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O próximo papa
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 23 de October de 2003 16:47

Bem em primeiro lugar queria prestar aqui a minha homenagem ao Papa
João Paulo II pela coerencia que sempre teve durante o seu pontificado
no entanto e apesar de eu achar que em Doutrina Social a Igreja está muito á frente no seu tempo em matéria de funcionamento interno na Igreja muita coisa há ainda a fazer pelo que deixo aqui umas sugestões ao novo papa :

- A linguagem nas celebrações de culto deve ser radicalmente mudada, os homens que vão a missa não são homens rurais mas sim gente moderna e
urbana ora como é sabido a Eucaristia está impregnada de ruralismos eu ás vezes passo uma hora na missa ( exceptuando a homilia ) sem perceber nada pensando que se está a falar latim ( e se calhar até está ! )
as pessoas precisam de compreender inteiramente o que lhes é dito sob pena de se afastarem de se desidentificarem do conteudo.

- A arquitectura das Igrejas deve ir sendo mudada, os espaços de oração não devem ser locais frios mas sim confortáveis onde as pessoas não precisam de estar toda a celebração de Casaco á olhar para o boneco ...
por favor existem Igrejas que como museus são lindissimos mas como locais de culto deixam muito a desejar ...


- Por favor permita a ordenação de mulheres e o casamento de Padres que queiram casar (vejo isto quase como um problema de contornos Humanitários,) os homens são seres que genéticamente se tendem a juntar, negar isto aos Homens Padres e mulheres freiras e depois ocultar cinicamente as escapadelas de uns e de outros é triste ...


Acho que se o próprio Papa avançar nestas áreas acho que vai pelo bom
caminho ...

Re: O próximo papa
Escrito por: Foca (IP registado)
Data: 23 de October de 2003 19:04


Oi!

Não querias mais nada?!

Porque tu mesmo já agora não te auto-propões para "próximo Papa"?!

Pensa, pá!! Acorda!!


Re: O próximo papa
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 23 de October de 2003 20:50

É pá não vou entrar em guerras ... se não estás de acordo com o que eu escrevi rebate aquilo que eu disse que a gente depois fala ...
agora se reincidires na resposta que enviaste não te dou mais conversa !

OK ?

Um abraço

Vasco

Re: O próximo papa
Escrito por: Gonçalves (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 11:47

Ó Vasco... porque não prestas homenagem a João Paulo I, que ao ser assassinado deixou livre a cadeira para este o II reinar tanto tempo! Já pensaste nisso? Primeiro devemos tratar o que é prioritário...

Re: O próximo Papa...
Escrito por: AH (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 15:26

Não foi ASSASSINADO..., Vasco!
Tens provas, porventura, do "sacrilégio" e/ou "calúnia" (desculpa a metáfora...) que afirmas ou insinuas?
Sabes algo que eu não saiba, que estou ao corrente a 99%, pelo menos, do que então se passou?

João Paulo I faleceu, tão-somente, de doença imprevisível e algo misteriosa, ou seja, de uma espécie de ataque cardíaco, apesar de ser uma pessoa bastante saudável, e o Papa do Sorriso...

Mas foi no entanto um grande Papa..., até porque para Deus não há tempo, e os Seus Juízos são geral/felizmente "contrários" - infinitamete mais sábios e imensamente superiores! - aos juízos dos Homens, podendo assim até acontecer perfeitamente que os 33 dias de João Paulo I sejam muito mais eficazes e preciosos (para Deus, repito...) do que 33 anos, aparentemente muito mais activos e frutuosos, de outro qualquer santo Homem, ou até mesmo em relação aos sublimes 25 anos de Pontificado de grande Papa João Paulo II...

OS JUÍZOS E DESÍGNIOS DE DEUS SÃO ABSOLUTAMENTE INSONDÁVEIS, podendo assim/até mesmo um aparentemente "grande pecador" salvar-se, assim como um aparentemente "grande santo" condenar-se..., e para alguém morrer basta estar vivo, seja ele quem for!...

O Papa João Paulo I faleceu exactamente com tantos dias de pontificado (33 dias) quantos os anos de Vida que tinha N. S. Jesus Cristo (33 anos) quando foi morto na Cruz pelo nosso imenso Amor e pela nossa eterna Salvação!

Tudo isso, por acaso, não te diz nada, meu irmão?

E mais: Nesses aparentemente escassos/vazios 33 dias... deixou coisas simplesmente maravilhosas, que pelos vistos desconheces, assim como a grande maioria dos cristãos/católicos...
Procura informar-te melhor, caso estejas mesmo interessado.

AH


Re: O próximo papa
Escrito por: visitante (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 15:32


O mundo vive uma das suas maiores crises em termos de valores e vêm para aqui pessoas dizer que a arquitectura das igrejas tem que mudar e que elas têm que se tornar mais confortáveis...
É sem dúvida um assunto pretinente...

Re: O próximo Papa...
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 15:42

Meus senhores, ponto n.º 1 aqui ninguem me ouviu dizer que o Papa J. Paulo I foi ou não foi assassinado, até porque como não tenho nenhuma certeza nessa matéria acho melhor não me pronunciar ... e portanto acho que nessa colher não me meto.

Re: O próximo papa
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 16:07

Bem Visitante o que é que uma coisa tem a haver com outra isto é o que é
que a crise de valores tem a ver com procurar com que as pessoas se sintam melhor e mais confortáveis nos seus espaços de Oração ?


Sabes que eu por norma costumo desconfiar desse tipo de discurso de que o mundo está perdido e que nós somos OASIS no meio do mundo, se leres cronicas dos seculos para trás sempre houve esse tipo de discursos miserabilistas e no entanto na minha opinião e que nunca como neste ultimo século se avançou tanto em matéria de defesa de direitos e valores humanos muita coisa falta fazer mas quando falamos em valores
e sempre mais prudente cada um olhar para si e ver em que pode melhorar

Re: O próximo papa
Escrito por: visitante (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 16:40

Caro Vasco

O que eu quis mostrar foi que quando se quer dizer mal, arranja-se qualquer motivo para o fazer, nem que seja o conforto das igrejas.
Em relação ao culto Eucarístico, já procuraste compreender o que representam todos os ritos nele inseridos? Se calhar para ti é chinês (e para muitas outras pessoas, infelizmente) e talvez a culpa seja também das pessoas que deveriam catequizar quem não sabe acerca desse assunto. No entanto tens sempre documentos do Magistério da Igreja (recomendo a leitura da encíclica Ecclesia de Eucharistia) e podes sempre que quiseres dirigires-te a um sacerdote que te ilucide.

O mundo estará sempre perdido enquanto houver guerra, fome, corrupção, abuso de menores, etc.
Por causa da perdição do mundo é que o Verbo Se fez carne.
Ou pensas que o homem sem Deus pode alguma coisa?

O que é engraçado é que quanto mais se avança em direitos do Homem e em ideologias que põem o homem no centro do mundo (abrindo um confronto entre Deus e o homem), mais aumenta a gravidade dos "pecados" do mundo.

Cordialmente


Re: O próximo papa
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 17:05

Caro, visitante


a questão do rito eucaristico dá de facto pano para mangas
mas não seria pedir muito aos teologos tentar traduzir e adaptar a eucaristia ao mundo dos dias de hoje, em vez de atribuir as culpas
ao ensino da catequese que obviamente é dado de uma forma muito superficial,mas cujas prespectivas de melhoras substanciais não se vislumbram, esta é uma questão absolutamente central nos dias de hoje e ao contrário do que muitos pensam pode condicionar e muito a envagelização neste seculo. Acho muitissima piada quando alguns eminentissimos sacerdotes ( alguns de paróquias mesmo no centro de Lisboa ) olham para o Povo de uma forma altiva e sobranceira dizendo que é ao povo que cabe descortinar a logica profunda dos textos Eucaristicos e
e que todas as prácticas têm a sua lógica e que ha que ir busca -la aos tempos antigos a esse sapiente sacerdote eu aconselho vivamente a olhar para o mundo que o rodeia e para as novas dialeticas sociais sob pena de acabar daqui a uns anos a dizer missa só para ele


Saudações Cordiais

Vasco Alves

Re: O próximo papa
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 24 de October de 2003 17:26

" O que é engraçado é que quanto mais se avança em direitos do Homem e em ideologias que põem o homem no centro do mundo (abrindo um confronto entre Deus e o homem), mais aumenta a gravidade dos "pecados" do mundo "

bem visitante esqueci -me de comentar esta frase

1 - Um verdadeiro Humanista para mim é quele que aceita com humildade as suas limitações inerentes á sua condição humana e tenta respeitar o outro em todas as suas dimensões, um humanista é aquele que respeita é aquele que é solidario para com as grandezas e misérias da sua especie

2 - Eu incluo -me na categoria dos humanistas crentes isto é que para alem de ser Humanista acredito num Deus transcendente que nos criou e nos ama.

3 - Em relação ao facto de nos ultimos anos a gravidade dos pecados ter aumentado não te posso dar certezas acho mesmo melhor recorrer como
dizia aquele comentador de futebol da televisão ao intensometro para medir a gravidade dos pecados nos ultimos séculos, só assim te posso dizer se o pecado está em expansão ou recessão ...

Mais uma vez um abraço

Vasco

Re: O próximo papa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 28 de October de 2003 14:22

A verdade é que ao longo da história da igreja sempre existiram e conviveram dinâmicas mais avançadas e outras mais conservadoras, numa pluralidade que faz com que a Igreja subsista apesar dos erros de muitos responsáveis.

É verdade que há espaços e cerimónias que são uma verdadeira seca, mas ao mesmo tempo e se calhar não muito longe há igrejas onde nos sentimos bem e onde a celebração nos preenche... é uma questão de procurarmos encontrar aquilo que tem mais a ver ver com a nossa forma de estar e onde conseguimos expressar melhor a nossa relação com Deus e deixar que as pesadas estruturas da Igreja sigam o seu caminho sem nos preocuparmos demasiado com esse ritmo... Há multiplas propostas e caminhos, não temos que afinar todos pelo mesmo diapasão nem cantar as mesmas músicas.

Eu também acho que é importante tornar as nosssas celebrações ( e as estruturas das nossas comunidades ) mais acolhedoras e até procuro dar alguns contributos na minha comunidade, mas se numa paróquia urbana portuguesa há gente tão diferente é é dificil contentar todos, quanto mais numa comunidade de dimensão universal...

Se calhar a solução passa por uma busca do essencial, das fontes da fé, como faz a comunidade de Taizé ( [www.taize.fr])

Quanto ao Papa, confiemos no Espírito Santo...


Re: O próximo papa
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 28 de October de 2003 18:20

Meu caro Amigo Tozé tal como disse há que agradar a gregos e a troianos, o principal problema é que os gregos já são mais do que muitos e os troianos menos do que poucos, essa solução que preconiza já não resolve nada nos dias de hoje, pode sempre dizer que seguindo os seus amigos da Conferência Episcopal os católicos practicantes apesar de serem cada vez menos estão a melhorar em qualidade mas coloco -lhe uma pergunta não será esta leitura uma traição ao Cristianismo ?

Não será um dever do cristão espalhar a profunda mensagem de Cristo ao maximo de pessoas utilizando a linguagem que melhor os outros entendam ?

Saudações Calorosas

Vasco Alves

PS : Não sou brasileiro nem pertenço a seita nenhuma !

Re: O próximo papa
Escrito por: Taliban: (IP registado)
Data: 28 de October de 2003 21:09

Mas parece....

Re: O próximo papa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 29 de October de 2003 00:00

Vasco, talvez não me tenha feito entender ou então não percebeu o que eu queria dizer.

Quanto à boca da seita, todos devem ter percebido a quem me refiro... já não tenho paciência. Naturalmente que não é consigo.

Eu não disse que há que agradar a gregos e a Troianos, o que disse é que é legitimo haver pluralidade de sensibilidades e maneiras de estar e que em vez de terntarmos impor aos outros a nossa visão talvez devamos tentar partilhar com eles porque razão agimos de determinada forma ou porque temos uma dada opinião, no perfeito respeito de que os precursos de aprofundamento não são iguais nem se desenrolam ao mesmo ritmo.

Quando se trata de fazer algo em conjunto (como celebrar a eucaristia numa comunidade) há que procurar encontrar formas de acolher todos...mesmo cedendo aqui e ali.

Por exemplo: Eu gosto muito de Canto gregoriano mas não creio que seja correcto usá-lo numa missa de catequese. Era isso que eu queria dizer.

Quanto ao afastamento de cada vez mais pessoas da Igreja, eu penso que se deve muitas vezes à forma como algumas comunidades funcionam, à forma como anunciam a boa nova, mas também - e por mim falo - à falta de vontade de muitos de noz em escutar o que Cristo nos diz... Como o Velho Jonas.

É da vida.

Que podemos nós fazer?
Se calhar empenharmo-nos um pouco mais nesse anuncio, nem que seja num espaço como este...

Abraços

Tozé

Re: O próximo papa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 29 de October de 2003 00:04

Já agora, para entender melhor uma das minhas inspirações, dê uma vista de olhos no link que lhe indiquei.... e designadamente num texto, que está disponível tab nas notícias deste forum, em que um bispo icatólico inglês fala na necessidade de fazer com que as nossas igrejas cheirem a ressurreição

Re: O próximo papa
Escrito por: Vasco Alves (IP registado)
Data: 29 de October de 2003 09:51

Caro TZM, estou de acordo consigo, quase sempre as situações de equilibrio passam por cedências de ambas as partes e quem não sabe ceder não consegue ser feliz agora a mensagem que eu queria transmitir a este forum é que é importante estar atento aos sinais dos tempos, a mensagem de cristo essa mantém -se como é obvio plena de actualidade a unico facto que quero alertar é que as circunstancias que rodeiam o Homem vão evoluindo e portanto há que ir reformulando a linguagem sob pena de não se conseguir passa -la entende ?


PS : Em relação ao taliban faça como eu nem leia porque nada de construtivo existe no seu discurso !

Saudações Calorosas

Re: O próximo papa
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 29 de October de 2003 12:48

Vasco santana :

Devias ler-me.

Re: O próximo papa
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 29 de October de 2003 13:42

Aprendias umas palavritas novas.

Re: O próximo papa
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 02 de November de 2003 10:04

Do "Público" de hoje:

Começou o Período de Reflexão para Eleger o Novo Papa


Será um europeu ou virá do Terceiro Mundo? Acentuará o centralismo do Vaticano ou promoverá a descentralização da Igreja? Será alguém de idade já avançada ou um jovem entre os seus pares? Permitirá a abertura da conversa sobre os temas da moral individual ou afirmará a ortodoxia até agora reinante? Será alguém da Cúria Romana ou um pastor de uma diocese local?

A eleição do próximo Papa deverá resultar da resposta a estas e outras equações que os 134 cardeais com direito a votar terão já começado a reflectir. A saúde de João Paulo II está progressivamente mais fragilizada e, depois do consistório de 22 de Outubro, o conclave pode não estar muito longe. Mas ninguém sabe, com segurança, o que vai na cabeça dos cardeais.

O cruzamento de vários factores - origem geográfica, concepção teológica e tarefas mais urgentes do catolicismo, visão pastoral da vida da Igreja - ditará a opção do conclave. Já foi assim há 25 anos: perante os bloqueios das votações entre conservadores e reformadores, o cardeal Franz König, de Viena, propôs o nome do polaco Karol Wojtyla.

Moderado entre os cardeais, rigoroso na doutrina, culto, sensível aos problemas sociais, a viver sob um regime comunista, Wojtyla apareceu como a solução que permitia à Igreja afrontar a Guerra Fria e a divisão da Europa entre democracias liberais e regimes comunistas.

No próximo conclave, perante o gigantismo de problemas que atingem o Sul do mundo - chave de muitas das questões do desenvolvimento mundial - escolherão os cardeais alguém dessa metade do planeta?

A eleição de um latino-americano seria também um reconhecimento da importância do catolicismo naquele continente, onde vive já quase metade dos católicos do mundo. Na América Latina, há 460 milhões de católicos; em 2025 podem ser 600 milhões. Nessa hipótese, os nomes de quem se fala são os de Oscar Maradiaga (Honduras), Cláudio Humes, Eusébio Scheid e Geraldo Agnelo (Brasil), Jaime Ortega (Cuba), Norberto Carrera (México) ou Castrillón Hoyos (Colômbia).

Esta escolha não significa, ao contrário do que possa pensar-se, a eleição de alguém mais "progressista" ou "conservador". Vários cardeais da América Latina são, hoje, clones doutrinais do actual Papa: rigorosos em questões de moral individual e familiar, mas muito críticos para com os problemas sociais.

O espanhol Juan Arias, que trabalhou como jornalista no Vaticano durante largos anos, observava há dias no diário "El País" que os cardeais norte-americanos podem ser mais abertos em questões de moral, mas estão menos preocupados com o neoliberalismo. E que "há cardeais europeus mais perto do Terceiro Mundo do que muitos latino-americanos ou africanos", sendo alguns do Terceiro Mundo mais "eurocentristas do que os próprios europeus".

Arias deveria estar a pensar, por exemplo, no nigeriano Francis Arinze, membro da Cúria, conservador mas aberto ao fenómeno inter-religioso. Arinze seria uma boa solução para dialogar com o crescimento do islão (não só em África) - outro dos desafios centrais que o próximo Papa tem que enfrentar. Christian Tumi, dos Camarões, de perfil mais reformador e descentralizador, também é um nome a ter em conta se a escolha recair num africano.

Europa em maioria no conclave

Predominantemente europeu (66 cardeais em 134),o conclave pode preferir seguir a tradição: o último Papa de fora do continente foi Gelásio, originário do Norte de África, que governou entre 492 e 496.

Nesse caso, o papado poderia voltar a ser italiano, tal como nos 455 anos antes de 1978 e de Wojtyla: Tettamanzi é um dos mais citados, a par de Angelo Scola (Veneza) ou Tarcisio Bertone (Génova). Na Cúria Romana, há outros italianos de peso: além de Angelo Sodano, Giovanni Battista Re (69 anos, prefeito da Congregação para os Bispos), uma opção pelo centralismo, ou Crescenzio Sepe, responsável pelo programa do Jubileu do ano 2000.

Cristoph Schönborn (Áustria) e os espanhóis António Rouco Varela (Madrid) e Eduardo Somalo (Cúria) poderiam ser nomes não-italianos a ter em conta. Já Godfried Danneels (Bélgica), Karl Lehmann e Walter Kasper (Alemanha), alinhados à "esquerda" no grupo dos cardeais, limitar-se-ão a poder influir o sentido de voto de outros, com a sua argumentação.

Por ANTÓNIO MARUJO
"PÚBLICO", Domingo, 02 de Novembro de 2003
[jornal.publico.pt]


Nomes a Ter em Conta


Ninguém sabe quem será o próximo Papa. Mas é possível definir uma lista de nomes que, pela sua influência, características pessoais ou visão pastoral, podem vir a ser importantes na hora de o conclave votar. Estes são alguns dos que podem ser escolhidos - ou cuja opinião pode influenciar os seus colegas, na hora de optar por um cardeal para suceder a João Paulo II.

Angelo Sodano, 76 anos, secretário de Estado do Vaticano, diplomata desde 1959. Entre 1977 e 87 foi núncio no Chile e é criticado pela excessiva proximidade em relação à ditadura de Pinochet.

António Rouco Varela, 67 anos, arcebispo de Madrid, para onde foi cinco anos depois de organizar a Jornada Mundial de Juventude, de 1989, em Santiago de Compostela. De formação alemã, a imprensa espanhola destaca-lhe a personalidade de consensos e o prestígio entre ibero-americanos e alguns membros da Cúria. Em Santiago, era criticado por sectores da diocese pela pouca inovação pastoral.

Carlo Maria Martini, ex-arcebispo de Milão, durante anos o nome que encabeçava a lista dos sucessores. A sua opinião será uma das que podem influenciar a decisão do conclave.

Carlos Amigo Vallejo, 69 anos, franciscano, espanhol, arcebispo de Tânger (Marrocos) entre 1973 e 1982, arcebispo de Sevilha desde então, membro da Comissão Pontifícia para a América Latina e perito do diálogo inter-religioso.

Christian Wiygham Tumi, 73 anos, arcebispo de Yaoundé (Camarões); insiste na necessidade de apoiar os países pobres; foi um dos presidentes delegados do Sínodo dos Bispos sobre África.

Cláudio Humes, 69 anos. Arcebispo de São Paulo, Brasil, opôs-se à ditadura militar e apoiou greves operárias em 1978, mas é conservador na moral individual, como o seu colega do Rio de Janeiro.

Cristoph Schönborn, 58 anos, arcebispo de Viena (Áustria). Tem contra si a idade, que muitos considerarão demasiado jovem (ver "O patriarca tem hipóteses?").

Dionigi Tettamanzi, 69 anos. Arcebispo de Milão há poucos meses, é perito em questões bioéticas e morais. Tem boa preparação doutrinal.

Eduardo Martinez Somalo (nascido em 1927), considerado um dos mais próximos de João Paulo II. Camerlengo (responsável pelo governo da Santa Sé entre a morte de um Papa e a eleição do novo) desde 1993. Fez quase toda a carreira na Secretaria de Estado do Vaticano, onde trabalhou com os Papas Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II.

Eusebio Oscar Scheid, 70 anos, desde 2001 arcebispo do Rio de Janeiro, é considerado conservador em matérias de moral individual, mas pediu a legalização das drogas e disse que era favorável à escolha de um Papa africano.

Francis Arinze, 70 anos, Nigéria, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, filho do chefe de uma tribo nigeriana, relaciona-se bem com alguns cardeais da Cúria Romana e com africanos.

Godfried Danneels, 70 anos, arcebispo de Bruxelas (Bélgica), presidente da Pax Christi internacional, movimento católico internacional pela paz. É muito sensível às questões sociais e do desenvolvimento.

Jaime Lucas Ortega y Alamino, 67 anos, arcebispo de Havana (Cuba). Nome falado pela imprensa espanhola; poderia fazer a ponte entre latino-americanos, norte-americanos e espanhóis.

Jean-Louis Tauran, 60 anos, secretário para as Relações com os Estados há 13 anos. Nesse cargo, enfrentou diversas crises internacionais, a última das quais a guerra do Golfo. Esteve no Líbano durante o conflito (1979-83). Tem defendido o papel da ONU e o direito de ingerência humanitária.

Jean-Marie Lustiger, 77 anos, arcebispo de Paris. Tem muito prestígio entre os seus pares. De origem judaica, é uma das personalidades mais destacadas de um futuro conclave.

Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Dificilmente os cardeais votariam no guardião da ortodoxia, mas a sua opinião terá também muito peso entre vários dos seus pares.

Óscar Rodriguez Maradiaga, 60 anos, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras), um dos nomes que aparecem em todas as listas. O facto de ter apenas 60 anos pode jogar contra ele - alguns preferem um homem mais velho. Conhece bem a Cúria Romana, mas ainda mais o episcopado latino-americano. Em declarações à Antena 1, disse que "no futuro" haverá com certeza um Papa latino-americano. A AFP reproduziu a notícia com o cardeal a afirmar que o próximo Papa "deve ser" latino-americano, o que pode ser mal interpretado...

Renato Martino (n. 1932), presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, ex-representante permanente do Vaticano na ONU, onde interveio sobre questões como o combate à fome ou o desarmamento. Apoiou a formação de movimentos de apoio a Timor-Leste em Nova Iorque - e destinou a Timor as ofertas recebidas no dia da elevação a cardeal. Também se interessou pela reabilitação do cônsul português Aristides Sousa Mendes.

Por ANTÓNIO MARUJO
"PÚBLICO", Domingo, 02 de Novembro de 2003
[jornal.publico.pt]


O Que São Os Cardeais


Apesar de haver referências anteriores ao título, é no século XI que os cardeais passam a ter uma função mais próxima do que são hoje. Em 1050, para contrariar as disputas entre várias famílias de Roma que queriam dominar o papado, o Papa Leão IX (1049-54) chama vários homens que considera capazes de o ajudar a reformar a Igreja.

Nove anos depois, Nicolau II decide que o Papa passa a ser eleito apenas pelos cardeais, abandonando de vez a tradição de ser o clero e os fiéis a escolherem o seu bispo. Um século depois, institui-se o Sacro Colégio, designação abandonada pelo Direito Canónico em 1983.

Hoje, os cardeais - em tempos designados como "príncipes da Igreja", pois tinham dignidade equivalente à de príncipe - "constituem um colégio peculiar, ao qual compete providenciar à eleição do Romano Pontífice", como refere o Código de Direito Canónico (cânone 349). Cabe-lhes também auxiliar o Papa "quer agindo colegialmente" para tratar de "assuntos de maior importância", quer individualmente.

Em 1334 havia 20 cardeais, longe dos 70 instituídos em 1586 pelo Papa Sisto V. Esse número manteve-se por quatro séculos até João XXIII (1958-1963). Paulo VI fixou em 120 o número de cardeais eleitores do Papa e estabeleceu como limite para a possibilidade de votar os 80 anos, disposições que foram confirmadas por João Paulo II.

Este último realizou nove consistórios, durante os quais criou 231 cardeais. Outros seis consistórios extraordinários (1979, 1982, 1985, 1991, 1994 e 2001) serviram ao Papa para consultar os cardeais sobre a reorganização da Cúria Romana, as finanças da Santa Sé, o escândalo do banco Ambrosiano que atingiu o Instituto de Obras da Religião, o "banco do Vaticano", as "ameaças à vida" e o desafio das seitas, a preparação do jubileu do ano 2000 e as perspectivas para o novo milénio.

Os eleitores por continente
Os cardeais eleitores estão assim repartidos geograficamente (entre parêntesis, indica-se o número total de cardeais, incluindo os que têm mais de 80 anos e não podem, por isso, votar no conclave):

Europa - 65 (101)

América Latina - 24 (33)

América do Norte - 14 (19)

África - 13 (18)

Ásia - 13 (18)

Oceânia - 5 (6)

Total: 134 eleitores (em 195 cardeais).

No sábado, dia 25 de Outubro, o cardeal Achille Silvestrini completou 80 anos, passou para o grupo dos não-integrantes do conclave.

Até ao fim do ano, atingem também essa idade: Pio Taofinu (Samoa), nomeado pelo Papa Paulo VI em 1973, Bede Edward Clancy (Austrália) e Paul Shan Kuo-hsi (Taiwan). No final de Março de 2004, se entretanto não tiver havido conclave, mais seis atingirão os 80 anos, passando a ser 125 os cardeais eleitores do novo Papa.

Nacionalidades e origens
São 60 nacionalidades as que estão representadas entre os 134 cardeais que integram o conclave (havendo mais nove nacionalidades no total dos 195 membros do Colégio Cardinalício).

Em 1903 havia cardeais de 12 países diferentes. Em 1963 eram 31 as nacionalidades representadas no grupo.

As nacionalidades mais importantes entre os eleitores são: italianos (23), norte-americanos (11), alemães, brasileiros e espanhóis (6), franceses e polacos (5), mexicanos e indianos (4); em 1978, os italianos representavam 23 por cento dos eleitores; hoje são 17 por cento.

Os cardeais que trabalham na Cúria Romana e podem votar num novo Papa são 34, um quarto do total (em 2001, eram 30 por cento); mas vários passarão os 80 anos nos próximos meses, perdendo a capacidade eleitoral.

São 35 os cardeais originários de ordens e congregações religiosas: jesuítas (10), franciscanos e salesianos (6 cada) são os mais representados.

Com o consistório de Outubro último, passaram a dois os cardeais ligados à Opus Dei: depois do arcebispo de Lima (Peru), Juan Luís Cipriani, foi também nomeado o espanhol Julián Herranz Casado, nascido em 1930, presidente do Conselho Pontifício para a Interpretação dos Textos Legislativos. Considerado um dos melhores especialistas da Igreja em Direito Canónico, Casado gosta de fazer montanhismo e já conquistou vários cumes americanos.

A internacionalização do Colégio Cardinalício acentuou-se entre 1963 e 1978 e estabilizou desde 1988: falando só de cardeais com menos de 80 anos, os não-europeus são agora 52 por cento (eram 33 por cento em 1963, 52 em 1978), os europeus não-italianos são 31 por cento (33 por cento em 1963, 24 em 1978) e os italianos são 17 por cento (34 por cento em 1963, 24 por cento em 1978).

As idades
Franz König, 96 anos, antigo arcebispo de Viena, é o mais antigo membro do Colégio Cardinalício: único sobrevivente dos cardeais nomeados pelo Papa João XXIII, em 1958, foi ele o "responsável" pela eleição de João Paulo II, em 1978, ao avançar a proposta do nome do cardeal Karol Wojtyla no conclave.

O mais idoso cardeal é o antigo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos (cargo hoje ocupado pelo português José Saraiva Martins): o italiano Corrado Bafile tem 100 anos e foi nomeado pelo Papa Paulo VI, em 1976.

O mais jovem membro do colégio, desde a criação de 30 novos cardeais em Outubro, é o arcebispo de Budapeste, Peter Erdö, 51 anos. Erdö decidiu, no último Verão, juntar a sua diocese às de Lisboa, Viena, Paris e Bruxelas, na realização do Congresso Internacional da Nova Evangelização.

Por A.M.
"PÚBLICO", Domingo, 02 de Novembro de 2003
[jornal.publico.pt]

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