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Em dia de Todos os Santos
Escrito por: Víctor Sierra (IP registado)
Data: 01 de November de 2003 01:01

Oração
em dia de «Todos os Santos»



Bendito sejas, meu Senhor,
por mais um dia que vai despontar no Universo dos homens!
Este dia em que a Igreja celebra na Tua glória
a multidão infinda de Todos os Santos!

Dia de alegria,
farol que ilumina a vida de todos os que ainda caminham
pelas veredas sinuosas deste Mundo!
Quantos, nestas mesmas veredas pedregosas da vida,
já participam das graças generosas do Teu reino!...
Apesar de tudo!...
És um Deus clemente e compassivo!

Mas, onde estão eles, Senhor?!...
Escondidos nos prazeres da vida mundana...?
No meio do bulício consumista, desordenado e sem alma...?
Por entre os cifrões do capital
que espezinha os direitos dos humildes...?
Nos corações que latejam ódios rácicos
e fometam o genocídio de etnias perseguidas...?
No Poder..., no Prazer..., no Lucro...?

Ninguém deu por Ti,
no dia em que vieste ao mundo!...
Só os humildes pastores,
esquecidos nos vales e serranias!

O drama do mundo de hoje é que não tem santos?!...
Pelo contrário,
o suporte que ainda aguenta o mundo, hoje...,
é que ele, como ontem, ainda tem santos!

Onde estão?...

Nos que fogem à morte, abandonando tudo,
perante o horror das fomes e das guerras fratricidas!

Estão nas camas dos hospitais,
a prolongar a dor do Teu sofrimento na Cruz Redentora!

Muitos, arrependidos, penitenciam nas cadeias
as suas faltas e crimes,
esperando confiadamente o Teu perdão!

Vivem nos lares de miséria onde tudo falta,
até a saúde, morrendo aos poucos
perante a indiferença dos que opulentamente
habitam perto da soleira do seu tugúrio!

Passam pela noite fora,
a limpar as ruas e a recolher o lixo...
do esbanjamento em que vivemos!

Cumprem devotadamente
o serviço da sua vocação, profissional ou consagrada,
em favor dos doentes, dos pobres, da comunidade em que vivem!

Pesquisam os segredos da ciência
e ensinam nas cátedras,
numa procura infinda dos mistérios da Tua Criação!

Debatem nos areópagos e nos parlamentos
a justiça e a gestão da causa pública!

Edificam a família,
procurando seguir o exemplo do amor do Pai na Trindade Divina,
como no lar de Nazaré
em que Tu, Filho de Deus, nasceste e te criaste!

Velam discretamente pela segurança dos cidadãos,
nos quartéis de soldados ou de bombeiros,
e nas rondas de polícia nas nossas ruas!

Trabalham nas fábricas e nos seus ofícios,
conscienciosamente, honestamente,
para que tenhamos um mundo melhor,
mais humano, mais pacífico e mais fraterno!

Penetram as entranhas da terra,
em penosos trabalhos
na escuridão e na insalubridade dos túneis e das minas!

Sulcam os mares na faina da sobrevivência,
ou lavram os campos
onde semeiam o Pão nosso de cada dia,
que Tu nos dás em alimento de vida eterna!

Governam, ensinam, consagram e santificam,
segundo o poder que Tu lhes deste,
a universal família dos homens que formam a Tua Igreja!

Oferecem-Te horas e vigílias de oração,
por amor de Ti e por amor dos homens,
no silêncio contemplativo das clausuras!


Senhor,

Nunca mais acabávamos de enumerar
os lugares onde permaneces, hoje, em tantos santos
que sustentam as traves mestras do Mundo,
deste Mundo que geme em dores de parto
pelo triunfo glorioso do Teu Reino.

O Teu “Sermão da Montanha”
continua a ecoar por todo o espaço e por todo o tempo do Universo,
bendizendo os que choram,
os que sofrem,
os perseguidos,
os famintos,
os injustiçados...

Porque são puros de coração
e verão, finalmente, a Deus
na glória da felicidade eterna,
onde a multidão dos eleitos
te canta hossanas pelos séculos sem fim.


Obrigado, Senhor,
por este dia tão belo...
Por esse dia em que, há tantos anos já,
o sol da vida
despontou na alvorada terrena da minha própria existência.

Nesta manhã,
em Dia de Todos os Santos,
eu, pobre e pecador,
Te louvo e bendigo, ó Deus,
com a infinda legião, celeste e terrena, dos bem-aventurados,
e Te dou graças pela benção da minha vida,
de todas as vidas,
e pela glória de toda a Tua Criação...

E quando, finalmente,
a noite cair no horizonte dos meus dias,
se alguma lágrima deslizar
destes meus olhos secos e impenitentes,
digna-Te recebê-la, Senhor,
segundo a magnânima piedade
das consoladoras sentenças
que, no monte, proferiste,
diante dos teus discípulos,
sobre a felicidade dos que choram...
porque serão consolados no Teu Reino.

Ámen.


Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: Discípulo (IP registado)
Data: 02 de November de 2003 16:57


Dom, 2
COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS
2 Mac 12, 43-46; Slm 102, 8.10.13-18; 2 Cor 5, 1.6-10; Jo 11, 21-27 (2ª Missa)

Se ontem, Dia de Todos os Santos, terminamos a nossa reflexão afirmando que era «o nosso dia», hoje começamos afirmando que este é o dia daqueles que já partiram do tempo presente para a eternidade junto do Pai!

Comemoramos o Dia de Todos os Fiéis Defuntos. Não como quem celebra ‘o defunto desconhecido’, ao jeito do que ontem dizíamos a propósito dos santos, mas todos os FIÉIS que já morreram. Por eles, como Judas Macabeu (1ª leitura), oferecemos este sacrifício de expiação dos seus pecados; oferecemos a acção de graças no sacramento da paixão,15 morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, a Eucaristia.

Comemoramos porque acreditamos; celebramos em acção de graças a morte porque acreditamos na ressurreição. Porque sabemos, e de fonte segura, que «se esta tenda (…) for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus» (2ª leitura).

Comemoramos os fiéis defuntos porque acreditamos que, embora tenham morrido, eles acreditavam em Cristo, como nós, hoje, e por isso, apesar de mortos, vivem! Pois «todo aquele que vive e acredita [em Cristo], nunca morrerá» (Evangelho).

Acabamos de fazer as colheitas e vindimas! E não foi pelo facto de termos cortado o milho e o cacho de uvas que o milho morreu ou a uva mirrou! Não! Cortados, amassados e triturados tornaram-se pão e vinho! Vida do Homem! Bebida e alimento para a vida da humanidade!

Também, por paralelismo idêntico, não é pelo facto de amigos, familiares, parentes e qualquer crente ter conhecido a pertinente e profunda inevitabilidade da morte que morreram ou mirraram sem mais! Não! É por eles que nós estamos hoje aqui! A sua vida foi a nossa vida! A sua presença no dia de ‘ontem’, é causa da nossa ‘presença’ hoje aqui! Em Cristo e em nós, eles todos estão presentes! Eles já a caminho da eternidade, nós caminhando na precariedade desta vida!

Eles, como nós, também sentiram o peso do pecado, de nem sempre terem conseguido fielmente seguir o caminho apontado por Cristo. Por isso, sabendo-nos nós em comunhão com eles, como Judas Macabeu, oferecemos este sacrifício de expiação pelos seus pecados, inspirados na esperança da ressurreição e na certeza de que a morte não é o fim, nem a laje do sepulcro é a última ‘porta’ fechada no final da sua existência neste mundo! A morte e a laje do sepulcro são apenas o fechar da tenda «que é a nossa morada terrestre» e o abrir das portas da «habitação eterna que recebemos nos Céus e que é obra de Deus»!

Assim, hoje celebramos a vida e não propriamente a morte; celebramos a esperança e não o desespero; celebramos uma doce tristeza de uma separação que é alegria expectante da entrada numa nova vida: o Céu!


Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 02:01

outro tópico que vale a pena ver.

Bom dia de Todos os Santos

Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 04:07

Dom Odilo Pedro Scherer - A morte e o mistério da vida


São Paulo ( SP), 31/10/2005 - 09:17


A Comemoração de Finados leva milhares de pessoas aos cemitérios; há quem vai chorar a saudade de familiares e amigos que partiram há pouco; há também quem, simplesmente, vai para recordar e prestar homenagem aos falecidos, ou para rezar por eles. Há uma estranha atração por um lugar, que tem, ao mesmo tempo, algo de repugnante e familiar. No cemitério, dia mais, dia menos, todos estarão em casa. Mesmo quem lá não pisa durante a vida! Tinha razão quem mandou escrever sobre sua lápide sepulcral: “hodie mihi, cras tibi” (hoje sou eu, amanhã, você).

O pensamento da morte pode ser angustiante, mas também salutar. A sabedora bíblica aconselha: lembra-te do teu fim e não pecarás. Quem encara a própria morte com sadio realismo e com fé em Deus tem bons motivos para viver com discernimento e sabedoria todos os momentos preciosos da vida.

A morte contradiz o desejo natural de viver e faz o ser humano experimentar sua mais radical fragilidade e limitação. Ela constitui, certamente, o momento mais intenso do nosso peregrinar nesta vida. É a experiência desintegradora e da ruptura radical das relações com este mundo. Quando ninguém mais pode fazer nada pela pessoa que está morrendo, ela sente uma solidão existencial extrema e fica entregue à sua própria impotência. Esta pode ser a hora do desespero mais atroz e o fim de todas as ilusões, mas também, da aceitação incondicional da contingência humana, a cessação de toda soberba e auto-suficiência e o momento do abandono confiante nos braços da Misericórdia onipotente.

A morte é parte do mistério da existência. Em todas as culturas e religiões, em todos os tempos, os povos tentaram explicar a morte, propondo atitudes coerentes para enfrentá-la. O Cristianismo é rico de ensinamentos luminosos para compreender esse momento extremo. A vida, morte e ressurreição de Jesus são a explicação mais eloqüente; Ele nos precedeu na morte e, pelo poder de Deus, foi ressuscitado para uma vida transfigurada. Nele, Deus revelou seu desígnio em relação à existência humana. A vida neste mundo é um dom precioso, mas nela não esgota a riqueza da existência: somos chamados à vida plena em Deus, na “casa do Pai”. Se com Cristo morrermos, com Cristo viveremos; e quem aceita os caminhos do seu Evangelho tem parte na vida eterna (cf Jo 6 51).

Nas flores depositadas sobre os túmulos expressamos nosso carinho pelos que fizeram parte de nossa vida e já não estão mais entre nós; mas também anunciamos nossa esperança na vida: esperança bonita, que nem o drama da morte consegue apagar. A visita ao cemitério, por isso, também é uma ocasião para proclamar, com o apóstolo: “onde está, ó morte, a tua vitória?” (1 Cor 15, 55). Nas orações que fazemos, sobretudo na celebração da eucaristia, anunciamos a morte de Jesus na cruz, proclamamos sua ressurreição e manifestamos nossa firme esperança que Ele nos leve a participar da vida eterna.

A fé cristã nada despreza da beleza da vida neste mundo, nem desconhece a dramaticidade da morte. Ela lança uma luz nova e fortíssima sobre a existência humana, desvelando seu sentido radical. Somos chamados a abrir-nos a Deus, fonte do ser e de todo o bem, para receber dele a plenitude da vida.

D.Odilo Pedro Scherer

Bispo Auxiliar de S.Paulo

Secretário-Geral da CNBB



Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 14:13

Uma das coisas que me irrita nestes dias é o comércio das flores.

Pergunto eu - quantas vezes aquelas pessoas que estão mortas ( E QUE JÁ NÃO

SENTEM) receberam dos seus familiares ramos de flores quando estavam vivas?

Em vez de dar flores aos mortos, porque não oferecer uma ramo d eflores aos vivos - á

mãe, á namorada, ao marido, á avó?


Quantas vezes o desvelo pelas campas dos mortos esconde a incapacidade de lidar com os vivos?

Razão tinha o Marquês de Pombal. É preciso enterrar OS MORTOS.

Mas o mais importante é cuidar dos vivos.


Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 15:00

Aqui também há funerais com imensas flores...

Eu já disse, quem me quiser oferecer flores que mas ofereça enquanto viva. De morta nada vejo.

Mas é bom ir visitar o túmulo de familiares. Há dias vi sair do cemitério um rapaz talvez com 21 anos, muito triste. Quem foi visitar não sei, talvez a mãe, a namorada, quem sabe? Mas achei um gesto bonito.

Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 15:08

Amiga Ana:

Tive uma tia-avó - uma senhora interessantíssima que morreu há três anos.

Curiosamente deixou por escrito uma das suas últimas vontades- não quiz flores no funeral.
SE quiserem homenageá-la, usem o dinheiro das flores para ajudar alguém que realmente precise. Ou ofereçam as flores a alguém que amam e que aprecie esse gesto.

A família ficou perplexa com esse pedido , mas o sentido dele foi acolhido....

Hoje, sempre que vejo flores lembro-me dela.



Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 16:57


Quando era jovem não gostava nada de entrar num cemitério. Aquilo dava-me um certo medo. Cheguei a este país, comprei uma casa perto de um cemitério, sem saber, sem conhecer a zona. Num sábado vi passar um funeral. Eu disse para o meu marido, nunca gostei de entrar em cemitérios e viemos comprar uma casa perto de um cemitério. Um dia fui só ao cemitério. Nesse momento aparece um funeral, que susto, uma rapariga jovem num caixão azul claro. Gostei do caixão, já não era preto como sempre vi. Fiquei a gostar.
Hoje entro nestes cemitérios sem qualquer receio. No verão passado visitei o túmulo dos meus pais. Ao entrar nesse mesmo cemitério dá-me mais receio do que nos cemitérios deste país. Recordo-me que enterravam os mortos na frente das pessoas. Em algumas sepulturas ainda havia ossos humanos, sapatos, pedaços de vestuário. Aqui não vemos isso, cada pessoa vai para a sua sepultura. Máquinas abrem as sepulturas a grande profundidade, quando chegamos nem a terra vemos, tapam a terra com panos verdes. Uma maneira diferente de enterrar os mortos.

Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 02 de November de 2005 01:48

Eu também nunca apreciei muito os cemitérios.

Mas desde que os meus avós faleceram sinto as coisas de maneira diferente. Por vezes quando vou a casa, (entenda-se, à “santa terrinha”)aproveito e dou um pulinho ao cemitério só para estar um bocadinho ao pé da campa. Por vezes levo flores outras vezes nem por isso.

Hoje foi de propósito a casa dos meus pais para ir com a minha mãe ao cemitério, infelizmente ela já havia tratado de tudo sozinha na segunda-feira durante a tarde. Pensei em ir ao cemitério sozinha, mas quando lá cheguei havia tanta gente, que não fui capaz de entrar…nem sequer sai do carro.
O que eu queria mesmo era ficar sozinha ao pé da campa e rezar em silêncio… sem ninguém a olhar, nem a sussurrar ou a comentar quem passa. Essa é aliás uma das coisas que me irrita. Nas terras mais pequenas, onde toda a gente se conhece, estes dias tornam-se numa feira de vaidades, mesmo dentro do cemitério.

Para mim visitar a campa dos meus avós é algo muito pessoal e íntimo, tal como quando estou a rezar, gosto de fazê-lo sozinha.
Sempre que posso, no dia em que faziam anos de nascimento, também passo por lá. Eu nasci no dia de aniversário do meu avó e por isso é um dia tão especial...acho que foi a melhor oferta de anos que alguma vez teve! :)
As minhas visitas ao cemitério são sempre envoltas de muita serenidade e oração, o que é muito bom, apesar de ter muitas saudades deles.

Só depois de os meus avós falecerem compreendi o significado deste culto aos mortos. Coisa que existe, desde que existe o Homem.
Não sei muito bem como evoluiu a história para se chegar ao Dia de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos. Talvez alguém de história queira explicar. Miguel, tu não és dessa área?

Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 02 de November de 2005 19:21



Pe. Lucas de Paula Almeida, CM



Neste dia 2 de novembro estava dando uma voltinha pelo cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, MG, para visitar e rezar a missa no túmulo dos padres Maia, Ildeu Pinto Coelho e Argemiro Moreira Leite,meus coirmãos de Congregação e meus parceiros de músicas. Parece estranho, mas o cemitério não deixa de ser um ponto de turismo também. Aliás, são inúmeros os cemitérios famosos pelo mundo todo. A começar das catacumbas de Roma, do cemitério de Arlington nos Estados Unidos até o de Porto Alegre, no Brasil. Cada qual com sua característica. Não falta tam­bém, como ponto obrigatório de visita dos turistas, o famoso cemitério dos cachorros, em Londres.

Voltando, porém, à minha visita ao cemitério, eu estava percorrendo as alamedas quando deparei com um túmulo semi acabado. Eram seis "gavetas" subterrâneas. A parte de al­venaria estava quase terminada. Como o construtor daquela campa es­tava por ali, perguntei-lhe por simples curiosidade , de quem era aquele túmulo. A resposta foi simples. O padre Provincial da CM mandou construir para enterrar aqui os padres que vão morrendo...

Não sei por que, mas fiquei meio "encucado". Em minha mente ficou martelando aquilo que foi dito: "os padres que vão morrendo". Parece que até aquele momento eu não tinha atinado que padre também morria. Lembrei-me vagamente de um ou outro sacerdote que já havia morrido e que eu tinha conhecido. Comecei a lembrar que depois que o padre morre quase nada fica para sua memória. O nome de uma rua e pronto.

A gente é tão exigente para com o padre. Quer o padre na Igreja, no momento exato em que precisamos dele. Fazemos questão do padre nas escolas ensinando religião. Queremos o padre visitando os enfermos, nas casas e nos hospitais. Desejamos que ele celebre a missa no asilo ou na creche. Ele deve estar no jornal ou na rádio. Sua presença é importante em reuniões sociais, em festas cívicas. Ele deve estar em todos os movimentos filantrópicos, nas alegrias das festividades chorando os mortos.

Queremos o padre sempre bonzinho, que nos atenda com muita finura e de preferência que faça nossa vontade ou que "quebre o nosso galho". Que­remos o padre presente nos bairros. Atencioso com as crianças, compreen­sivo com a juventude, orientador do casal.

A gente é tão exigente quer tanto do sacerdote e dificilmente chegamos a perguntar: e que fazemos nós pelos sacerdotes? Até esquecemos que ele é humano, limitado como todos nós. Esquecemos que o padre também precisa de alimento, que ele também se veste, que ele tem que ter uma casa e ele tem coração, tem entendimen­to, tem afetos, que é sensível. Precisa da compreensão , de descanso, de amizade...

Exigimos que o padre seja um outro Cristo - e ele realmente é um outro Cristo - e por isso mesmo acabamos crucificando o sacerdote. Quantas vezes o pregamos na cruz com os cravos, os pregos chamados difamação, infâmia, calúnia . Pregos que martelamos com nossa língua. Exigimos tanto, criticamos tudo, e depois que ele morre... Depois talvez uma prece, um cartão de pêsames para o bispo ou o provincial e a "saudosa memória". Com todos esses pensamentos eu olhava aquele túmulo prestes a ser concluído e cheguei até a murmurar: "pelo menos agora os padres daqui tem onde cair morto".

É isso ai. Coitados dos padres se eles não tivessem fé, se eles não vives­sem por amor de Deus e a serviço dos irmãos. Se eles não cressem que a recompensa que Deus lhes dá está acima, muito acima.de qualquer preito de gratidão dos homens, de qualquer ­mausoléu aqui da terra. A força que sustenta o padre na caminhada é a certeza de que estão incluídos na­quelas palavras de Cristo: "não permitirei que se perca, um só daqueles que o Pai me confiou".





Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 02 de November de 2005 23:16

Cara Tony

esta não é bem a minha area de especialização, mas prometo-te que irei investigar um pouco mais porque a questão da morte e a forma como nós lidamos com ela, é uma questão que atravessa toda a vivência do ser humano. Conheço em pormenor algumas civilizações e a forma como elas lidaram com o problema da morte e dos mortos, mas vou tentar investigar mais um pouquinho para te dar uma boa sintese sobre esta questão.


Um abraço

Miguel Dias

Re: Em dia de Todos os Santos
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 03 de November de 2005 01:34

ok. Obrigada Miguel

Porque tudo o que sei é dos comentários televisivos sobre arquiologia.



Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

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