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Sobre o Aborto...
Escrito por: Pereira (IP registado)
Data: 11 de March de 2004 10:34

Tem vindo ao de cima aqui e ali a problemática do Aborto... uns a FAVOR e outros CONTRA... Todos divididos, todos estonteados, todos "pirados"; quando afinal este assunto não deveria preocupar certos "intelectuais" que nada percebem desta matéria, tão complexa e dramática... E que soluções? e quais as melhores decisões... como está o nosso mundo, como andam os humanos a proceder!...

Re: Sobre o Aborto...
Escrito por: ana almeida (IP registado)
Data: 11 de March de 2004 12:37

Pereira, parece que aqui neste forum ninguém se pronunciou a favor do aborto.

Re: Sobre o Aborto...
Escrito por: Maria Fernanda (IP registado)
Data: 11 de March de 2004 22:57

O óvulo fecundado é, inicialmente, uma única célula de cromossomas que se limitam a matéria nutritiva, para se poderem ir desmultiplicando em novas células, sempre duplicando as anteriores. Forma-se então uma massa, a «mórula» que representa a primeira fase do desenvolvimento do ovo chamada «segmentação». Segue-se a fase da diferenciação e da organização. A «mórula», no seu desenvolvimento externo, para a nutrição e protecção, toma o nome de «trofoblasto» e, internamente na parte central, a «área germinativa», dará origem ao verdadeiro «embrião».
A primeira fase caracteriza-se pela separação parcial do «trofoblasto», formando uma vesícula intumescida junto da «área germinativa», isto é, a «blástula». Tudo isto se passa durante seis a dez dias, altura em que ovo perdeu todas as reservas nutritivas e já carece do organismo materno para a nutrição. Temos o fenómeno da «nidição» que dura cerca de quatro dias. Vão-se dando fenómenos continuados até que, por volta dos 20 dias de fecundação se forma a «gástrula». E inicia-se o processo de diferenciação das células para os diferentes órgãos e aparelhos. No primeiro mês de vida intra-uterina o embrião mede certa de 10 mm e pesa 2 gramas. Só a partir do terceiro mês lhe podemos chamar feto.
Juridicamente, só se considera ser humano com 180 dias após a fecundação; é todavia abusivo, pois apenas após 200 dias de gestação é que biologicamente se encontra totalmente formado e se pode considerar o desenvolvimento do feto com capacidade de sobreviver a um parto prematuro.
Aceita-se assim que haja quem defenda a interrupção voluntária da gravidez, apenas após 10 ou 12 semanas de fecundação, na medida em que, com 3 meses de vida intra-uterina os órgãos já se encontram todos em pré-formação.
Ora, a discussão em torno da eutanásia conduziu a que a ciência se pronunciasse sobre quando podemos considerar verdadeiramente a morte clínica. A teoria mais defendida aponta para a morte cerebral e, todavia, as certezas são ainda insuficientes: a hipótese mais comum considera que o organismo está biologicamente sem vida quando o traçado electroencefalográfico (EEC) deixa de ter as curvas que designam estar a funcionar; no entanto, há cientistas que afirmam poder sobreviver-se mesmo após um período relativo de EEC em linha rectilínea. A questão situa-se, no momento, em saber exactamente quanto tempo se deve considerar o EEC em linha recta para efeitos da morte. Mas manter alguém eternamente ligado a uma máquina, em vida vegetativa, insuflando-lhe sobrevivência biológica sem vida, fazendo sofrer tudo e todos, está hoje fora de questão. Todavia, até, pelos menos, os 3 meses de gestação não há actividade cerebral no embrião e mesmo no feto em pré-formação orgânica...
E a criança que vai sair do ventre materno, em circunstâncias gravíssimas de subsistência física e psicológica, é quem vai sofrer. Não bastam os horrores que lemos nas notícias constantes de crimes infligidos a crianças?
Já muitos disseram que não se trata de um assunto a discutir com leviandade; a interrupção da gravidez, nos casos previstos pela lei e em circunstâncias particularmente críticas, obedecendo aos prazos de 10 ou 12 semanas (aliás mais tempo também coloca em perigo a vida da mãe) é dirigida à protecção da criança que não se prevê ter condições de vida após o nascimento e que, não raro, também pode conduzir ao decréscimo de condições de vida de outras já existentes.
Porque, as mulheres (e homens) que escolhem o aborto por egoísmo continuarão a ir às clínicas de Londres ou outras.
Não chamem crianças a embriões de 10 dias que não se distinguem exteriormente de um qualquer mamífero! É uma ofensa para os vossos filhos, se os têm.
Resta-me assim ouvir os homens e mulheres que revelam a sua indignação chamando de assassinos os que recorrem à interrupção da gravidez, garantirem-me que eles ou elas estão prontos a cuidar das crianças que querem ver nascidas... Garantirem, pelo menos, que a assistência social o fará... Toda esta pregação sobre a vida é uma hipocrisia, sobretudo quando, simultaneamente, se apoiam guerras, mortes, situações de políticas que conduzem ao suicídio pela subtracção dos meios de subsistência a muitas famílias que perdem os seus empregos.
Aborto por leviandade, não! Aborto como um negócio chorudo, não! Que eu, com sinceridade, não gosto nada do slogan sobre a mulher é que manda no seu corpo... O corpo é realmente seu, mas preferia que manda na sua escolha de ter ou não um filho. Penso até que nem deveria permitir-se-lhe lançar no mundo um ser de que a medicina tivesse diagnosticado a deficiência. A tal legislação que está por fazer e que impede que se ponha em prática. Mas, se puder, até preferia que não escolhesse sozinha. Quem sabe se aí, sim, não viria a ajuda que lhe permitisse optar diferente!
Mas o que mais estranho nesta vozearia contra a descriminilização do aborto é esta ausência de compreensão, de amor pela criança e adulto que dela sobrevirá, de hoje e de sempre, agarrando-se a efabulações medíocres e exigindo que os comportamentos sejam todos segundo as suas doutas opiniões. Porque não afirmam simplesmente: nós seremos sempre contra a interrupção da gravidez, pelo que existindo embora uma lei que a permita, nunca usufruiremos dela e aconselhamos todos os católicos a nunca recorrer ao aborto. E, numa sequência de autêntica solidariedade: Mães (e Pais) que se encontrem no limiar da desventura, tentados a abortar o embrião que geraram, venham ter connosco, pois o “fruto do vosso amor” (ou o fruto de uma relação incauta) tem garantida a nossa protecção. Assim, acreditava que não passa de pura hipocrisia.


Re: Sobre o Aborto...
Escrito por: ana almeida (IP registado)
Data: 12 de March de 2004 03:22

"Não chamem crianças a embriões de 10 dias que não se distinguem exteriormente de um qualquer mamífero! É uma ofensa para os vossos filhos, se os têm."
"Mas o que mais estranho nesta vozearia contra a descriminilização do aborto é esta ausência de compreensão, de amor pela criança e adulto que dela sobrevirá, de hoje e de sempre, agarrando-se a efabulações medíocres e exigindo que os comportamentos sejam todos segundo as suas doutas opiniões"
Cara maria fernanda, Fico feliz por ter chegado a este forum.
EScreveu precisamente o que penso sobre o assunto.
Felicito-a pela sua densidade interior.
Um abraço



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