu algo em seu corpo? Ou nada aconteceu? Sei que provavelmente não lerei uma resposta consistente pois que certamente lerei algo sobre australophitekus, ou sobre macacos se transformando em homem...

Ressurreição se refere ao retorno de alguém que estava na morte, para a vida. Se isso não acontece, não existe ressurreição!

Mas se voce der uma olhada séria aos textos biblicos, verá que a vida do cristão é apresentada como uma vida de ressuscitado, no qual há uma verdadeira ressurreição, porque ocorre uma morte, e uma morte do corpo.

"Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova. 5De facto, se estamos integrados nele por uma morte idêntica à sua, também o estaremos pela sua ressurreição.
6*É isto o que devemos saber: o homem velho que havia em nós foi crucificado com Ele, para que fosse destruído o corpo pertencente ao pecado; e assim não somos mais escravos do pecado. 7É que quem está morto está justificado do pecado.
8Mas, se morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos. 9Sabemos que Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não morrerá; a morte não tem mais domínio sobre Ele. 10*Pois, na morte que teve, morreu para o pecado de uma vez para sempre; e, na vida que tem, vive para Deus. 11Assim vós também: considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus
" (Rm 6,4-11).


Rui você NEGA que Jesus ressuscitou na CARNE, com o corpo que morreu na cruz? Se não nega, então tem de crer que aquele que é "crucificado com Cristo", como diz o texto postado por voce acima, terá uma ressurreição nos moldes da de Cristo! Ou de outra forma NEGUE QUE ELE RESSUSCITOU com o Corpo da cruz, ou de outra forma, afirme que Ele mentiu, quando disse para Tomé, mostrando as marcas da crucificação, que era Ele mesmo!

Postando textos, mostrando que a ressurrreição do servo de Jesus será nos moldes da do Mestre, so farás me ajudar, pois quem afirma isso sou eu! Voce afirma um processo de transmigração, de reencarnação, num corpo que nada tem a ver com aquele descartado! Na sua linha, o homem não vence a morte, pois que apenas reencarna em outro corpo!

Repare que paulo não se refere à escatolgia futura; refere-se ao hoje do cristão que, com Cristo, é nova criatura: "17Por isso, se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas" (II Cor 5,17).

O ser uma "nova criatura" é algo do presente, é algo para agora! Acontece no momento em que alguém aceita verdadeiramente a Jesus como Senhor de sua vida. Os textos enviados pelo colega em nada mudam o conceito de ressureição ensinado pelos apóstolos.

Igualmente importante é Col 2,12: "Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele que fostes ressuscitados, pela fé que tendes no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos".

Mais uma vez pergunto: A ressurreição dos discípulos de Jesus, será nos moldes da ressurreição dEle? Ou será difernte? Será que Jesus ressuscitou mesmo no Corpo em que esteve vivo? Se "somos com Ele ressuscitados" temos de ter uma ressurreição SEMELHANTE a dEle, ou será diferente? Por que a Escritura diz que Jesus é o PRIMOGÊNITO DOS MORTOS?

Col 1:18
E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos,


Ele é o primogênito dentre os mortos, porque é o primeiro a ressuscitar! Ora, se a sua idéia de "ressurreição" é a correta, aqueles que viveram antes de Jesus ressuscitaram antes dEle. Assim Jesus não é o primogênito dos mortos, nem a primicia dos que dormem!

Outro texto que mostra o erro dessa linha de entendimento, é aquele em que João diz claramente que ainda não é MANIFESTO aquilo que os servos de Jesus haverão de ser, e que isso só acontecerá, quando do retonorno dEle!

1Jo 3:2
Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele;


Estes textos para quê? Para lhe mostrar as suas vistas curtas,e para o fazer pensar duas vezes antes de se inchar tanto com essa sua pseudo-sabedoria biblica.

Eu acredito que até aqui, não foi mostrado uma "visão curta" mas uma "visão bíblica", baseada no ensinamento dos apóstolos, que mostra claramente o erro de uma visão distorcida, totalmente desfocada do ensinamento bíblico, e que é apresentada de um outro lado, por voce. É só uma questão de querer refletir em tudo aquilo que está postado!

Ressurreição é, antes de mais, e sobretudo, regeneração, transformação.

Se o amigo não passou pela REGENERAÇÂO, então não é de fato, discípulo de Jesus Cristo! Pois ela, a regeneração, acontece quando se aceita ao Messias de Deus, como salvador! Não é algo que acontece depois da morte, mas em vida! O novo nascimento não acontece após a morte, mas em vida! Nicodemos também não entendia essa questão e imaginava que era necessário "voltar ao ventre materno", para nascer de novo!

Mais parece um processo de transmigração da alma. O padre do vídeo, parece acreditar que o homem é formado apenas de corpo e alma

parece, parece, parece.... tanto que lhe parece...
Mas não é.


Eu digo que parece, porque também se assemelha, e muito, a doutrina reencarnacionista. Ora, em que diferenciaria da doutrina da reencarnação, por exemplo?

Como todos, que acreditam na visão "dicotômica", a alma estaria "encrustrada" no corpo.

Mas aqui o único que advogou essa teologia foi voce. Esqueceu?
A teologia católica nunca ensinou isso. Isso é criação sua, fruto da sua imaginação e dos seus preconceitos sobre a Igreja católica.


A linha ensinada no vídeo é a dicotômica. Ela exclui a existência de espírito, e fala apenas em corpo e alma. Como essa linha, a dicotômica, ensina que a alma está “encrustrada” no corpo, para não admitir o “sono”, após a morte, o padre criou um tipo de reencarnação, um tipo de transmigração da alma, para um outro corpo. Mas isso é antibíblico e muito menos pode ser chamado de ressurreição! Acreditar nisso é NEGAR a ressurreição dos mortos!

Mas é justamente agora que a sua posição começa a ficar em dificuldades.

Vamos ver, onde estou em dificuldades, para tentarmos ser um pouco mais claro.

Voce diz:
Para não admitir o "sono", com a morte do indivíduo, o padre criou um processo de transmigração, onde o sujeito que morreu, tem sua alma mudada de um corpo para outro

Comecemos pelo fim.
Corpos temos muitos ao longo da vida; portanto, o padre não disse nada de novo, nem de absurdo.


Quantos corpos Jesus teve em toda a sua vida, Rui? Como Ele ressuscitou? Voce nega a ressurreiçao FISICA de Jesus Cristo? Outra coisa, será que a carne de meu corpo, quando em minha infância, possuía um DNA diferente do que tenho agora, aos 39 anos?

Mas o que é absurdo? Absurdo é pensar que temos um unico e mesmo corpo ao longo da vida.

Tanto é o mesmo corpo que possivelmente não haveria REJEIÇÃO do corpo, caso algo de si, retirado em uma determinada época da vida, fosse reintroduzido novamente.

Mas você continua, dizendo que o padre afirma que o sujeito que morre, tem a sua alma "mudada" de um corpo para outro... Onde é que o padre afirma isso?

Ora, colega, ele afirma que no momento da morte, o sujeito já “ressuscita” em outro lugar, com um corpo diferente. A frase é mal empregada porque ele usa a palavra “ressurreição”, deveria usar transmigração ou reencarnação, ou algo assim, pois ressurreição tem de ser da morte para a vida.

Dos inumeros corpos que eu sou, eu, na minha unidade, na morte sou regenerado, transformado. Não há aqui transmigração nenhuma, nem pode haver, porque de doutrina católica eu percebo e conheço, e sei muito bem que a fé católica não admite essas palhaçadas.

Se a regeneração não acontecer em vida, se o indivíduo não “nascer de novo”, o sujeito sequer participará da ressurreição dos discípulos de Jesus, Rui! Medite nisso!

Mas voce parece abonar ao sono, ao estado de morte total, até ao fim dos tempos, até que se dê a ressurreição.

Eu não teria problemas em aceitar essa linha de entendimento, se fosse convencido pela Escritura! Essa linha ensina, de fato, a RESSURREIÇÃO e não um processo de transmigração ou a doutrina espírita da reencarnação!

As dificuldades aqui são de peso. Com efeito, o Novo Testamento diz-nos claramente que com a morte, a pessoa não desaparece.

Com relação a passagem do rico e Lázaro, ela é bem usada por aqueles que aceitam a linha “tricotomista”, contra aqueles, da linha “dicotomista”. No entanto, não dá para basear a linha do vídeo nessa passagem, nem com muita vontade!

No episódio da transfiguração, aparecem Moisés e Elias a conversar com Jesus (Mt 17,1-9; Mc 9,2-10; Lc 9,28-36). Foi uma ilusão de optica de Jesus, ou dos autores evangélicos? Não!!

Não adianta isolar um versículo para se tentar defender aquilo que queremnos, Rui. Leia a passagem anterior, e veja a promessa de Jesus de que “alguns que aqui estão, de maneira nenhuma passarão pela morte, até verem o Filho do Homem em seu reino”. Essa promessa se cumpriu, quando da transfiguração! Ela, a transfiguração, foi uma visão de Jesus em seu Reino! Acreditar de outra forma, é dizer que Jesus oficializou a consulta de mortos!

Ora, porque é proibido pela Escritura a consulta de mortos, Rui? É proibido porque são demônios, quem responderá e não pessoas!

Firefox lançou-lhe umas perguntinhas que você fugiu de responder.
Vamos recordar a lição do insigne teologo:

1) Suponha que um canibal coma a carne de um missionário e depois de algum tempo se converta à fé cristã. O "ex"-canibal, agora cristão, morre. Na ressurreição, quem leva a carne comida? Ela vai "voltar a vida" no corpo do missionário ou no corpo do canibal? Quem volta gordo e quem volta magro?

Como é?


É... O Fire “pegou pesado”... Eu não sei, nem os cientistas possivelmente saberiam como fazer um ser humano a partir das cinzas, ou a partir dos excrementos de um tubarão, que devorara alguém... Mas, e será que para Deus, seria impossível? Será que aquele que morreu há mais de 500 anos, ou há mais de 3 mil anos, ou mesmo que teve seu corpo cremado, estaria com o corpo em melhores condições para a ressurreição? Foi por isso que postei o texto de Ezequiel. Este profeta, quando da visão, também não cria, mas Deus fez ali maravilhas! É claro que a passagem não firma doutrina sobre ressurreição, mas ali mostra o poder de Deus, que até mesmo ossos sequíssimos, que se esfarelavam...

Eu creio que o corpo ressurreto será imortal e não sofrerá das conseqüências que este sofre, como doenças e dores, mas que ele será uma transformação a partir deste que temos! Este corpo será REVESTIDO de imortalidade, de incorruptiblidade, ou isso é impossível, Rui? Pois é isso que a Escritura nos ensina!


2) Alguém que nasce deficiente, faltando um membro, quando da ressurreição vai ressuscitar sem o membro que nunca teve, ou o novo membro vai "brotar" no sujeito, ao estilo de reencarnação?

Como é?


Vou repetir pela terceira vez: No corpo ressurreto não haverá as MAZELAS que são efeitos da má escolha de Adão. Isso significa que se alguém morreu aleijado, ressuscitará com o corpo incorruptível, perfeito! Se não possuía um braço, quando da ressurreição, terá suprida aquela falta! Para você parece “mais fácil” para Deus dar um corpo novo? Se parece, mude o termo e não chame de RESSURREIçÃO!

3) Imagino que saiba, como pessoa de cultura média/superior, que, de 5 em 5 anos, nada é igual no nosso corpo, pois as células morrem, e novas nascem. Ou seja, ao longo da vida, terei tido muitos corpos. Com qual vou ressucitar?

Com que corpo Jesus ressuscitou, Rui?

Luc 24:39 - Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.

Ora, Jesus tinha CARNE E OSSO! A ressurreição dos discípulos de Jesus serão diferente da ressurreição do Mestre? Cuidado para não crer numa doutrina que não é aquela ensinada pela Escritura, pois podes acabar caindo no erro de NEGAR A RESSURREIÇÃO!

4) E se o corpo for cremado, incinerado? Como é que vai ressuscitar?

Ralvez seja mais fácil ressuscitar alguém que foi mumificado não é? Talvez seja mais fácil ressuscitar alguém que morreu há 3 mil anos atrás... Ora, tu estás falando de GRAU DE DIFICULDADE? A ressurreição acontecerá, amigo! E os corpos serão reais e FÍSICOS!

5) Você sabe que o corpo será devorado, por toda a sorte de bichos! Como é?

Quando Lázaro foi ressuscitado, fazia 4 dias que havia morrido e já cheirava mal. Possivelmente o processo de decomposição já se iniciara!

Joa 11:39 - Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias.

Talvez para você, o caso de lázaro, acima, foi muito “fácil”, e provavelmente até a ciência poderia fazer algo, pois o corpo "apenas" cheirava mal, o processo de putrefação já havia se iniciado, mas o corpo estava todo ali, não havia sido cremado, não havia sido retirado partes dele, não havia sido devorado por feras, não havia sido morto há 2 mil anos, assim foi fácil demais pra Jesus... Ora, abre o olho Rui! Estamos falando de Deus e não de qualquer “Zé Mané”.

A ressurreição para a vida eterna é real, para o discípulo de Jesus. Mas ela só acontecerá quando da volta de Jesus Cristo. Assim, quem pede algo a quem já morreu, pede a morto!

Que o Senhor nos abençoe


David

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"Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo." Salmo 9:2



Editado 7 vezes. Última edição em 14/08/2010 15:34 por David_.

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 16 de August de 2010 00:30

quando voce me cita, voce só me cita em parcelas.
além disso, voce foge de abordar textos biblicos pertinentes.

sobre o problema teologico da ressurreição da carne (soma, sarx), e não ressurreição dos organismos, deixo aqui a teologia católica, pois não vou gastar mais tempo a escrever para o boneco.
Boa leitura.

"2. "Ressurreição da carne"
a) Conteúdo da esperança neo-testamentária da ressurreição6. O artigo da ressurreição da carne coloca-nos em um [300] estranho dilema. Redescobrimos a indivisibilidade do homem; vivemos com intensidade nova a nossa corporeidade,
experimentando-a como maneira inevitável de realizar o ser único do homem. A partir deste ponto estamos em condições de compreender de modo novo a mensagem bíblica que não confere imortalidade à alma separada, mas ao homem inteiro. Deste sentimento surgiu, em nosso século, sobretudo na teologia evangélica, uma forte oposição à doutrina grega da imortalidade da alma que, injustamente, passou a ser considerada como pensamento cristão. Na verdade, ela exprimiria uma dualismo nada cristão; a fé cristã saberia a respeito de uma ressurreição dos mortos pelo poder de Deus, exclusivamente. Mas, já surgem as objeções: a doutrina grega sobre a imortalidade pode ser problemática, mas não será ainda menos realizável ainda para nós a afirmação bíblica? Unidade do homem, muito bem; mas quem seria capaz de imaginar-se uma ressurreição do corpo, dentro da nossa hodierna cosmovisão? Uma ressurreição deste feitio incluiria – como parece – um novo céu e uma nova terra, exigiria corpos imortais, isentos da necessidade de alimentar-se, postularia um estado da matéria totalmente mudado. Ora, tudo isto não seria um absurdo completo, oposto frontalmente à nossa concepção da matéria e ao seu modo de proceder, algo incuravelmente mitológico?

Creio que realmente só chegaremos a uma resposta procurando cuidadosamente as exatas intenções e sentidos da doutrina bíblica e reexaminando as relações da Bíblia com o mundo grego; pois o encontro dos dois pensamentos alterou ambas as concepções, encobrindo os sentidos originais tanto de uma como de outra, em uma visão nova que é mister remover primeiro para lhe alcançar o fundo. A esperança na ressurreição dos mortos apresenta a forma básica da esperança na imortalidade; daí surge no Novo Testamento, não propriamente como idéia complementar de uma imortalidade da alma, antecedente e dela independente, mas como a doutrina essencial sobre o [301] destino do homem. Claro que, no judaísmo tardio, já existia uma doutrina da imortalidade de colorido helenístico; e aí está uma das razões para explicar por que desde muito cedo não mais se compreendeu a pretensão total do pensamento da ressurreição, no mundo grego-romano. Pelo contrário, a concepção grega da imortalidade da alma e a mensagem bíblica da ressurreição dos mortos foram consideradas como meia resposta (semi-resposta) à questão sobre o destino eterno do homem, somando-se ambas como mútuo aditivo. Ao que o pensamento grego já sabia sobre a imortalidade da alma, veio a Bíblia acrescentar a revelação de que no fim dos tempos também os corpos seriam ressuscitados para compartilhar para sempre o destino da alma – condenação ou bem-aventurança.
Em contrapartida, cumpre dizer que originariamente não se tratava propriamente de duas concepções complementares; estamos antes frente a dois modos de ver totalmente diversos, que não podem ser adicionados, sem mais nem menos: cada um deles apresenta suas próprias concepções do homem, de Deus e do futuro; por isto, em si, só podemos compreender os dois pontos de vista como tentativas em busca de uma resposta total ao problema do destino humano. A concepção grega tem como base a doutrina da coexistência de duas substâncias no homem, estranhas entre si, das quais uma (o corpo) se desfaz, enquanto a outra (a alma) é imortal por si e, por isto, continua existindo, independente de qualquer outro ser. Com a separação do corpo, elemento estranho à sua natureza, a alma alcançaria toda a sua individualidade. Pelo contrário, o pensamento bíblico supõe a indivisa unidade do homem; por exemplo, a Escritura desconhece qualquer palavra que designe exclusivamente o corpo (separado e distinto da alma) e, vice-versa, o vocábulo "alma" denota, às mais das vezes, o homem inteiro, existente corporalmente; os poucos tópicos onde transparece outro modo de ver, conservam-se oscilando entre o pensamento grego e o hebraico, sem contudo abrir mão do modo antigo [302] de ver. De acordo com isto, a ressurreição dos mortos (não dos corpos!), de que fala a Escritura, trata da salvação do homem uno, indiviso, e não apenas do destino de uma metade do homem (talvez até secundária). Com isto fica esclarecido também que o cerne da fé na ressurreição não consiste de modo algum na idéia da devolução dos corpos, à qual, no entanto, a reduzimos em nossa concepção. Isto vale, mesmo se um tal modo de descrever seja continuamente utilizado na Bíblia. Mas, neste caso, qual seria propriamente o conteúdo daquilo que a Bíblia com o código da ressurreição dos mortos pretende anunciar aos homens como sua esperança? Creio que se possa destacar este conteúdo peculiar mais facilmente no cotejo com a concepção dualista da filosofia grega:

1. A idéia da imortalidade anunciada pela Bíblia com o termo "ressurreição" significa imortalidade da "pessoa", da figura una, chamada homem. Enquanto no grego o ente típico "homem" é um produto perecível que, como tal, não sobrevive, mas entra por dois caminhos diferentes, de acordo com a estrutura heterogênea de corpo e alma, na concepção da fé bíblica é exatamente o homem que, como tal, sobrevive embora metamorfoseado.

2. Trata-se de uma imortalidade "dialógica" (= re-suscitamento!) isto é: imortalidade não resulta simplesmente da evidência de não poder morrer aquilo que é indivisível, mas da ação salvadora do amante que possui poder para tanto: o homem não pode acabar totalmente, por ser conhecido e amado por Deus. Todo amor quer eternidade – o amor de Deus não só a deseja, como a realiza e é. De fato, a idéia bíblica da ressurreição nasceu da seguinte motivação dialógica: o orante sabe, pela fé, que Deus restaurará o direito (Jó 19,25 ss; Sl 73,23 ss); a fé está convencida de que serão participantes do cumprimento da promessa os que sofreram pela causa de Deus (2Mac 7,9ss). A imortalidade concebida pela Bíblia não é fruto da própria capacidade do que, por si, é indestrutível, mas da participação [303] no diálogo com o Criador; por esta razão ela deve chamar-se ressurreição. O Criador tem em mira não só a alma, mas o homem a realizar-se em meio da corporeidade da história, conferindo-lhe imortalidade; por esta razão, ela deve chamar-se ressurreição dos mortos, ou seja, dos homens. Cumpre notar que na expressão "ressurreição da carne" a palavra "carne" significa o mesmo que "mundo humano" (no sentido dialético da expressão, por exemplo: "toda a carne verá a salvação de Deus", etc.); também no Credo o vocábulo não denota uma corporeidade isolada da alma.

3. A ressurreição é esperada no "último dia", no fim da história, na comunidade de todos os homens: o que demonstra o caráter comum-humano da imortalidade do homem, relacionado com a humanidade inteira, da qual, para a qual e com a qual cada indivíduo viveu, tornando-se, por isto, feliz ou infeliz. Este nexo flui por si mesmo do caráter humano-total da idéia bíblica da imortalidade na filosofia grega. O corpo e também a história são plenamente extrínsecos à alma; esta continua existindo liberada de corpo e da história, sem necessitar de outro ser. Pelo contrário a co-humanidade é constitutiva para o homem imaginado como unidade; esta dimensão
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não pode ser excluída, no caso em que o homem deva sobreviver. Assim, sob o ponto de vista bíblico, parece resolvida a questão muito debatida, sobre a possibilidade de uma comunidade dos homens entre si, após a morte; ela só pode surgir com a predominância do elemento grego no início: ali onde se acredita na "comunhão dos santos", está superada a idéia da alma separada (anima separata dos escolásticos).

Todos estes pensamentos só puderam desenvolver-se plenamente na concretização neo-testamentária da esperança bíblica – o Antigo Testamento afinal deixa em suspenso a pergunta sobre o futuro do homem. Só em Cristo, homem que "é um com o Pai", homem pelo qual o ser humano entra na eternidade de Deus, revela-se definitivamente o futuro do homem. [304] Somente nele, o "segundo Adão", encontra cabal resposta a interrogação que o próprio homem é. Cristo é o homem completo; neste sentido está presente nele a pergunta que somos nós, homens. Mas ele é, ao mesmo tempo, fala de Deus a nós, "palavra de Deus". O diálogo entre Deus e homem, com seus altos e baixos desde o raiar da história, entrou em nova fase em Cristo: nele a palavra de Deus se tornou "carne", entrando realmente em nossa existência. Ora, se o diálogo de Deus com o homem denota vida, se é verdade que o parceiro dialogante de Deus tem vida justamente por ser conversado por quem vive eternamente: significa que Cristo, como fala de Deus a nós, é "a ressurreição e a vida" (Jo 11,25). Significa, ainda, que a entrada em Cristo, isto é, a fé, se torna – em seu sentido qualificado – uma entrada no ser conhecido e no ser amado por Deus, que é imortalidade: "Quem crê no Filho, tem vida eterna" (Jo 3,15s; 3,36; 5,24). Somente nesta perspectiva pode-se compreender a mentalidade do quarto Evangelho que, apresentando a história de Lázaro, quer esclarecer o leitor sobre a ressurreição, que não é apenas um acontecimento distante no fim dos dias, mas acontece agora pela fé. Quem crê, está dialogando com Deus que é vida e sobrevive à morte. Com isto coincidem também a linha "dialógica" relacionada diretamente com Deus e a linha co-humana do conceito bíblico de imortalidade. Em Cristo homem com efeito, encontramos Deus; mas encontramos não menos, nele, a comunidade dos outros, cujo caminho a Deus passa através dele e por isto passa de uns a outros. A orientação para Deus é, simultaneamente, orientação para a comunidade dos homens e somente a aceitação desta comunidade denota aproximação a Deus, que não existe fora de Cristo, nem ao lado da relação da história humana inteira e da sua humana tarefa.

Agora cai um raio de luz sobre a questão muito debatida no tempo patrístico e, novamente, desde Lutero: o problema do "estádio intermediário" entre morte e ressurreição: a existência [305] com Cristo, iniciada na fé, é vida de ressurreição iniciada e, por isto, sobrevivência à morte (Flp 1,23; 2Cor 5,8; 1Tess 5,10). O diálogo da fé já é vida agora e não pode ser destruído pela morte. Portanto, na perspectiva do Novo Testamento, é insustentável a idéia do sono da morte, objeto de repetidos estudos de teólogos luteranos e trazida à baila ultimamente pelo Catecismo Holandês. Nem mesmo ela se justifica pela freqüente ocorrência do termo "dormir" no Novo Testamento. A tendência espiritual do Novo Testamento opõe-se fundamentalmente e em todos os seus livros a semelhante interpretação que, aliás, também dificilmente encontraria cobertura no pensamento judaico sobre a vida após a morte.

b) Imortalidade essencial ao homem. As considerações feitas até agora deveriam ter esclarecido algum tanto o assunto de que em última análise se trata, na mensagem bíblica sobre a ressurreição: seu conteúdo essencial não é a idéia de uma devolução do corpo às almas após um prolongado intervalo; o seu sentido é declarar aos homens que eles, eles mesmos, sobrevivem; não por própria força, mas porque são conhecidos e amados por Deus de maneira tal que não podem mais desaparecer. Em contraposição ao conceito dualista da imortalidade expresso no esquema grego de corpo-alma, a fórmula bíblica da imortalidade pela ressurreição tende a transmitir um conceito humano-total e dialógico da imortalidade: o essencial do homem, a pessoa, permanece; o que amadureceu nessa existência terrena, de espiritualidade corpórea e de corporeidade espiritualizada, continua existindo de outro modo. Continua porque vive na lembrança de Deus. O elemento co-humano faz parte desse futuro, por ser o próprio homem quem há de viver, não uma alma isolada; por isto o futuro de cada um só será completo quando se tiver consumado o futuro da humanidade.

Mas, agora surgem diversas perguntas. A primeira é: Deste modo, imortalidade não resultaria em pura graça, quando, na verdade, é devida à natureza do homem, como tal? Ou [306] em outras palavras: Não se aportaria assim a uma imortalidade exclusiva dos bons, ou seja, a uma divisão inaceitável do destino humano? Não estaria sendo trocada, falando teologicamente, a imortalidade natural do homem com o dom sobrenatural do eterno amor que o torna feliz? Precisamente para salvaguardar o humanismo da fé não se deveria conservar a imortalidade natural, porque uma sobrevivência concebida sob o enfoque puramente cristológico redundaria necessariamente em miraculoso e mitológico? A esta última questão cumpre responder afirmativamente. Isto, no entanto, não contradiz ao nosso ponto de vista. Também na nossa perspectiva há de se afirmar decididamente: A imortalidade que acabamos de denominar de "ressurreição", graças ao seu caráter dialógico, cabe ao homem, como homem, a cada homem, não sendo nenhum elemento "sobrenatural" acrescentado secundariamente. Contudo outra pergunta impõe-se: O que é afinal que faz do homem um homem? Em que consiste o elemento definitivamente constitutivo do homem? Eis nossa resposta: Visto de cima, o distintivo do homem é receber a palavra pronunciada por Deus, isto é, ser parceiro do diálogo com Deus, ser o ente chamado por Deus. Visto de baixo, quer dizer que o homem é o ser capaz de pensar Deus, aberto para a transcendência. Não se trata de saber se ele realmente pensa Deus, se está de fato aberto para ele, mas trata-se de averiguar que o homem é realmente aquele ente capacitado, por si e em si, para tal, mesmo se não o consiga realizar, quaisquer que sejam as razões do seu fracasso.

Mas, poder-se-ia dizer: não seria muito mais simples ver a característica do homem no fato de possuir ele uma alma imortal? Sem dúvida, mas o nosso esforço visa exatamente trazer à luz o sentido concreto desta constatação. As duas coisas não se contradizem, mas exprimem o mesmo em formas diversas. Porquanto "ter alma espiritual" significa exatamente: ser objeto de um bem-querer especial, de um especial conhecimento [307] e amor de Deus; ter uma alma espiritual denota: ser um ente chamado por Deus para o diálogo eterno e, por isto, estar em condições de conhecer a Deus e de responder-lhe. O que exprimimos por "ter alma" em uma linguagem mais substancial, expressamos em linguagem mais histórica e atual como "ser parceiro do diálogo com Deus". Isto não quer dizer que seja falso o modo de falar sobre a alma (como o afirma, às vezes hoje em dia, um biblicismo unilateral e não crítico); esta terminologia até se torna necessária para exprimir tudo o que se tenciona. Mas, por outro lado, ela precisa de um complemento, se não se quiser recair em uma concepção dualista incapaz de satisfazer à visão dialógica e personalista da Bíblia.

Por conseguinte, ao afirmar que a imortalidade do homem está fundamentada em sua polarização para Deus, cujo amor é o único a conceder eternidade, não se exprime um destino especial dos bons, mas destaca-se a imortalidade do homem como tal. Após nossas últimas considerações é perfeitamente viável desenrolar o mesmo pensamento do esquema corpo-alma; a sua importância e, quiçá, indispensabilidade consiste em sublinhar o caráter essencial da imortalidade humana. Mas é preciso voltar sempre à perspectiva bíblica e a partir daí corrigir esse esquema para que continue útil à visão que se abre para o futuro do homem a partir da fé. De resto, volta a se perceber aqui que não é possível distinguir sem mais entre "natural" e "sobrenatural": o diálogo fundamental que constitui o homem, antes de tudo, passa, sem interrupção, a diálogo da graça que se chama Jesus Cristo. Mas como não poderia ser, se Cristo realmente é o "segundo Adão", a realização propriamente dita do infinito anseio que brota do primeiro Adão – do homem em geral?

c) A questão do corpo ressuscitado. Não alcançamos ainda o fim de nossas perguntas. Se assim é, existirá um corpo ressuscitado, ou tudo isso conotaria apenas um código da imortalidade [308] da pessoa? Eis o problema que ainda nos aguarda. Não se trata de problema novo; já São Paulo fora bombardeado pelos coríntios com perguntas desta espécie, como o revela o capítulo 15 da Primeira Carta aos Coríntios, em que o Apóstolo tenta responder, enquanto possível, dentro dos limites da nossa capacidade e do mundo a nós acessível. Muitas das comparações usadas por Paulo tornaram-se-nos estranhas; sua resposta, em conjunto, ainda é o que de mais amplo, de mais ousado e mais convincente se disse sobre o assunto.

Partamos do versículo 50 que me parece ser uma espécie de chave para o resto: "Asseguro-vos, irmãos, que a carne e o sangue não podem conseguir o reino de Deus, nem a corrupção, a incorruptibilidade". Ao meu ver, esta frase ocupa no nosso texto aproximadamente o mesmo lugar que o versículo 63 do capítulo 6.° de João, os dois textos, aliás aparentemente tão distanciados entre si, são muito mais aparentados do que se poderia perceber à primeira vista. Diz-se em João, após acentuar-se com toda força a real presença da carne e do sangue de Jesus na Eucaristia: "O espírito é que vivifica, a carne para nada serve". Tanto no texto aos Coríntios como em João trata-se de desenvolver o realismo cristão da "carne". Em João dá-se ênfase ao realismo dos sacramentos, isto é, ao realismo da ressurreição de Jesus e da sua "carne" que daí nos provém; em Paulo trata-se do realismo da ressurreição da "carne", da ressurreição dos cristãos e da salvação que assim se concretiza para nós. Mas, em ambos os capítulos, estabelece-se também forte contraponto a destacar o realismo cristão como realismo que vai além da física, como realismo do Espírito Santo, em antítese a um realismo quase físico, puramente imanente ao mundo.

Aqui a nossa língua fracassa diante das nuanças do grego bíblico. Nele o vocábulo soma denota o mesmo que "corpo" e, simultaneamente, o mesmo que o "eu", a "ipseidade". Esse soma pode ser sarx ou seja, corpo, sob a forma [309] (na maneira) terreno-histórica, isto é químico-física; pode ser também pneuma –
"espírito", de acordo com os dicionários; na realidade, quer dizer: o "eu", a "ipseidade" ou "identidade" que agora aparece em um corpo palpável químico-físico, pode também aparecer definitivamente no mundo de uma realidade transfísica. Na terminologia de Paulo, "corpo" e "espírito" não são antitéticos, mas as suas antíteses soariam como "corpo de carne" e "corpo à maneira espiritual". Não é preciso tentar acompanhar agora os complexos problemas históricos e filosóficos que se apresentam. Em todo caso, uma coisa deveria estar esclarecida: tanto João (6,53), como Paulo (1Cor 15,50) acentuam com todo o vigor possível que a "ressurreição" da carne", a "ressurreição dos corpos" não é "ressurreição dos organismos". E assim, falando na perspectiva (a partir) do pensamento moderno, a idéia paulina é muito menos simplória do que a posterior sapiência teológica com suas sutis elucubrações sobre a questão se podem ou não existir corpos eternos. Paulo não ensina, para repeti-lo, a ressurreição dos organismos, mas das pessoas, e isto não no retorno dos" corpos de carne", isto é, das estruturas biológicas, que ele expressamente declara impossíveis ("o corruptível não pode tornar-se incorruptível"), mas na conformação toda diferente da vida da ressurreição, prefigurada no Senhor ressuscitado.

Mas, a ressurreição não teria nexo algum com a matéria? E o "dia último" não se tornaria, assim, totalmente sem objetivo, em favor da vida que sempre vem do chamado de Deus? Em si a resposta a esta derradeira questão já foi apresentada em nossas considerações sobre o retorno de Cristo. Se o cosmos é história e se a matéria representa um momento na história do espírito, não existe um eterno neutro estar-um-ao-lado-do-outro de matéria e espírito, mas uma última "complexidade" na qual o mundo encontra o seu ômega e a sua unidade. Então haverá um último nexo entre matéria e espírito, [310] em que se consuma o destino do homem e do mundo, mesmo se hoje nos seja impossível precisar a espécie deste nexo. Então haverá um "último dia" em que o destino de cada homem estará completo, porque se terá consumado o destino da humanidade.
Meta do cristão não é uma felicidade particular, mas o conjunto. Ele acredita em Cristo, crendo assim no futuro do mundo e não só em seu futuro pessoal. Sabe que esse futuro é mais do que ele mesmo pode realizar. Sabe que existe um sentido que ele não está em condições de destruir. Mas, será isto motivo para cruzar os braços? Pelo contrário – por saber que há sentido, pode e deve realizar, alegre e impávido, a obra da história, mesmo com o sentimento, na miopia de quem só vê o seu pequeno segmento de atividade, de estar realizando trabalho de Sísifo, em que, geração após geração, a pedra volta a ser rolada morro acima, para tornar a escorregar, fazendo vãos todos os esforços. O crente sabe que está "avançando" e não andando em círculo. O crente sabe que a história não é um tapete de Penélope, sempre retecido, para sempre voltar a ser desfeito. Talvez os cristãos também se sintam oprimidos pelos pesadelos do temor e da inutilidade, de cujo seio o mundo pré-cristão criou tais imagens impressionantes do medo frente à esterilidade do trabalho humano. Mas, em seu pesadelo ressoa salvadora a voz da realidade: "Coragem! Eu venci o mundo!" (Jo 16,33). O mundo novo, cuja descrição, na figura da Jerusalém definitiva, é o epílogo da Bíblia, não é nenhuma utopia, mas certeza, para cujo encontro marchamos pela fé. Há uma salvação do mundo – eis a confiança que sustenta o cristão e que o faz considerar como valendo a pena, também hoje, ser cristão."
(J. Ratzinger, Introdução ao cristianismo).

Sobre o problema teologico da morte de jesus e sua "descida aos infernos", veja-se o mesmo teologo, na mesma obra.

"3. "Desceu aos infernos"

Talvez nenhum artigo do Credo esteja mais longe de nossa consciência atual do que este. Ao lado dos artigos do nascimento de Jesus da Virgem Maria e da ascensão do Senhor, este artigo é o que mais aguça o apetite para a "desmitização", que aqui parece poder processar-se sem perigo e sem escândalo. Os poucos textos em que a Escritura parece falar algo a respeito (1Pdr 3,19 s; 4,6; Ef 4,9; Rom 10,7; Mt 12,40, At 2,27. 31) são tão difíceis de compreender, que facilmente se pode interpretá-los em muitos sentidos. Se, de acordo com isto, o artigo for totalmente eliminado, parece ter-se a vantagem de ficar livre de um assunto que dificilmente se enquadra em nossa mentalidade sem que se tenha tornado culpado de alguma infidelidade especial. Mas, haverá realmente algum proveito nisto? Ou apenas tenta-se sair do caminho, diante da dificuldade e do mistério da realidade? Pode-se tentar superar problemas ou negando-os sem mais, ou enfrentando-os. O primeiro [247] caminho é mais cômodo, mas somente o segundo conduz adiante. Portanto, em vez de eliminar o problema, não seria o caso de aprender a compreender que este artigo ao qual se subordina, no correr do ano litúrgico, o Sábado Santo, nos está particularmente próximo, constituindo de maneira toda especial a experiência do nosso século? Na Sexta-Feira da Paixão, de qualquer maneira, o olhar permanece cravado no Crucificado, enquanto o Sábado Santo é o dia da "morte de Deus", o dia que exprime e preconiza a inaudita experiência do nosso tempo: Deus está simplesmente ausente, o túmulo encobre-o, Deus não mais acorda, não fala mais, de modo que não é mais preciso nem mesmo contestá-lo, bastando apenas ignorá-lo. "Deus está morto e nós o matamos": esta frase de Nietzsche pertence verbalmente à tradição da devoção à paixão do Senhor; exprime o conteúdo do Sábado Santo, o "desceu aos infernos"55.

Em nexo com este artigo acorrem-me duas cenas bíblicas. Primeiro, a cruel história do Antigo Testamento em que Elias desafia os sacerdotes de Baal a impetrar da sua divindade o fogo para o sacrifício. Fazem-no e, logicamente, nada acontece. Elias escarnece deles, exatamente como um espírito iluminado zomba do homem piedoso, julgando-o ridículo, quando nada acontece em resposta à sua prece. Elias anima-os; talvez não tenham rezado bastante alto: "Gritai mais alto; pois sendo um deus, terá preocupações, ou ter-se-á retirado ao banheiro, ou estará viajando; é possível que esteja dormindo e é mister despertá-lo!" (1Rs 18,27). Lendo hoje estes motejos dirigidos aos devotos de Baal, alguém pode sentir-se um tanto inseguro; pode-se ter a sensação de sermos nós os que se acham naquela situação, cabendo-nos a nós os escárnios. Nenhum clamor parece capaz de despertar a Deus. O racionalista pode dizer-nos calmamente: Rezai mais alto; talvez então o vosso [248] Deus desperte. "Desceu aos infernos": quão realisticamente retrata-se aí a verdade da hora presente, a descida de Deus ao silêncio, ao lúgubre calar-se de quem não mais está presente.

Mas, ao lado da história de Elias e da página análoga no Novo Testamento, na narrativa sobre o Senhor a dormir em meio à borrasca (Mc 4,35-41 e par), também a história dos discípulos de Emaús encontra aqui o seu lugar (Lc 24,13-35). Os discípulos perturbados falam da morte da sua esperança. Para eles sucedeu algo assim como a morte de Deus: extinguiu-se o ponto onde Deus finalmente parecia ter falado. O mensageiro de Deus está morto, o vazio é total. Nada mais responde. Mas, enquanto assim falam da morte da sua esperança, incapazes de ver a Deus, não percebem que em seu meio se encontra precisamente esta esperança. Que "Deus" ou antes aquela imagem que se fizeram da sua promessa, devia morrer, para viver tanto maior. Devia ser destruída a imagem que fizeram de Deus, e a cuja camisa de força teimavam em forçá-lo, para que, quase como por sobre os escombros da casa destruída, pudessem reencontrar o horizonte e a ele mesmo que permanece o infinitamente maior. Eichendorff formulou-o no estilo sentimental e quase ingênuo do seu século:

"Tu és, ó Deus sereno,
Quem, lá do alto trono,
Destrói o que eu ponho,
A fim de que, sem choro,
O céu, mais claro, eu veja".

Portanto, o artigo da descida do Senhor aos infernos lembra-nos que à revelação cristã pertence não somente o falar de Deus, mas também o seu silêncio. Deus não é apenas a palavra compreensível que nos vem ao encontro; ele é igualmente o abismo calado e inacessível, incompreendido e incompreensível, que nos foge. Certamente, no Cristianismo há um primado [249] do Logos, da palavra a anteceder o silêncio: Deus falou. Deus é palavra. Apesar disto, não podemos esquecer o ocultamento de Deus que jamais termina. Somente experimentando-o como silêncio, podemos esperar ouvir também a sua voz que clama no silêncio56. Através da cruz a cristologia oferece o momento da palpabilidade do divino amor, até para além das fronteiras da morte, no meio do silêncio e do obscurecimento de Deus. Será de admirar se a Igreja, se a vida de cada um é conduzida continuamente para essa hora de silêncio, para o esquecido e desprezado artigo "desceu aos infernos"?
Ponderando isto, resolve-se automaticamente a questão sobre a "prova escriturística" para ele; pelo menos no grito de morte de Jesus: "Meu Deus, por que me abandonaste?" torna-se visível, qual deslumbrante resplendor de um relâmpago em noite escura, a descida de Jesus aos infernos. Não esqueçamos ser esta palavra do Crucificado o verso inicial de uma oração de Israel (Sl 22 [21],2), que resume tremendamente a miséria e a esperança desse povo eleito e aparentemente tão abandonado por Deus. Esta prece, brotada da miséria mais profunda da treva de Deus, termina com um louvor à divina grandeza. Também este elemento está presente no grito de agonia de Jesus, grito que Ernst Käsemann, há pouco, descreveu como uma súplica a subir do inferno, como a elevação do primeiro mandamento no deserto da aparente ausência de Deus. "O Filho ainda conserva a fé, quando ela parece ter-se tornado sem sentido, revelando a realidade do Deus ausente, do qual não é em vão que falam o mau [250] ladrão e a massa motejante. Seu clamor não se refere à vida nem ao além-vida, não se refere a ele, mas ao Pai. Seu grito ergue-se contra a realidade do mundo inteiro". Será preciso ainda perguntar pelo sentido da adoração nesta hora de treva? A adoração pode ser outra coisa que não o grito das profundezas, junto com o Senhor que "desceu aos infernos", e que estabeleceu a proximidade de Deus no coração da ausência de Deus?
Tentemos outra consideração para penetrar neste complexo mistério, impossível de ser esclarecido de um lado apenas. Primeiramente voltemos a lançar mão de um fato exegético. Afirma-se que a palavra "inferno" não passa de reprodução errônea de scheol (grego: hades), com que os hebreus designam a condição após a morte, representada confusamente como uma espécie de existência sonambúlica, mais não-ser do que ser. De acordo com isto, o artigo denotaria que Jesus entrou no scheol, isto é, morreu. Pode ser. Mas continua a pergunta: com isto simplificou-se o assunto, tornou-se menos misterioso? Creio que, exatamente agora, é que se apresenta o problema da morte. O que vem a ser morte, que acontece quando alguém morre, tombando sob o destino da morte? Todos temos de reconhecer o nosso embaraço diante deste. problema. Ninguém sabe a resposta com exatidão, porque todos vivemos aquém da morte, não lhe tendo ainda provado o amargor. Talvez, porém, se possa tentar uma aproximação a partir, novamente, do grito de Jesus na cruz, grito no qual identificamos a essência do que vem a ser descida de Jesus, participação no destino da morte dos homens. Porquanto, nesta derradeira prece, do mesmo modo como na cena da agonia no Horto das Oliveiras, revela-se, qual elemento mais profundo de sua paixão, não uma dor física qualquer, mas a solidão radical, o completo abandono. Ora, nisto manifesta-se afinal o abismo da solidão humana em geral, do homem que, em seu âmago, está sozinho. Essa [251] solidão, às mais das vezes camuflada, sem deixar de constituir a verdadeira situação do homem, denota simultaneamente o paradoxo mais profundo em relação à natureza do homem, que não pode estar sozinho, mas carece de companhia. Por esta razão a solidão é a causa do medo, fundada na fragilidade do ser, destinado a existir e, não obstante, condenado ao que lhe é impossível.

Tentemos exemplificá-lo ainda. Uma criança obrigada a atravessar sozinha uma floresta em noite escura tem medo mesmo se lhe provarem de modo convincente que nada existe capaz de provocar o temor. No momento em que se vê no meio da treva, sentindo a solidão de modo radical, eis que surge o medo, o medo essencialmente humano, que não é temor de alguma coisa, mas medo em si. O receio de algo concreto é inócuo em si, podendo ser superado pelo afastamento de sua causa. O medo de um cachorro bravo, por exemplo, elimina-se prendendo o cão. Agora, porém, deparamos com algo muito mais profundo: cercado da solidão última, o homem teme não uma coisa determinada; muito mais, sente receio da solidão, experimenta o horror e a fragilidade do seu próprio ser, impossíveis de serem vencidos racionalmente. Vá outro exemplo: sozinho, à noite, a fazer guarda a um defunto, o homem sentirá, de algum modo sinistro a sua situação, mesmo estando em condições e esforçando-se em convencer-se racionalmente de que seus sentimentos carecem de base. Sabe perfeitamente que o morto nada lhe poderá fazer e que sua situação talvez fosse muito mais perigosa, se ele ainda estivesse vivo. O que desperta aqui é uma espécie toda outra de medo; não medo de alguma coisa, mas da lúgubre solidão em si, da fragilidade da existência, frente a frente com a solidão da morte.

Mas, sendo totalmente inoperante o argumento da falta de objeto, como poderá ser superado um tal medo? Pois bem, a criança perderá o medo no momento em que sua mão sentir [252] o aconchego de outra mão amiga, em que soar outra voz falando
com ela; ou seja, no instante em que experimentar a presença de uma pessoa bondosa. O que se encontra a sós com um defunto, também sentirá desaparecer o receio, se houver alguém em sua companhia, e sentir a proximidade de um "tu". Esta superação do medo revela simultaneamente a sua natureza, a saber, que se trata de medo de estar só, de temor de um ser que somente pode viver com outros. O medo propriamente dito não pode ser vencido pela razão, mas exclusivamente pela presença de um ente amoroso.

Mas, cumpre levar mais longe ainda a nossa pergunta: Na hipótese de existir uma solidão onde palavra alguma de outrem consiga penetrar, transformando-a; na suposição de uma solidão tão profunda que nenhum "tu" a alcance, estaríamos diante da solidão e do horror total, daquilo a que o teólogo denomina "inferno". Desta perspectiva é possível definir exatamente o inferno: ele denota uma solidão onde a palavra do amor não tem mais guarida, conotando com isto a fragilidade essencial da existência. Neste contexto, a quem não acorreria a opinião de poetas e filósofos hodiernos, segundo a qual todos os encontros entre homens se conservam na superfície, não estando aberta a homem nenhum a entrada ao âmago do outro?* Portanto, ninguém pode realmente alcançar o íntimo do outro; qualquer encontro, por lindo que seja, serve apenas para narcotizar a incurável ferida da solidão. Deste modo, no mais fundo do nosso ser, habitaria o inferno, o desespero – a solidão tão inevitável quão terrível. Sartre, como se sabe, construiu a sua antropologia a partir desta idéia. Mas também um poeta tão conciliador e otimista como Hermann [253] Hesse deixa transparecer, em última análise, os mesmos pensamentos:

"Estranho, andar na névoa!
Viver é solidão;
Ninguém conhece ninguém,
O só está só..."

De fato, uma coisa é certa: existe uma noite, em cujo ermo voz alguma ecoa; há uma porta pela qual só podemos passar sozinhos: a porta da morte. Todo o medo do mundo finalmente nada mais é do que medo diante desta solidão. Daqui compreende-se porque o Antigo Testamento conhece uma palavra apenas para conotar inferno e morte, a palavra scheol: porque ambas as coisas são idênticas para o Antigo Testamento. A morte é a solidão simplesmente. Mas, a solidão à qual não pode chegar o amor é o inferno.

Voltamos assim ao nosso ponto de partida, ao artigo da descida aos infernos. Ele declara que Cristo atravessou as portas da nossa solidão derradeira; que em sua paixão desceu ao abismo do nosso abandono. Onde voz alguma está em condições de alcançar-nos, ali ele se encontra. Com isto o inferno foi vencido, ou mais exatamente: a morte, que antes era o inferno, não o é mais. Ambas as coisas não são mais o mesmo, porque em seu centro está a vida, porque em seu meio habita o amor. Só o excluir, o fechar-se voluntário é inferno, ou, no dizer da Bíblia, é morte segunda (por exemplo Ap 20,14). Mas a morte não mais é um caminho para o seio desta solidão, as portas do scheol estão abertas. Creio que, neste enfoque, poderão ser bem compreendidas as metáforas patrísticas de sabor tão mitológico, que falam da libertação dos mortos, da abertura das portas. Também tornar-se-á compreensível o texto de Mateus, de aparência tão mítica, sobre os túmulos que se abriram e os corpos dos santos [254] que ressurgiram por ocasião da morte de Jesus (Mt 27,52). As portas da morte estão abertas, desde que na morte reside a vida: reside o amor."
(Idem).

Sobre a sua tese ridicula de um ressurgir de organismos, á luz da ressurreição de Cristo, segue o mesmo teologo.

"Antes de mais, está completamente claro que Cristo ressuscitado não retornou à sua vida terrestre anterior, como se afirma, por exemplo, do jovem de Naim e de Lázaro. Cristo ressurgiu para a vida definitiva que não se subordina mais às leis [260] químicas e biológicas, estando por isto fora da possibilidade da morte, dentro da eternidade concedida pelo amor. Por isso os encontros com Cristo são "aparições"; por isso, aquele do qual, dois dias antes, se era comensal na ceia, não é reconhecido nem sequer pelos seus amigos mais íntimos e, mesmo reconhecido, continua estranho: ele só é visto onde concede visão; só onde abre os olhos e o coração se deixa abrir é que se torna reconhecível neste mundo mortal a face do vencedor da morte e, nesta face, o outro mundo: o mundo que há de vir. Por isso é tão difícil, raiando mesmo pelo impossível, aos Evangelhos descrever os encontros com o ressuscitado; por isso eles balbuciam apenas, ao falar do ressuscitado, dando a impressão de contradizer-se, ao descrevê-lo. Na realidade, os Evangelhos revelam uma espantosa unidade na dialética de suas informações, na simultaneidade do tocar e do não tocar, do reconhecer e do não reconhecer, da total identidade entre crucificado e ressuscitado, e na sua completa mudança. Os discípulos reconhecem o Senhor e não o reconhecem; palpam-no, mas ele é o intocável; ele é o mesmo e, contudo, é o todo outro. Como se disse, esta dialética é sempre a mesma; mudam apenas os recursos de estilo com que ela se exprime.

Examinemos mais de perto, sob este aspecto, o episódio dos discípulos de Emaús, com que já nos deparamos de passagem. À primeira vista tem-se a impressão de estarmos diante de uma descrição totalmente terrena, maciça, como se nada restasse do mistério indescritível que encontramos nos relatos paulinos. Parece predominar totalmente a tendência de enfeitar, de lançar mão de um concreto lendário, apoiada numa apologética que busca dados palpáveis, recolocando completamente o Senhor ressuscitado dentro da história terrena. Contudo opõe-se a isto o seu misterioso aparecimento e o não menos misterioso desaparecimento. Mais ainda se opõe a circunstância de ele se conservar irreconhecível ao olhar comum. Não é possível identificá-lo como durante a sua vida terrena. Ele se [261] descobre exclusivamente na esfera da fé; mediante a explicação da Escritura incendeia o coração dos dois viandantes, e à fracção do pão abre-lhes os olhos. Temos aí a indicação dos dois elementos fundamentais da antiga liturgia cristã a qual é integrada de liturgia da palavra (leitura e interpretação da Escritura) e liturgia da fracção do pão eucarístico. Assim o evangelista faz ver que o encontro com o Ressuscitado se situa em um plano totalmente novo; tenta descrever o indescritível, mediante o código dos acontecimentos litúrgicos. Com isto oferece, simultaneamente, uma teologia da Ressurreição e da liturgia: o Ressuscitado é encontrado na palavra e no sacramento; o serviço divino é a maneira pela qual ele se nos torna tangível e reconhecível como vivo. Vice-versa, liturgia baseia-se no mistério pascal; há de ser compreendida como a aproximação do Senhor a nós, a tornar-se companheiro nosso de viagem, incendiando o coração embotado, abrindo os olhos fechados. Cristo continua indo conosco, volta sempre a encontrar-nos desanimados e queixosos, continua dispondo da força para fazer-nos ver.

Naturalmente isto tudo diz apenas a metade. O testemunho do Novo Testamento estaria falseado, se quiséssemos ficar apenas nisto. A experiência do Ressuscitado é algo diverso do encontro com um homem da nossa história; muito menos ainda pode ela ser reduzida a conversas à mesa e a recordações que se tivessem afinal condensado na idéia de que ele vive e de que a sua obra prossegue. Uma explicação assim aplaina o evento na direção oposta, nivelando-o à esfera humana, privando-o do que lhe é peculiar. Os relatos da ressurreição são algo diferente e algo mais que meras cenas litúrgicas camufladas: eles permitem ver o acontecimento fundamental sobre o qual se ergue toda a liturgia cristã. Testemunham um acontecimento que não brotou dos corações dos discípulos, mas que lhes sobreveio de fora, dominando-os, de encontro à sua dúvida, e infundindo-lhes a certeza de que "o Senhor ressuscitou verdadeiramente". [262] O que jazera no sepulcro não está mais lá, mas vive – é realmente ele mesmo quem vive. O que fora arrebatado para o outro mundo de Deus, mostrou-se entretanto ser tão poderoso que tornava palpável ser ele mesmo quem estava diante deles; mostrou ter-se comprovado nele mais forte o poder do amor do que o poder da morte.

Somente tomando isto tudo tão a sério como o que fora dito anteriormente é que se conservará a fidelidade ao testemunho do Novo Testamento; só assim se salvará a sua seriedade cosmo-histórica. A tentativa mais que cômoda de, por um lado, dispensar a fé no mistério da potente atuação de Deus neste mundo, e no entanto simultaneamente querer ter a satisfação de conservar-se no terreno da mensagem bíblica esta tentativa conduz ao vácuo: não satisfaz nem à honestidade da razão nem às razões da fé. Não é possível conservar juntas a fé cristã e a "religião nos limites da razão pura"; a opção é inevitável. Naturalmente, o crente verá com clareza crescente quão repleta de razão está a adesão àquele amor que venceu a morte."
(Idem).

Espero que perceba a diferença qualitativa do conceito biblico de ressurreição, muito mais amplo e diverso do que um mero "resurgir de organismos mortos", bem como perceba que, quem morre, liberta-se da finitude espacio-temporal, entrando, pois, na ausencia de tempo, não estando, pois, sujeita a nenhuma espera.

Se quizer, posso lhe enviar o livro em pdf por e-mail.

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Andre (IP registado)
Data: 16 de August de 2010 11:17

Há ressurreição da carne.

Cristo ressuscitou também em corpo glorioso e não só em espírito. Assim será connosco pois é desta forma que nos ensina a Santa Palavra. 1 Cor 15

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: M. Martins (IP registado)
Data: 16 de August de 2010 14:31

Boa tarde;

Quero agradecer publicamente ao Rui Vieira, por colocar o excerto que colocou ,e que expõe de forma clara e completa a visão da Igreja Católica sobre o tema em causa.

Devo ainda constatar que a teologia Católica é a mais completa, sólida, abrangente e lúcida, não só sobre este tema, mas sobre todos os outros. É a conclusão a que vou chegando após anos de leituras e participações em fóruns não-católicos. Nalguns deles, até parece que estamos nos "tempos de Babel", pois cada um diz uma coisa diferente, e todos se afirmam detentores da verdade absoluta e universal. Leio coisas que me assombram. Chego a ter pena deles.

Eles dizem que os Católicos percebem pouco de Bíblia, mas também cheguei a uma outra conclusão. Eles, (tirando algumas e muito raras excepções), não percebem mais do que os católicos. Penso agora até que a maioria dos católicos, embora não saibam citar capítulo e versículo, têm uma formação catequética mais sólida e profunda. E aquilo que eles sabem está distorcido por um ensino tendencioso e proselitista.

Só os une uma coisa: O ódio ao catolicismo.


Neste campo, mudei a perespectiva que tinha à uns tempos atrás.

M. Martins

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: David_ (IP registado)
Data: 16 de August de 2010 14:48

Graça e PAz



MArtins e Rui, gostaria de uma resposta dos colegas a esta questão abaixo:

1 - Jesus ressuscitou na carne, ou seja, Ele ressuscitou com o corpo que havia morrido na cruz? Ou Ele também passou pelo mesmo "processo" descrito pelo padre, no vídeo? Ou aquele processo é so para nós?

2 - Se Ele passou pelo mesmo "processo" descrito pelo padre, como a Escritura nos diz que Ele passou três dias para ressuscitar?

3 - Se Ele ressuscitou com o Corpo que morreu na cruz, seus discípulos não deveriam ter uma ressurreição na mesma NATUREZA que a dEle?

4 - A ressurreição dos discípulos será COMPLETAMENTE DIFERENTE da ressurreição de Jesus? Afinal, se ahverá um tipo de reencarnação em outro corpo, será, de muito longe, diferente da Ressurreição de Jesus!

Não vale fugir das questões com frases do tipo, a "linha do padre é a melhor", e encher o tópico com textos feitos, apenas por querer rejeitar o ensinamento bíblico da ressurreição!


Que o Senhor nos abençoe


David

_________________________________________________________________________________
"Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo." Salmo 9:2



Editado 4 vezes. Última edição em 16/08/2010 14:59 por David_.

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 17 de August de 2010 00:17

Boas.

leia os textos, de forma abrangente, pois nele se encontram as respostas para as questões.

Idem para o sr André!

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Andre (IP registado)
Data: 17 de August de 2010 18:59

quais textos, Rui?

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 18 de August de 2010 17:23


Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 20 de August de 2010 23:16

O pobre coitado não percebeu a diferença entre ressurreição do corpo (transformação, metamorfose) e reaparecimento de organismo, ou ressucitamento de organismo, como foi com Lazaro.

Temos pena.

O autor também é um daqueles que acha muita coisa...
mais um achismo daqueles....

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Elisa (IP registado)
Data: 29 de May de 2011 16:04

O Senhor vos visite nesta tarde. A ressurreição é da carne e será em corpo glorificado. Sem ressurreição a nossa fé é vã assim como a nossa esperança na vida eterna.
Amados, Deus fala que devemos nos alegrar nesta Esperança. Sabem que hoje muitos aí do mundo falam "A esperança é a ultima que morre" certo? pois Errado, a Esperança ressuscitou no terceiro dia, é Jesus, aleluia. Ele morreu por seus e meus pecados, Jesus já levou sobre si mesmo todas nossas lutas. Ele é nossa esperança e nossa certeza de vitória.Sejamos pacientes na tribulação, nas lutas, em Cristo pois ele venceu a própria morte com a sua ressurreição.

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 30 de May de 2011 16:05

" Semeado corpo psiquico (terreno), ressuscita corpo espiritual" (I Cor 15,44).

Carne não significa segundo o nosso modo de predicar, de carne física. carne desingna antes de mais e sobretudo a vida, o ser humano na sua totalidade.

I Cor 15,39-40, sugere, pois, que a carne da ressurreição é celeste, espiritual.

Se assim é, a questão teológica de fundo na escatologia pode muito bem ser distinguir a alma do corpo espíritual.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Elisa (IP registado)
Data: 01 de June de 2011 12:45

É Rui, corpo espiritual. Os filhos de Deus nascidos pelo sangue derramado de Jesus já são espirituais. Mas eles ainda possuem um corpo carnal, sujeito ao pecado. Quando ressuscitarmos, o nosso corpo não mais será sujeito à natureza corrompida, por isso ele será espiritual, celestial.
Jesus ressuscitou no corpo também. Senão como teria comido, caminhado e mostrado suas mãos para que Tome acreditasse nele?
Não seremos fantasmas não, mas teremos sim um corpo incorrupto.

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 01 de June de 2011 12:58

Tudo bem. Mas querer imaginar o "como" desse corpo, imaginando todo o tipo de semlhanças com uma carne de facto, física, é que não pode ser.

Ressurreição signifca "transformação, metamorfose". Se é assim, então o termo "ressurreição da carne" pode muito bem designar simplesmente "transformação da carne". Não de carne em qualquer sentido, mas em sentido bíblico. E, em sentido biblico, carne designa ou a pessoa humana, ou a pessoa em seu carácter frágil.

Jesus pôde ter comido e bebido porque se materializava quando queria, e logo se poderia desmaterializar, como aconteceu em Emaús.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Elisa (IP registado)
Data: 01 de June de 2011 13:29

Citação:
Rui Vieira

Jesus pôde ter comido e bebido porque se materializava quando queria, e logo se poderia desmaterializar, como aconteceu em Emaús.

Materializava quando queria, amado? Então materializou em corpo que não era o seu corpo de carne original? Olha então estaríamos perante uma nova teoria: a reencarnação da carne. E isso não é biblico, amado

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 01 de June de 2011 13:41

POis não!

O que é biblico é que Jesus ressuscitado ora assumia modo material, ora deixava de assumir esse modo.

O que não é biblico é dizer que um corpo espiritual é o mesmo que um corpo material, ou que o material determinado, contingente, mensurável, seja, ao mesmo tempo, do mesmo modo e sob o mesmo aspecto, espiritual!!

Aliás, eu não questionei se Jesus ressucitou no corpo. Aliás, não se ressuscita sem corpo. O que eu respondi foi o como entender que o corpo espiritual possa comer: evidentemente que só o poderá fazer, materializando-se.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Elisa (IP registado)
Data: 08 de June de 2011 11:39

Como pode ser corpo sem ser carnal, Rui? Corpo por si mesmo significa material. Se ora é espírito ora é carne, materializa e desmaterializa? Então para onde foi o material quando se desmaterializou? rsrs

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 08 de June de 2011 12:16

Citação:
Como pode ser corpo sem ser carnal, Rui?

Sendo corpo espiritual!

Citação:
Corpo por si mesmo significa material

Errado. Corpo não significa material. Corpo significa, antes de mais, forma.
Corpo só pode significar material se se reduzir o conceito de corpo ao fenómeno empírico, físico, verificável.
Mas, que interessaante, a revelação cristã diz-nos que a existência não se resume aos seres físicos.

Mas, e olhando para as narrativas evangélicas, vemos um Cristo que parece que passa pelas paredes...
Se o corpo de Cristo ressuscitado é material, então foram as paredes que se tornaram espirituais, ou então foi uma visão de foro psicológico! Um corpo humano material não passa pelas paredes, nem aparece do nada.

Citação:
Se ora é espírito ora é carne, materializa e desmaterializa? Então para onde foi o material quando se desmaterializou? rsrs


hehehe

Se se desmaterializou, foi porque se transformou. E o que se transforma não vai para parte nenhuma: transforma-se. Neste caso, manteve-se a substância, a essência, mas mudaram os acidentes.

Lembra-se do episódio dos 3 homens que comem em casa de Abraão (Gn 18,1-16)??
Estes 3 homens são anjos, conforme diz Hebreus 13,2.
Por aquilo que você nos está a dizer, temos de concluir que os anjos são seres materiais, o que é absurdo
Ou então vai ter que dizer que os anjos não possuem corpo, o que contradiz o relato de Gn 18,1-16 em diante.
Para onde será que foi a matéria dos corpos dos 3 anjos, uma vez que, se comeram, eram materiais?
rsrs

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 08 de June de 2011 12:20

Muito estranha esta sua aportação da "matéria", quando nos diz, confiadamente, num outro tópico, que "a Deus nada é impossivel".

Re: Ressurreição da carne ou ressureição espiritual?
Escrito por: Elisa (IP registado)
Data: 15 de June de 2011 12:33

Amados, Deus vos visite nesta hora com uma mensagem de glória e poder.

Rui, os anjos não ressucitaram. Jesus não é nem foi um mero anjo. Então amado não vamos compará-los.
Repare nesta passagem de Lucas 24:39-40
39 Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.
40 E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.

Jesus forjou Tomé? Jesus estava se disfarçando? Jesus estava mentindo? Ele disse "eu tenho" não "tenho quando quero".

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