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Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Mariano (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 14:12

Padre João

Se for verdade o que diz :

"O que sei, é que variadissimas vezes a fraternidade tem pedido autorização ao Santuário de Fatima para celebrar missa, e tem sido negado, sendo as celebrações em tendas improvisadas em terrenos não do santuário algures em Fatima.
Se existisse comunhão entre a Fraternidade e a Igreja Universal não seria necessário."

É de facto triste que o Santuário não se abra a Católicos que querem simplesmente celebrar Missa.

Ainda alguns dias atrás ouvi o vice-reitor da U. católica reafirmar e muito bem que o Santuiário está aberto a todos por natureza.

É pena que um grupo de Católicos, seja do Lefevre sejam do Gaillot que pretenda celebrar Missa no Santuário não possa por razões administrativas.

Aliás note o ridiculo abre-se o Santuário a outras religiões mas nega-se que um grupo de Católicos reze uma Missa Católica...

Se queremos queremos ser ecumenicos pois então que se inicie no seio da prória Igreija.

Não acha?

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Padre João luis Paixão (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 14:15

Não é disso que se trata. A missa segundo o Ritual de São Pio V so pode ser celebrada com autorização do Bispo diocesano. O Bispo de Leiria não autoriza.
Depois Lfevre foi escomungado. .....
Muito diferente.

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Mariano (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 14:25

Aí é excomungado

Lefevre já morreu.

E os membros das outras religiões Cristãs a quem o Santuário está aberto não são excomungados?

E os Muculmanos que podem fazer perigrianações no Santuário ? Fazem parte da Igreja? etc, etc

A mim faz-me espécie que um grupo de Católicos, seja ele qual fôr queira rezar Missa no Santuário e tenha de o fazer em tendas fora do Santuário.

Acho triste. Sinceramente acho que Nossa Senhora preferiria que rezassem o Terço e a Missa no Santuário foi para isso afinal que foi construído.

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 15:20

Sempre as mesmas "trapaças" argumentativas: alegadamente há católicos excomungados e os "outros" (não-católicos) não estão!...

Mas tem algum sentido este tipo de argumentação? Que sentido tem estar "excomungado"? Não significa ter sido declarado fora da comunhão da Igreja? Acaso tem sentido falar de excomunhão de pessoas de outras religiões, que nunca estiveram na comunhão da Igreja?

E que tal um pouco de rigor?

Porquê estes paralelismos abusivos, que nada mais são do que artifícios retóricos? Acaso os muçulmanos pedem para rezar missa ou o terço no Santuário de Fátima? Não me parece.

Será que os lefrebvianos, ao quererem rezar missa em Fátima, no Santuário, estão em condições de celebrar uma missa onde se reza pelo Papa, quando estão em claro conflito com o Papa e com aquilo que ele representa? Não cheira isto a uma grande incoerência?

É claro que os leigos que "assistem" às missas tridentinas celebradas por lefrebvianos não estão excomungadas, mas devem saber que os padres que as celebram, o fazem ilicitamente. Terá sentido que o Santuário permita que padres suspensos celebrem missa publicamente? Porque não fazer o mesmo aos padres que abandonaram o sacerdócio para se casarem? Muitos deles são tão padres como os lefebvrianos.

Já agora, uma nota: embora as missas tridentinas celebradas por lefebvrianas sejam válidas (embora ilícitas), o mesmo não acontece com as confissões. Não sei se os padres lefrebvianos ouvem confissões (se alguém souber, diga-mo, por favor). Se o fazem, estas são inválidas, além de ilícitas, porque um padre só pode confessar habitualmente com autorização do bispo local. Espero que estes padres não andem a enganar os seus "seguidores"...

Creio que os "devotos" da FSSPX deviam saber estas coisas. Espero que sim.

Alef

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 15:41

Caro Mariano

Se bem que possa meter pena e parecer estranho que o Reitor negue autorização para rezar uma Missa Católica no Santuário de Fátima, na realidade não há, para já, outra solução.

As coisas são o que são e os Padres da FSSPX celebram Missas em clara desobediencia do Papa e dos Bispos locais, não há volta a dar.

Da mesma fora se um Bispo quiser celebrar uma Missa Católica no rito saído do Concílio, num seminário ou Igreja propriedade da FSSPX, podes ter a certeza que não o deixam e é uma pena ou não?

Sou um defensor da Missa Tridentina (dos poucos que militam nste forum) procuro instalar em Portugal uma Missa do indulto ou trazer um movimento Eclesia Dei, rezo tambem por uma reconciliação mas as coisas são o que são.

Caro Alef

Confesso a minha ignorancia.

Não percebo porque é que as Missas dos Padres da FSSPX são válidas e as confissões não.

Se é verdade que um Padre só pode confessar se estiver autorizado pelo Bispo, o mesmo não sucede com a Missa Tridentina?

Sempre julguei que os "poderes" de confessar e de absolver são conferidos com a ordenação e que independentemente de autorização do Bispo a confissão e absolvição seria válida.

Não é que me confesse a Padres da FSSPX mas gistaria de perceber a razão de ser dessa teoria.

Caro Padre João


Já consegiu confirmar a diferença substancial entre a FSSPC e os movimentos sedevantistas?

É que a sua mensagem de 17/5 merece um reparo.

Pedro B

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 16:01

Caro Pedro B:

Possivelmente o Padre João poderá dar mais pormenores práticos disto. Em todo o caso, pode-se dizer o seguinte.

1. Se um padre é ordenado validamente (por um bispo em linha de sucessão apostólica, como é o caso dos bispos da FSSPX), pode celebrar a Eucaristia validamente, isto é, mesmo que esteja suspenso, a Eucaristia que celebra é válida, tem carácter de sacramento.

2. Ora, NÃO acontece exactamente o mesmo na Confissão/Reconciliação, cujo ministro ordinário é, antes de mais, o bispo, que delega nos padres essa faculdade. Isso significa que um padre só pode confessar quando tem essas faculdades dadas (delegadas) por um bispo com jurisdição (coisa que um bispo da FSSPX não tem). Em princípio, isso deve acontecer de diocese para diocese, mas na prática os bispos reconhecem um padre que tenha a autorização de outra diocese. Tanto quanto sei, quando um padre é ordenado em Portugal, recebe, depois da ordenação as faculdades de confessar por X tempo e essas faculdades são automaticamente reconhecidas por todas as dioceses que integram a Conferência Episcopal Portuguesa (isto significa na prática que, por exemplo, se um padre de Lisboa vai a Faro para umas férias, não precisa de pedir autorização ao bispo do Algarve para poder celebrar o sacramento da Reconciliação às pessoas que lho pedirem). Creio que essas faculdades são renovadas cada ano, pelo que os padres têm um cartão que leva a assinatura do bispo. Não tenho a certeza quanto a esta parte da renovação e do cartão (não sei se é exactamente assim em todas as dioceses), mas se estiver errado, o Padre João que me corrija.

3. No caso dos padres da FSSPX, eles não têm nenhum bispo que lhes delegue tais faculdades, porque os bispos lefrebvianos não reivindicam jurisdição (caso contrário, estabeleceriam uma situação de cisma). Sendo assim, não podem confessar validamente, ou seja, as reconciliações que celebrem não são sacramento.

Alef

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 17:14

Caro Alef

Estamos sempre a aprender.

Ficamos a aguardar as confirmações por parte do Padre João.

Pedro B

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 20 de May de 2004 20:33

Mariano,

Entendo a tua perspectiva, mas só tem sentido em abstracto.

No concreto os padres da FPSPX estão suspensos "a divinis" pelo que não podem celebrar missas, quaisquer que elas sejam.

Se não podem celebrar missas, mesmo que o Bispo de Leiria permitisse aquela missa em concreto, não poderiam ser eles a celebrá-la, mas outro sacerdote que não esteja suspenso.

Por outro lado, não existe comparação entre Jacques Gaillot e Lefebvre: Lefebvre foi excomungado, assim como o estão os actuais quatro bispos da FPSPX, e Gaillot está em plena comunhão com a Igreja.

Esta excomunhão em concreto só se deu pela arrogância de um Bispo que se considerou dono da verdade e que não deixou outra opção à Igreja senão esta declarar que aquela pessoa não se encontrava em comunhão com a Igreja.

Neste caso a excomunhão foi meramente a constatação de um facto. Mas continuo a não defender a excomunhão.

João (JMA)

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Mariano (IP registado)
Data: 21 de May de 2004 19:32

JMA

Não vamos ser anjinhos.

Acreditas mesmos que o reitor do Santuário deixaria mesmo um Padre que não fosse do Lefevre celebrar uma Missa em Latina no rito antigo na Capelinha das aparições???

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 22 de May de 2004 00:05

Quem determina a possibilidade de celebração de missa em latim não é o reitor do santuário.

Será talvez o bispo.

E para deixar celebrar uma missa, em latim ou não, só o poderia deixar fazer a um padre que não estivesse suspenso.

Ora os padres seguidores do Lefebvre estão suspensos não lhes sendo permitido celebrar missa.

Logo ninguém os pode deixar celebrar qualquer missa. Nem em latim nem noutra língua qualquer.

Portanto reitero o que disse: a Igreja Católica só pode permitir uma missa em latim no Santuário de Fátima celebrada por um sacerdote não suspenso.

É que a "validade" da missa celebrada por um sacerdote lefebvriano é a mesma de uma missa celebrada por outro sacerdote que se encontre suspenso, por exemplo, por se ter casado.

João (JMA)

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Padre João luis Paixão (IP registado)
Data: 22 de May de 2004 00:12

Nunca na capelinha ou em qualquer espaço liturgico de fatima gente de outras religiões foi autorizada por ninguem a celebrar nos seus ritos. Só catolicos. Onde já se viu eu querer ir celebrar missa na Sinagoga de Lisboa, ou na Mesquita de Meca?????????
Alguem autorizaria um tal disparate?
Em Fatima neste 13 de Maio estavam 3 padres ortodoxos e um diacono. Assistiram mas não celebraram porque não podem.
Como bem diz o João, não se trata de celebrar em Latim, porque se celebra em Latim em Fatima. O Bispo poderia autorizar celebrar segundo o Missal de São Pio V - tridentino - mas nunca padres suspensos, nem bispos invalidademente ordenados.
Quem tem desobedecido tem sido eles...... o fruto é este.

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 22 de May de 2004 12:35

E viva o ecumenismo, mai nada

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 10:21

Caro JMA Caro Padre João

Compreendo o Mariano

Existem Padres que não são da FSSPX e estão autorizados para rezar a Missa no rito tridentino.

Por exemplo existe a Fraternidade de S Pedro e uma Fraternidade de Campos que estão em plena comunhão com Roma.

A questão é alguém duvida que o Srº Bispo de Leiria e o Reitor de recisariam em autorizar qualquer um desses Padres a rezar em Fátima?

Sei do que falo meus Caros integro um grupo de 16 pessoas que há mais de um ano que tem pendente no Patriarcado de Lisboa um pedido de autorização para a celebração de Missa no rito tridentino em Lisboa e sei as dificuldades que temos tido.

Um dos meus amigos que está nisto comigo tentou casar com um Missa Tridentina, Trazia um Padre amigo de Itália (onde estudou 6 anos) coçemou a tratar do assunto com um ano de antecedencia e não consegiu nada.

O processo andou de mãos em mãos sem ninguém dzer sim sem ninguém dizer não e o tempo foi passando.

A questão da suspensão é verdade mas legitima outra realidade muito mais importante que tem a ver com a resistencias que existem ainda em Portugal para aceitar Missa Tridentina em comunhão com Roma. Lá fora é normal e sem proclemas os Bispos autorizam. A Missa do Concílio está perfeitamente integrada e aceite. Em Portugal (mais atrasado) continuam os Padrs e os Bispos com muitos arrepios só de ouvir falar.

Não falo em todos mas nas secretarias das dioceses a coisa não corre nada bem.

Enfim temos de ter muita paciencia.

Pedro B

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 14:11

Quanto à questão da necessidade da autorização do Bispo de Leiria só a ele compete decidir.

Assim como pode decidir quanto ao sacerdote que a irá celebrar.

"A questão da suspensão é verdade mas legitima outra realidade muito mais importante que tem a ver com a resistencias que existem ainda em Portugal para aceitar Missa Tridentina em comunhão com Roma. Lá fora é normal e sem proclemas os Bispos autorizam. A Missa do Concílio está perfeitamente integrada e aceite. Em Portugal (mais atrasado) continuam os Padrs e os Bispos com muitos arrepios só de ouvir falar. "

Sabes bem que eu penso precisamente o contrário.

Uma Conferência Episcopal como a Portuguesa que cumpre o seu dever profético de emitir um documento como "Os sete pecados sociais" está na primeira linha da aplicação pastoral das Verdades Cristãs.

É para mim um motivo de orgulho participar na Igreja em comunhão com estes Bispos.

E penso que precisamente por essa sua atitude profética é que Portugal mantém uma matriz cristã que já desapareceu ou se atenuou fortemente na Europa. Uma matriz cristã anti-clerical onde a Igreja é um corpo onde cada qual participa segundo os seus carismas. Sem divisões quanto aos estados de vida.

Todos sabemos que existem problemas de relacionamento, mas não existe uma mentalidade divisora, clerical na hierarquia portuguesa. A igreja portuguesa tem estado constantemente ao lado do Povo de Deus. Já incompreensões recíprocas existem umas quantas.

João (JMA)

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 24 de May de 2004 15:22

Depois do Concílio II do Vaticano a minha opinião é de que a tradicional pena de excomunhão deveria ser em geral substituida pela pena de suspensão. A excomunhão, quanto a mim, só faz sentido ser aplicada a alguém que renegue a graça baptismal.
*=?.0
AOMSOares

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 13:20

católicos contra católicos??engraçado, sabe o que yaohushua fala a respeito dessas coisas? isso:Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. [Mateus 12:25 - Almeida Fiel e Corrigida]

E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino? [Mateus 12:26 - Almeida Fiel e Corrigida]
E, se Satanás se levantar contra si mesmo, e for dividido, não pode subsistir; antes tem fim. [Marcos 3:26 - Almeida Fiel e Corrigida]

Mas, conhecendo ele os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá. [Lucas 11:17 - Almeida Fiel e Corrigida]

E, se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso os demônios por Belzebu. [Lucas 11:18 - Almeida Fiel e Corrigida]

O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra. [Lucas 12:53 - Almeida Fiel e Corrigida]

Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo? [I Coríntios 1:13 - Almeida Fiel e Corrigida]

eis um dos motivos do por que a igreja católia vem perdendo fiéis cada dia .

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 27 de May de 2004 13:56

Rodrigo,

Não há divisão entre os católicos. Mas há muitas sensibilidades diferentes que correspondem a uma Igreja com mil milhões de crentes.

E espero que muitas outras apareçam: com cada sensibilidade a Igreja torna-se mais rica, com cada cultura mais aprende, com cada crente mais cumpre a sua missão de evangelização.

Dizia S. Agostinho: "Unidade no essencial, liberdade no opinável, caridade em tudo"

João (JMA)

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Padre João luis Paixão (IP registado)
Data: 28 de May de 2004 01:12

MOTU PROPRIO "ECCLESIA DEI"
de S.S. DO PAPA JOAO PAULO II
aos 2 de julho de 1988

1. Com grande aflição a Igreja tomou conhecimento da ilegítima ordenação episcopal conferida, a 30 de Junho, pelo Arcebispo Marcel Lefebvre que tornou vãos todos os esforços, feitos desde há anos, a fim de assegurar a plena comunhão com a Igreja à Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, fundada pelo mesmo Mons. Lefebvre. De nada, com efeito, serviram tais esforços, especialmente intensos nos últimos meses, em que a Sé Apostólica usou de compreensão até ao limite do possível(1).

2. Esta aflição é sentida de modo particular pelo Sucessor de Pedro, o primeiro a quem compete a tutela da unidade da Igreja(2), embora o número das pessoas directamente envolvidas nestes eventos tenha sido pequeno, porque toda a pessoa é amada por por Deus por si mesma e foi resgatada pelo sangue de Cristo, derramado na Cruz pela salvação de todos.

As circunstâncias particulares, tanto objectivas quanto subjectivas, nas quais o acto do Arcebispo Lefebvre, foi realizado, oferecem a todos a ocasião para uma profunda reflexão e para um renovado empenho de fidelidade a Cristo e à Sua Igreja.

3. Em si mesmo, tal acto foi uma desobediência ao Romano Pontífice em matéria gravíssima e de importância capital para a unidade da Igreja, como é a ordenação dos bispos, mediante a qual é mantida sacramentalmente a sucessão apostólica. Por isso, tal desobediência - que traz consigo uma rejeição prática do Primado romano - constitui um acto cismático (3). Ao realizar tal acto, não obstante a advertência formal que Ihes foi enviada pelo Prefeito da Congregação para os Bispos no passado dia 17 de Junho, Mons. Lefebvre e os sacerdotes Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta, incorreram na grave pena da excomunhão prevista pela disciplina eclesiástica(4).

4. A raiz deste acto cismático pode localizar-se numa incompleta e contraditória noção de Tradição. Incompleta, porque não tem em suficiente consideração o carácter vivo da Tradição, "que - como é claramente ensinado pelo Concílio Vaticano II - sendo transmitida pelos Apóstolos ... progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer merce da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração, quer mercè da intima inteligencia que experimentam das coisas espirituais, quer merce da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade"(5).

Mas é sobretudo contraditória uma noção de Tradição que se opóe ao Magisterio universal da Igreja, do qual é detentor o Bispo de Roma e o Colegio dos Bispos. Não se pode permanecer fiel à Tradição rompendo o vinculo eclesial com aquele a quem o proprio Cristo, na pessoa do Apostolo Pedro, confiou o ministério da unidade na sua Igreja(6).

5. Ante a situação criada, sinto o dever de tornar todos os fiéis católicos, cônscios de alguns aspectos, que esta triste circunstância põe em evidência.

a) O êxito a que chegou o movimento promovido por Mons. Lefebvre, pode e deve ser motivo, para todos os fiéis católicos, de uma sincera reflexão sobre a propria fidelidada à Tradição da Igreja, autenticamente interpretada pelo Magistério eclesiástico, ordinário o extraordinário, de modo especial nos Concilios Ecuménicos desde o de Niceia ao Vaticano II. Desta reflexão, todos devem haurir uma renovada e efectiva convincão da necessidade de ainda melhorar e aumentar essa fidelidade, refutando interpretações erróneas e aplicações abusivas, em matéria doutrinal, litúrgica e disciplinar.

Sobretudo aos Bispos compete, pela missão pastoral, que lhes é propria, o grave dever de exercer uma vigilância perspicaz, cheia de caridade e fortaleza; a fim de que essa fidelidade seja salvaguardada em toda a parte(7).

Todavia, é preciso que todos os Pastores e os demais fiéis tomen nova consciência, nâo só da legitimidade mas também da riqueza que representa para a Igreja a diversidade de carismas e de tradições de espiritualidade e de apostolado, o que constitui a beleza da unidade na variedade: daquela "sintonia" que, sob ol impulso del Espirito Santo, a Igreja terrestre eleva ao céu.

b) Quereria, alem disso, chamar a atenção dos teólogos e dos outros peritos nas ciéncias eclesiásticas, para que tambem eles se sintam interpelados pelas circunstáncias presentes. Com efeito, a amplitude e a profundidade dos ensinamentos do Concilio Vaticano II requerem um renovado empenho de aprofundamento, no qual se ponha em relevo a continuidade do Concilio com a Tradição, do modo especial nos pontos de doutrina que, talvez pela sua novidade, ainda não foram bem compreendidos por alguns sectores da Igreja.

c) Nas presentes circunstáncias, desejo sobretudo dirigir um apelo, ao mesmo tempo solene e comovido, paterno e fraterno, a todos aqueles que até agora, de diversos modos, estiveram ligados ao movimento do Arcebispo Lefebvre, a fim de que cumpram o grave dever de permanecerem unidos ao Vigário de Cristo na unidade da Igreja Católica, e de não continuarem a apoiar de modo algum esse movimento. Ninguem deve ignorar que a adesão formal ao cisma constitui grave ofensa a Deus e comporta a excomunhão estabecida pelo Direito da Igreja(8).

A todos estes fiéis católicos, que se sentem vinculados a algumas precedentes formas litúrgicas e disciplinares da tradição latina, desejo manifestar tambem a miha vontade - a quai peço que se associem a dos Bispos a de todos aqueles que desempenham na Igreja o ministerio pastoral - de lhes facilitar a comunhão eclesial, mediante as medidas necessárias para garantir o respeito das suas justas aspirações.

6. Tendo em consideração a importância e a complexidade dos problemas mencionados neste documento, em virtude da minha Autoridade Apostólica, estabeleço quanto segue:

a) é instituida uma Comissão, com a tarefa de colaborar com os Bispos, com os Dicasterios da Curia Romana e com os ambientes interessados, a fim de facilitar a plena comunhão eclesial dos sacerdotes, dos seminaristas, das comunidades ou de cada religioso ou religiosa até agora ligados de diversos modos à Fraternidade fundada por Mons Lefebvre, que desejem permanecer unidos ao Sucessor de Pedro na Igreja Católica, conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas, de acordo com o Protocolo assinado, a 5 de Maio passado pelo Cardeal Ratzinger e por Mons. Lefebvre;

b) esta Comissão é composta por um Cardeal Presidente e por outros membros da Cúria Romana, em número que se julgar oportuno segundo as circunstâncias;

c) além disso, em toda a parte deverá ser respeitado o espírito de todos aqueles que se sentem ligados à la tradição litúrgica latina, mediante uma ampla e generosa aplicação das directrizes, já há tempos emanadas pela Sé Apostólica, para o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962(9).

7. Ao aproximar-se já o final deste ano dedicado à Santissima Virgem, desejo exortar todos a unirem-se à oração incessante que o Vigario de Cristo, pela intercessão da Mãe da Igreja, dirige ao Pai com as mesmas palavras do Filho: Ut omnes unum sint!

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 2 do mês de Julho do ano 1988, décimo de Pontificado.

Joannes Paulus PP. II

_________________________________

(1)Cf. Nota informativa, 16.6.88; "L'Oss. Rom." quot. 17.6.88, pp. 1-2.
(2)Cf. Conc. Ec. Vat. I, Cost. Pastor æternus, cap. 3; DS 3060.
(3)Cf. C.I.C., cân. 751.
(4)Cf. Ibid., cân. 1382.
(5)Conc. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, n. 8. Cf. Conc. Ec. Vat. I, Const. Dei Filius, cap. 4: DS 3020.
(6)Cf. Mt 16, 18; Lc 10, 16; Conc. Ec. Vat. I, Const. Pastor æternus, cap. 3: DS 3060.
(7) Cf. C.I.C., cân. 386; PAULO VI, Exort. Apost. Quinque iam anni, (8.12.1970): AAS 63, (1971), pp. 97-106.
(8)Cf. C.I.C., cân. 1364.
(9)Cf. Congregação para o Culto Divino, Carta Quattuor abhinc annos (3.10.1984): AAS 76 (1984), pp. 1088-1089.

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 02 de June de 2004 10:32

Caro Padre João

Infelizmente os propósitos da Comissão que foi criada em Portugal não têm conseguido ter eco.

Está pedente no Patriarcado de Lisboa à mais de um ano um pedido formulado por um grupo de Católicos que pretende uma autorização para, em plena comunhão com Roma e os Bispos Diocesanos, celebrarem uma vez por semana uma Missa Tridentina em Lisboa.

Não obstante algumas insistências não sequer ainda recebidos.

Reunimos todos os pressupostos para a Missa "do indulto" mas até agora nada.

Enfim teremos que continuar a aguardar por uma resposta e a "lutar" poe este propósito sempre na fidelidade a Cristo e à sua Igreja.

Pedro B

Re: Na Igreja Católica (pós-Conciliar) ainda há lugar para Excomunhões?
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 03 de June de 2004 01:15

Pedro.
Um dos méritos - varios deste forum - foi ter-me desperto para a realidade dos Catolicos que querem uma missa segundo o Missal de São Pio X. São almas boas que tem desejo de santidade, e para as quais a Igreja tem de ter uma resposta como mãe que é.
Compreenda também que a suspeição com que a Igreja vê tais pedidos, é fundamentada. Suspeição de Lefebvrianismo etc.
Depois e do pouco que sei destas coisas, a Igreja portuguesa não é muito receptiva a facções mais tradicionalistas, conotadas com correntes politicas de extrema direita etc.
A suspeita existe - não é facil distinguir a heresia da ortodoxia - e penso eu que o rito é irrelevante, pelo menos para mim.
Esta questão para mim não se poe - dai o merito do forum de me levar a ter que pensar naquilo que voces pensão. Para mim o fundamental é a Eucaristia, seja ela em portugues, chines ou latim. Não me peçam para a celebrar. Celebrei uma vez em toda a minha vida em latim e jurei que nunca mais. Nem eu entendia o que estava a dizer. Fiquei com a ideia de que não tinha celebrado missa nenhuma.
Mas aceito que outros pensem diferente e tenham direito á missa Tridentina.
Exorto-vos a manterem-se fieis ao Papa e á Igreja Una Santa e Católica. Insistam na pretensão. Escrevam à Conferencia Episcopal Portuguesa. Escrevam à Santa Sé. Mas mantenham-se fieis. Dessa fidelidade nascerá a solução.
Supliquem a Deus pela vossa causa. Se for da Sua vontade, Ele resolverá.
Pode ser um capricho vosso. Pode ser vontade de Deus.
Usem o preceito de Gamaliel. Se for obra de Deus.......
Guardo-vos na oração e tenho-vos presentes na celebração da Eucaristia em que peço por todas as intenções deste forum.

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