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Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Susete Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de May de 2002 21:06

Porquê veneramos a Santíssima Virgem?

Responder adequadamente a esta pergunta é indispensável, por um duplo motivo: devemos precisar razões sólidas que justifiquem a nossa devoção mariana;

temos de legitimar e defender esta devoção, perante pessoas e grupos que se chamam cristãos, porém desconhecem, marginalizam e menosprezam a Mãe de Jesús.

Porquê amamos tanto a Santíssima Virgem e lhe rendemos culto?
A resposta é simples: porque a Bíblia nos ensina e nos exige esse amor e esse culto. E a história da Igreja, desde as suas mais remotas origens, nos oferece um perfeito e firme apoio doutrinal e prático de devoção a Maria. O marginalizar Maria ou o depreciá-La é, de tal modo, uma invenção dos tempos recentes, que não tem nada de bíblico nem de eclesial.
Da impressão produzida, pelo que dizem certas pessoas e seitas - que o cristianismo consiste num livro (Bíblia), que cada um lê e interpreta a seu belo prazer e num acto de fé individual em Jesus Cristo sem implicações comunitárias nem consequências sociais -, que dizer disto?

Jesús, nosso Redentor, para realizar e continuar a sua obra salvadora fundou a sua Igreja: enviou-lhe o seu Espírito, entregou-lhe a sua Palavra, os sacramentos, deixou-lhe o mandamento máximo do amor, e sob a orientação de Pedro e dos demais apóstolos enviou-a a evangelizar o mundo.

Como lemos, por exemplo, nos Actos dos Apóstolos 2,37-47, a partir do Pentecostes esta Igreja começou a crer, a multiplicar-se em comunidades e a viver a "boa nova". Na Igreja, já viva e actuante, a pregação foi-se fazendo, progressivamente, Escritura; primeiro existiu a Igreja e, por conseguinte, os livros do Novo Testamento; por isso, estes, nos quais ganha forma, principalmente, a Palavra de Deus, hão-de ser lidos e interpretados nas Igrejas e de acordo com o Magistério instituído por Cristo (Cf. Mt. 16, 18-19; 28,16-20). Por isso, o cristianismo é comunidade, vida, Bíblia e Tradição. Nem tudo o que a Igreja recebeu como ensinamento e instituição está contido na Bíblia. Recordemos o final do evangelho de S. João (21,25).

O anterior liga-se com outro aspecto fundamental: a Igreja foi constituída por Cristo como povo de Deus, comunidade histórica, que deve peregrinar, evangelizando, até que o Senhor volte.
Povo de seres humanos e pecadores, oferece, portanto, não só luzes, mas também sombras; deve converter-se em cada momento e deixar-se reconciliar por Deus, que nos chama sempre à santidade. Maria é mãe, modelo e auxiliadora desta Igreja peregrina.

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 16 de May de 2002 00:28

Excelente, Susete!

Temos contudo que reconhecer que há manifestações de culto a Maria que ultrapassam o aceitável e que alguma Igreja encoraja.

Evidentemente que muito desse culto tem profundas raizes culturais e populares, mas devia existir mais pedagogia...eu pessoalmente acho que certo tipo de manifestações que se vêm em Fátima e a relação quase comercial - fazes a graça, pago a promessa - dvia ser desincentivada de forma mais visível pela Hierarquia.

Quem pensam vocês ?

TZM

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Lugo (IP registado)
Data: 16 de May de 2002 00:55

Como já tive oportunidade de partilhar convosco, para mim, Maria dá o exemplo de Mãe de uma forma singular na Sagrada Escritura, e também nos dá o exemplo da forma como deu o seu 'Sim' ao chamamento de Deus. Tudo o que vai além disso, é na minha opinião, desvirtuar o real papel de Maria.

Não é a primeira vez que oiço/leio que Maria foi a primeira discípula de Cristo: tanto quanto eu saiba, nunca é relatado que Maria seguia Jesus como os Doze.

É curioso que nunca ninguém tenha dado particular relevo que as primeiras pessoas a quem Jesus aparece depois de ressuscitar é às mulheres, mas o único nome comum dos quatro evangelhos é Maria Madalena e, por isso, Maria Madalena recebe o merecido título de «Apóstola de Apóstolos».

Quanto às promessas de Fátima (entre outras), penso que pouco ou nada tem de religioso, por muita fé que as pessoas que as fazem, tenham. Penso que não é razoável que alguém faça uma "troca" com Deus (sim, porque é Deus quem faz os milagres, e não os santos ou santas): "...se Tu me fizeres isso, eu faço-te isto...".

Talvez até compreendesse que alguém, num momento de desespero, se desejasse "converter" e "prometesse" fazer algo (mas que fosse útil ao próximo e não apenas um sacrifício corporal sem utilidade que não a auto-flagelação), independemente de o seu pedido ser aceite ou não.

Sinto que a Igreja nunca tomará uma atitude clara e pedagógica para tornar estas "promessas" em algo de útil, correndo o risco de se perder a religiosidade popular e por arrasto a fé de alguns crentes.

Lugo

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 16 de May de 2002 23:06

Pois...

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 12 de June de 2002 13:19

Tenho estado a escrever um documento sobre Maria já vai um mês...

Sinceramente, fico triste ao ver que nenhum de vós compreende quem é Maria... Pensamentos muito vagos e pouco íntimos...

Daqui a uma semana já vo-lo partilharei convosco!

João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 12 de June de 2002 23:19

Admito que talvez não conheça Maria como algumas pessoas dizem que a conhecem. Mas, acima de tudo considero-me cristão, e para mim, Jesus Cristo é o centro da minha fé, que se extende naturalmente à Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo!

Ficamos a aguardar o teu texto, que se quiseres podemos publicá-lo como artigo aqui no Paroquias.org, para além de o poderes colocar aqui no Fórum, claro.

Um Abraço,
Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 17 de June de 2002 06:55


Pois é...

Está a demorar mais tempo do que pensava... E com os exames aí, tenho de definir prioridades... Bem, o que se passa é que encontrei uns textos do Thomas Merton em inglês e estou a reformular o meu texto de forma a incluir essas citações, juntamente com tantas outras...

Uma semana e, de certeza, já cá está! :o)

Luís, eu vou colá-lo aqui. Por favor, revê e peço-te que se puderes peças a algum religioso que o reveja... Não gostava nada de o ver como artigo e depois ter erros escandalosos... :o) E como eu não percebo nada disto, não seria assim tão impossível que isso acontecesse.

Sempre em Cristo,
João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 29 de June de 2002 17:46

Acabado de regressar de uns dias de férias, fico à espera do teu texto.

Um abraço,
Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 01 de July de 2002 05:22


...E parece que vai demorar mais uns dias...

Desculpem lá fazer o anúncio e depois deixar-vos como que pendurados, mas é que tenho tanto entre mãos... :o)

Ah! Lugo, inscreveste-te no "Tertúlia Católica", não foi? Se sim, não te esqueças de ver pelo menos os três últimos mails que enviei neste Sábado, na página do site. E já agora, preenche os teus dados lá no site e depois faz a tua apresentação ao grupo!

A paz,
João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Paula (IP registado)
Data: 08 de July de 2002 17:08

Concordo com os demais quando dizem que Maria é exemplo a seguir pela humildade e total disponibilidade ao que Deus quer dela.
E rezo muitas vezes para que o seu colo de mãe me ampare em momentos de maior tribulação e de densas trevas e que a sua vida discreta e coerente seja mais farol para a nossa Igreja.
De qualquer forma também me parece que existe muito exagero na devoção mariana... E há alturas em que tenho a nitída sensação de que a fé de muitas pessoas é uma "fezada" na Nª Srª de qualquer coisa... para alguns não há nada mais importante que Maria e as suas devoções.
Então afinal o que é o essencial da nossa fé cristã??? Claro que existem muitos modelos a seguir quer no evangelho quer na vida dos santos... mas o Salvador não é só um????

um abraço
Paula

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Sempre a mesma coisa... (IP registado)
Data: 15 de July de 2002 07:24


A ignorância é uma praga... E como algum santo o disse "a corrupção do melhor é o pior".

Sim, existem exageros de devoção, quase idolatria (mas e daí todo o Cristianismo é um pouco idólatra e paradoxal: Deus fez-se carne!!). Relativamente à Santíssima Virgem, pela falta de cultura que acompanha a devoção, o seu sentido perde-se. E depois ouvem-se pessoas a dizer, literalmente, que "Fátima faz milagres!"

Devemos compreender o seu sentido, que ganha na Encarnação o seu porquê: esse é o seu centro, que Deus nada seria para nós sem Maria (ainda seríamos judeus!) e que Maria nada seria para nós sem Deus, sem o Cristo.

Quando se faz acompanhar a devoção à Santíssima Virgem com nada mais que esquemas mais ou menos alinhavados de pureza e sentido espiritual abstracto, descambando para a deplorável sede do milagre e usado muitas vezes como pretexto aliciante e de identificação comum por gurus para artes ocultas. (e isto é MESMO sério) É a devoção ao milagre e à ideiazinha da pureza virginal com que se identificam muitas senhoras. Trata-se de algo ao qual acorrer, enraizado no imaginário popular, quando alguém se encontra de má saúde... E depois é ver os ateus todos a protestar, a incitar as pessoas a exigir melhores cuidados de saúde e justiça social, em vez de esperar que seja Deus a resolver esses problemas. Ora bem, um dá razões enganadoras para o outro alimentar uma fúria contra tudo o que é sagrado. Crentes e não-crentes, acabamos por andar todos enganados!! Tudo... por falta de evangelizadores, pregadores!!

E a hierarquia está ciente dessa necessidade de evangelização, mas mostra-se contudo preocupada em não criar rupturas: por um lado quer-se educar os fiéis, mas por outro não há meios para o fazer imediatamente. Reparem nesta notícia saiu na Voz da Verdade, semanário do Patriarcado de Lisboa, de 23 de Junho:

«Bispo critica sacrifícios de peregrinos

O bispo de Bragança-Miranda, D. António Montes Moreira, criticou na semana passada, em Fátima, os sacrifícios "estéreis" dos peregrinos, considerando que as promessas feitas devem estar relacionadas com mudanças de comportamentos e não com sofrimento físico. "As nossas promessas não podem confinar-se no âmbito restrito da dificuldade física do seu cumprimento, nem podem ser mero exercício ascético de mortificação pessoal", defendeu o prelado católico durante as comemorações de mais uma peregrinação internacional aniversária ao Santuário.
Perante alguns milhares de peregrinos, o bispo de Bragança-Miranda considerou que as promessas "têm de contribuir para a mudança do coração e da vida, pelo sacramento da reconciliação e da participação na eucaristia".»

E já o Catecismo da Igreja Católica diz o seguinte:

(1674) Fora da liturgia dos sacramentos e dos sacramentais, a catequese deve ter em consideração as formas de piedade dos fiéis e a religiosidade popular. O sentimento religioso do povo cristão desde sempre encontrou a sua expressão em variadas formas de piedade, que rodeiam a vida sacramental da Igreja, tais como a veneração das relíquias, as visitas aos santuários, as peregrinações, as procissões, a via-sacra, as danças religiosas, o rosário, as medalhas, etc. [isto foi definido já no II Concílio de Niceia]

(1676) Para manter e apoiar a religiosidade popular, é necessário um discernimento pastoral. O mesmo se diga, se for caso disso, para purificar e corrigir o sentimento religioso subjacente a essas devoções e para fazer progredir no conhecimento do mistério de Cristo. A sua prática está submetida ao cuidado e às decisões dos bispos e às normas gerais da Igreja.
«A religiosidade do povo, no seu núcleo, é um acervo de valores que responde com sabedoria cristã às grandes incógnitas da existência. A sapiência popular católica tem uma capacidade de síntese vital; engloba criadoramente o divino e o humano, Cristo e Maria, espírito e corpo, comunhão e instituição, pessoa e comunidade, fé e pátria, inteligência e afecto. Esta sabedoria é um humanismo cristão que afirma radicalmente a dignidade de toda a pessoa como filho de Deus, estabelece uma fraternidade fundamental, ensina a encontrar a natureza e a compreender o trabalho e proporciona as razões para a alegria e o humor, mesmo no meio de uma vida muito dura. Esta sabedoria é também para o povo um princípio de discernimento, um instituto evangélico pelo qual capta espontaneamente quando se serve na Igreja o Evangelho e quando ele é esvaziado e asfixiado por outros interesses».

QUANDO, MAS QUANDO É QUE VAMOS FINALMENTE SER O QUE SOMOS??
CATÓLICOS!!! Tudo o que isso implica, temos de o aprender novamente para amarmos mais (para muitos, de todo) a Igreja!

Em Cristo,
João

Sempre a mesma coisa...
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 15 de July de 2002 07:27


Para quem reparou no cabeçalho anterior...

Não, não me chamo "Sempre a mesma coisa..."! :o)

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de July de 2002 23:24

Vamos por partes... e com calma (depois de ter lido uma frase tua, a única coisa que me veio à cabeça foi «O QUÊ????»).

Sem dúvida que a ignorância e a falta de formação induz-nos muitas vezes em erro, quando não, sempre. Já não é a primeira vez que escrevo isto aqui. Não é novidade. Acho que se deve realçar os frutos dos grupos bíblicos que aqui e ali vão surgindo.

Não posso concordar contigo quando dizes «...que Deus nada seria para nós sem Maria...». Atrver-me-ia a considerar isto uma heresia ;), embora também digas que «Maria nada seria para nós sem Deus». Penso que não faz sentido falar de Maria fora de um contexto Cristocéntrico, e não vice-versa. «Em verdade, em verdade vos digo: antes de Abraão existir, Eu sou!» (Jo 8, 58).

Quanto à questão que colocas da falta de meios da hierarquia para formar adequadamente os seus leigos, não concordo completamente. Vê o exemplo, de louvar, do Bispo de Bragança: foi o único que ousou tocar nesse assunto delicado que é o "pagamento de promessas" em Fátima. Se a Igreja quisesse de facto ilucidar os seus crentes sobre esse assunto, o eco das palavras de D. António Moreira teriam mais alcance dentro da Igreja.

Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 16 de July de 2002 07:18


Lugo, não tens razão!! Aí está!! A ideia que temos de Maria desemboca necessariamente na ideia que temos de Deus!

CRISTO É DEUS!

Foi por Maria que Cristo, ou "o Filho de Deus", Segunda Pessoa da Trindade, veio à Terra! Se não fosse Maria, ainda pensaríamos que Deus é um terror!! Que Deus não nos ama, tal como o vimos, indiscutivelmente, amar! Atenção: nós VIMO-LO! Se não fosse Maria, ainda pensaríamos que Deus é Deus, uma presença espiritual, mais ou menos filosófica, inalcançável e indefinível, logo incerta: mas não, Deus fez-se homem para que, ainda que inefavelmente, possamos compreender quem Ele é. Se não fosse Maria, não saberíamos que Deus é Trindade: não saberíamos QUEM é Deus...

E quando nos dizemos "cristãos" ou "católicos" aí sim, literalmente, "Deus nada seria para nós sem Maria", pois esse adjectivo não teria qualquer correspondência!! E para muitos mas muitos, Deus não faz qualquer sentido se Cristo não for Deus (ou seja, se não fossem cristãos, não acreditariam em Deus), daí que, mais uma vez, "Deus nada seria para nós sem Maria", pois foi por ela e com ela que Deus desceu à Terra e nos deu esse sentido.

O Salvador é só Um, e eu quero-O todo! Quero compreender o seu porquê! Quero sentir a sua vida! E não o posso fazer honestamente se pensar que Maria não tem o autêntico valor de Mãe de Deus, doutrina que se vem reforçando ao longo dos tempos, para a qual, aliás, tanto Lutero, como Calvino ou Zwingli contribuiram, afirmando-a como digna de todo o louvor, intimamente relacionado com Deus, tal como foi a sua própria vida... e que muitos apostatários e heréticos protestantes de hoje não compreendem nem querem compreender.

Percebes?

E digo-te, para mim, DEUS NADA SERIA SEM MARIA, POIS NÃO HAVERIA CRISTO, A QUEM AMO COMO DEUS, QUE ELE É!! Não digo que, na Comunhão dos Santos, a ela se devam as MESMAS orações que a Deus, como é óbvio, mas que o seu papel na história da Redenção é absolutamente importante e deve ser orado e louvado, SEMPRE.

Porque se Deus não me amasse ao ponto de morrer por mim... eu detestaria-O por este mundo em que me faz viver, sem O compreender, sem compreender que Ele sofre o meu sofrimento, que Ele quer que Eu o ame para me preencher o próprio espaço que Ele criou para Si mesmo, o espaço da devoção e do amor invisível...

E nada disso teria sido possível... se não fosse Maria!!

Ave Maria!
João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 16 de July de 2002 09:21


A questão de que talvez a Igreja não faça o suficiente para formar os fiéis neste assunto específico não é único. Não temos formação em tanta coisa! Aliás, é por tudo aquilo que nos falta em formação que as pessoas fazem o que fazem! Mas deixa-me assegurar-te que as palavras do Bispo tiveram eco, sim. Muitos de nós não o ouviram e ainda assim sabemos que as coisas devem ser como ele diz. Porquê? Porque a Igreja, formalmente, desde sempre promoveu um certo cuidado ao lidar com o culto mariano, precisamente porque o povo cometia exageros. E o clero, na impossibilidade material de o evangelizar, também não ia dizer que parassem imediatamente com o que faziam: porque se tivessem a oportunidade de lhes dizer algo, seria para mostrar que tal sacrifício não é necessário, com explicação.

Muitos vão a Fátima "pagar promessa" e "'tá a andar!", vão à Missa pela primeira vez em anos, onde frequentemente se comenta este assunto lá em Fátima e fazem orelhas moucas... O que é que se pode fazer quando o povo NÃO QUER ser evangelizado??

Deixo aqui os links de 2 documentos papais escritos sobre Maria. E digo já que se não o lerem NÃO SÃO DIFERENTES em proporção daqueles que também não querem ouvir quando lhes dizem o que fazer.

Primeiro, a Exortação Apostólica do Santo Padre Paulo VI para a "reta ordenação e desenvolvimento do culto à Bem-aventurada Virgem Maria", Marialis Cultus:

[www.vatican.va]

E mais recentemente, a Encíclica de João Paulo II, de 1987, sobre "A Mãe do Redentor", na vida da Igreja, logo, na vida de cada um de nós e o seu lugar no plano de salvação:

[www.vatican.va]


Daqui por uns dias conto em deixar aqui a minha perspectiva pessoal, não dogmática e por isso, e por não ser Papa, não infalível, sobre Maria. Vai tratar-se de uma perspectiva espiritual, amorosa da questão.

...Dominus tecum, benedicta tu in mulieribus!
João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 18 de July de 2002 00:09

Ora aqui está umas das muitas razões que nos leva a ser católicos: a diferença de opiniões embora acreditemos na mesma religião.

Continuo sem estar de acordo contigo! :-) Maria é mãe de Jesus Cristo - do Deus encarnado homem. Mas não é mãe de Deus! Ou melhor, é-o porque, para nós cristãos, Jesus Cristo é Deus. Mas Deus é mais que apenas Jesus Cristo.

Nós cristãos acreditamos num Deus único mas composto por três 'pessoas': Pai, Filho e Espírito Santo. Se pegarmos no Credo de Niceia - que é a base da nossa fé - vimos naquilo em que acreditamos. E pergunto-te: onde no Credo de Niceia encontras aquilo que referes como sendo o papel de Maria?

Lendo Lc 1, 26-38 (episódio do anúncio do nascimento de Jesus), vejo Maria como instrumento de Deus: «Eis a serva do Senhor, faça-se em im segundo a tua palavra.» Pergunto-te novamente: como é possível afirmar que Deus nada seria sem Maria??? (Principalmente vindo de um cristão?)

A acreditar naquilo que dizes, onde estaria a omnipotência e a transcedência de Deus que precisa de um ser humano para "Ser Deus"? A ser verdade, Deus seria um ser limitado. Simplesmente não seria Deus...

Maria foi um instrumento de Deus, para que o seu plano de salvação se concretiza-se. Mas o seu plano de salvação não dependeu de Maria.

A seguir o teu raciocínio, o que seria Deus sem a existência dos profetas?

Um abraço,
Luis

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 19 de July de 2002 07:18


Ai... Não me percebeste. Continuo a afirmar tudo o que disse, com todo o rigor. Põe de lado essas noções Trinitárias à primeira vista e lê de novo o que escrevi. Depois, vê lá se compreendes que eu não estou a retirar em nada a transcendência a Deus. Mas a verdade é que é mesmo assim, o "Deus", coloquemos nesses termos, que nós adoramos não teria lugar se não fosse por Maria. Para isso, Deus, na sua omnipotência, ganhou carne em Maria.

Perdeste o ponto essencial, o PARA NÓS!!! :o) Por isso é que Maria é tão importante, PARA NÓS. E certamente, para Deus, que achou nela tanta Graça. O facto de Deus se querer manifestar a nós é surpreendente, Deus vem ao Homem! Mas até hoje nada saberíamos disso se não fosse... Maria, na sua relação excepcionalmente íntima com o Senhor. E com isto não digo que Maria estava antes, claro que não, isso é óbvio.

O que eu afirmei, sucintamente, "para um cristão, Deus nada é sem Maria", é óbvio!! Sem Maria, não há Cristo!! Sem Cristo, não há cristãos!! É assim tão difícil perceber a sequência? Não seríamos Cristãos, e eu tal como me conheço hoje não aceitaria ser judeu. Estaria condenado a viver a minha vida sem conhecer que Deus é capaz de morrer por mim... se Deus não quisesse ser Encarnado, em Maria. :o)

Não é Mãe de Deus?? Ai ai... Vai ler os Padres da Igreja (primeiros 5 séculos da Igreja)... Até Martinho Lutero o afirmou, bem como outros reformadores, com todas as letras!!! "Santa Maria, MÃE DE DEUS, rogai por nós, pecadores..." Lembras-te??

Podes ver por exemplo este site:

[www.mariology.com]

Percebes? Claro que Deus sempre existiu em 3 Pessoas (observe-se tudo o que é doutrina católica em termos da procedência de cada Uma delas - assunto bicudo). Mas Ele poderia ter permanecido longe de nós até hoje... Até hoje aguardaríamos o Messias... Agora já o conhecemos e aguardamos a sua Segunda Vinda.

A sério Lugo, sê mais amoroso. És tão ríspido que te tornas insensível... e perdes o sentido da coisa: Deus é amor! ;o)

Também pergunto, o que seria de Deus se Ele não Se quisesse revelar por profetas? Que prova de amor seria essa? Não se estaria a negar a Si mesmo? Nem imagino... Enfim, seríamos todos hindus e a acreditar em coisas como a reencarnação, talvez... Hehe... Mas e daí, nenhum profeta gerou no seu ventre o Salvador, Deus em carne, o maior paradoxo da História da Humanidade... pois não?

O seu plano de Salvação dependeu de Maria no sentido de que sem ela, sem que Ele a quisesse incluir nesse seu plano, nada disto aconteceria. E de facto, só poderia acontecer deste modo: Deus ser gerado por uma Virgem Imaculada. Como poderia ser de outra forma? Cristo seria então mais um "iluminado"... Cuidado com a forma com que nos debruçamos sobre a Mãe de Deus, porque é essencial para compreendermos a autêntica Divindade de Cristo, que rompe com as barreiras comuns da vida e da morte conhecidas a qualquer um de nós - nasceu de uma Virgem e ressuscitou após a morte. Ou não queremos acreditar em coisas tão "esquisitas" e dizer que Ele foi apenas mais um profeta, o "profeta do amor"? Não, caso contrário, Ele seria mentiroso e perderia o estatuto de bom homem, pois afirmou não poucas vezes ser o próprio Deus. Cristo ou foi Deus ou foi um mau homem. Escolham agora a vossa "crença", racionalmente.

Sancta Maria, MATER DEI, ora pronobis!
João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 24 de July de 2002 03:27

Ola Joao,

Li e reli o que escreveste (que Deus nada seria sem Maria), e continuo sem conseguir concordar contigo. Fico a aguardar que mais alguem se junto 'a discussao ;-)

E nao se trata de nao ser "amoroso", esforco-me por se-lo... :-) Mas tal como eu nao compreendi o teu ponto de vista, tambem tu nao compreendeste o meu: "Maria foi um instrumento de Deus no seu plano de salvacao!" e condicionas a grandeza do Criador ao instrumento que foi Maria...


Dizes que "O seu plano de Salvação dependeu de Maria no sentido de que sem ela, sem que Ele a quisesse incluir nesse seu plano, nada disto aconteceria." Mas, seguindo o teu raciocinio, tambem o plano de salvacao de Deus dependeu de Abraao, de Moises, de David, de Salomao, de Jose e de muitos outros homens e mulheres durante toda a historia de salvacao. Nao podemos esquecer que com Jesus Cristo, Deus faz uma Nova Alianca com o homem, mas a historia da salvacao nao comeca em Jesus Cristo.

Enfim, espero que mais alguem participe tambem com a sua opiniao. Ate la, e ate fundamento com base teologica (Sagrada Escritura, Tradicao, ...), e'-me dificil mudar de opiniao.

Um abraco,
Luis

P.S. Como devem ter reparado nao usei acentos, pois o teclado que estou a usar nao o permite.

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de July de 2002 03:49


Nada seria PARA NÓS sem Maria. É para nós, não para Ele mesmo.

Maria disse sim, não foi? Logo, aceitou, colaborou, participou de livre vontade nesse plano de salvação.

Em relação aos profetas, é diferente: eles não nos deram Cristo!! Foram apenas precursores de um plano maior, realizado através de Maria...

Já disse, é óbvio que não estou a tirar mérito nenhum a Deus... Pois se foi Ele que decidiu que a Humanidade, através de Maria, teria de O aceitar livremente, como ela fez...

A Nova Aliança é a plenitude da salvação. Agora, acreditamos no amor e não na Lei.

Deus nada seria para os cristãos, sem Maria. Logo, os cristãos devem ter uma profunda relação com Maria, como mediadora, ligação íntima entre o meramente humano e o mais altamente sagrado.

Nunca se sentem tão longe de Deus? Cristo como Deus, tão longe de nós? Tomando em nós a carne, exigindo-nos a santidade?

Pois bem. Maria, meramente humana, consegui-o mais que ninguém.

Acrescento também que a expressão "Mãe de Deus" foi consagrada em Concílio, em Éfeso, ano de 431, exprimindo assim a maternidade de Deus, tendo sido o primeiro dogma proclamado sobre Maria. Hoje há quem divulgue a proclamação de um novo dogma, o de Co-redentora. Quanto a mim, e pelo que sei, isto não seria nada de revolucionário, devido à mediação que todos nós já aceitamos a Maria. De facto, intitulá-la de Co-redentora seria bom no aspecto de que claramente estaria subordinando Maria a Cristo, que colabora desde sempre com Deus para a nossa salvação, pois só Cristo é Salvador e por ela nasceu. Claro que isso terá que ser bem definido, claramente a prevenir um possível "endeuzamento" de Maria que poderia ocorrer nas mentes menos esclarecidas. Sei também que João Paulo II pronunciou-se contra a proclamação desse dogma, por isso penso que ainda hajam arestas a limar nessa definição, ou também uma reestruturação da doutrina da "Comunhão dos Santos", se tal for necessário. Julgo que Maria seja a mais santa de todas as meras criaturas, mas pronto, isso é com os teólogos e bispos.

Assim, Lugo, tal como foram imprecisões terríveis as tuas afirmações: «Maria é mãe de Jesus Cristo - do Deus encarnado homem. Mas não é mãe de Deus! Ou melhor, é-o porque, para nós cristãos, Jesus Cristo é Deus.», também te falta, com tanta "tolerância", aprofundares mais a tua fé e saberes onde tens os pés, sob pena de te andares a enganar. Costumas debater sobre a fé com cépticos ou ateus? Digo-te que depressa darias a Maria o papel na Salvação que lhe é devido, para salvaguardar autenticamente a filiação Divina de Jesus.

VEJAM LÁ SE PÕE NA CABEÇA QUE A DIVINDADE DE JESUS NÃO É OPINIÃO!! JESUS É DEUS PARA OS CRISTÃOS E PARA TODA A GENTE. É O QUE É: DEUS.

Não é um profeta, não é um bom homem, não é um zelota, não é um gnóstico, não é um agitador político revolucionário, não é mentiroso, não é nada mais senão Deus, que permanece misterioso e além da nossa compreensão, revelando-nos um Deus tão "pouco celestial e entronado" que até se ajoelha a nossos pés para sofrer connosco... e morrer às nossas mãos.

É Deus. E essa, meus amigos, é a afirmação mais espantosa na História da Humanidade, por isso é claro que compreendo que não a aceitem.

João

Re: Porquê veneramos a Santíssima Virgem?
Escrito por: Paula (IP registado)
Data: 26 de July de 2002 09:38

João,

De facto Jesus Cristo é Deus... e parece-me que o Lugo, e os outros que tem participado neste "debate", nunca disseram que não o era. Assim como nunca negaram a percepção e aceitação essa "afirmação espantosa da História da Humanidade".
Tem sido ditas ideias muito interessantes... com algumas concordo, com outras nem por isso. Agora continuo a afirmar que o central e essencial da minha fé é Jesus Cristo (que é Deus)! Gostava também que fosses mais tolerante com a opinião dos outros ... já te ouvi dizer variadas vezes que somos ignorantes... acho que para expores os teus pontos de vista e aquilo em que acreditas não precisas de utilizar tal expediente ;)

"Nada te perturbe, nada te espante... só Deus basta"

Paula

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