...o Universo






...há dias peguei numa folha de papel e num lápis e preparei-me para desenhar o Universo!...

...fiz um círculo e dentro dele desenhei muitas galáxias...numa destas desenhei o sistema solar e num ponto do bico do lápis assinalei o planeta Terra...

...de repente apaguei tudo...afinal o Universo não é assim...ele é infinito e não "cabe" dentro de um círculo...

...bolas!...então que desenho faço?...

...risco uma curva, tipo sinal de "(" e faço mais um risco só que não sei onde o colocar...

...olho e volto a olhar...como raio hei-de eu desenhar o Universo se ele é infinito?...

...por outro lado ainda (e para piorar as coisas) o Universo é tão infinito "para cima" como o é "para baixo", ou seja, é tão grande em escala ascendente como é tão pequeno em escala descendente...não tem fim na explosão como na implosão...

...então vislumbrei um "risco" em cone dando uma idéia de explosão mas fiquei de boca aberta quando pensei como desenhar um "risco" apontando no vértice a idéia da implosão...

...por outro lado ainda, e como ele é infinito, não há cone que chegue para o "albergar"...

...tristeza...desisti!...

...amachuquei a folha de papel e deitei-a para o caixote do lixo...















...mais tarde lembrei-me daquela folha de papel...ela continha um princípio mas não continha um fim...ela continha afinal de contas, o Universo!...












quim, the wolf

Se é tão difícil reperesentar o universo, de que vemos alguma coisa, imagina o quão difícil é balbuciar alguma coisa sobre Deus...

A propósito, um conto:

«Um elefante gozava as delícias de um banho
num poço fresquinho da sua floresta,
quando um rato chegou e exigiu
que o elefante saísse.

“Não saio, não”, disse o elefante,
“não me perturbes enquanto me divirto”.

“Pois insisto em que saias”, disse o rato.

“Sair por quê?”, perguntou o elefante.

“Só to direi quando saíres
e deixares o poço”, disse o rato.

“Pois eu não saio”, disse então o elefante.
Mas, de facto, saiu, pesadamente, do seu poço,
pôs-se diante do ratinho e perguntou:

“Mas por que desejavas que eu saísse?”

“Só queria saber, disse o ratinho,
se estavas a usar o meu calção de banho”.

Pois é mais fácil entrar um elefante dentro do calçãozinho de um rato do que Deus caber nas noções eruditas que dEle temos!»

;-)

..essa do elefante caber num buraco da agulha ser mais fácil que compreender os mistérios de e de e de...

...essa é que é fácil...na medida em que compreendo perfeitamente que não se consegue entender os mistérios que nos rodeiam (daí o meu caso da impossibilidade do existir)...

...mas...resolver tudo...dizendo que Deus é que sabe...não achas que é muito redutor?...É evidente que Deus (que para mim é a totalidade do Universo, enquanto que para a maioria das pessoas é um Ser velhinho sentado lá não sei onde num cadeirão de braços abertos a olhar por tudo) jamais entrará na nossa tão infima capacidade de entendimento...

...porém, para mim, o Universo não foi criado para nós...nós é que somos um "produto" da evolução do próprio Universo...


...e quando penso que um infinito o é tanto para cima como para baixo, reduzo-me à minha insignificância e dou graças a Deus por estar aqui a colocar estas questões...afinal de contas, mesmo para uma existência tão efémera como é a nossa, ainda vale a pena estar cá nem que seja para perguntar o que é que estamos aqui a fazer?!...



abraço


quim

Uau...

Pois é, colocas boas questões, Quim!

Para mim, a existência é toda ela evolutiva... E nós testemunhamos isso no nosso próprio processo de crescimento, de cada pessoa.

Quanto a mim, a Humanidade também tem muito para crescer, para evoluir... Mas, uma evolução essencialmente mental e cultural!

E também não continuamos indefinidamente a melhorar ao longo da vida, pois também há momentos em que pioramos... Mas não serão esses também inerentes à evolução?

Mas temos um problema, morremos. O que nos leva a pensar... Será que o processo final da evolução de cada ser humano, tenha ele 1 dia de vida de concepção, em que ainda nem é feto, ou 99 anos de idade consiste na sua alma ser aproximada de Deus?

O que é a alma?

O que (quem) é Deus?

O que é o Céu?

...

Dessa forma, se encararmos as coisas de um ponto de vista da filosofia e doutrina cristãs (ou pelo menos, católicas, dado que há muitos "cristãos" sem doutrina nem filosofia definidas...), compreendendo os mistérios da vida e da morte pela racionalidade e pela fé, através da Revelação, teremos a possibilidade de encarar a existência como uma forma gratuita de ser... Temos a vida, damos a vida. Uma mãe não perde vida ao trazê-la ao mundo, mas dá-la (exceptuando, claro, a morte da mãe durante a gravidez - e mesmo assim poderíamos dizer que houve uma "troca" de vida...).

Quanto à eternidade e ao infinito, são também temas polémicos...

Sem terdes visto a Cristo O amais e mesmo sem O ver acreditais.
E uma alegria inefável vos enche e vos vai transfigurando.
João

Quando comecei a ler Astronomia, as dimensões dos astros fascinaram-me tanto que quis reproduzir o Sistema Solar em recortes de papel, à escala. Recortei primeiro uma circunferência de papel com 13 mm de diâmetro que representava a Terra (e arredondava para 13000 o seu diâmetro de 12756 Km) e, depois, para todos os outros planetas, fiz o mesmo. Onde os livros falavam em milhares de quilómetros de diâmetro, eu lia dezenas de milímetros e arredondava (Vénus tinha 12 mm; 12103 Km – 12000 km). Só queria mesmo ter uma ideia aproximada das proporções e das distâncias. Destas, compreendi, pouco depois de espalhar pelo chão da casa três planetas de papel, teria de desistir. Restava-me compreender a diferença de tamanhos entre os diversos astros do sistema. Ainda me lembro do meu espanto quando só me faltava desenhar e recortar o Sol e compreendi que não tinha nenhuma folha de papel, mesmo a essa escala, que chegasse. Fui forçada a fazer apenas a curvatura correspondente na maior folha que tinha e que ficou a parecer uma parede ligeiramente inclinada. Perto do Sol, todos os planetas, mesmo Júpiter, pareciam minúsculos.

ehehehe És mesmo espírito de contradição! :) É tão giro, isso!

...João...

...nem só de filosofias vive o Homem, claro...mas também nem só de fé deve ele viver...

...quando coloco perguntas são perguntas que sei que não vou obter respostas...mesmo assim pergunto...porque a vida e o facto de estar aqui é já em si mesmo uma pergunta...porque estou aqui?...

...claro que a existência é toda ela evolutiva...mas aqui, nesta aceitação duma evolução não poderemos colocar que está errado quando se diz (quem é que o diz?) que Deus criou o Homem à Sua Imagem? Não será de aceitar que para isso o Homem teria de ter sido "criado" já como Homem e não produto duma evolução?...

...talvez evolução espiritual, seja a questão...

...morremos? Quem disse?...Não será a morte apenas um outro processo de vida? Conheces a fábula das células do útero? Se não conheces, aqui vai uma cópia:

As células, dum útero que vivia muito descansadinho da sua vida, viram um dia, de repente, surgir um óvulo fecundado por um espermatozóide, que se fixou na parede do útero junto delas. Lentamente verificaram que se desenvolvia. E foi tomando forma uma figurinha pela qual se afeiçoaram terna e profundamente. Mas eis que, passados nove meses, aconteceu uma espécie de terramoto, e a pequena criaturinha escapa-se através dum túnel escuro. Quiseram retê-la, mas há uma força enorme que parece puxá-la de fora. Por fim, desapareceu e a saída ou entrada do túnel fechou-se. E, aquelas células, sós e tristes no interior do útero, chorando pela criaturinha desaparecida, começaram a organizar um funeral pela “morte” daquele ente querido. Mas algo de estranho se passava no exterior. Muitos ruídos. Não sabiam que lá fora (numa outra dimensão que não a das células) se estava a celebrar com júbilo o nascimento de um novo ser humano.

(Fábula antiga retomada pelo filósofo Juan Masiá Clavel)


...pois é...a morte pode ser uma outra passagem para uma outra vida...qual? Não sabemos, mas como acredito nisso, não temo a morte...temo o sofrimento como qualquer ser humano que "chora" quando dói...pelo facto de ter de partir...não, não receio...já vivi coisas muito lindas e coisas muito feias...

...resumir na aproximação da nossa Alma com Deus? Talvez...todas as Almas juntas formam uma única...a última Alma!...

...o que é a Alma? Só pode ser uma coisa...o eu de cada um. Todos nós somos únicos na diversidade mas uno na existência...Tudo junto faz parte dum só Ser, o Universo e este é Deus...logo, tudo é uma coisa e cada um de nós é uma parte e somos únicos por sermos uma parte com o nosso próprio "eu"...

...o que é o Céu?...Como local, não existe...o Céu é apenas um dos estados da Alma, assim como o inferno...a nossa Alma, ou o nosso "eu" passará por estados alterados de consciência de harmonia e paz ou não e aí se sentirá bem ou não e aí estará no "céu" ou não...

...muitas das palavras ditas por Jesus foram ditas num determinado tempo para uma determinada cultura que só entenderia por metáforas e exemplos...achas que se fosse hoje, Jesus falaria daquela forma? Não falaria Ele duma maneira e com termos actuais? Quando Jesus, agora, quizesse falar do perigo da radioactividade achas que ele diria que viriam aí línguas de fogo? Não diria Ele que tivessemos cuidado com a desintegração do átomo?...

...se Moisés vivesse agora, desceria ele da montanha com umas "tábuas" da Lei? Não viria ele com documentos escritos, ou até com um CD-rom?...

...na verdade não é preciso ver Cristo para o amar...eu amo Esse Homem que sofreu pelo Seu irmão...E...porque permitiu Deus que Seu filho Jesus morresse?...(Lê o meu post "Deus de Mãos Atadas"...)

...hoje...seria a mesma coisa!...



...e isto não é filosofar...é...perguntar...é...estar vivo...


quim