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Taizé, um desafio à renovação
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 15 de September de 2005 22:08

IN: Ecclesia : [www.agencia.ecclesia.pt]
Taizé, um desafio à renovação

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São quase oito da noite e a igreja da Reconciliação começa a encher-se. Nas diversas entradas, vários Jovens ostentam cartazes com a palavra “ Silencio “ em diferentes línguas. No interior, reina agora um silêncio apenas perturbado pelos últimos a entrar, tentando encontrar um lugar. A esmagadora maioria das pessoas está sentada no chão.
Os irmãos da comunidade vão entrando e ocupam os banquinhos de oração ao centro, virados para o ícone da Reconciliação. Nisto, alguém entoa o primeiro verso do cântico e um instante depois, toda a igreja canta em uníssono. São cânticos pequenos e simples, o seu carácter repetitivo permite uma fácil interiorização. A liturgia de Taizé assenta em leituras bíblicas, nos cânticos e no silêncio, permitindo atingir momentos de Paz e de alguma comoção, em especial na sexta-feira a Adoração da Cruz.
A simplicidade das coisas é uma constante. As refeições são precedidas de longas filas até atingir diversas “linhas de distribuição”, pega-se no tabuleiro no prato e na malga, por vezes ainda molhados da lavagem e acolhe-se a comida. Um jovem com uma colher de sopa deita a comida no prato, outro dá uma peça de fruta, um queijo, outro umas bolachas.
Ao lado, na copa é a festa da lavagem com as mangueiras, a alegria de se ser necessário. Segurando o plástico colorido dos tabuleiros das malgas com uma colher apenas, sentados em bancos de correr eu nos canteiros, enquanto se come aproveita-se a ocasião para conhecer os que se sentam ao nosso lado. Um é polaco, outro do Congo, é enorme o leque de nacionalidades presentes e visível o sentimento de proximidade.
O próprio alojamento dos jovens nas grandes tendas de campanha, nas suas pequenas tendas ou nos dormitórios em saco cama, espelha bem um certo despojamento a que Taizé nos convida.
À noite no OiaK, o café ( não lucrativo) da comunidade, é a festa de todos os povos, numa miscelânea de danças e grupos. Um clima espontâneo de festa que é pena terminar tão cedo.
Apesar do movimento de tantos jovens Taizé não apresenta sinais de comércio religioso oportunista e fácil de que, apenas tem uma sala de exposições onde os Irmãos vendem o fruto do seu trabalho, os postais, os livros, as músicas, o artesanato, os Ícones.
É antes na busca de um espírito de comunhão entre homens e mulheres, crentes e não crentes, católicos e protestantes, que reside o “Segredo” de Taizé.
Nas reuniões de grupos, é-se convidado a debater uma realidade concreta, Um estudante de Espanha fala da vida na sua paróquia em Málaga, um africano reflecte sobre as formas de rezar dos diferentes povos... É grande a pluralidade e sente-se o clima de universalidade, levar os jovens a partilhar, como podem dar continuidade ao que se vive em Taizé no seu regresso a casa, na sua paróquia. Todos falam com todos, as línguas são diferentes, também as realidades que se descobrem. Pequenos passos para um esforço de solidariedade concreta, pedra de toque da “pedagogia” de Taizé.
“No lugar onde vives, não temas a luta pelos oprimidos, sejam eles crentes ou não e procura a justiça” – escrevia o Irmão Roger , apelava a uma vida de solidariedade concreta com os mais pobres, a palavra em si só pode tornar-se ópio, concluía.
A vivência de Taizé leva-nos assim, a cortar com o rodopio do quotidiano e a contactar com uma experiência única, de encontro e de paragem.
“Passa-se por Taizé como se passa por uma fonte, o viajante pára, repousa e mata a sede e continua o seu caminho” dizia o Papa João Paulo II, na sua curta visita a Taizé, em Outubro de 1986.
Desde finais dos anos 70 Taizé iniciou aquilo a que chamou “Uma peregrinação à volta da Terra”. Sentiu a necessidade de ir ao encontro dos jovens e tiveram inicio os Encontros Europeus que tem lugar em grandes cidades Europeias, todos os anos no final de cada ano, onde participam por vezes mais de 80.000 jovens.
E o convívio com este povo em marcha é uma celebração antecipada da unidade dos cristãos, numa Igreja despojada e atenta. Fiel à sua vocação ecumé-nica, Taizé não procura ser mais um movimento, mas antes levar cada um a empenhar-se mais, no local onde vive, a ser semente de reconciliação entre os homens.
Sessenta e cinco anos depois, o desafio de Taizé aí está : interpelação séria à necessária renovação da Igreja, esforço pela unidade de todos os cristãos, apelo à capacidade de entendimento entre os povos.
Em Taizé aprendi a escutar o Silencio, a ver que a Paz que eu procuro está muitas vezes no silêncio que eu não faço.
Mas há 4 coisas que nos marcam em Taizé , “A Paz interior” que encontramos, “A Simplicidade” que se vive, e que aprendemos a viver, “A Partilha” das pequenas coisas e de nós mesmos e “A Reconciliação” que temos a possibilidade de viver e sentir, connosco com os outros e com Deus.

Nuno Pessoa



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