Texto só era conhecido por referências indirectas [jornal.publico.pt]

Quase dois mil anos depois de ter semeado a discórdia entre os primeiros cristãos, o Evangelho segundo Judas, atribuído ao apóstolo que entregou Jesus, foi descoberto no Egipto e está em curso a sua tradução na Suíça, informou uma fundação suíça.
O texto, escrito num dialecto copta, a língua dos cristãos do Egipto, foi encontrado na zona central do país e a sua tradução em alemão, inglês e francês deverá ser publicada dentro de um ano, informou segunda-feira a Fundação Maecenas para a Arte Antiga.
"Acabamos de receber os resultados de testes de datação com carbono 14: o texto é ainda mais antigo do que pensávamos e remonta a um intervalo compreendido entre o início do século III e o início do século IV depois de Cristo", disse à AFP o director da fundação de Basileia, Mario Jean Roberty.
O documento não era conhecido senão pela sua existência, atestada pelo primeiro bispo de Lyon, Santo Irineu, que em meados do século II publicou um texto denunciando as heresias, nomeadamente aquelas que estariam contidas no Evangelho segundo Judas.
Jean Roberty não quis pronunciar-se sobre o conteúdo do texto antes da sua publicação. "Não queremos ainda revelar o lado excepcional do que nós temos entre mãos", disse.
O texto deste Evangelho segundo Judas faz parte do lote de umas três dezenas de evangelhos apócrifos --aqueles que não foram considerados como autênticos pelos primeiros cristãos. Muitos desses textos contêm, por exemplo, relatos mirabolantes daquilo que seriam milagres de Jesus e foram sendo excluídos das comunidades cristãs, ao longo de um processo por vezes com muitas polémicas.
Em 325, o Concílio de Niceia aceitou que só os quatro evangelhos entretanto reconhecidos como válidos deveriam ser considerados autênticos: Mateus, Marcos, Lucas e João, correspondendo todos eles a narrativas escritas por aqueles discípulos de Jesus ou por seus seguidores directos. A mais recente exegese bíblica diz que os textos podem corresponder às narrativas que aqueles apóstolos faziam dos factos ligados à vida de Jesus. O cânone definitivo só seria mesmo estabelecido no século XVI, no Concílio de Trento.
De acordo com a tradição, Judas entregou Jesus aos romanos, que o crucificaram. Tomado de remorsos, o apóstolo ter-se-ia enforcado.


«Que a paz esteja convosco»
Fernando Cassola Marques

Olá a todos!

Não pude deixar de expressar o meu contentamento por este achado. Numa altura em que se pensa que já se sabe tudo à cerca da história da Igreja, um achado dessa natureza pode trazer algumas novidades, ou pelo menos mais alguns esclarecimentos.

Vamos aguardar com expectativa, para ficarmos a saber o teor deste documento.

Um bem haja a todos os forenses!

Trofa

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«Precisamos de mais trabalhadores para a vinha do Senhor. A vinha é Grande para tão pouca gente com capacidade de amar.»

Prezados amigos convido-vos a colaborarem com o Portal de São Romão da Paróquia de São Romão do Coronado.

"A verdade libertar-vos-á!"

Penso na minha humilde opinião que nem sobre a Igreja, nem sobre Jesus de facto se sabem (ou reconhecem) os factos todos.

Se bem que historicamente seja uma missão quase impossível reconstruir ou establecer como factuais certos acontecimentos, penso que muito está por se escrever ainda neste capítulo da história da humanidade!

Diz-me a "intuição" que o conservadorismo da Igreja é salutar neste aspecto, pois não sei até que ponto as mentalidades por ela formadas até hoje conseguiriam já "digerir" certas coisas.

Se alguém houver formado em história ou teologia no forum, esta seria uma discussão que gostaria de ver desenvolvida mais por aqui.

Entretanto, espero pela divulgação e análise do conteúdo de tais manuscritos.

Um abraço fraterno!

Manuel

Ou muito me engano, ou este novo achado trará tantas novidades como as descobertas de Qumran, que depois de tanta mediatização e especulação, acabou por trazer pouco ou nada de novo.

Luis

Se o texto "remonta a um intervalo compreendido entre o início do século III e o início do século IV depois de Cristo" não poderá acrescentar muito para um estudo sério sobre a vida de Jesus (comparar com a datação dos Evangelhos canónicos), mas pode revelar algo sobre o pensamento de correntes paralelas à da Igreja dos primeiros séculos.

"Todos sabemos que as únicas fontes literárias que possuímos para compreender a pessoa de Jesus são os quatro evangelhos canónicos. Os chamados evangelhos gnósticos, tão em moda, são importantes para compreendermos as duas linhas paralelas, mas antagónicas, do real Jesus dos primeiros quatro séculos: a linha da grande Igreja em formação, que, depois, resultou na igreja Católica, Ortodoxa e Protestante, e a das comunidades gnósticas, perseguidas pela própria Igreja depois da liberdade de Constantino e reaparecidas modernamente com as descobertas de Nag Hammadi. É, pois, com os evangelhos, que devemos trabalhar"
(Prof. Carreira das Neves, aula de jubilação)

Embora haja escritos não canónicos que eram desconhecidos, o essencial para felicitar os que se encontram nas sombras da «morte» está nos textos canónicos.
Os outros textos nada podem esclarecer acerca das Boas Novas da Salvação em YaoHWSHUA MESSIAS.
Contudo esses e outros textos têm extrema importância para determinar as várias crenças dos ditos cristãos desse tempo e podem inflamar também os pensamentos erróneos que agora temos acerca dos cristãos primitivos e de tradições que nos impingiram ao longo de muitas décadas.

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Os links da Bíblia em Português para seu leitor de MP3 agora encontram-se neste link. . Também há lá links para copiar gratuitamente livros da bíblia ´noutras línguas, incluindo do A.T. em hebraico e o N.T. em grego (coiné).

Obrigado.

A Ésquilo publicou recentemente três volumes dos escritos gnósticos, mais conhecidos por Biblioteca de Nag Hammadi (devido à descoberta no século XX).

- O Livro Secreto de João;
- Evangelhos Gnósticos;
- A Revelação de Pedro.

Ainda cheguei a namorá-los neste Natal, mas são algo caros, embora tenha gostado bastante da edição e encadernação.

Luís

Boa tarde a todos.

Paz e Bem!

Aproveito este tópico para pedir a opinião sobre os textos apócrifos sobre a infância de Jesus.

Estou a começar a ler estes textos, sempre com precaução, mas queria alguma ajuda para tentar aproveitar melhor o conteúdo deles, pois como no canon não se fala quase nada sobre a infância de Jesus e aqui temos algum "material"...

Outra coisa que queria aproveitar para pedir ajuda, é que consegui cerca de 30 textos dos considerados apócrifos, sabem onde, na Internet se consiga todos os textos de Nag Hamadi e de Qumran (penso que é assim que se escreve)?

Obrigado a todos.

1Abraço,
Pedro Mestre

Olá,

Já li um número razoável de escritos apócrifos mas confesso que somente umas poucas passagens de poucos deles achei edificantes. Sobre a infância de Jesus, o que achei de mais interessante foram os escritos do Beato Charles de Foucault, fundador da congregação dos Irmãozinhos de Jesus. O carisma dessa congregação foi inspirado no que chamam de "o silêncio de Nazaré".

Não aconteceu nada de especial ou de surpreendente antes da vida pública de Jesus. Enquanto alguns imaginam coisas fantásticas, como Jesus fazendo milagres, visitando o Tibet ou estudando com os essêncios - ou seja, tudo ao contrário da vida simples e comum de um homem comum que veio como pobre vivendo entre os pobres -, Charles Foucault encontrou justamente na simplicidade da vida de Jesus um grande ensinamento. Jesus viveu uma vida comum de uma família pobre, ajudando seu pai carpinteiro e sua mãe, sem nada de mais especial - e foi assim que a vida oculta de Jesus foi tão e tão especial.

A vida de Jesus é toda ela um ensinamento, e também no "nada" do cotidiano vivido com amor ocorre a grandeza da fidelidade do seguimento ao Senhor, a realeza e a santidade não estão em se fazer algo espetacular, mas justamente na simplicidade do amor desinteressado.

[luadosacores2.blogspot.com]

Não procurem Jesus nos palácios...