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Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Anabela Sousa (IP registado)
Data: 12 de August de 2002 19:51

João... deixa lá... Jesus disse: "Mandar-vos-ei como cordeiros para o meio de lobos", não foi?! Continua a defender os princípios desta Igreja!!! Ela é sábia.

Já deixei aqui a minha perspectiva sobre Maria, e em nada a altero!!!

E já agora... haverá algo melhor e mais interessante do que o Amor a Deus e ao próximo?! Certamente que não...Não se deixem levar por coisas mesquinhas!!! É bom debater, sim! É saudável! Mas tenham calma!!! Insultos, NÃO!!!

Anabela.

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 13 de August de 2002 05:49


Anabela Sousa, é reconfortante ouvir, pela primeira vez, um católico a apoiar a defesa dos princípios da mesma Igreja... :o) Obrigado... Parece que o que está na moda é protestar, protestar, protestar. Começo a ficar cansado...

"Cordeirinho"? Preciso de ter, Ana? Para a fazer sentir melhor consigo mesma, é? Tem de rever esses seus princípios, por favor...

"Tenho-me fartado de insultar"? Não faço acusações pessoais totalmente despropositadas como a Ana faz. Aliás, o que digo dirige-se precisamente aos seus insultos, não são iniciativas minhas, mas interpretações das suas respostas...

Ou preferia que levasse com isso e me calasse, como um "cordeirinho"? Ai Ana, não seja predadora...

Deus queira que descubra o que significa mesmo ser católico, apostólico e romano... Bem como o que significa uma fé UNA e SANTA!

João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Anabela Sousa (IP registado)
Data: 13 de August de 2002 13:48

Certamente que sim, Ana... :) Acho que ninguém tem razão de queixa...

Anabela.

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 14 de August de 2002 14:24

Talvez não tenhas percebido aquilo que se tem escrito. Não é a primeira vez que várias pessoas católicas tem apoiado e defendido os princípios da Igreja Católica. Agora, como a Ana Amorm disse e muito bem (ver tópico «Re: O QUE A IMPRENSA SENSACIONALISTA OCULTA SOBRE A PEDOFILIA NAS IGREJAS»), cada pessoa tem a sua opinião.

Na minha opinião, é positivo os crentes, independentemente da religião que professam, analisarem com sentido crítico aquilo em que acreditam. Para que a fé das pessoas não seja algo cego e que se limite ao cumprimento daquilo que a Instituição ou alguém estipulou.

Como em tudo nesta vida, também a Igreja Católica tem coisa muito boas e outras que poderia ser melhor. Aquilo que nós leigos pretendemos é que se faça um esforço para melhorar o que existe para melhorar. É claro que em certa medida, poderá parecer que se está a colocar algumas coisas em causa. E está-se certamente. Mas se se coloca em algo em causa, é porque se pretende que se faça melhor. Coloca-se algo em causa e aponta-se o caminho para que se faça melhor.

Não tenho visto neste fórum, participações de católicos que apenas criticam por criticarem - a chamada crítica destrutiva. Aliás, se nos damos ao trabalho de comentarmos as nossas opiniões é porque estamos empenhados em construir uma Igreja melhor.

Vê o trabalho que a Igreja tem feito desde os anos 50 sobre o papel do Leigo na Igreja: por ventura se esse esforço partisse dos leigos, talvez já os tivesses apelidado de 'protestantes'. O que hoje acontece na Igreja, é que a Igreja não é apenas a sua hierarquia, mas sim todo o Povo de Deus. E é este povo que tem voz e deseja participar, construir e melhorar a Igreja em que vivemos.

Penso que cada vez mais, nós católicos temos de reconhecer a nossa humildade e assumir que não somos donos e senhores da verdade, por muito que isso custe ao Cardeal Ratzinger ;-)

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 15 de August de 2002 06:03


Eu acho errado que a primeira coisa que um católico se lembre, antes de mais, é procurar a sua opinião primeiro e não a da Igreja. Mais um problema deste contexto desinformado do qual nunca mais saímos...

Questionar a fé? Eu próprio o faço. Sou puramente crítico e assim vou ao encontro de tudo o que a Igreja ensina. Na prática, vejo muito pouco... Essa sim, é uma boa participação. JAMAIS devemos usar a Igreja para descarregar as nossas frustrações e para nos servir de bode expiatório, mas para a SERVIR sempre mais e melhor. Olhem para Cristo e abram os olhos, é no serviço desmedido que está o cristão.

Mas atenção!! Há uma forma boa de o fazer e uma forma má! A boa é dizer que se discorda porque não se compreende bem, e admitir que ainda não nos informámos o suficiente sobre o que a Igreja ensina (na esmagadora maioria das vezes, é o que acontece e não o queremos admitir). A má é, com a nossa ignorância, teimosia e parcialidade, acusar a Igreja de forma perniciosa (que em nada nos dignifica), separando-nos a nós próprios do resto da Igreja, visto não visarmos ofendermo-nos a nós mesmos. Culpamos a Igreja de tudo o que achamos estar errado nela... quando a verdade é que se é isso o que sentimos, estamos a faltar à santidade. Existe um terrível orgulho no mundo. Devemos aprender uma escola de humildade.

Tem que haver muita racionalidade... NÓS NÃO SOMOS DONOS DE NADA. Quanto à autoridade da Igreja, há que a respeitar e amar profundamente. Caso contrário, andamos à deriva e ao sabor do vento, das doutrinas dos homens e não das de Deus.

E depois vêm esses mitos, tipo "Ratzinger". Esse homem é brilhante. Ele não é "dono da verdade", é apenas severamente ortodoxo. Isso não tem problema nenhum, precisamos de pessoas assim a pôr ordem na casa. Também é muito triste que usemos esses lugares comuns... Tornam-se desgastados, desagradáveis e sem sentido. Muitas vezes, manifestam uma arrogância desprezível, pela forma inconsciente como foi realizada.

Agora, essa humildade, é muito discutível: destituir alguém da sua autoridade para o tornar tão miserável quanto nós? Fazer alguém descer do pedestal só para não nos sentirmos tão pequeninos? Não será esse o nosso pecado, acima de tudo?

Afinal, estou em profundo acordo contigo Luís, mas não é isso que está em questão. A questão é que existem pessoas que não se interessam em melhorar a Igreja, apenas dar-nos a conhecer (por sua "inefável caridade") aquilo para o qual a Igreja vai ter de se dirigir necessariamente. Quando alguém se ergueu para relembrar a essa pessoa um certo sentido de comedimento e propósito, foi acusado de tudo, desde doente a fundamentalista. Logo, o que NÃO houve aí foi um sentido de trabalho conjunto para alcançar objectivos e consensos, apesar do que eu tenho pedido. Nunca corresponderam... Exceptuando a Anabela, que concorda bastante comigo, mas NEM ERA preciso tanto. Bastava ser o que é suposto ser.

No trabalho que te referes desde os anos 50, certamente que não se tratam de "prostestantes". Esses são os que recusam ABERTA e TOTALMENTE qualquer tipo de obediência ao Magistério. De facto, condenam-no veementemente. Pretendi deixar claro que palavras ignóbeis como as proferidas pela Ana Paula NÃO SÃO CONDUTA CORRECTA PARA UM CATÓLICO, E ELA CONTINUOU NA MESMA SENDA. Aí, só a pude continuar a esclarecer e esperar que volte a encontrar o sempre incompleto caminho da conversão.

A questão aqui é que me tenho fartado de pedir equidade, honestidade e empenho na discussão, e não tenho obtido respostas sérias e objectivas. PORTANTO, PAREM DE ME CULPAR A MIM!!

João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de August de 2002 23:53

João,

Partes do princípio que só é correcto estarmos contra aquilo que a Igreja defende por ignorância do crente (e não estou a falar de nenhum ponto em concreto). Ora, estás a partir do princípio que tudo o que a Igreja defende está certo. Penso que é aqui que nós discordamos.

Sou da opinião que a Igreja tem muitas coisas boas, a maioria delas, mas existem algumas que poderia melhorar. São estas coisas que a Igreja pode melhorar que eu discordo e sobre as quais os leigos devem expressar a sua opinião.

Sinceramente, como católico, não me posso orgulhar de ainda existir, dentro da estrutura de Igreja, um 'orgão' denominado "Santo Ofício". Penso que tenho direito à minha opinião, e que não devo ser excomungado ou expulso por isso.

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 16 de August de 2002 06:48


[LUÍS, VOU RESPONDER EM "Diálogo, discussão e ... respeito"]

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: mariano (IP registado)
Data: 09 de September de 2002 01:31

Salve Maria Imaculada!
A Bíblia é bem explícida:Avé Cheia de graça..disse o anjo.Maria é santa desde a sua conceição,porque Jesus não podia nascer num corpo manchado pelo pecado original! Todas as gerações me chamarão bem-aventurada!
Nenhuma mulher na Bíblia tem estes seguintes títulos:
1)Filha de Deus Pai;
2)Mãe de Deus Filho;
3)Esposa de Deus Espírito Santo.
Sem Maria ,não teríamos Jesus!Pois eu acreedito no arbítrio livre,ela poderia ter recusado o convite do anjo,e o anjo esperou pela sua resposta!Quem não gosta de ouvir elogios da sua mãe?Jesus não será o mesmo?
Quem despreza a mãe,despreza o Filho;Quem louva Mãe,louva o Filho por serem a mesma carne.
Amo Maria com todo o meu coração.
Adorar a Deus=latria;
A veneração a Maria=hiperdulia;(maior veneração)Maria está abaixo de Deus e acima de todos os santos.
Venerar os santos=dulia.
Paz e bem!
Mariano

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 09 de September de 2002 10:47

«Nenhuma mulher na Bíblia tem estes seguintes títulos:
1)Filha de Deus Pai;
2)Mãe de Deus Filho;
3)Esposa de Deus Espírito Santo.»

Partindo do princípio que Maria é referida nesses termos, talvez fosse possível partilhares connosco as citações bíblicas em que tal é referido...



Deus enviou o seu filho Jesus Cristo para que com a sua morte na cruz, redimisse os pecados de toda a humanidade. É este o plano de salvação de Deus. Se Maria é concebida sem pecado, e santa desde a sua concepção, significa que não está incluída no plano de salvação de Deus... Onde ficamos?

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 23 de September de 2002 18:24

Luís,
Não compreendo a sua objecção à designação de Maria como "Mãe de Deus".

Confundiu-me a sua expressão: " Maria é mãe de Jesus Cristo - do Deus encarnado homem. Mas não é mãe de Deus! Ou melhor, é-o porque, para nós cristãos, Jesus Cristo é Deus. Mas Deus é mais que apenas Jesus Cristo" .

Se quer afirmar que Maria não faz parte da Santíssima Trindade, de acordo;
Que Maria é humana, criação de Deus como toda a humanidade, e não um ser transcendente e pré-existente, igualmente de acordo;
Mas que Maria tem uma relação muito particular com Deus, parece-me inegável: Foi escolhida para ser Mãe da única Pessoa da Santíssima Trindade que incarnou - o Filho.

Aceitou e foi instrumento decisivo no plano de salvação de Deus.

O que lhe dá uma posição muito particular no Povo de Deus (não dentro da Santíssima Trindade).

Podemos chegar a Deus sem ser por intermédio de Maria? Penso que sim.
Mas estará errado tentarmos chegar ao Filho através da Mãe?

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 24 de September de 2002 11:58

Olá JMA,

Penso que no essencial estamos de acordo:
- Maria não faz parte da Santíssima Trindade;
- "Que Maria é humana, criação de Deus como toda a humanidade, e não um ser transcendente e pré-existente" (logo não pode ser "mãe" do transcendente e pré-existente);
- Maria é mãe de Jesus Cristo (Deus feito homem).

Quanto às questões que levantas: "Podemos chegar a Deus sem ser por intermédio de Maria? Penso que sim. Mas estará errado tentarmos chegar ao Filho através da Mãe?"

Concordo que é possível chegar a Deus directamente sem passar por "intermediários", seja Maria, sejam santos ou anjos.
Aceito que algumas pessoas necessitem da intercessão dos anjos e santos na sua relação com Deus. Penso que também a Igreja as aceita. Porém, convém não esquecer que é Deus que faz os milagres e é a Deus que devemos orar e louvar, pois pode haver o risco de divinização do culto aos santos por parte de alguns crentes.

Não é raro ouvir que se tem muita devoção a este ou aquele santo. E que devoção se tem a Deus?

Ainda outro dia em conversa com um professor de Teologia, ele comentava que um dos sintomas duma relação distante com Deus, o divino transcendente, é a necessidade de criar entes intermédios para minimizar o distanciamento: normalmente Nossa Senhora ou outros santos.


A questão primordial prende-se com o centro da nossa fé - a Santíssima Trindade - e devemos ter cuidado com possíveis distrações ou desvios do que é central e importante.

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 04 de October de 2002 18:54


Luís, olha, tu tendes a minimizar a doutrina da comunhão dos santos (está no credo, lembras-te?) por causa das práticas exageradas que vês...

Certamente que existe uma certa "paganização" do fenómeno religioso com a devoção indiscriminada a santos. Vai-se baixando e reduzindo "Deus" a este e aquele santo (divindade?), usando-os para este e aquele problema (como os deuses da fertilidade, da guerra, da saúde...), esquecendo-se que se trata "apenas" de comungar com as suas vidas sofredoras e, com eles, sentir o amor a Deus. Talvez, por esse grande amor, o santo interceda MESMO por nós...

Mas porquê havemos de condenar a doutrina só por esses exageros? Nada se prende com isso. Tu vais viver eternamente com eles, mais vale começares a criar intimidade... Ou já não acreditas assim tanto nisso? ;o)

Certamente que louvar a Maria, MÃE DE DEUS, e a qualquer outro santo, feito com devoção correcta, é em boa medida um louvor a Deus.

Talvez não ores o suficiente para incluíres os santos e então ficas-te só pelo "básico", Deus. Também os panteístas o fazem e tantos outros que acreditam num "Deus"... Ou em vida extraterrestre inteligente e sei lá mais o quê...

A intimidade da relação com Cristo tem tudo que ver com o género humano. Deus não está só "lá em cima"(transcendente), mas também aqui, "bem perto de ti" (imanente). Maria criou em si essa espantosa ligação: Deus fez-se Homem, fez-se carne.

Talvez precises de uma boa introdução a este assunto e eu talvez não seja capaz de a dar. Assim que tenhas oportunidade, peço-te, informa-te sobre isso, e sobretudo, converte-te espiritualmente a Nossa Senhora.

Sabes o que te aconselho? Um livrinho intitulado "À Vossa Protecção Nos Acolhemos", que contém uma oração ecuménica do rosário (católicos e ortodoxos), pela conversão do Ocidente materialista, pela conversão dos países de leste e pela união das Igrejas. Contém também uma introdução e explicação. É distribuído pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. Logo, até estarias a contribuir para uma causa tão essencial. E acho que até te dão um terço benzido pelo Papa com uma bolsa. :o)

Pegando num terço, um homem disse: "Eis que tenho nas mãos toda a fé da Igreja!"

Não é nada para "coitadinhos" e "pobrezinhos": a simplicidade de Maria é muito eloquente e basta estudares os escritos dos santos para te suscitar a vontade de orares COM eles.

"Ama e di-lo com a tua vida." Sto. Agostinho
João

Re: Comentários breves...
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 04 de October de 2002 22:30


"... tu tendes a minimizar a doutrina da comunhão dos santos (está no credo, lembras-te?) ..."

Refereste ao Símbolo dos Apóstolos e não ao Credo de Niceia-Constantinopla, mais conhecido pelo Credo que habitualmente afirmamos na missa.

"Certamente que existe uma certa "paganização" do fenómeno religioso com a devoção indiscriminada a santos."

Por isso deve ser minimizada (a devoção aos Santos) e focarmo-nos no que é central na nossa fé: Jesus Cristo.

"...converte-te espiritualmente a Nossa Senhora."

Penso que não viverei tanto tempo para assistir a tal coisa. Espero não abandonar Deus a esse ponto. Devemo-nos converter a Deus, Jesus Cristo e à Santíssima Trindade. Tudo o resto, não é central na nossa fé, e não nos deve ser provocar distração.

"...então ficas-te só pelo "básico", Deus."

Orar 'apenas' a Deus é o 'básico'? Sem comentários! ;-)
Ora 'apenas' a Deus é tudo quanto um cristão se deve esforçar por conseguir nas suas orações. Acreditamos num Deus único - Deus de Abraão, Deus de Moisés, Deus de David. É a Ele que devemos a nossa existência. É apenas a Ele que devemos orar, louvar e agradecer.


A paganização de certas práticas católicas chegou a tal ponto que, em certas alturas, me pergunto, se estou numa Igreja Católica, se num templo hindú. Isto, sem qualquer juízo depreciativo para com o culto Hindú, apenas o culto Hindú é politeísta, e nos templos hindús encontramos várias estátuas que representam diversas divindades.

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 07 de October de 2002 17:11

Caro Luis,

Estou de acordo com "o risco de divinização do culto aos santos por parte de alguns crentes".

Era bem mais visível há alguns anos que no presente, mas de facto continua a existir.

Será que tal facto teria a ver com uma apresentação de Deus mais rígida, distante e até (vais-me desculpar) temida?

Mais no Deus todo-poderoso que no Deus que nos ama?

E por isso as gerações mais marcadas por tal "ensino" não estivessem à vontade para dialogar directamente com Ele e precisassem efectivamente de intermediários?

Digo isto porque a "relação distante com Deus" parece-me estar a desaparecer nas camadas mais jovens.

Cada vez existem mais Santos; e cada vez mais ouço as crianças e os jovens com "Deus é meu amigo", "o meu amigo Jesus".

E de santos, conhecem o Sto António e pouco mais.

João

Post scriptum:
Essa do templo hindu... e das estátuas das divindades...
Porque não vais à "nova igreja paroquial de Santa Joana, em Alvalade, a primeira do século XXI em Lisboa" (notícia vossa)?

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de October de 2002 20:18

Caro João,

De facto, nas gerações mais novas tem-se assistido a uma relação mais próxima de Deus. Todavia, há ainda quem insistentemente defenda uma intercessão necessária dos santos.

Quanto à Igreja de Santa Joana ainda não tive oportunidade de visitar. Mas o pouco que vi, creio que duma celebração (ou reportagem) transmitida na televisão, gostei muito.

Pode ser que um dia destes passe por lá, e se for possível, depois faça aqui uma "reportagem fotográfica"... ;-)

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 15 de October de 2002 20:58


LOL

Oh Luís... Não continues nisso... É claro, a tua ignorância fala por ti. Então o Símbolo dos Apóstolos, que é mais antigo que o Niceno-Constantinopolitano, não se reza na Missa? Hum... E aliás, foi já no Concílio de Niceia que Maria ficou dogmaticamente designada por Mãe de Deus. Estás a ver o que dá a tua falta de atenção e estudo?

Maria é essencial para compreender a Igreja. Não admira que para ti a Bíblia seja mais importante que a Igreja, quando são origem uma da outra, hoje (e no princípio foi realmente a Igreja que "criou" a Bíblia, e desde então tem regressado a ela e a aprofundar os dogmas e a moral).

Claro que o que se passa aqui é uma falta de entendimento do que é "comunhão dos santos". Senão, nem estaríamos a discordar. Vocês não sabem o que é "intercessão" dos santos. Luís, porque é não te fazes o favor de citar do Catecismo? ;o) Ou da Bíblia...

Então Jesus nasceu de Deus... Hum... Essa heresia já há muito tempo foi condenada. Jesus nasceu de Maria, por intervenção divina em toda a sua vida. Será que o vosso coração não tem lugar para ela? Que frivolidade e elitismo!

Mas enfim, espero que um dia entendam bem isto, e que Deus vos ilumine.

João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 16 de October de 2002 11:59

João Oliveira escreveu: «... no princípio foi realmente a Igreja que "criou" a Bíblia...».

Sem comentários ;-)

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 16 de October de 2002 12:19

«... E aliás, foi já no Concílio de Niceia que Maria ficou dogmaticamente designada por Mãe de Deus»

Caro João:

Então o título de "Mãe de Deus", aliás, "Theotókos" (que não é bem a mesma coisa!), foi dogmaticamente definido no concílio de Niceia?! Nunca vi tal coisa. Podias mostrar-me onde isso aparece?

Alef

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 16 de October de 2002 12:44

Shalom!
Apesar de esta discussão ir já muito longa, resolvi entrar na "festa", para dar um pequeno contributo. Vamos a alguns tópicos.

1. A questão do título "Mãe de Deus". Toda a confusão do termo nesta discussão poderá ser esbatida se se notar um quase erro de tradução. É que quando o Concílio de Éfeso (431) definiu dogmaticamente que Maria é "Theotokos" não afirma, obviamente, que Maria deu origem a Deus triuno. Maria não é a origem de Deus. "Theotokos" significa "aquela que deu à luz Deus"!

Mas aqui está mais do que um preciosismo. O João, como tantos outros católicos "mariocêntricos" (sem qualquer conotação negativa), tende a centrar a atenção do título "Mãe de Deus" em Maria. Parece óbvio, mas não corresponde à verdade, porque não condiz com a intenção dos padres conciliares. Ou seja: a intenção primeira do Concílio de Éfeso não é falar de Maria, mas de Jesus Cristo. O título "Mãe de Deus" é, antes de mais, um TÍTULO CRISTOLÓGICO e só secundariamente um título mariano/mariológico.

Senão vejamos: todos os concílios pretendem responder a uma crise na Igreja. Niceia (primeiro Concílio Ecuménico, em 325) responde à crise ariana. Ário negava que Jesus fosse plenamente Deus. Como resposta, o Concílio definiu um "símbolo" cuja grande afirmação é a de que Jesus Cristo é "homoúsios", ou "consubstancial ao Pai", isto é, Jesus Cristo é da mesma substância do Pai, é plenamente Deus. Por sua vez, surgiu outra crise, agora sobre o Espírito Santo. Em 381 o Concílio de Constantinopla definiu claramente que o Espírito Santo é plenamente Deus. Estes dois grandes concílios centraram-se então em questões trinitárias.

Estabelecida a divindade de Cristo não se manteve unanimidade em torno da "natureza total" de Jesus Cristo: seria completamente humano? Poderia ser ao mesmo tempo humano e divino? Os Concílios seguintes (Éfeso, em 431, Calcedónia, em 451, Constantinopla II, em 553, e Constantinopla III, em 680-1) tratam de questões cristológicas. Apolinário afirmava que sendo Deus, Jesus Cristo não podia ser completamente humano. Eventualmente "Deus" habitava numa espécie de corpo emprestado mas não era possível que a natureza humana "resistisse" à divina sem ser anulada. Para Nestório, patriarca de Constantinopla, Maria só era mãe do homem Jesus... Mas isto implicaria afirmar que em Jesus não havia uma unidade. É precisamente neste contexto que surge a afirmação do Concílio de Éfeso que Maria é "Theotokos", mãe de Jesus Cristo que é Deus. Ou, de outra forma e mais de acordo com a definição: Cristo é Deus e uma só pessoa, logo Maria é Mãe de Deus. Como se poderá ver pelos textos do Concílio de Éfese, não há qualquer questão mariológica ou especial louvor a Maria... Não era essa a preocupação do Concílio. Não foi para "louvar" Maria que o Concílio se pronunciou, mas para definir algo de central da fé cristã: Jesus é plenamente homem e plenamente Deus e n’Ele não há divisão.

Já agora, aproveito para falar de um outro tópico, referido de passagem em várias mensagens: a questão da virgindade de Maria. Também aqui importa ver a intenção primeira da afirmação. Não se trata de um afirmação de tipo fisiológico sobre Maria, mas de dizer algo sobre Jesus Cristo. O que se pretende dizer, sim, é que Jesus é Deus, pelo que a sua origem é divina e não fruto de uma intervenção humana qualquer. [E note-se que teologicamente a virgindade não é uma categoria fisiológica, mas descreve uma atitude de coração. A virgindade de Maria mostra a sua consagração total às coisas de Deus, o anúncio da presença do Reino. "No Reino dos Céus nem eles se casam nem elas são dadas em casamento" (cfr. Lucas 20:35-36)...]

Creio que ver o contexto cristológico dos títulos marianos ajuda a situar um pouco as coisas e a corrigir excessos... A mariologia só tem sentido quando inserida num de dois "tratados" da Teologia: a Cristologia e Eclesiologia.

2. O lugar de Maria na vida da Igreja e maus "mariocentrismos". Indiscutivelmente Maria tem um papel singular na história da salvação, mas parece-me perda de tempo a argumentação do "Deus ser para nós só por Maria". Tratam-se de exercícios mais ou menos lúdicos de futurologia do passado, que nada adiantam ao muito e infinito da auto-revelação de Deus. Poderíamos dizer também que sem os pais de Maria não teríamos Jesus Cristo e assim por diante.
Interessa, sim, ver que em Maria aconteceu algo de grandioso, mas não por virtude dela. Tudo por graça de Deus. Ela é a cheia de graça, porque Deus depositou nela a sua graça. Há que se evitar cair no endeusamento da "humilde serva", para ver nela o modelo do cristão e da Igreja. Arrisco uma tese algo radical: o culto a Maria é falso e estéril se permanecer nela, já que ela aponta continuamente para Cristo. Não olhemos para o dedo, mas para Aquele para Quem o dedo aponta: "Fazei o que Ele vos disser". E o que Ele nos diz é mais do que rezar o terço... O melhor culto a Maria é aprender com ela a forma de ser dócil ao Espírito Santo. Ah, o Espírito Santo!... Já lá iremos!

3. E o Espírito Santo? Lendo as mensagens aqui deixadas (e particularmente uma da Anabela Sousa, de 1/08) lembro-me de um "lugar comum" muito usado em literatura de devoção e em muitos sermões: Maria é a que nos leva a Jesus e Jesus leva-nos a Deus. Não nego que isto possa ser experimentado assim, mas entristece-me que em tudo isto não se fale do Espírito Santo. Concordo com o Luis (Lugo) quando cita alguém para dizer que os excessos no culto mariano se devem a uma imagem de um Deus muito afastado, que leva à "criação" de figuras intermédias. Durante séculos esquecemo-nos do Espírito Santo. Se na ordem da "procedência" falamos ordenadamente de Pai, Filho e Espírito Santo, na ordem "gnoseológica" ou do nosso caminho de acesso a Deus, acontece o contrário: é o Espírito Santo que actua em nós que nos revela Jesus Cristo, que nos ajuda a ver no Evangelho não palavra morta, mas Palavra viva e actuante, e que nos ajuda a perceber que aquele homem é Deus. "Ninguém pode afirmar que Jesus é o Senhor a não ser pela acção do Espírito Santo" (1Cor 12:3). É então que percebemos que o Filho nos revela o Pai. É o mesmo Espírito que em nós solta gemidos inefáveis, que nos leva a suspirar pela comunhão plena com Deus. Significa isto desprezar Maria? Não, com ela aprendemos esta docilidade ao Espírito Santo, este "ponderar tudo no coração", este servir em disponibilidade, este estar com a comunidade (cfr. Actos).

4. O essencial do essencial. Há um autor que já aqui foi citado noutros tópicos, de quem gosto muito: François Varillon. Num pequenino livro de umas 60 páginas («Síntese da Fé Católica», Edit. A.O., Braga, formato de bolso) ele expõe algo de fundamental: a paixão pelo essencial do essencial. Recomendo muito a leitura deste excelente livro. O que se passa muitas vezes na Igreja Católica é que se toma o acessório em lugar do essencial e se cria uma religiosidade de substituição. E isso é muito grave, porque facilmente leva a formas mais ou menos requintadas de idolatria disfarçada.

Resumindo: é devido o culto a Maria? Certamente: "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada". Há limites? Certamente: o centro da nossa fé está no Mistério Pascal de Jesus Cristo e a qualidade da nossa vida cristã mede-se pela forma como vivemos esse mesmo Mistério na nossa vida. Maria pode ser modelo de abertura ao Espírito Santo, mas o nosso ponto de referência número um é Jesus Cristo. Maria é uma testemunha qualificada que nos aponta para Jesus e que nos "garante" que este caminho é possível, não por mero voluntarismo, mas pela acção do Todo poderoso que opera grandes coisas...

Shalom!
Alef
aleftau777@hotmail.com

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Paula (IP registado)
Data: 17 de October de 2002 09:26

Excelente!!!!!!
Muito obrigada pela tua ajuda Alef. Acho que foi preciosa para esclarecer algumas dúvidas e ignorancias. Obrigada.

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Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

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