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Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Fernando Cassola Marques (IP registado)
Data: 11 de December de 2003 15:14

Caríssimos, estou simplesmente chocado com o que lí hoje no jornal público, pasmem-se !

Eu acho que estamos a chegar a um ponto completo de rutpura e que algo tem de ser feito urgentemente, nesta sociedade economizada e alheia aos valores mais importantes da sociedade.

Que mundo é este em que vivemos, qual o nosso papel ?

=>NOTÍCIA DO JORNAL: (in jornal publico de 11.12.03)

Sugerindo que festas muçulmanas e judaicas sejam também feriados oficiais
Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas

A comissão independente que estava a preparar um relatório sobre as relações entre o Estado e as religiões aconselhou hoje o Governo francês a decretar a proibição de símbolos religiosos nas escolas públicas, incluindo a interdição dos alunos usarem véus islâmicos, kippas judaicas ou cruzes cristãs.

O relatório, apresentado ao Presidente Jacques Chirac, determina que o uso de "conspícuos sinais religiosos" é contrário ao secularismo que a lei francesa prevê para os estabelecimentos estatais. A Comissão Stasi (nome do seu presidente, o deputado Bernard Stasi), composta por personalidades de reconhecido mérito, sublinha a necessidade de manter "o estrito respeito pelo princípio de neutralidade de todos os agentes públicos". Esta proposição implica, nomeadamente, que os utentes dos hospitais públicos franceses respeitem as regras do pessoal de saúde, proibindo-os de rejeitarem ser atendidos por este ou aquele médico — isto porque muitas mulheres muçulmanas têm-se recusado a serem vistas por homens.

Ao mesmo tempo, o documento sugere que as festas muçulmanas e judaicas se transformem também em feriados oficiais, tal como já acontece com as festividades cristã, e insta as empresas a permitirem aos seus trabalhadores tirarem folga nos feriados respeitantes ao seu credo.

O debate sobre o uso de símbolos religiosos nas escolas públicas francesas surgiu após o caso de uma menina que pretendia manter o véu islâmico durante as aulas. Os defensores da proibição — o Governo, excluindo os ministros da Educação e do Interior, a direita, os socialistas e a generalidade dos sindicatos ligados à educação — consideram que tais símbolos promovem atitudes religiosas extremistas, enquanto os opositores — entre os quais estão as diferentes confissões religiosas, grande parte da esquerda e as associações que combatem a discriminação e defendem os direitos humanos — temem que surjam reacções radicais na sequência da interdição.

Os muçulmanos representam oito por cento da população francesa, o que significa cinco milhões de pessoas.

O Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos já reagiu ao documento, criticando a sua "inutilidade" e "ineficácia". "Nada justifica hoje a aplicação de uma lei para uma dezena de casos [mais complicados], quando a maioria das situações são resolvidas através do diálogo", defendeu o presidente da associação, Mouloud Aounit. "Penso que a exclusão não favorece o diálogo e, num contexto como o de hoje, já bastante tenso, este tipo de lei não vai amenizar as relações", acrescentou, felicitando, por outro lado, a sugestão de equiparar os feriados muçulmanos e judaicos aos cristãos.

Chirac decidirá até dia 17 se a defesa da laicidade do Estado deve ser colocada em lei. Durante uma visita à Tunísia, o chefe de Estado francês deixou clara a sua posição: "A presença do véu nas nossas escolas tem qualquer coisa de agressivo (...). Há nisto uma espécie de contestação das regras nacionais que não pode ser aceite. De uma maneira ou de outra, devemos fazer respeitar os princípios laicos." EPA

Muitas mulheres muçulmanas têm-se recusado a serem vistas por médicos nos hospitais públicos




Fernando Cassola Marques

"Que a paz esteja contigo"

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 11 de December de 2003 23:25

"Estes gauleses estão loucos!"

Luis

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de December de 2003 00:12

Luís, tive exactamente a mesma reacção: "Ils sont fous ces gaulois!" Mas muito mais haverá a dizer e este é um tema que se presta a um debate que pode ser muito interessante, mesmo que possivelmente inconclusivo. Hoje li algo mais sobre o assunto e vejo que a coisa é bem mais complicada do que parece.

Por um lado, há que ver a força "sagrada" (passe o absurdo da expressão) do Estado (maiúscula, pois claro!) para a cultura francesa. Será bom ter em conta a produção literária e filosófica dos iluministas e o contexto da Revolução Francesa para se perceber um pouco melhor o que está por detrás. De facto, a cultura da laicidade vai muito para além da "mera" questão da separação entre Igreja e Estado. Não será errado dizer que a França é um estado laico e também laicista. Trazer um símbolo religioso num edifício público é visto não simplesmente como um sinal de pertença, mas como uma ofensa ao Estado laico. Isto significa, na prática, que o Estado mantém uma força ideológica anti-religiosa, naquilo que a religião tenha de público. Sim, porque o querer relegar a religião para o mero foro privado é uma ideia laica, que vai contra a natureza da maior parte das religiões. A religião, por natureza, abarca toda a vida humana, donde inegavelmente tem repercussões públicas (sendo que a "abstenção" tem também uma repercussão).

De um modo geral, choca-nos o modo "fundamentalista" com que o Estado francês entra nesta luta contra os véus muçulmanos. Com atropelias impensáveis. Há dias os jornais noticiaram algo impensável numa democracia onde há separação de poderes: uma mulher muçulmana, que fora aprovada pelo juiz como membro de um júri, apareceu na sessão de tribunal com o véu característico. O juiz interrompeu a sessão e entrou em contacto com o Ministro da Justiça (se não erro), que estava num outro país, que prontamente deu ordens para que o júri fosse "desmantelado", porque tal véu era uma ofensa ao Estado! Inacreditável!

Admirado com tal "primarismo", hoje li algo mais sobre o assunto e fiquei então menos severo com os franceses num aspecto. A questão ultrapassa o mero uso de um adereço ou peça de vestuário. Sabe-se que uma boa parte das raparigas que usam o véu não o fazem por livre decisão (como eu escolho ou não usar um crucifixo ao peito ou uma "figa" ou qualquer amuleto), mas por pressão da família e como forma de rejeição (protecção?) da sociedade laicista em que vivem. Não se trata do mero uso de uma peça de vestuário, porque, entre outras coisas, rejeitam fazer ginástica e participar noutras actividades onde estejam pessoas do sexo masculino. Muitos grupos de defesa dos direitos das mulheres denunciam o uso do véu como uma prática "infame" de subjugação das mulheres em relação aos homens... É curioso ver como a revista "Elle" se meteu também ao barulho...

E, salvo alguns esforços "modernos" de "exegese" que suaviza o "estatuto" menor da mulher, em geral, o mundo muçulmano menoriza a mulher. Frases como «bate na tua mulher, mesmo que não saibas porquê, porque ela sabe» são bastante conhecidas. Ainda há dias um imã num país europeu foi condenado em tribunal por ter escrito um livro em que ensinava como bater nas mulheres sem deixar marcas visíveis!!!

Voltando, ao caso francês, parece-me então que estamos diante de dois exageros e dois absurdos. Por um lado, um Estado que, em nome dos princípios da democracia laica, viola as consciências das pessoas (coisa que não interessa muito ao Estado) e, por outro, uma prática "religiosa" que não percebeu a diferença entre o essencial e o acessório.

É caso para dizer, "venha o diabo e escolha"... Por enquanto, o dito parece ter escolhido ambos e os resultados estão à vista...

Creio que esta polémica está para durar, até porque o peso da comunidade muçulmana está a aumentar aceleradamente na França e noutros países europeus...

Contudo, parece-me ainda acertado o dito: "Ils sont fous..."

Alef

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de December de 2003 11:14

Mais, do mesmo:

Comissão Propõe Lei Contra Véu Islâmico nas Escolas


A questão escaldante da laicidade e do uso do véu islâmico na escola, que tem animado desde há vários meses o debate público em França, teve ontem um primeiro elemento de resposta: uma comissão "ad hoc" preconiza o recurso a uma lei que proíba os sinais religiosos "ostensíveis" na escola. São visados o véu islâmico, a "kippa" judia e as cruzes grandes dos católicos. Em contrapartida, o relatório da chamada comissão Stasi (baptizada com o nome do seu presidente, o deputado Bernard Stasi), recomenda que seja tolerado o porte ao pescoço de medalhas discretas, próprias a cada um das religiões (cruz, estrela de David, mão de Fatmah, símbolo budista).

Num "espírito de abertura", a comissão recomenda ainda que sejam criados dois feriados obrigatórios na escola para todas as crianças, no dia de Yom Kippur, a principal festa judaica, e no dia de Aïd-el-Kebir, a festa muçulmana mais importante, "em igualdade com o feriado de Natal". É proibido, em França, contar a população em função das respectivas práticas religiosas, mas há um certo consenso numa avaliação da comunidade muçulmana em cinco milhões de pessoas, e da judaica em 700 mil.

O Presidente da República, Jacques Chirac, deve pronunciar-se a 17 de Dezembro sobre a apresentação, ou não, ao Parlamento de um projecto de lei seguindo as recomendações da comissão Stasi. Algumas declarações do Chefe de Estado, nos últimos dias, nomeadamente sobre o "caracter agressivo" do véu islâmico na escola, levam a crer que não se opõe a uma legislação sobre este tema.

As propostas da comissão Stasi estendem-se a outros sectores de actividade onde as questões religiosas têm levantado problemas. O relatório recomenda uma lei que abranja todos o funcionalismo público - argumentando que "um agente público" deve estar submetido à "obrigação de estrita neutralidade política e religiosa". O código do trabalho deveria dar a possibilidade às empresas privadas de tomarem disposições relativas às indumentárias dos empregados e ao uso de sinais religiosos, sugere o relatório. Mas a futura lei deveria também introduzir nas empresas a possibilidade para os empregados terem um feriado religioso em função do culto que pratiquem - Yom Kippur, Aïd-el-Kebir, Natal ortodoxo (uma semana depois do Natal católico) ou outros.

Tendo recolhido testemunhos de derrapagens de ordem religiosa nos hospitais, onde várias organizações islamistas radicais exigem a criação de espaços próprios para mulheres, acessíveis apenas ao pessoal médico feminino, a comissão propõe: "Uma lei deveria recordar aos utentes dos hospitais as suas obrigações, nomeadamente a proibição de recusarem pessoal médico, e o respeito das regras de higiene e de saúde pública".

Comentando as conclusões e as recomendação feitas ontem ao Chefe de Esatdo, Bernard Stasi fez questão em frisar: "A laicidade é um valor de abertura e de tolerância, e foi nesse espírito que cumprimos a nossa missão. Mas é preciso ser lúcido: há neste momento comportamentos em França que não podemos tolerar; há indiscutivelmente forças que tentam desestabilizar a República. Chegou a hora para a República se afirmar e marcar os limites a não pisar". A comissão propõe, por fim, a criação de um centro nacional de "estudo do Islão", para assegurar em França "uma reflexão racional e laica sobre o Islão".

As reacções foram entusiastas na maioria de direita como na oposição de esquerda. Os representantes das igrejas cristãs - católica, protestante ou ortodoxa - que se têm oposto a uma lei sobre a laicidade, aplaudiram o espírito de abertura da comissão Stasi. Associações judaicas laicas, como a dos Estudantes Judeus de França, apoiam o relatório, mas as autoridades religiosas mostram-se mais reservadas. Os líderes muçulmanos oficiais prometeram respeitar esta lei, pedindo embora que não seja aplicada brutalmente. Por seu lado, a associação de defesa dos direitos humanos MRAP observou que uma lei "só vai radicalizar posições e criar situações delicadas".

O líder de extrema-direita Jean-Marie Le Pen vociferava ontem contra a ideia de criação de feriados judeu e muçulmano. Outro líder da ultra-direita (oposto a Le Pen), o antigo ministro Phillippe de Villiers, ressalvou: "Noto que uma lei sobre a laicidade é a prova de que toda uma geração política se mostrou incapaz de travar a imigração islâmica para a velha terra judio-cristã que é a França". Uma linguagem na linhagem das derrapagens verbais anti-semitas, anti-árabes e, em geral, racistas que aumentam em França, criando um clima extremamente preocupante.

Por ANA NAVARRO PEDRO
«Público», Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2003
[jornal.publico.pt]

E similar...



Crucifixo Pode Continuar nas Escolas em Itália


O crucifixo poderá continuar colocado na parede da pequena escola de Ofena (a 100 quilómetros de Roma) e de todos estabelecimentos de ensino italianos, porque ele "é o símbolo da identidade do país". A decisão final é do Tribunal Administrativo e põe fim à polémica levantada por um italiano recentemente convertido ao islamismo.

A questão, que provocou mesmo uma alusão do Papa João Paulo II, foi levantada por Adel Smith, 43 anos, presidente da pequena União dos Muçulmanos de Itália, e pai de duas crianças.

Smith teve uma primeira vitória, a 22 de Outubro, quando uma decisão do juiz de primeira instância ordenou a retirada do crucifixo: "A presença do símbolo da cruz (...) manifesta a vontade inequívoca do Estado, uma vez que se trata da escola pública, de colocar a religião católica no centro do universo, como uma verdade absoluta, sem mostrar o mínimo respeito pelo papel jogado por outras experiências religiosas e sociais no desenvolvimento da humanidade."

Esta sentença motivou reacções de vários membros da hierarquia católica. "O crucifixo deve continuar um símbolo da identidade do nosso país", afirmou o cardeal Camillo Ruini, presidente da Conferência Episcopal Italiana. O Papa, mais subtil, afirmou que "a coesão social e a paz não podem atingir-se apagando as particularidades religiosas de cada povo".

A questão foi entregue ao Tribunal Administrativo, que decidiu agora em favor das teses da hierarquia católica, mas Adel Smith decidiu processar o Estado, por violação dos seus direitos de cidadão. Smith foi criticado também por vários dirigentes islâmicos de Itália, que o acusaram de provocador e de querer implicar os 800 mil muçulmanos que vivem no país numa polémica que não lhes interessava.

O caso criou um grande mal-estar e foi comparado na imprensa à questão do véu islâmico que está a ser debatida em França (ver texto ao lado). O "La Repubblica" avisou que a polémica fomentava a divisão entre católicos e ateus, entre cristãos e muçulmanos. Em Itália, o catolicismo foi considerado legalmente como "única religião de Estado" até 1984, altura em que a designação foi suprimida. A presença dos símbolos religiosos nas escolas foi autorizada por duas leis do período fascista (1924 e 1927), nunca revogadas.

Por PÚBLICO/AFP
Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2003
[jornal.publico.pt]

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Robespierre (IP registado)
Data: 12 de December de 2003 14:31

E viva o sacrossanto laicismo da Divina República!

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 12 de December de 2003 14:47

pois eu axcho mal. As mulheres deviam andar de burka nos liceus - aliás, eu até acho que enm deviam estudar - e mesmo as católicas deviam andar de véu, saias até aOS PÉS OLHINHOS NO CHÃO.
Não se trata apenas do véu islâmico mas do véu católico, protestante e ortodoxo. . e os gajos are krisnha deviam poder trazer as flores e os tambores e assim era tudo mais divertido.

Em suma, as leis do periodo fascista - as que permitem o uso de símbolos religiosos nas escolas - é que são boas. o meu amigo avlis também concorda! HEIL:

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 30 de December de 2003 13:59

Acho que a República tem um problema e que eventualmente é comum às religiões:
A Alegria é o jardim da Liberdade, da Iguldade e da Fraternidade e tem o poder de re-unir os que estão divididos (9ª de Beethoven-4º andamento- Ode de Schiller) por causa da ideologia: Liberté, Egalité, Fraternité. A Alegria trás o perdão. A Alegria é a fronte da Divindade, Irmã dos Elísios- que os franceses esqueceram na sua tríade. Até a Cronos, o devorador, acabou por ser dado um lugar de honra no reino das profundidades.
Mas às religiões compete trazer a Salvação: Paz, Bem, Esperança, Alegria.
A República importa-se pouco com a Paz, o Bem, a Esperança- interessa-lhe é exercer o fascínio. Mas a Alegria devia entrar no trio:
"Liberté, Egalité, Fraternité, Joie"
"Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Alegria"
porque a Alegria é o penhor das outras três; e as religiões deviam-lhe seguir o exemplo.
Quanto aos feriados, parecem-me excessivos, em Portugal, e seria interessante se houvesse alguma partilha com o resto do pessoal, se acaso se justificasse.
...
AOMSoares


Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Susete Gonzaga (IP registado)
Data: 02 de January de 2004 10:41

LEI RELIGIOSA PROVOCA IRA DO MUNDO MUÇULMANO CONTRA PARIS
Por ANA NAVARRO PEDROPARIS
Publico de Sexta-feira, 02 de Janeiro de 2004

A recente decisão do Presidente francês, Jacques Chirac, de introduzir uma lei a proibir os sinais religiosos ostensivos nas escolas públicas de França está a delapidar o importante capital de simpatia que Paris tinha conquistado no mundo árabe e muçulmano com a sua oposição a uma guerra contra o Iraque, em 2003.

Interpretada, antes de mais, como uma interdição do véu islâmico, apesar de proibir também o porte de certos sinais religiosos católicos e judeus, a futura lei provoca reacções indignadas dos mais altos responsáveis religiosos muçulmanos.

A cólera é particularmente viva nos países do Médio Oriente, onde autoridades religiosas, movimentos políticos e, por vezes, dirigentes, se sucedem a condenar a decisão do governo francês. Foi assim uma aposta arriscada a que levou o Ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, que também tutela os cultos religiosos, a encontrar-se no Cairo, no último dia do ano 2003, com o imã Mohamed Sayed Tantawi, xeque da prestigiada mesquita Al-Azhar. Considerado como a mais alta autoridade moral do islão sunita, o imã de Al-Azhar deu, afinal, uma caução pessoal a Paris, depois de ter dado um sinal de anuência aos fundamentalistas. Explicando a Nicolas Sarkozy que "o véu é uma obrigação divina para a mulher muçulmana", o dignitário religioso frisou que "nenhum muçulmano, quer seja governante ou simples cidadão, tem o direito de se opor" ao porte do véu. A Turquia e a Tunísia, dois países muçulmanos, proíbem o véu islâmico na escola e no funcionalismo público.

Todavia, acrescentou o imã de Al-Azhar, quando "a mulher muçulmana vive num país não muçulmano, como a França, se os responsáveis querem adoptar leis contrárias ao véu, é o direito deles e eu não posso opor-me a isso". Invocando diversos versículos corânicos, o imã Tantawi afirmou que, neste caso específico, a mulher muçulmana que se conforma à lei de um país não muçulmano não peca "nem receia o castigo divino" - dando assim uma absolvição às alunas francesas que frequentarem a escola sem véu a cobrir o cabelo.

"Nunca autorizarei um não muçulmano a intervir nos assuntos muçulmanos, mas, do mesmo modo, nunca me autorizarei a intervir nos assuntos não muçulmanos", concluiu Mohamed Tantawi, confirmando mais uma vez a sua reputação de "religioso político".

A benção de um alto responsável muçulmano era importante para Paris, mas Nicolas Sarkozy evitou exultar. Primeiro, porque a preparação da futura lei e a sua entrada em vigor prometem momentos de grande tensão social em França.

Depois, a tomada de posição do dignitário religioso não alcança a unanimidade no mundo muçulmano. Mal acabara de se pronunciar, o imã provocava reacções de descontentamento dentro da própria mesquita Al-Azhar. O grande mufti do Egipto, xeque Ali Goma'a, advertiu a França contra uma lei que proibiria a mulher muçulmana de usar o véu, insistindo que se trata de "um dever religioso e não de um simples sinal".

Outros teólogos recordaram que o imã Tantawi foi nomeado pelo governo egípcio, que espera dele, em contrapartida, um discurso moderado sobre o islão mas que dê, simultaneamente, sinais de reconhecimento aos fundamentalistas.

Por fim, a posição de Mohamed Tantawi não alterou a de outros responsáveis religiosos no Médio Oriente. No Líbano, país multiconfessional, francófono e francófilo, xiitas como sunitas pedem a Jacques Chirac que "reconsidere a sua decisão". Em Teerão, o Presidente iraniano, Mohammad Khatami, afirmou que o "hijab" (véu ou cortina que segrega) "é um assunto religioso e a sua restrição é um sinal de uma derrapagem nacionalista".

Apelo à mobilização

Vários teólogos dos países do Golfo Pérsico lançaram um apelo à mobilização contra a decisão do Presidente Chirac. No Qatar, o xeque Yussef Al-Qaradhaui, referência espiritual do movimento fundamentalista egípicio Irmandade Muçulmana, disse na estação de televisão árabe Al-Jazira que a decisão francesa "é um motivo de grande sofrimento e dor para os muçulmanos".

A futura lei francesa de defesa da laicidade provoca debates na televisão, editoriais e discussões acaloradas numa religião em que, precisamente, não existe a noção de laicidade. Mas esta dificuldade faz-se sentir também noutros países com uma estrutura de sociedade diferente da francesa.

Washington já interveio na questão da proibição do véu islâmico nas escolas francesas. "Os Estados Unidos consideram que é um motivo importante de preocupação", declarou John Hanford, responsável pelas questões ligadas à liberdade religiosa no Departamento de Estado americano, acrescentando: "Vamos seguir este caso com toda a atenção. O Presidente Chirac diz que a laicidade não é negociável em França. Esperemos que a liberdade religiosa também o não seja".

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Robespierre (IP registado)
Data: 11 de February de 2004 16:04

SALVÉ O DIA 10 DE FEVEREIRO DE 2004

DIA DA REFUNDAÇÃO DA FRANÇA

Finalmente aprovado o Decreto, a França tornou-se de novo no FAROL DA CIVILIZAÇÃO LAICA E REPUBLICANA

VIVA O LAICISMO

VIVA A REPUBLICA

VIVA A FRANÇA

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 11 de February de 2004 18:37

Bem ,se vocês fêmeas vierem visitar o meu país, têm de adaptar-se ás leis locais, por mais laicas ou cristâs que vocês sejam. Ainda esta semana vou a um casamento de um primo ao Paquistão e as minhas mulheres lá estão a preoara os véus, roupas compridas e a treinar comportamentos de recato que aqui nem sempre consigo que elas tenham. Inclusive, a mulher de um colega meu de trabalho que também é convidada já mandou fazer roupas e o véu com que têm de se tapar antes mesmo de aterrarmos no aeroporto... E nada de crucifixos ou medalhas cristâs.

No Paquistão, todos os visitantes e imigrantes têm que respeitar as leis e regras religiosas, sobre a indumentária e o comportamento, ainda que isso possa parecer uma violência para as mulheres ocidentais.

Se a França é um estado laico, com leis próprias, quando alguém visita esse país ou vive lá deve adoptar as leis e os costumes franceses, por mais estranho que isso lhe pareça.
è brutalmente chocante para um ocidental estar num sítio a comer e observar que ao lado as mulheres não se podem sentar á mesa dos homens e que só se atrevem, a comer depois deles raparam os pratos.
Pra mim não claro!

eheheheh

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: João Leal (IP registado)
Data: 12 de February de 2004 13:34

Afinal a frança é tão fundamentalista como o mais fundamentalista país mulçumano, já para não falar dos Estados Unidos.

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Robespierre (IP registado)
Data: 12 de February de 2004 16:34

O farol da democracia não é fundamentalista: os fundamentalistas é que pensaram conseguir domesticar a França. Como dizia a Edith "charter" é pegar neles enfiá-los em charters e manda-los para as origens.
Quem não tá bem, muda-se. Só faltava ver as miúdas de burka em vez da minissaia. A minissaia é um fenómeno cultural francês.

VIVA O SACROSSANTO LAICISMO DA DIVINA REPUBLICA

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Robespierre (IP registado)
Data: 12 de February de 2004 16:42

Pergunta rosinha:
"onde foi a a revolução francesa buscar os seus ideias de fraternidade , solidariedade e liberdade?"
A mim e aos outros revolucionários.

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 12 de February de 2004 22:36

ò capitão roby, não sejas imodesto........

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 13 de February de 2004 09:59

Irmão Robespierre:

A mini-saia foi lançada pela Mary Quant em Londres. Portanto, não é um fenómeno francês, mas sim inglês.
E por acaso, até é uma moda gira quando elas têm pernas bonitas... O pior é quando os "potes" resolvem vesti-las também e até fazem doer a vista com o espetaculo! É o que acontece quando copiamos a moda dos outros. Tal como a França está a copiar os países árabes quanto à intolerância religiosa. E parece-me que acabaram de abrir uma caixa de pandora. O tempo dirá quais as consequências desta lei. Diz a regra que a seguir a uma acção segue-se uma reacção. E por aquilo que conheço dos franceses, eles adoram ser do contra em relação ao poder estabelecido.
A ver vamos...

Abraço fraterno

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 13 de February de 2004 13:05

Sorte a deles poderm manifestar-se nas ruas... Olha que no paquistão, arabia saudita, irao, afeganistao, ninguém se manifesta...

E as avós destas meninas que agora se passeiam de véu nas ruas de frança passeavam-se nas mesmas ruas de mini-saia e cara descoberta. Por que eram livres...

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Robespierre (IP registado)
Data: 13 de February de 2004 17:45

O cidadao VM diz que a minissaia é um fenomeno inglês, lançado pela Mary Quant em Londres. Desculpa mas é uma contradicao.
Já foste a essa ilha dita da inglaterra? Olhaste para o escudo dito "real"? Leste a legenda do escudo? Diz "Honi soît qui mal y pense". Caso não saibas é francês. Essa ilhota a norte mais cedo ou mais tarde irá ser anexada.
Aliás, concordo com o Chirac, que tem sérias dúvidas que o inglês exista.
A criadora da minissaia chamava-se Marie Combien e era francesa, naturalmente.
Como se a moda pudesse vir de outro lado que não de França...
A França nunca copia nada. Cria a civilização. E havemos de civilizar esses maometanos radicais. Os Franceses muçulmanos não os vi queixarem-se.
LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE
VIVA O SACROSSANTO LAICISMO DA DIVINA REPUBLICA

Re: Comissão aconselha interdição de símbolos religiosos nas escolas francesas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 28 de February de 2004 19:46

Este zoo em que vivemos... Vejam esta pequena notícia:

Turquemenos proibidos de usar barba

O Presidente do Turquemenistão decidiu proibir os jovens do país de usarem qualquer tipo de barba ou deixar crescer o cabelo, encarregando o ministro da Educação de assegurar o cumprimento da nova lei. "Devemos manter-nos atentos à aparência da nossa juventude", disse o próprio Sapamurat Niazov quando anunciou a medida sem dar mais explicações. Líder desde 1985, Nyazov, que anunciou para breve um livro sobre o comportamento cultural do seu povo, tem-se dedicado nos últimos anos a reformular a legislação do país. Já mudou os nomes dos meses, dividiu os ciclos da vida em fases, introduziu sinais de trânsito nacionais e obrigou as raparigas a usar chapéus tradicionais turquemenos na escola.

Fonte: Público, [jornal.publico.pt]



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