O Barco da Vida
Escrito por:
V. N. dos Santos (IP registado)
Data: 30 de October de 2003 15:02
A vida apresenta-se-nos como uma viagem de barco, um navio com vários patamares, classes, onde se acomodam os viajantes do mundo...
Umas vezes, viajamos em primeira classe, outras em classe turística, segunda, ou terceira. E há quem viaje no porão, se calhar clandestinamente, com vida dura e sacrificada.
Quando nos situamos nos «deques» superiores, deslumbrámo-nos com as maravilhas da natureza oceânica, coberta por um céu azul e imenso. Há lindíssimos espectáculos que o pôr do sol nos oferece.
Extasiados, admiramos os golfinhos que saltam e nos acompanham, os peixes voadores, o reflexo do luar nas águas cristalinas do mar da vida... E nem sempre agradecemos a Deus – ingratos que somos – a maravilha dos seus dons de felicidade. Frequentemente andamos embriagados pela música dos festivais à nossa volta, que nos roubam o silêncio onde Deus fala baixinho.
Só damos conta do que era bom, quando passamos para os camarotes de baixo, e nem tínhamos pensado que muita gente viaja aí com frequência, alguns toda a vida.
Mas o barco, o navio, continua a sulcar as ondas, nem sempre pacíficas, calmas.
O mar da vida tem de tudo, e o belo horrível também é seu espectáculo... A procela agita as águas, levanta tempestades, enche de negridão a imensidão do céu. Contudo, por detrás de todas as nuvens há sol a brilhar, de esperança!
Na ponte de comando, o piloto não larga o leme. A rota prossegue sem desvios. Os passageiros, às vezes, desatinam... Mas Ele tranquiliza a tripulação e toda a gente, não se cansando de proclamar alto e bom som:
«Não tenhais medo!».
É que Ele próprio acalma as tempestades, pode até caminhar sobre as águas... e tem os olhos fitos no horizonte onde se situa o bom porto de destino.
«Não tenhais medo!» - Diz o Senhor.
Quando o mar se agita, as provações nos cercam, e as forças nos faltam, forçando-nos a procurar refúgio nos andares de baixo, é preciso subir de novo as escadas, ainda que seja a pulso, e contemplar da amurada superior, com renovada gratidão, as maravilhas do Criador!
Braga, Maio/2003