Acredito que este artigo de Sandro Magister, Vaticanista, será bastante interessante(para facilitar, fiz uma tradução para português). O original pode-se encontrar
aqui.
Sinodo da Eucaristia: O Papa tem a última palavra.
Bento XVI está a escrever o documento conclusivo, que será publicado no Verão. O Arcebispo Malcolm Ranjith revela o seu prognóstico: "Uma correcção é necesária. A liturgia tem de ser ganha de novo, no espírito do Concílio [V2]."
ROMA, Julho 3, 2006 - Depois de mais de oito meses da sua conclusão, o sínodo dos Bispos meditou e analisou no Vaticano, Outubro passado, sobre a "Eucaristia, fonte e todo da vida e missão da Igreja." e ainda está à espera do documento que remate os resultados.
O documento conclusivo de um sínodo geralmente surge sobre a forma de uma exortação Apostólica, e é escrito pelo Papa. Mas é o próprio sínodo, constituído por um conselho de 15 Bispos e Cardeais, que escreve as conclusões e as apresenta ao sumo Pontífice.
O conselho dos 15 encontrou-se em Roma, pela última vez, no início de Junho. E Bento XVI, em agradecimento aos seus membros, incentivou-os a finalizar os trabalhos com mais rapidez.
O Papa disse o seguinte:
"Devo dizer que durante as visitas 'ad limina', um considerável número de Bispos perguntou-me: Mas quando é que chega o documento pós-sinodal?. E eu respondi: Eles estão a trabalhar nisso. E certamente não demorará muito mais. Eu vi reunidos aqui tantos homens competentes que eu não posso ajudar mas sim esperar para ver o documento em breve, e aprender dele eu próprio, para que ele possa ser publicado para o benefício de toda a Igreja, que sinseramente o aguarda."
Incentivados pelo Papa, os 15 aceleraram os trabalhos e no comunicado final, feito no dia 10 de Junho, garantiram que o texto estava quase pronto, e que "em breve poderá ser levado ao Santo Padre".
Dos 15 membros do sínodo, 12 foram eleitos pelos Padres sinodais, e 3 designados pelo Papa. O seu secretário geral é o Arcebispo Nikola Eterovic. Os mebros são:
[list][*]O Perfeito da Congregação para o Culto Divino, Francis card. Arinze;
[*]O Arcebispo de Lima, Juan Luiz Cipriani card. Thorne
[*]O Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario card. Bergoglio;
[*]O Arcebispo de Westminster, Cormac card. Murphy-O'Connor;
[*]O Patriarca de Veneza, Angelo card. Scola;
[*]O Arcebispo de Ranchi, India, Telesphore Placidus card. Toppo;
[*]O Arcebispo de Sydney, George card. Pell;
[*]O Arcebispo do Québec, Marc card. Oullet;
[*]O Presidente do Conselho Pontíficio para a Unidade dos Cristãos, Walter card. Kasper;
[*]O Bispo de Hong Kong, Zen card. Ze-kiun;
[*]O Arcebispo de Kisangani, Congo, Laurent Monsengwo Pasinya;
[*]O Arcebispo de Abuja, Nigeria, John Olorunfemi Onaiyekan;
[*]O Arcebispo de Washington, Donald William Wuelr;
[*]O Exarca do Rito Católico-Bizantino da Sérvia e Montenegro, Djura DÏudÏar;
[*]O Bispo de Imus, Filipinas, Luis António G. Tangle.[/list]
Os 15 representam a elite da hierarquia Católica nos vários continentes. Alguns deles - Kasper, Scola, Oullet - são também muito aptos em teologia.
MAs as conclusões que eles estão prestes a entregar ao Santo Padre não irão conter grandes supresas. Estão ligadas aos propósitos avançados durante o sínodo, que foi relativamente modesto em extenção de conhecimentos.
As surpresas irão surgir, de facto, do próprio Papa Bento XVI, cujas ideias acerca da Eucaristia e da Liturgia são muito conhecidas e críticas em alguns aspectos relativos à reforma pós-conciliar.
(...)
E algumas tendências [disse o Arcebispo Malcolm Ranjith] "necessitam de uma correcção, uma reforma à reforma. Devemos regressar à liturgia no espírito do Concílio Vaticano II".
Esta notícia da Angência Ecclesia também é bastante esclarecedora:
Vaticano reafirma preocupação com os «abusos litúrgicos»
.
O tema dos “abusos litúrgicos” está de volta à agenda do Vaticano, com o secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos a assegurar que Bento XVI vai pôr fim a estes abusos. Em entrevista à agência I-Média, D. Albert Ranjith disse que o Papa vai “tomar medidas”, lamentando que, muitas vezes, a Liturgia seja “um sinal de escândalo”.
Esta questão esteve em particular destaque no último Sínodo dos Bispos, realizado de 2 a 23 de Outubro de 2005, sobre o tema da Eucaristia. Bento XVI vai receber, em breve, o documento final dos membros do Conselho pós-sinodal – encarregado de dar continuidade ao trabalho realizado pela XI assembleia geral ordinária do Sínodo – e, posteriormente, escrever uma exortação a toda a Igreja.
40 anos depois do II Concilio do Vaticano, a chamada reforma litúrgica é um dos campos em que há mais discussão sobre os limites para a mudança. D. Ranjith considera que, em muitos casos, as alterações “não trouxeram os frutos esperados”.
Este responsável referiu-se ainda à utilização do rito litúrgico vigente antes do Concílio. “A missa tridentina não é propriedade dos lefebvrianos”, sublinhou, admitindo uma aproximação à Fraternidade São Pio X, fundada pelo Arcebispo Marcel Lefebvre.
O Missal de São Pio V, com a Missa celebrada em Latim segundo a antiga tradição, só é utilizado actualmente com permissão do Bispo local. O Papa e a Cúria Romana têm estudado a sua aprovação universal, o que significa que a Missa do antigo rito passaria a ser celebrada livremente em todo mundo pelos sacerdotes que assim o desejarem.
O secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos já tinha manifestado a sua preocupação, recentemente, sobre os efeitos da reforma do Vaticano II. Numa outra entrevista, ao quotidiano católico francês “La Croix”, o prelado do Sri Lanka disse que “é preciso reencontrar o verdadeiro espírito da reforma conciliar”.
D. Albert Ranjith referiu que é possível falar da necessidade de uma correcção, da “reforma na reforma” da Liturgia. Entre os principais problemas que apontou, fala da questão da língua (vernáculo ou Latim) e da posição do padre (virado para a assembleia ou não).
“Em nenhuma parte do decreto conciliar (Sacrosanctum Concilium, ndr) é indicado que os padres tinham, a partir de então, de estar virados para a assembleia ou que era proibido utilizar o Latim”, referia nesta entrevista, adiantando que, nestas matérias, “esperamos que o Papa nos dê as suas indicações”.
Abraçando-vos em Cristo,
Diogo,
A.M.D.G.