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novas beatas
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:06

«Santinha» de tropeço
- Um caso exemplar

Lá para os lados de Arouca, exactamente na freguesia de Tropeço, ganhou raízes um outro «santuário» com referência de destaque na rota da crendice em Portugal. A semente foi lançada à terra, em finais de 1975, através do anúncio do «milagre» de que era beneficiária uma criança, Maria Rosalina, que passara a viver sem ter necessidade de se alimentar! Segundo alguns padres, num documento que elaboraram para denunciar os factos anómalos que se desenrolavam, a jovem teria apresentado sinais de eplipsia e sua mãe, convencida de que ela estava possuída pela alma de um antigo pároco da freguesia, teria levado a Rosalina à consulta de bruxas. Pouco depois, a jovem começou a entrar em êxtase e a ser visitada por Nossa Senhora, com quem passou a ter conversas...
Criadas, assim, condições para anunciar ao mundo a existência, em Tropeço, de uma nova «santa», tanto bastou para que legiões de crentes no «sobrenatural tangível» descobrissem novo local de peregrinação. Inicialmente, em qualquer dia mas, actualmente, apenas nas manhãs de sábado e domingo, a aldeia perdida nuns montados de Arouca, tornou-se pouco de encontro de gentes oriundas das mais diversas regiões do país e do estrangeiro. Homens e mulheres que se debruçam sobre a Rosalina, deitada na cama e com um crucifixo entre as mãos, a fim de lhe ciciarem pedidos a troco de ofertas em dinheiro.
Quando a fama do «santuário» já corria mundo, as autoridades ainda tentaram pôr cobro ao insólito acontecimento e, para o efeito, o Ministério Público moveu uma acção com vista a que a Maria Rosalina fosse retirada da tulela da mãe sobre quem recaiam suspeitas de ser e responsável pelo que se passava. Só que o juiz sentenciou que a jovem «é bem cuidada na sua enfermidade pela mãe» e que não se provou que «os pais ou a menor de algum modo exijam ou tão-só solicitem dinheiro aos visitantes», pelo que «mau grado o estado de religiosidade da menor e da mãe» não se motrava adequada para a Rosalina a sua separação dos pais. Determinou, no entanto, o magistrado que a menor «não poderá ser visitada por pessoas com as quais não mantém quaisquer tipos de relações», cabendo à GNR a fiscalização do cumprimento desta medida.
Tal decisão nunca foi acatada e a própria mãe da Rosalina declaraou peremptoriamente que sua filha não deixaria de receber quem a procurasse nos dias e horários estabelecidos. Quando, em 13 de Março de 1982, a Maria Rosalina completou 18 anos de idade, logo sua mãe anunciou: «Ela, agora, é livre e pode receber quem quiser, ainda que seja um milhão!»
...E assim, de facto, continua a acontecer com a Maria Rosalina a motivar a peregrinação dos seus crentes aos sábados e domingos, pela manhãzinha...

...E a obra nasce

Um outro «santuário» nasceu há mais tempo em Vila Cova à Coelheira, Vila Nova de Paiva. Foi em 28 de Junho de 1939 quando Maria Ferreira Saraiva, a «Saraiveta», então com 10 anos de idade, e Benjamim dos Santos (14 anos) vigiavam cabras no monte da Lovagueira. Subitamente, «apareceu-lhes» Nossa Senhora a encarregá-los da missão de construirem uma capela naquele mesmo lugar. E, assim sucedeu, pois quando um(a) «vidente» sonha a obra nasce... Entretanto, como é da tradição, aquele monte serviu de cenário à «dança do sol» e a «chuva de flores» resultante de fenómenos «sobrenaturais», para que todo o mundo se convencesse de que «aquilo era coisa séria».
Embora a hierarquia da Igreja Católica viesse a terreiro para se demarcar de tais acontecimentos, a verdade é que capela ergueu-se e não mais deixou de ser ponto e encontro de devotos. O bispo de Lamego ainda chegou a proclamar que à Maria e ao Benjamim faltavam «dotes e qualidades indispensáveis para se poder dar algum crédito ao que dizem», mas os «pagadores de promessas», especialmente no dia 28 de cada mês, jamais deixaram de para ali peregrinar.
É mais um ponto de encontro de quem procura remédios para qualquer mal...




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Re: novas beatas
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 03:01

Maria Piedade está hoje com 64 anos, mas a idade não é impedimento a que quase todos os dias se desloque junto do busto de Sousa Martins, erguido à entrada do antigo Sanatório. Ao sair de casa é até a primeira coisa que faz. Diz que não se sente bem se primeiro não for ver o “irmão”. Duas vezes por semana com a ajuda de Virgínia Rodrigues , Maria Piedade enfeita e cuida do Doutor Sousa Martins. Num olhar mais atento em dia de tão importante tarefa, damo-nos conta que aquele espaço é muito mais que uma simples estátua. Flores de muitas cores e feitios aparecem como que por milagre junto do Nicho. Mas nem sempre foi assim. Maria Piedade recorda o tempo em que era ela que comprava as flores para levar ao Sousa Martins. A ‘fama’ de Santo começou a espalhar-se e agora as flores aparecem como forma de agradecimento pelas graças concedidas. Não é uma, nem duas, nem três pessoas que se deslocam junto do chamado 'Santo' e que num gesto quase secreto colocam um ramo de cravos ou de rosas. Há, também, quem prefira agradecer com uma vela, com uma fotografia ou com uma pequena placa.

Maria Piedade tem muitas histórias para contar sobre as curas que o Doutor faz. “Basta pedir que ele concede”, diz a crente. Há muitas pessoas que se dirigem a ela a pedir o remédio para determinada cura, mas há quem simplesmente se dirija ao busto de Sousa Martins e faça a sua prece. “A mim fez-me o bem sem eu saber”, explica Maria Piedade. Recorda que foi operada a um peito e segundo diz, “o Doutor assistiu à minha operação”. Para esta senhora de 64 anos, apenas o corpo morre, o espírito está sempre vivo e “quem em vida faz o bem volta com o mesmo fim, quem faz mal continua a fazê-lo”. A devota conta que são muitas as pessoas que a abordam para lhe pedir a cura de determinada doença. Depressões, operações ao coração, cancros, tudo pode ser curado pelo 'Santo'. “Basta ter fé e acreditar”. Mas Maria Piedade sabe que nem toda a gente acredita, mas é ela, então, que pede por essas pessoas e o “que importa é fazer o bem”. Em todos estes anos já lhe aconteceram episódios menos bons. Houve casos em que chegou ao Nicho e o encontrou com as flores todas destruídas. Lembra também, com algum receio, uma vez em que uma senhora a tratou mal chegando mesmo a bater-lhe. Agora, Maria Piedade nunca fica no jardim do Parque da Saúde até tarde com medo do que possa acontecer.

Casos reais
A Maria Piedade chegam pedidos de todo o tipo no que toca à saúde, ou melhor, à falta dela. Cicatrizes mal curadas, operações ao coração, depressões, cancros, tudo o Doutor 'Santo' é chamado a curar. A devota, Maria da Piedade tem tantos exemplos de cura quantas as pessoas que vieram ter com ela. Na tarde em que as duas mulheres se dedicaram mais uma vez a enfeitar o Nicho, muitos foram os que passaram por lá para fazer o seu pedido. Sobre o quê não sabemos. Sabemos apenas que eram feitos com fé e devoção e na esperança de que o 'Santo' atendesse o seu pedido. António Leitão é um devoto do Dr. Sousa Martins. Há três anos teve uma hemorragia que o ia levando à morte. Nessa altura pediu ao 'Santo' para o salvar e a graça foi-lhe concedida. Ao sair do hospital apareceram complicações. Primeiro foi a doença Zona que o acabaria por levar à cama e depois acabou por entrar em depressão. “Quem me valeu foi o Doutor”, afirmou António Leitão. Desde então sempre que vem à Guarda desloca-se ao Nicho para agradecer a “graça de estar vivo”.

Sousa Martins natural de Alhandra
José Thomaz Sousa Martins, nasceu em Alhandra, no distrito de Lisboa, a sete de Março de 1843. Em 1864 terminou o Curso de Farmácia e passados dois anos o de Medicina.

Por muitos foi caracterizado como um “ser excepcional”, porque demonstrou capacidades que escapam à grande maioria dos homens. “Um ser de eleição pelo poder a quem a vida experimentou todas as suas facetas”. Conta a história que em 1881, o Doutor Sousa Martins ao fazer uma expedição à Serra da Estrela considerou a elevada montanha um local óptimo para o tratamento da Tuberculose. Em sua honra e pelo seu empenho à causa da Tuberculose, veio a ser dado a este Sanatório o nome de Sousa Martins. Acabaria por cometer suicídio aos 54 anos para fugir à Tuberculose. É conhecida a sua frase “a morte não é mais forte que eu”.

Eduarda Pereira

Re: novas beatas
Escrito por: Zéca (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 21:19

Este TALIBAN nada tem a ver com a Alquaeda de BenLaden!
Bem ele lá sabe.
O teu assunto já é muito velho e batido. És um frustrado da vida e nota-se que vives no "jardim das frustrações"; és anticlerical e nem sabes que o és profundamente. Os teus comentários não são tidos em conta. Escreve elevando a tua dignidade.
Tenho dito
José

Re: novas beatas
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 13 de May de 2004 20:35

ò José. Vai ver a alexandra!


"Sábado, 1 de Maio, entrada lateral do Hotel Roma, centenas de pessoas preparam-se para entrar na sala de Reuniões e assistir a mais uma palestra (???) de Alexandra Solnado. Forma-se uma fila de mais de 200 metros, com cerca de 400 pessoas. Todas estão expectantes, sobretudo duas senhoras que à minha frente na fila, comentam o livro ( 1 e 2 ) de Alexandra ( 20% ) e Jesus ( 80%). Pouco antes das 15 horas, abrem-se as portas da sala de Reuniões do Hotel Roma. Um homem gordo, vende livros, tal qual as meninas das pipocas no Circo. Quem quer?? 1 ou 2? Arranje troco, minha senhora.., diz o fulano. Um pouco mais de silêncio e algum incenso, com música de fundo à mistura, fazem o cenário perfeito para a entrada de Alexandra Solnado. De branco, sem perder os tiques de actriz, lá salta ela para o pequeno palco montado à frente. Nota-se o à vontade de quem já tem milhares de horas de teatro. Depois de breves momentos de "linguagem corrente e banal", eis Alexandra no seu melhor, a convidar a assistência, a uma "ida ao Céu". Melhor que ela, só mesmo o Prof. Alberto Lopes, a levar as pessoas a uma viagem onde seria suposto verem o seu Ser Superior. Finalizada a "cena", não se vislumbra que ninguém tenha conseguido ir ao Céu e vir, em pouco mais de 15 minutos. Alexandra nem se atreve a perguntar se alguém viu alguma coisa, preocupando-se mais, com os livros que irá rubricar e vender. Um staff de 4 pessoas, incluindo uma brasileira que cá fora dava bilhetes de entrada e uma outra que passava incenso pela sala, para criar "ambiente". Ao fim de hora e meia de "espectáculo", quem entrou gordo saíu gordo, quem pensava que ia resolver os seus problemas, apenas os silenciou naquela hora e meia. Alexandra revelou ainda não ter esquecido o palco, revelando-se uma actriz algo talentosa, nas histórias que contou e fez querer aos que a ouviam. Tudo dito, com conta, peso e medida, bem ensaiado, sem esquecer que 20% do que se esvreve no livro é de sua autoria e os restantes 80, de Jesus. Não convenceu, nem se convenceu. Alexandra e a sua equipa de eficientes terapeutas, da melhor água como fez questão de dizer, aproveitou para publicitar as suas "limpezas", Cursos, etc etc... O negócio floresce a olhos vistos. Da minha parte chegou uma vez para ver o "filme". Como diz o povo " Deus não dorme "."

Re: novas beatas
Escrito por: Padre João luis Paixão (IP registado)
Data: 14 de May de 2004 00:19

O Dr Sousa Martins era espirita, Maçon, anti Cristão. Logo não foi, não é e nunca será santo. Mais um caso de superstição. depois de 2 anos de catequese na mimha paroquia consegui erradicar esse culto. Hoje, que eu saiba, não ha na comunidade cristã quem ligue a esse senhor. Basta catequisar as pessoas.
A Alexandra Solnado é mais um caso de gente sem escrupulos que se enche de dinheiro á conta do desconhecimento das pessoas.
Não lhe dou muita importancia, mas ja falei dela a quem me perguntou, e lhe disse que é charlatanisse.

Re: novas beatas
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 14 de May de 2004 00:36

Charlatanice

Re: novas beatas
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 14 de May de 2004 00:48

Um Curso em Milagres
A Course in Miracles [ACIM] é o nome de um livro alegadamente canalizado, ditado por Jesus a Helen Schucman, "um altamente respeitado psicólogo." Parece que Jesus queria corrigir alguns erros do Cristianismo, e escolheu este fascinante meio para revelar ao mundo o que queria. Jesus quer mais perdão e menos sofrimento, sacrificio, separação e sacramento. Há algo nas palavras começadas por s que incomoda Jesus, aparentemente. ACIM é Crisitianismo Corrigido.

Para saber o que Jesus realmente queria quando veio salvar o mundo, pode comprar o livro ou outros similares, comprar cassetes audio, videos, ou participar em seminários e grupos de discussão. Pode mesmo frequentar a Academy of the Foundation for Inner Peace, allegedamente modelada segundo a Academia de Platão, onde pode conseguir que o Espirito Santo o ajude a compreender a verdadeira mensagem de Jesus e a voltar ao seu dia a dia com um mais profundo entendimento da diferença entre aparência e realidade, ilusão e verdade.

Porque devemos acreditar que as palavras de Helen Schucman são as palavras de Jesus? Segundo uma FAQ de ACIM

Uma Voz Interior ditou os três livros a Helen Schucman (1909-1981), um psicólogo clinico, começando em 21 de Outobro de 1965 e terminando em 14 de Setembro de 1972. William Thetford (1919-1988), outro psicólogo clinico, assistiu-a com encorajamentos, redacção e amizade.

A Voz dictou a Helen nos momentos livre do trabalho, no metro, em casa. Ela anotava tudo no seu bloco de apontamentos. Na manhã seguinte, Helen encontrava-se com Bill Thetford no escritório e lia o ditado enquanto ele o batia à máquina.

Bill não estava interessado na edição final do manuscrito; isto foi feito por Helen e Ken Wapnick. (Wapnick é outro psicólogo, que com a sua mulher psicóloga, Gloria, fundou a Foundation for Inner Peace.) Juntos, os dois reviram o texto, removeram material pessoal, dividiram-no em secções e adicionaram titulos. Ken Wapnick sózinho, editou recentemente a segunda edição.

Para a tremenda questão, Porque é que chama "A Course in Miracles"? a resposta é que foi isso que a Voz disse que se

Re: novas beatas
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 14 de May de 2004 01:24

Taliban,

A tua mensagem (14/05/04 00:36) de há pouco teve a sua piada :-)
De facto, "Charlatinice" é com 'c' e não com dois 'ss'.

Mas "sacrificio", "Crisitianismo", "clinico", "allegedamente", "Espirito", "titulos" também merecem pequenos reparos...

Por este motivo, e dado que o essencial é que nos compreendamos, todos se esforçam, ou devem fazê-lo, para escrever o melhor possível. Mas também não é necessário chegarmos ao preciosismo de nos corrigirmos mutuamente, correndo o risco de no final de cada mensagem existirem algumas erratas.

Luis

Re: novas beatas
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 15 de May de 2004 01:30

O santo padre Julião

Vila Chã da Beira. A aldeia está deserta. Chove. Indica uma placa: Capela de Santo António. Padre Julião. A rua é estreita. Num pequeno largo surge, do lado esquerdo, uma capela. No alto, um pequeno sino com uma corda. Serve para chamar a zeladora se a porta verde estiver fechada e se quiser ir ver «o Santo». Maria Helena Morgado, zeladora da capela, estava no adro: «Largo de Santo António. Nesta capela encontra-se exposto o corpo do Revº Padre Julião que o povo venera como santo. 1973».
Abre a porta. E aparece aquele corpo escuro, de dentes muito brancos, numa urna de vidro com estrutura de alumínio, vestido com uma batina branca e com as mãos colocadas uma em cima da outra sobre o ventre. Está seco, carcomido. Parece madeira. «Agora está a crescer-lhe o cabelo». Olho e vêem-se umas coisas negras na cabeça. O corpo tem alguns pequenos buracos, parece traça. «Foi enterrado com estes sapatos». Julião Bultron nasceu em Espanha a 7 de Fevereiro de 1874. «Veio para uma terra chamada Cimbres (aldeia perto de Vila Chã) fazer umas missões», conta Maria Helena Morgado. «Chegou aqui e adoeceu no primeiro dia. Esteve nove dias doente. Morreu a 3 de Março de 1901. Passados 21 anos, uma senhora sonhou com ele e vieram de noite desenterrá-lo em segredo. Não estava corrompido. Voltaram a enterrá-lo. A senhora continuou a sonhar com ele e vieram as autoridades. Tiraram-no e deitaram-lhe um balde de cal. Não corrompeu». Decorria o ano de 1922. Foi exposto a público e considerado santo.
Atrás da capelinha há uma arrecadação onde se guardam os «milagres»: velas, figuras em cera, poucas fotografias. «As pessoas chegam aqui, rezam e agradecem as graças concedidas. Deixam qualquer oferta e vão embora». Para Maria Helena Morgado o problema maior é mudá-lo. A senhora que o vestia morreu. «Tenho medo de lhe chegar as mãos, não é medo de lhe chegar as mãos, é medo de o desarranjar».
António Seixeira, ex-pároco de Vila Chã, foi encontrar uma situação antiga. «Fica-se entre a espada e a parede, sem saber que posição se deve assumir». Houve o bom senso de se iniciar o «processo preliminar para ver se há matéria para avançar com a canonização. Mas parece que o processo está parado». António Seixeira, devido a trabalhos de recuperação do mosteiro de Salzedas, teve de abandonar a paróquia. Mas «nunca se avançou mais do que aquilo que se pode. Nunca dissemos às pessoas que era santo ou que não o era. Há factos indiscutíveis que precisam de ser estudados».
Na prática é um culto privado, particular «que está a ser controlado para não haver exageros». Há uma conta em nome da comissão fabriqueira. «O dinheiro que existe está no banco à espera de gastos no processo de canonização. Isso não significa que não se gaste noutras coisas. Foi o caso dos alarmes». O maior problema neste processo de canonização pode ser a retirada do corpo, já que as regras obrigam a que não exista nenhum culto público. «Quem é que vai retirar o corpo? Tem de se preparar muito bem as pessoas. Temos de ver se de facto há indícios de santidade. Para isso é preciso que as pessoas serenamente aguardem todo o processo. Penso que tudo é possível fazer desde que as pessoas sejam esclarecidas, sejam informadas correctamente».
Se, por acaso, não for para a frente o processo de canonização, António Seixeira vê ali um «culto paralelo enraizado fortemente. Nessa altura não será muito fácil tomar qualquer atitude por parte da Igreja. Actualmente há uma expectativa. E enquanto as coisas estão neste banho-maria não é difícil aceitar esta convivência».
Claro que para os locais a possível ideia de retirar o corpo da capela de Santo António é assustadora. Maria Helena Morgado acha «melhor que esteja assim para toda a gente o ver. Está ali há mais de 75 anos». Haveria «uma revolução», diz um senhor.
José Ferreira Duarte, presidente da Junta de Freguesia de Vila Chã da Beira, explica que «o padre Julião está à parte da Junta. A Junta apenas participa, colabora com a participação da Igreja para melhoramentos na freguesia». Na verdade a aldeia está bem arranjada, limpa. E quem não o souber, nunca descobrirá que há ali exposto um corpo incorrupto visitado por muitas pessoas aos fins-de-semana e quando chegam os emigrantes. «É a fé que nos salva, meu senhor. Claro que todos acreditamos no santo e temos muita fé nele».

Santo Justo

A não mais de seis quilómetros de Vila Chã, fica Sanfins da Beira, concelho de Moimenta da Beira. Ali também há um corpo incorrupto. A rua está a ser arranjada. Tudo é lama.
— Onde é a capela do santo Justo?
— Lá em cima. Pergunte pela Zezinha.
Uma capela e, ao lado, noutra capela caiada a branco e quase em miniatura, está o santo.
— Está um bocadinho estragado, não está?
Este corpo assusta um pouco. Está gretado, manchado a branco, com algum cabelo. Cresce-lhe o cabelo? «Cair, cai-lhe, crescer...?». Uma criança não tem dúvidas: «Cresce, cresce». Maria José da Costa Coelho, conhecida pela Zézinha, é uma das zeladoras. Tem a chave e mostra o santo com o seu paramento num caixão de madeira castanha. O tampo é de vidro, a capelinha acanhada. Atrás, uma espécie de altar com outros santos, imagens que se encontram nas igrejas. Um cenário que se repete apesar de mais pobre, mais rude e atrofiado.
— Sabe, depois de vir para a luz ficou um bocadinho moreno. Nunca lhe deitaram nada. Aquelas manchas brancas? Foi assim, disse-me uma vizinha:
— Ó Zézinha, vamos-lhe por um bocadinho de pó-de-arroz?
— Ai! Eu não sei o que é isso.
— Tenho uma cunhada que o trouxe de Moçambique.
— Tu é que sabes, não sei nada disso.
Um dia a «rapariga veio aqui e pôs-lhe pó de arroz. Mas sabe o que aconteceu? Parece que o santinho ainda ficou mais triste. Conversamos com uma senhora que nos disse que os santos não queriam vaidade. Então fui buscar aguardente para o lavar. Se uma pessoa traz uma coisa de fazer vento e chupar aquilo tudo — nessa altura ainda não se falava dos aspiradores — não ficava assim. A aguardente fez o pó em massa e não o pudemos tirar daquelas frinchas porque tínhamos medo de o estragar. Lavei onde pude, onde não pude ficou dentro daquelas frestas».
Ficava explicada a cor do santo Justo, a palidez de um corpo carcomido, partido, feio. E o nome? «Ninguém sabe o nome. Depois puseram o nome Justo». Ouçamos a história: Ele foi encontrado na capela. Dizia-se que nascia lá uma roseira roxa e que, depois de cortada, voltava a nascer. Mais: três senhoras sonharam «três dias a eito» que havia lá um santo. Uma não quis saber. Mas as outras encontraram-se na capela uma noite para começarem as escavações. Quando estavam para desistir, uma disse que continuaria mais um pouco. «Uma subiu para cima e ficou a olhar e a outra começou a escavar com a sachola, porque se elas não escavam com a sachola ele não ficava assim tão defeituoso. Não tinha caixão».
Foi desenterrado em 1918. Primeiro ficou na capela da Senhora da Ajuda debaixo do soalho, havia um gradeado para ninguém passar por cima. «Quando a gente lá chegava levantava aquela porta». Mas, para a catequese, e com o aumento das crianças, o padre da terra resolveu tirar o gradeado para ter mais espaço. O povo não consentiu. «Foi por isso que a comissão fez esta capela» pelo ano de 1967. «O padre aceita. Ele estava vestido de roxo e foi ele que deu a ideia do paramento branco».
Fora de questão está a saída do santo do seu lugar. «Todas as pessoas acreditam nele. Devoção toda a gente tem. Quando demos parte ao senhor bispo houve uma voz que dizia que o ele o queria levar para Lamego. Vieram à capela e levaram-no para o forro das casas com medo que o viessem buscar. Quanto mais agora!».
Agora, para melhorar as condições da capela em que o santo está exposto, vão-se fazer obras. «De Verão está muito calor e ele torna-se mais seco. Vão mudar a porta para o lado da rua. Vão gastar quatro mil contos». E há esse dinheiro? «O dinheiro vai para a capela, para obras, para o que for preciso. Ele tira muito dinheiro». Este muito dinheiro deve ser entendido em quantias de mais ou menos 50 contos nos meses de Verão, quando há mais emigrantes. «Vão lá em baixo pôr uma placa a dizer Sanfins, onde está o Santo Justo e a capela da Senhora da Ajuda».
Um dos milagres que a população de Sanfins atribui ao santo é a protecção da terra de tormentos, como fogos ou alguma tempestade que estrague a agricultura. «Estamos cá guardados pelo Santo Justo. Há povoações que são inundadas e aqui não. E dizem que nós estamos protegidos por ele. Oxalá que ele peça sempre por nós. Isto está muito mau».

Santa Maria Adelaide

Destes cultos não reconhecidos pela Igreja, a Santa Maria Adelaide, em Arcozelo, é um dos mais conhecidos, talvez o maior de Portugal. À frente está a Junta de Freguesia de Arcozelo. «É uma situação que nenhum de nós poderá concretamente explicar a não ser pelo facto da Igreja não reconhecer a Santa Maria Adelaide, nem a ter santificado. Admitimos o facto como natural», explica José Guilherme Aguiar, presidente da Junta de Freguesia. Contactado, o padre José Branco, pároco da terra, não prestou qualquer declaração. José Guilherme Aguiar diz que «o povo se sobrepôs à vontade da Igreja e manifesta um culto à Santa Maria Adelaide que, independentemente das convicções religiosas ou crenças de cada um, deverá ser respeitado e ser admitido».
D. Maria Adelaide de Sam José e Sousa nasceu na cidade do Porto no ano de 1835. Quem conta a sua história é Augusto Gomes dos Santos, que se apaixonou pelo caso e iniciou as investigações publicando A Santa Maria Adelaide, livro que narra a vida de D. Maria Adelaide. Foi para o convento Corpus Christi de Vila Nova de Gaia onde adoeceu. Mudou-se para o largo do Moinho de Vento, no Porto. Mas piorou e o médico aconselhou-a a ir para uma zona marítima com pinheiros e eucaliptos. Arcozelo foi o lugar mais propício. Chegou em Maio de 1876. Melhorou. Fazia renda e pastéis. Com essas rendas que vendia, mais com os pastéis, auxiliava muita gente pobre de Arcozelo. Gostava de crianças, dava-lhes diariamente pão, doces, roupas, catequizava-as. Estava sempre pronta a reconciliar lares desavindos. Mas o mal que a havia levado para ali agravou-se devido a uma forte constipação. Morreu a quatro de Setembro de 1885.
A 23 de Fevereiro de 1916 o caixão foi retirado, pois a campa tinha sido vendida. Abriram-no. «Encontraram o corpo de uma senhora completamente intacto, como intactas estavam as roupas que o cobriam e exalava um acentuado aroma a rosas». O corpo foi «coberto com carboneto em pedra e regado com ácido nítrico ou água-forte» e foi sepultado na vala comum, próximo da casa das ossadas. Foi pedido segredo mas alguns dos rapazes que ajudaram a fazer o trabalho falaram. «Na sexta-feira de manhã, dia 25, em Arcozelo e freguesias vizinhas, ouvia-se grande gritaria a incitar o povo a ir ajudar a desenterrar uma santa, enquanto os sinos tocavam a rebate». No dia 27, «de enxada na mão, a ti Joaquina Rainha e a ti Rosa Caleira saltaram o muro traseiro do cemitério e deram as primeiras cavadelas para tirar a terra da campa para onde fora a santinha três dias antes». Maria Adelaide de Sam José e Sousa foi retirada. O seu corpo continuava incorrupto. O local foi evacuado. A santa foi lavada e «dentro de uma capela vestiram-lhe roupas novas e colocaram-na numa urna». Foi exposta e de forma ordenada todos viram os seus restos mortais. «Deitaram-lhe cal em pó, a urna foi fechada [...] Tinham decorrido cinco anos quando foi feita a transladação para a nova capela. A urna foi novamente aberta e o corpo, um tanto queimado pelos produtos que lhe juntaram, continuava incorrupto e a exalar um acentuado aroma de rosas [...] D. Maria Adelaide podia ser exposta a público [...] A 17 de Maio de 1924, um sábado ao fim da tarde, o corpo de D. Maria Adelaide foi transladado para a nova capela». Para o povo houve duas coisas que a tornaram santa. Diz Augusto Gomes dos Santos que «consideraram isso pela sua bondade e pelo corpo aparecer intacto».
Depois de vários atentados e roubos, em 25 de Maio de 1983 um homem entrou levando na mão um ramo de flores «e uma saca. Só junto ao túmulo tirou da saca uma marreta com a qual tentou desfazer a santinha».
Hoje, com aspecto disforme, numa capela riquíssima, a Santa Maria Adelaide está exposta. Num tumulo de mármore, tapado com vidro, é preciso subir três degrau de escadas para a ver. Os degraus, também de mármore, estão gastos. Tudo é luxuoso. Atrás, um altar com imagens de santos. Chega um casal com uma criança. Vão ver o corpo. Há pessoas a orar, um cheiro a cera do queimador que se encontra no exterior. Está um sol quente. Ao lado da capela a casa dos milagres. Aqui vende-se cera, cruzes com Cristo, porta-chaves, terços, postais. Fora, estende-se o cemitério e, no fundo, o museu onde se expõem alguns dos objectos oferecidos à santa pelas graças concedidas: mais de 600 vestidos de noiva, vestidos de baptizados, comunhão, moedas e notas de mais de 25 países, peças de artesanato, cerâmicas, colares, anéis, cordões, velas, cera, próteses, cabelos cortados, relógios, camisolas de jogadores de futebol, um mundo de fotografias com a descrição de milagres e agradecimentos. Enfim, há de tudo.
Para José Guilherme Aguiar há um culto ao qual procuram conferir um grau de dignidade e respeitabilidade. «Proibimos há pouco tempo a prática de actos de bruxaria e similares que, às vezes, até se realizavam nas instalações. Aceitamos como facto consumado a veneração. E merece respeito porque não é imposto, não é obrigatório, não é legalizado nem ilegalizado. Tem a ver com as convicções pessoais de cada um e nós respeitamos essas mesmas convicções. Tentamos criar uma certa disciplina e ordem para as pessoas não pensarem que estamos a fazer comércio, pois não o pretendemos fazer». Mas ali circula muito dinheiro. «Se as pessoas deixam esmolas, é por vontade expressa. Não há pagamentos para entradas, para nada. Tudo é livre. Claro que aproveitamos esse dinheiro. Temos um controlo absoluto das receitas e é evidente que as receitas são contabilizadas e as despesas alvo de uma extraordinária burocracia».
Os valor anual das receitas ultrapassa os 40 mil contos. «Se essas receitas acabassem subitamente, sem pré-aviso, a Junta de Freguesia de Arcozelo passaria por graves dificuldades financeiras. Porque uma das razões criticáveis na gestão destas receitas é que uma parte delas se destinam a fazer face a despesas correntes. Isso é grave porque é desequilibrado. Até servem para pagamentos salariais». O dinheiro permitiu que a freguesia fosse adquirindo volumoso número de terrenos, prédios rústicos. A nova igreja de Arcozelo, o actual Instituto Piaget, bem como o Centro de Reabilitação Profissional de Gaia, a CerciGaia, estão edificados em terrenos vendidos a preço simbólico. O centro de dia da terceira idade e a gestão desse centro depende desses dinheiros. Irá ser construído nos terrenos existentes um centro de saúde, um quartel da GNR novo, a sede da Cruz Vermelha Portuguesa. «Grande parte do património da freguesia foi adequirido graças à possibilidade que essas receitas permitiram». A santa é «uma grande ajuda para o orçamento de Junta, não sou eu que irei negar uma evidência».
A noção de correcção ou incorrecção está dependente das convicções ou das concepções de cada um. «Se é normal haver uma rentabilidade de uma fé ou de uma crença que reverta a favor do poder político ou do poder laico? Não é normal. Se é incorrecto? O que se há-de fazer, deitar o dinheiro fora? Neste momento não se põem questões de correcção ou incorrecção, põem-se questões de inevitabilidade ou evitabilidade. Vale a pena constatar a sua existência real e se essas receitas existem será correcto fazermos uma gestão o mais racional e rigorosa possível».
Para Augusto Gomes dos Santos a «igreja tem tido um papel de moderação. Põe-se numa acção um bocadinho passiva, dado que a santa não é beatificada. Sou de opinião que deveria ser beatificada ou, pelo menos, seguir o processo para beatificação. Seria boa política porque daria uma certa dignidade ao povo da freguesia de Arcozelo, pois esta situação coloca-nos perante uma situação falsa em relação ao nosso sentimento».
«Há muitas coisas extraordinárias que se contam, mas tudo com sentimentalismo. É força da crença do povo que opera autênticos milagres», afirma Augusto Gomes dos Santos. «Para o povo a Igreja e a santa são uma coisa só». A Junta nunca fará nada para «que o culto desapareça. Vamos tentar cada vez mais torná-lo claro, límpido, rigoroso em todos os seus sectores, fundamentalmente na afectação das receitas que esse mesmo culto gera. Nem as pessoas entederiam se decidíssemos fechar a capela-jazigo. Seria objecto de uma natural revolução, de uma revolta pública».

O santinho de Beire

No concelho de Paredes, na freguesia de Beire, está exposto outro corpo incorrupto. Perto, em Arreigada, Paços de Ferreira, também existe um, mas não está aberto a público. Fomos a Beire. Depois de vários esforços para falar com o presidente da Junta, Salvador Neto, foi infrutífero o trabalho, mostrando um certo receio na abordagem deste assunto.
António Moreira Lopes, o santinho de Beire, nasceu a 9 de Fevereiro de 1823. Faleceu em 19 de Abril de 1907 com 84 anos de idade. Apareceu no dia de Santo António, 13 de Junho de 1972, daí também ser conhecido pelo «Santo Antoninho». A história é simples. Quem a conta é Rosa de Sousa Ribeiro, zeladora da capela. A campa foi vendida e quando a foram abrir para enterrar novo defunto encontraram o corpo incorrupto. Como sabiam que era santo? «Foi porque apareceu inteiro».
À semelhança de Santa Maria Adelaide, também está mais alto. Dois degraus e aparece vestido com uma camisa branca e uma túnica castanha. Ressalta a palavra esmolas logo atrás da sua cabeça. Está descalço e com a mãos no peito, uma sobre a outra. Uma capela simples, com o altar dos santos detrás — destaca-se a senhora de Fátima. A porta é de alumínio. Logo na entrada, aos pés do santo, velas modernas, daquelas que acendem automaticamente com a introdução de moedas. «1 moeda 20 esc. 1 vela; 1 moeda 50 esc. 3 velas; 1 moeda 100 esc. 6 velas; 1 moeda 200 esc. 12 velas». O interior é branco. São muitos os vasos.
Rosa Maria Ribeiro diz «que ele em vida era muito bom. Cozinhava pãozinho de noite para andar a distribuir pelos pobres. Naquele tempo era fome e miséria. Cozia às escondidas para dar aos pobres e não levava renda ao senhorio». Narra: «Em 1972 esta capela não existia. Esteve primeiro num jazigo emprestado, depois começou a conceder muitas graças e fizeram-lhe esta capela». Quando apareceu «ui, Jesus, era ali a guarda a dividir as pessoas. Entravam por aqui e saíam por uma cancelinha ali em cima. Mas continua a haver muita gente». Mas esta gente não sustenta o negócio da casa de Glória Correia Neto, proprietária de um estabelecimento local: «Isto deu foi no início. Quando apareceu deu para todos. Agora não».
Na casa das promessas vende-se cera, terços, cruzes, quadros e outras recordações. «É o presidente que manda fazer». E o dinheiro? Como o santo é da Junta «não temos nada a ver. A nossa consciência fica tranquila. Não sei quanto tem o cofre. O que nós recebemos, fazemos as nossas continhas no fim do mês e damos-lho todo. E depois ele é que sabe. Isto não fica ao nosso encargo. Mas ele emprega isso tudo muito bem. Fez aqui a capela, fez outro cemitério. Faz tudo muito bem feito».
O padre Álvaro Costa, apesar de estar com pressa, num ar simpático, diz «que está afastado do que diz respeito àquilo. Nós o que havemos de fazer? Deixamos correr, não criamos problemas. Acho que estes cultos não se devem manter. Devem ser realizados pela Igreja. Não há um culto. Há o povo que vai e acredita naquilo».
Mas a freguesia de Beire desenvolveu-se. «Antes o caminho chegava aqui, mas não passava daqui para dentro. O caminho era só terra. Entendo que sim, que foi o dinheiro do santo. Agora há caminhos por todo o lado, têm saídas e entradas. Antes chegavam aqui e tinham de ir para trás», explica Rosa de Sousa Ribeiro. Para além da zeladora, apareceram dois homens. Pelas palavras, pela simpatia e pelos sorrisos, deixaram claro que o presidente sabia aquilo «que andava a fazer».

Re: novas beatas
Escrito por: José Ferreira (IP registado)
Data: 15 de May de 2004 12:30


Também por aqui anda o meu email?
Como pode ser isto?
Isto é uma atentado à minha privacidade...

Re: novas beatas
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 15 de May de 2004 13:14

Milagre da santinha...

Re: novas beatas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de May de 2004 15:33

Caro (Padre) José Ferreira:

Se não quer que o seu e-mail apareça, basta que o apague do "campo" "Seu-Email" na caixa onde escreve as suas mensagens. Mas sugiro-lhe que faça outra coisa: que crie uma conta grátis só para este fórum (por exemplo, no Hotmail). Isso evitará que o seu e-mail privado seja usado com outros fins ou que receba nele grandes quantidades de mensagens não solicitadas.

Alef

Re: novas beatas
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 17 de May de 2004 20:57

Sousa Martins não é só nome de médico. Também há quem diga que é santo, que opera milagres. Amigo dos pobres e desamparados, dos doentes, a vida do médico deu origem a um extraordinário culto no nosso país. Na Guarda, a sua estátua é visitada diariamente por devotos que ali depositam flores, objectos em cera e velas. Para eles Sousa Martins já não é o médico, é «o irmão» que concede graças, é o santo que ameniza a dor e o amigo que socorre os que, guiados pela crença, depositam esperança na sua intervenção divina.

«Eminente homem que radiou amor, encanto, esperança, alegria e generosidade. Foi amigo, carinhoso e dedicado dos pobres e dos poetas. A sua mão guiou. O seu coração perdoou. A sua boca ensinou. Honrou a medicina portuguesa e todos os que nele procuraram cura para os seus males». Assim escreveu Guerra Junqueiro acerca de José Tomás de Sousa Martins, após a sua morte, a 18 de Agosto de 1897. Mas o nome de Sousa Martins não é só o de médico, cientista, benemérito e amigo dos pobres. Sousa Martins é também nome de santo.

Maria da Piedade Sousa, 61 anos, há 19 que é devota de Sousa Martins. Foi-lhe descoberto um tumor num peito quando tinha 42 anos e, lembra-se, não sabia o que fazer da vida a não ser rezar a quantos santos conhecia para que a ajudassem. «Era para ser operada numa Sexta-feira, para me tirarem o peito», lembra, «mas os aparelhos avariaram todos quando ia começar a operação». Porque, explica, crente, «o médico que me ia operar não era católico e Sousa Martins não pôde encarnar nele». Assim, a operação só se realizou na Quarta-feira seguinte, com outro médico, «uma jóia de pessoa». Depois da cirurgia, permaneceu durante um mês no Hospital de Coimbra, onde havia sido operada, e só depois regressou à Guarda. «Mas o golpe que me fizeram não fechava», recorda Maria da Piedade. Recusando-se a regressar a Coimbra, acreditava poder curar-se em casa. «Lavava o peito e esfregava-o com pomada das velhas», lembra, «mas aquilo não passava». Até que pediu auxílio a Sousa Martins. «Passado um mês já não tinha nada no peito» e acrescenta ainda que até hoje nunca mais teve problemas. Desde essa altura, já lá vão 19 anos, Maria da Piedade não mais deixou de rezar ao médico e santo. Tornou-se responsável pela limpeza da estátua e nunca mais calou a sua fé, visita-o diariamente e pede-lhe por si e pelos outros, pelos que guiados pela crença depositam esperança na intervenção divina do «irmão» Sousa Martins.

A estátua do médico encontra-se rodeada de flores, vasos enormes, pedras em mármore com inscrições, fotografias, quadros com poemas, objectos em cera e velas. Estela Calheiros Reis acaba de ali depositar mais quatro velas. Esteve fora da cidade, em férias, e no regresso a primeira coisa que fez foi «visitar Sousa Martins». Devota há cerca de dois anos, porque leu um artigo no jornal sobre ele e porque ficou «curiosa por ver tanta gente à volta da estátua». Passou a ir ali todas as semanas levando sempre com ela uma vela e afirma que já lhe concedeu muitas graças desde então, para si e para os seus, por quem ela orava.



Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

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