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Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 26 de August de 2005 19:45

Regressámos há uns dias e só hoje consegui ter disposição para vos dizer qualquer coisa sobre a tragédia a que assistimos pessoalmente, em Taizé, no passado dia 16.

Sobre o Irmão Roger o Miguel disse tudo.

Hoje alegro-me de ter estado em Taizé nestes dias. De ter tido a graça de ter este vislumbre da Paixão e da Ressureição.

Espero que o dom da vida do irmão Roger não seja em vão e que depois das palavras bonitas todos sejamos capazes de dar passos concretos no sentido que ele nos apontou.

Algém me disse que Cristo quis dar ao Irmão Roger a Coroa do Martírio... tenho alguma dificuldade em entender o sentido desta ideia, mas não deixo de pensar se não descobriremos o sentido para isto tudo, o que esta entrega pode significar para a Igreja.

Antes de morrer, quando era transportado nos braços dos irmãos para fora da Igreja da reconciliação, perante o nosso olhar aterrado, o irmão Roger, num último gesto, tentou tocar o Ícone da Cruz.

Sentimos uma enorme tranquilidade durante toda a noite como se a Paz de Cristo descesse sobre nós no momento em que o Irmão Roger se encontrava face a face com o invisivel.

E no dia seguinte o seu olhar e o seu sorriso estavam espelhados no rosto de tantos, em Taizé.

Tozé

Desculpem, ainda não consigo estruturar muito bem tudo o que sinto

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: chuva (IP registado)
Data: 27 de August de 2005 14:01

Que bonito e interessante testemunho :)

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 29 de August de 2005 01:01

Uma hora depois telefonaram-me de taizé a pedir orações. O Irmão Roger tinha partido.
Ficamos acabrunhados. Como Deus está a precisar de Santos no céu. Irmã Lucia, João PAulo II, Roger Schultz.
Unido á comunidade de Taizé oro pelo seu primeiro prior e pela comunidade, para que seja sempre fiel ao carisma que recebeu.

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 29 de August de 2005 23:44

Caro Miguel (Rmcf),

Muito obrigado pela tua partilha. Decerto que será mais um estímulo para que muitas outras pessoas, que por aqui passam e lêem, decidam ir a Taizé. É importante este encontro com Deus, nesse deserto como tu o descreves. Hoje, no meio citadino e stressante em que vive a maioria das pessoas, faltam espaços e momentos calmos que nos facilitem e proporcionem esse contacto com Ele.

Provavelmente é isso que favorece Taizé: essa calma e silêncio no meio do nada.

Nunca estive em Taizé. O ano passado, tentados pelo Tozé, ainda considerámos essa hipótese, só que entretanto a Madalena decidiu nascer, pelo que adiámos a viagem por uns tempos. Nessa altura, ela irá também connosco.

Porém, não preciso de ter estado em Taizé para ver à minha volta os seus frutos. Sobretudo, nos jovens a quem a Igreja menos lhes diz, ou menos se interessam pela Igreja (dito de forma mais correcta). Na minha opinião, e para além do que já disse atrás, penso que esta é uma das características mais marcantes de Taizé: levar Deus àqueles que não frequentam a Igreja, e que a Igreja ainda não encontrou forma de chegar até eles.

Fala-se de "Nova Evangelização" e estou convencido que poucos (para não dizer ninguém) faz ideia do que isso seja, para lá de uma frase bonita digna de uma título publicitário. Para mim, Taizé é um exemplo vivo de comunidade fruto de uma nova forma de viver o Evangelho. Existe há décadas mas nem por isso deixa de ser novo. Como diz o Miguel: sem obrigações, sem autoridade, sem hierarquia, sem poderes e sem cátedras. Basta a oração, saber escutar, saber ouvir, estar presente, partilhar... e o Espírito Santo fará o resto. Surpreende-me que no último livro de João Paulo II, os movimentos que ele destaca são aqueles que menos capacidade têm de chegar às pessoas que não frequentam a Igreja... e não se mencione outros, como Taizé.

O Moisés diz uma coisa engraçada: «Como Deus está a precisar de Santos no céu». Talvez porque se aperceba que as sementes por eles semeadas estejam a dar frutos e a crescer por si.

Não quero terminar esta mensagem sem enviar um abraço especial ao Tozé. Foi a primeira pessoa que me lembrei quando soube o que tinha acontecido. Decidi ligar-lhe não fosse ele estar de férias e não saber o que se passava. Claro está que ele estava em Taizé (onde mais poderia estar). Falei com ele. O seu testemunho de quem assistiu há poucos minutos ao assassinato de um santo fez-me perceber que em Taizé, Deus toca realmente no coração das pessoas, mostrando-nos que não há outra forma de vivermos que não seja como irmãos em Cristo e em Paz.

Um abraço para todos vós, e, quem sabe um destes dias nos encontramos todos em Taizé.
Luis Gonzaga

P.S. Esquecia-me de algo importante que quero partilhar convosco. Taizé é importante também pela componente de caminho. Se a oração é importante e imprescindível na caminhada de cada cristão, penso que é também importante o pôr-se a caminho. Pegar no cajado e caminhar. Sentir que Deus nos acompanha e faz o caminho connosco. Como diz a canção: Somos um povo que caminha e juntos caminhando podemos alcançar, outra cidade onde há justiça, sem penas nem tristeza, cidade onde há Paz.

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 03 de September de 2005 00:28

O ecumenismo tem 2 componentes, a do coração e a da mente.

É necessario amar o proximo, amar os cristãos de outros credos, apesar das diferenças, maiores ou menores que existam (no total estão registados mais de 40.000 denominações cristãs, com as mais diferentes doutrinas). É preciso em primeiro lugar que a adesão comum à mensagem de Jesus Cristo sirva para unir, que nos leve ao amor mutuo e não à desunião e à discordia.

É neste ponto que Taizé é importante. Como sinal desse amor mutuo. Aliás não vale tanto pelo numero de pessoas que visitam a comunidade e são tocadas directamente por essa visita. Eu só conheço uma pessoa que sei que já foi a Taizé (e por acaso não lhe agradou nem desagradou, ficou indiferente à vivencia da comunidade). Vale principalmente pelo testemunho de amor mutuo, independentemente de serem milhões ou milhares. Se forem mais melhor.

Esse amor mutuo é importantissimo para que depois possa existir o ecumenismo teologico. Se tivermos verdadeiro amor pelos cristãos de outros denominações teremos disposição e boa vontade para dialogarmos, nos compreendermos. Muitas divisões foram provocadas por falta de dialogo e vontade de compreensão. Muitas vezes problemas de linguagem levaram a divisões entre os cristãos. Ainda recentemente os catolicos e os luteranos chegaram a um texto comum sobre a justificação. Seculos de divisões amargas provocados por falta de dialogo, injustificaveis incompreenções linguisticas!

Quanto à falta de hieraquia e de autoridade, O irmão roger deixou um sucessor, logo existe um hieraquia, aliás Cristo deixou uma Igreja hierarquica e o compromisso cristão implica muitas e serias obrigações. Tudo nos é permitido mas nem tudo nos é conveniente, já dizia S. Paulo.

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 03 de September de 2005 00:35

Claro que a comunidade tem um Prior.* Sugiro a leitura da regra (publicada em portugal com o título "as fontes de Taizé" para perceber como o Ir. Roger formulou esse papel. Que exemplo para as tentações prepotentes de tantos dirigentes, na igreja ou na sociedade.

Alias o Ir. Alois será um digno sucessor do Ir Roger!


*tb designado pr servo da comunhão

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 04 de September de 2005 20:49

Caro Camilo... se leres bem o meu texto, vais ver que eu NÃO disse que não havia hierarquia em Taizé

Abrço fraterno

Miguel

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de September de 2005 23:53

quem insinuou isso foi o Luis Gonzaga "...sem obrigações, sem autoridade, sem hierarquia, sem poderes e sem cátedras" Mas Jesus não fundou assim a Igreja, deixou-a ao cuidado dos Apostolos e a S. Pedro o dever de confirmar os irmãos na fé.

A Igreja não é um corpo amorfo, um aglomerado de celulas sem qualquer coordenação; tem organização, poderes, catedras e um cristão tem obrigações. Jesus disse-nos para seguirmos pelo caminho estreito e ingreme, não pelo largo, espaçoso e facil.

Quanto aos movimentos que têm capacidade para chegar às pessoas que não frequentam a Igreja. A Igreja não é um clube de futebol que tenha como um dos principais objectivos ter muitos socios. Quero com isto dizer que não me parece o mais adequado tentar conseguir proclamações de fé sem que estas tenham uma conrespondencia minima numa conversão de vida. As pessoas sentem-se atraidas pelos mais variados movimentos, pelos mais variados carismas destes, por vezes de forma muito surpreendente.

Uma amiga minha andou pelos mais variados esoterismos até que acabou por se reconverter à fé católica atraves do renovamento carismatico. 1 amigo meu era não praticante até que se tornou um cristão fervoroso devido ao Opus Dei e à sua ideia força de santificação no trabalho e pelo trabalho. Conheço outras pessoas que se tornaram cristãos praticantes pela acção da conferencia de s. vicente de paulo, pelos testemunho de missionários em paises de missão, outros simplesmente pela acção de um grupo de jovens da paroquia, pela catequese paroquial, pelos escuteiros. Por acaso pela acção de Taizé não conheço nenhum mas eu só conheço uma pessoa que eu sei que foi a Taizé.

Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 09 de September de 2005 19:38

Camilo:

Tens toda a razão quando dizes que há uma diversidade de espiritualidades e movimentos e que lógicamente as pessoas vão descobrindo e construindo a sua relação com Deus em função da sua própria experiência de vida e da sua própria sensibilidade.

Neste tópico estamos a avaliar e a reflectir sobre a actividade e a vida do Irmão Roger e a procurar analisar a importância de Taizé para a construção do Reino.

No teu post é evidente que a informação de que dispões sobre Taizé é indirecta, o que te leva apesar de tudo teres uma posição que me parece interessante, porque procura sistematizar as questões que se colocam ao processo ecuménico.

Se um dia tiveres oportunidade de ir passar uma semam a Taizé certamente preceberás melhor o que queremos dizer...

Já não partilho a tua opinião (aliás frequente em algumas pessoas ligadas a Igreja) de que a Igreja de Jesus Cristo é como um clube, e que para lhe aderir é preciso aceitar os estatutos e obedecer aos orgãos sociais... Normalmente essas pessoas são muito lestas a apontar o dedo a este e a aquele, de que que não são verdadeiros católicos porque discordam deste ou daquela norma o posição da igreja... às vezes sem eles próprios saberem muito bem qual é a verdadeira posição!

O que eu aprendi em Taizé é que a adesão a Jesus cristo, a busca dessa comunhão com Ele é algo muito diferente, até mais difícil , que é a capacidade de escutar, no silêncio e na oração, á luz do evangelho, essa proposta permanente de amor sem limtes que Ele nos faz. E a que o Irmão Roger respondeu sim até ao limite!

Tozé


Re: Faleceu o Ir. Roger
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 10 de September de 2005 01:02

Eu disse que a igreja NÃO é como um clube que queira ter o maior nº de socios possiveis mesmo que para isso tenha de abdicar da mensagem de Jesus Cristo. Por isso não me entusiasmam concessões a modas para facilitar adesões. Mas também acho necessário um permanente aprofundamento dos Evangelhos que leve a incultura-lo, a discernir o essencial do acessorio e o humano do divino.

"Normalmente essas pessoas são muito lestas a apontar o dedo a este e a aquele, de que que não são verdadeiros católicos porque discordam deste ou daquela norma o posição da igreja"... a imitação de Cristo, Cristo não apagava a mecha que ainda fumegava.

" que eu aprendi em Taizé é que a adesão a Jesus cristo, a busca dessa comunhão com Ele é algo muito diferente, até mais difícil , que é a capacidade de escutar, no silêncio e na oração, á luz do evangelho, essa proposta permanente de amor sem limtes que Ele nos faz"
é isso mas não é só isso, está longe de ser apenas e só isso, falta aí a dimensão fraternal, o ver a Cristo no proximo e provavelmente faltam ainda outros coisas. Taizé vive esse carismo com particular intensidade mas assim como existem ordens comtemplativas, missionarias, dedicadas à caridade, existe em Taizé esse carisma particular. Neste aspecto particular da adesão a Cristo e da comunhão com Ele e dos irmãos NEle é mais importante o afecto, o sentimento, o amor que a razão, a fé racionalizada. E creio que realmente esta parte é a mais dificil e a mais importante porque Deus é amor, o mandamento de Cristo é que nos amemos, disse mesmo que os homens acreditaram se permanecermos unidos no seu amor, etc.
Creio que falta aí a dimensão do ir ao encontro dos irmãos em Cristo. É uma parte essencial do cristianismo. Mas também umas breves palavras numa resposta num forum não pretendem certamente ser uma formulação exacta e perfeita daquilo que deve ser o "ecumenismo do coração" (termo inventado por mim).

"não são verdadeiros católicos porque discordam deste ou daquela norma o posição da igreja"
a igreja tem dogmas e outra doutrina de fé proclamada como verdade que deve ser aceite pelos catolicos. Tambem é verdade que são menos do que aqueles que as pessoas habitualmente julgam, diria talvez que são muito menos. É frequente as pessoas verem o poder como opressão, no mundo é assim e os dogmas como intolerancia mas na igreja o poder deve ser serviço e os dogmas como sinais luminosos para guiar o caminho, ensinamentos que o Espirito Santo transmitiu à Igreja e aos cristãos para os ajudar no caminho da fé e da salvação. Frequentemente neste ponto se imisquiu o fermento dos fariseus, a tal exigencia desproporcionada que mencionou. Mas existe um corpo minimo da doutrina catolica que de que deve ser exigida a aceitação. Jesus também disse que quem altera-se um só jota da sua doutrina seria o menor no Reino dos Céus e a nossa vida não se deve pautar pelo facilitismo mas pela exigencia pessoal.
Depois o homem é um ser inteiro, a razão deve andar unida ao sentimento, o ecumenismo deve tambem passar pelo dialogo teologico para ser completo como devia ser completa a união entre os cristão.

Sem existir amor reciprocuo entre os cristão das varias denominações este "ecumenismo da razão" não será possivel porque não haverá capacidade de escuta, não existirá verdadeira vontade para que isso aconteça.

As doutrinas teologicas acabam por ter reflexos na pratica do dia a a dia, em particular na moral, nesse mesmo "ecumenismo do coração", apesar de tudo não podemos menosprezar a importancia do dialogo teologico para o ecumenismo. Senão as diferentes posições, muitas vezes apenas diferentes perspectivas da mesma realidade ou até apenas o uso de diferentes linguagens, podem deteriorar o "ecumenismo do coração".

Por fim é fundamental desenvolver o amor fraterno entre todos os cristãos para que a mensagem de Cristo seja aceite pelos Homens. Jesus disse "os homens acreditaram se permanecerdes unidos no meu amor". Se não dermos testemunho de amor mutuo dificilmente os não crentes aderirão à fé porque existirá uma contradição entre aquilo que proclamamos e aquilo que vivemos.

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