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Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 05 de May de 2005 10:33

Caros Cibernautas

Já que nenhuma viv'alma (nascida e ainda viva), se dignou responder a alguma das questões pertinentes que coloquei na minha mensagem de 02-05-05, às 06:33, atrevo-me (por especial deferência) a repetir a principal questão, que é baseada no seguinte:

[...]

a) Porque será que um "crime de aborto provocado" - perpetrado por simples comodismo, capricho ou egoísmo, como tragicamente acontece na sua larga maioria (e que, segundo a moral bíblica, a cultura cristã e o autorizado parecer de muitos cientistas, médicos e juristas conscientes e responsáveis, é equiparado, em gravidade e barbaridade, a um "execrável infanticídio" -, porque será que a lei humana/jurídica "pune-o", tão-somente, com uns simbólicos 3 anos de prisão (em teoria, pois são caucionáveis, e ainda, para cúmulo, sobretudo a "mãe-abortista" (que geralmente é a principal responsável, como autora e mandante do feticídio/homicídio), tem direito a várias atenuantes (a grosso modo sem o mínimo fundamento), o que normalmente acaba por absolvê-la?!...

b) Afinal, aonde está a "justiça", quando não é igual e proporcional para todos os delinquentes que cometem o mesmo ou semelhante tipo de crime?!
E cada vez pior, pois há muitos pesos e muitas medidas, muitos interesses mesquinhos em jogo, sobretudo inúmeras politiquices e ideologias corruptas e danosas, grandes facciosismos, proteccionismos, preconceitos absurdos, imensa hipocrisia e cobardia!...

c) Como sendo assim, responda (por favor), quem puder e souber (em consciência e verdade), o que realmente considera mais grave, chocante e abominável:

# Se, por exemplo, um crime de "abuso sexual a uma criança" (pedofilia ou pederastia), fruto duma patologia sexual do agressor, como desvio sexual e/ou distúrbio obsessivo-compulsivo, pelo que o delinquente poderá ser considerado inimputável...

# Ou, antes pelo contrário, se um crime de "aborto provocado e premeditado" (feticídio/homicídio) - incorrectamente designado I.V.G, o que não passa de um capcioso e maquiavélico eufemismo! -, perpetrado durante qualquer altura da gravidez, só porque a "mãe" (ou eventualmente também o "pai") não quer ter (mais) filhos, por mero capricho, egoísmo ou comodismo (como desgraçadamente acontece em cerca de 90% dos casos?!...

*** *** ***

* Quanto a mim, não resta a menor dúvida - tal como, aliás, à grande maioria dos bons Cristãos, assim como a todas as demais pessoas de bem que possuem um recta/íntegra consciência - que o segundo caso (o "abominável crime do aborto") é, obviamente, no âmbito moral e humano, espiritual e cristão, muitíssimo mais grave e hediondo, pois equipara-se, pelo menos, a um homicídio qualificado e premeditado! - relativamente ao primeiro caso (o crime de pedofilia), por mais chocante e horrível que este seja.

* E confirmo esta minha sincera opinião com o testemunho de um caso verídico, muito conhecido nos meios de comunicação social (sobretudo na TV), já há vários anos:

- O caso da mãe e do avô do Pedro - um belo rapaz de 12 anos que foi raptado por uma suposta rede pedófila internacional (consta haver provas do rapto e de fotos da criança nua num site secreto da Internet) - tem-se arrastado por vários anos, sem que a polícia tenha ainda encontrado qualquer pista segura sobre o paradeiro dessa criança, o que naturalmente provoca um profundo desgosto e inaudito sofrimento e aos seus familiares, até porque o Pedro era filho único.
No entanto e apesar da família do Pedro ter quase a certeza (mediante informações secretas, directas e através da polícia) que o rapaz, agora talvez com cerca de 20 anos, é vítima dessa poderosa e perigosa rede pedófila, algures no estrangeiro, a mãe (assim como o avô) declara que prefere, de longe, encontrar e recuperar o filho vivo, por mais abusado sexualmente, drogado e/ou arruinado física e moralmente que se encontre, do que morto ou assassinado, pelo que oferece grande recompensa financeira a quem localizá-lo ou devolvê-lo, mesmo que sejam os seus próprios raptores (a quem estarão dispostos a perdoar), caso o Pedro não consiga regressar sozinho... Dá que pensar!

*** *** ***

Santa Maria Mãe de Deus e dos Homens, rogai por nós e pelos nascituros.

Saudações a todos.

J Avlis

P.S.: O Pe. João Luís ainda não respondeu à minha outra mensagem, a ele especialmente dedicada, publicada no mesmo dia 2-05-05, mas não tem importância. Deve andar muito ocupado no seu pastoreio paroquial. Que Deus o abençoe, assim como a todos nós.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de May de 2005 12:51

Amen

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 00:07

«...M'espanto as vezes, outras m'avergonho...», Sá Miranda.

Sem comentários.

Luis Gonzaga


Citação:
Frase proferida na missa de 7º dia de Vanessa Pereira
Padre considera aborto mais violento do que matar uma criança
12.05.2005 - 16h39 PUBLICO.PT


"Matar uma criança no seio materno é mais violento que matar uma criança de cinco anos". A frase foi proferida pelo padre Domingos Oliveira, da paróquia de Lordelo do Ouro, durante a missa de sétimo dia de Vanessa Pereira, a menina de cinco anos que morreu vítima de maus tratos no Porto.

A cerimónia decorreu no passado dia 7, mas a frase polémica continua a ser defendida pelo padre Domingos Oliveira, que se recusa a retirar as suas palavras.

Em declarações à rádio TSF, o pároco explica que uma criança no ventre da mãe "não se pode defender" de qualquer agressão, enquanto "uma criança de cinco anos pode reagir, pode chorar, queixar-se". O padre Domingos Oliveira diz mesmo que "há mortes que são mais graves e outras que são menos graves".

Vanessa foi encontrada morta no rio Douro, depois de o seu pai e de a sua avó terem alertado para o desaparecimento da menina. Poucos dias depois, os dois familiares da criança confessavam à Polícia Judiciária que esconderam e lançaram ao rio o corpo da criança.

Ambos estão indiciados por crimes puníveis, em cúmulo material, com um máximo de 12 anos de prisão. Foram acusados do crime de maus tratos a menor, agravado pela morte, previsto e punido pelo Código Penal com penas de três a dez anos de cadeia. São ainda acusados do crime de profanação de cadáver - devido à sua ocultação após a morte -, punido com dois anos de cadeia ou multa até 240 dias.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 01:10

O Padre não disse mentira nenhuma.
Por isso é que incomoda!

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 06:55

Caro Pe. João Luis,

Não! Está enganado. A mim, a verdade não me incomoda, pelo contrário. Mas isto não corresponde minimamente à verdade. O que temos aqui é o desespero por uma causa, onde se entra na fase do «vale tudo». Ainda há pouco tempo, um padre no Algarve distribuía panfletos onde se exibiam imagens de canibalismo de abortos. Agora, o Pe. Domingos Oliveira, da paróquia de Lordelo do Ouro, diz uma «pérola» destas, e pelos vistos não é o único a pensar assim.

Se alguns padres em Portugal pensam que é esta a melhor estratégia para resolver o problema do aborto na sociedade, estão redondamente enganados.

O que me entristece nesta notícia, é que mais uma vez, a imagem que passa para a sociedade, é que a Igreja pensa e defende aquilo que alguns padres, isoladamente, afirmam e têm um tremendo impacto mediático (veja-se os casos do Pe. Lerdelo, Pe. Nuno Serras Pereira, etc...).

Luis Gonzaga

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 10:39

Eu pessoalmente e como cristão sinto-me ofendido com o que foi dito e sobretudo com a escalada de argumentos absurdos...

1. comparar a vida de uma menina de 5 anos à de um feto parece-me profundamente infeliz e não me parece corresponder minimamente à verdade: sobretudo porque estabelece uma hierarquia entre vidas em que há vidas que são mais importantes do que outras e em que matar uma pessoa pode ser menos grave do que matar outra...

2. utilizar um caso chocante, condenável a todos os títulos, triste na sua expressão mais íntima e social-culturalmente revoltante, para teorizar acerca do aborto e diminuir a morte de uma criança na sua relação com a morte de um feto, mesmo se fosse verdade o que ele disse, parece-me de uma incrível falta de sensibilidade...

3. não é assim que se combate o aborto, nem com argumentos deste tipo que se convencem as pessoas... é pedagogicamente incorrecto e, como diz o Luís, apenas serve para dar uma imagem distorcida da Igreja e da sua sensibilidade... tristes tempos...

4. de qualquer modo, também devo confessar que me choca sempre quando vejo, no próprio dia, deputados que, à partida, não se identificam com as posições da Igreja, apresentarem críticas públicas às declarações dos padres e nem sequer me cinjo apenas a este caso... um padre tem o direito, como qualquer cidadão, de dizer o que bem entender e depois pode ou não sofrer consequência internas pelas suas declarações, como aconteceu com o próprio Pe. Nuno, nem que seja ao nível da reprimenda/chamada de atenção. Por muito chocante que o que ele disse possa ter sido, não me parece que o PCP ou o BE tenham o direito de vir apresentar publicamente o seu protesto... ou será que muitas das suas declarações também não podem constituir para muitos católicos ocasião de escândalo? E a Igreja está constantemente a criticá-los? E depois acho sempre graça quando estes partidos acham que têm o direito de determinar um discurso à Igreja ou de determinar o seu silencamento sobre determinados temas... Reafirmo a minha total discordância acerca das palavras deste padre... mas a Igreja TEM O DIREITO e o DEVER de tornar clara a sua doutrina, no absoluto respeito pela liberdade de consciencias e pela sensibilidade comum (o que, reconheço, não aconteceu neste caso)...

Abraço fraterno

Miguel


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 11:36

Caro Alef, Luís e Miguel: .

Quando li essa notícia ( na Visão) não quiz acreditar!

Senti-me indignada enquanto católica e enquanto Mãe!
Tanto mais que a morte dessa CRIANÇA de cinco anos não foi acidental mas resultou de pelos menos três dias de tortura deliberada e repetidas queimaduras em água a ferver e pancada!

Mais grave ainda é que no mesmo "discurso" o Padre disse que a culpa disto tudo são os métodos contraceptivos...

Um padre que afirma estas coisas do púlpito ( e os que dizem que tem razão) ou é demente ou...criminoso.

Uma criatura que diz estas coisas não tem filhos, de certeza. Nem ama as crianças.

è capaz de utilizar uma morte horrível de uma crianaça para fazer propaganda !

E é horrível que num país que ocupa o primeiro ranking em maus tratos infantis, algusn padres de máfé se manifestem publicamente contra a paternidade responsável e contra ao planeamento familiar...

[www.correiomanha.pt]

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 11:44

ESclarecimento aos infanticidas moderados ( presumíveis Pró-Vida ):

[www.correiodamanha.pt]


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: chuva (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 12:50

Ás vezes é quase inacreditável como mesmos cristãos, mesmos católicos, invadidos por um amor ao mesmo Deus, q hipoteticamente "vêem" e sentem segundo umas "lentes" comuns, têm sentimentos e maneiras de pensar tão profundamente díspares, para não utilizar outros adjectivos.

Mas isto há graus de qualificação ou de aceitação do crime de matar um ser, agora? Deus meu...

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 13:37

POis, até há queum diga que é pouco grave matar uma criança de cinco anos, Deus meu!

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 13:44

Aos infanticidas moderados ( presumíveis Pró-Vida ):

Mais um crime bárbaro , que para eles é "menos garve" que interromper uma gravidez ou utilizar contracepção:

[visaoonline.clix.pt]

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 15:23

Segundo o pensamento aqui desenvolvido, nomeadamente por uma mãe indignada, é que o barbaro crime que esta criança foi vitima teria sido evitado se houvesse planeamento responsavel. Se a mãe tivesse abortado..........ela teria morrido antes.... mais assombrado fico com esse raciocinio...
Certamente o padre exagerou, contudo voltamos de novo à eterna pergunta que não nos leva a lado nenhum porque não ha resposta. O Miguel diz nao se poder comparar a vidade de uma criança de 5 anos a de um feto. Quando se coloca as coisas nesses termos, certamente que ficamos a pensar o mesmo. Mas um feto, quando é que se torna um bébé? Por nascer mas um bébé?
Voltamos a entrar em terrenos pantanosos onde a ciencia ainda naão nos dá uma resposta certa e garantida.
Até lá resta-nos defender a vida a todo o custo. Eu pessoalmente não diria tal coisa, no entanto compreendo-a e não sinto como uma mentira.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 16:17


Um padre tem apenas a teoria. Nós pais, mães, temos a prática de sermos pais...sabemos o Amor, o Carinho que temos pelos nossos queridos filhos, não há nada a que podemos comparar ou ao que nos podemos expressar!

Uma mãe que mata uma filha, deve ter uma grande desordem de problemas mentais!

Quanto ao Aborto: Quem o faz, acho comodismo...
Eu tive um aborto, mas porque aconteceu...chorei tanto!!! Mas Deus no fim recompensou-me!!!

*Thanks God*

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 18:02

"Se a mãe tivesse abortado..........ela teria morrido antes.... mais assombrado fico com esse raciocinio... "
Ninguém aqui desenvolveu esse bizarro raciocínio a não ser, pelos visto o JL...


"Segundo o pensamento aqui desenvolvido, nomeadamente por uma mãe indignada, é que o barbaro crime que esta criança foi vitima teria sido evitado se houvesse planeamento responsavel"

Sim , exactamente, entre outras intervenções possíveis, do ponto de vista legal e social, que deveriam ter sido feitas

O JL está baralhado tal como o seu perturbado colega- confundindo Planeamento Familiar com, utilização de copntreceptivos com aborto einfanticídio...
... Ora um palenemaneto familiar eficaz, utilizando metodos contraceptivos eficazes é uma forma de prevenir uma e outrasituação ( que são bastante diferentes)...


Aenção que a criatura disse textualmente que amorte através de tortura d euma menina de cinco anos "É MENOS GRAVE DO QUE INTERROMPER UMA GRAVIDEZ ÁS SEIS OU SETE SEMANAS, ou a utilização do preservativo ou usar contraceptivos...

Ora das duas uma - ou o homem é inimputável e não sabe o que diz, ou devia ser responssabilizadpo por incitamento ao infanticídio....


A repulsa provocada pelas palavras do dito "padre" é ainda mais grave porque ele não as proferiu num momento qualquer, por exemplo, , nos copos com os amigos, em amena cavaqueira ou depois de um lauto jantar , num contexto de discussão teórica - ele proferiu estas horrendas palavras durante uma missa pela alma da falecida criança - uma missa que pretendia ser um refrigério , um momento de consolação para a mãe ferida e para a comunidade que amava esta menina...


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 20:30

Caros amigos:

Estive bastante tempo sem Net e praticamente sem quaisquer notícias, pelo que esta me apanhou de surpresa e já depois de muitos bytes debitados por esse ciber-espaço fora. Li e ouvi agora as declarações do P. Domingos Oliveira. Perguntava alguém: «Mas onde está escrito que os padres têm que fazer sempre má figura?». Não generalizemos, mas o P. Domingos foi sobretudo imprudente, porque, sem ter metido tanto o pé na argola como algumas interpretações fazem crer, foi despropositado, induziu (ou permitiu que os menos cautos caíssem) em erro de leituras e ele próprio caiu na asneira de meter muitas coisas diferentes no mesmo saco. Infeliz.

Imprudente, porque em vez de conseguir o efeito provavelmente desejado (chamar a atenção para outros graves atentados à vida, incluindo o aborto e outros problemas sociais da região), acabou por passar a ideia de que relativizava a enormidade de um crime hediondo, o da morte da Vanessa. [Devia ter cuidado com o tipo de argumento que recorre à comparação; é do mais elementar saber que, por exemplo, diante de um interlocutor que defenda o aborto, o recurso à comparação com o Holocausto acarretará com a réplica de pretender desvalorizar o Holocausto...].

Imprudente porque, embora não tenha comparado diferentes «dignidades» de diferentes vidas, ao falar em «mais grave» terá induzido nessa leitura. Só não percebo muito bem a ingenuidade(?) com que Manuel Villas-Boas (comentador de assuntos religiosos da TSF) cai no mesmo simplismo. A existência de graus de «gravidade» de um acto moral (e era a isso que se referia o P. Domingos) não decide primariamente sobre o valor do «objecto» da acção.

É verdade que, como diz Villas-Boas e muitos outros, não se pode estabalecer «hierarquias» de «dignidade de vida», mas isso não invalida o uso de mais ou menos grave para um acto. Nem o P. Domingos disse que há vidas mais dignas. Neste sentido, parece-me haver um certo histerismo que não sabe distinguir coisas tão básicas. A morte de uma pessoa é sempre algo trágico, mas pode ser atribuída diferente «gravidade moral» àquilo que a provocou, se foi uma morte natural, uma morte por negligência, uma morte em legítima defesa, uma vingança ou um «divertimento». Há, claro, níveis de moralidade diferentes. E há legitimidade para falar de diferentes graus de gravidade de diferentes actos que atentam contra a vida humana. Do ponto de vista moral ou ético há mortes mais graves e menos graves e isso não significa estabelecer hierarquia sobre quem morreu, mas emitir um juízo sobre o grau de bondade/maldade do acto. Isto é bastante elementar. Mas, se a distinção em geral é legítima, já não tem muito sentido fazê-la neste contexto, nos termos em que foi feita.

Imprudente (em grau menor) foi também D. Serafim Ferreira e Silva que, segundo o «CM», ao reagir a este caso, disse primeiro -- e bem -- que «a vida não é quantificável», mas depois falou no «valor absoluto da vida humana». Em primeiro lugar, ao responder à questão da gravidade com a «inquantificabilidade» da vida, parece incorrer no mesmo erro de Villas-Boas (salto de nível). Em segundo lugar, que eu saiba, a vida humana não é um valor absoluto. Se assim o fosse, nada poderíamos fazer que pusesse em risco a vida, e então teorias clássicas como a da guerra justa ou da legítima defesa teriam que ser revistas de alto a baixo... E do ponto de vista teológico haveria que rever muita coisa... A própria noção de martírio (ou testemunho até ao ponto de perder a própria vida «cruentamente») e a morte de Jesus teriam que ser «reinterpretadas». O facto de termos o dever de defender a vida humana desde a sua concepção não faz da vida humana um bem absoluto. Só Deus é um valor absoluto. Do homem e da vida humana poderemos dizer, com algum filósofo, que é um «relativamente absoluto».

No meio de tudo isto, talvez não seja mau de todo que apareçam estas «gaffes». Podem ajudar à reflexão. O P. João Luís vem agora dizer que «certamente o padre exagerou». Apetecia-me perguntar-lhe: por que razão agora diz que exagerou e antes disse que «o Padre não disse mentira nenhuma», sendo «por isso [...] que incomoda!». Não será que incomoda também porque exagerou? Mas há que ver então: porque exagerou? O que é que falha no seu «raciocínio»?


Há aqui outras questões que deveriam ser tidas em conta. Refiro duas.

• Em primeiro lugar, nota-se que falta reflexão filosófica séria sobre o problema do estatuto do embrião humano. Há muito a fazer neste campo e creio que os Conselhos de Ética pouco estão a fazer neste sentido, porque ultimamente os Conselhos de Bioética vêm-se transformando progressivamente, em muitos casos, em conselhos dominados pela tecnocracia jurídica de cunho pragmatista. Está a faltar em muitos sítios o imprescindível contributo de filósofos bem formados.

Como já lembrei noutros tempos, privilegio a questão ético-antropológica na discussão destes temas, pelo que neste plano as questões jurídicas não servem aqui de elemento de discussão, a não ser como elemento «consequencial», derivado. Por outras palavras, para se «determinar» o estatuto (ontológico-antropológico) do embrião humano não servem argumentos de tipo jurídico, ou das chamadas «leis positivas». Há que centrar a reflexão no plano em que estamos, que é prévio. E aí há que colocar então o problema directamente: o embrião humano tem o mesmo estatuto (ontológico-antropológico) que uma criança de cinco anos? E qualquer que seja a posição tomada, há que fundamentar adequadamente.

A Igreja não quer abrir mão do princípio de que temos uma vida humana ou ser humano desde a concepção e que tal vida é SEMPRE inviolável.

Contudo, a nós choca-nos muito mais a morte de uma criança de cinco anos que um aborto provocado às 12 semanas de gestação ou a morte do pré-embrião que não pôde implantar-se devido à acção de um dispositivo intra-uterino, etc.

Há que perguntar então: donde vem esta aparente diferença de «reacção»? Será o grau da nossa reacção indicativo de alguma coisa? Trata-se simplesmente de uma reacção condicionada pela nossa sensibilidade, sensibilidade essa que nos leva a só sentir compaixão e horror quando a vítima se parece connosco e que é alheia à «natureza» intrínseca do ser humano vivo? Há alguma correspondência, e assim teríamos um grau crescente de «status» ontológico-antropológico desde a concepção até à pessoa nascida? Consideramos ser da mesma gravidade um aborto às 6 ou 12 semanas e um «partial birth abortion»? [Diante deste último sinto o mesmo horror que diante do hediondo crime que tirou a vida à Vanessa.]

Esta espinhosa questão do estatuto do embrião humano não é exactamente uma bizantinice e não é preciso entrar na discussão legal para se ver a sua extensão. A questão dos prazos é um beco sem saída, mas vejo que pessoas que são contra o aborto não aceitam o discurso do pároco de Lordelo do Ouro. Que significa isto? Será simplesmente porque há que manter um discurso politicamente correcto e não «assanhar» os que favorecem o aborto?

[Hipótese de «meio termo»: ser contra o aborto não significa(ria) necessariamente atribuir o mesmo grau de gravidade às diferentes situações. Mas o problema persiste: como fundamentar?]

• Em segundo lugar -- e aqui não me limito a colocar questões --, bom seria que se deixasse de meter no mesmo saco aborto e contracepção, como infelizmente se tem vindo a verificar em muitas intervenções de párocos que se tornam conhecidas do grande público. Mesmo que não se aceite a licitude dos métodos contraceptivos, é preciso saber reconhecer que os contraceptivos não estão ao mesmo nível do aborto em termos de avaliação moral. Será que nunca ninguém lhes disse isto?

Alef

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de May de 2005 23:08

A este propósito, a Organização Mundial de Saúde publicou o Current World Health

Report 2005 precisamente sobre a temática das crianças e da situação ads mulheres

grávidas em todo o mundo. Mais uma vez, os números deixam-nos envergonhados, tão

envergonhados quanto a morte horrenda da Vanessa e as palavras dum Padre

qualquer.



"The World Health Report 2005 – Make Every Mother and Child Count, says that this year

almost 11 million children under five years of age will die from causes that are largely

preventable. Among them are 4 million babies who will not survive the first month of life.

At the same time, more than half a million women will die in pregnancy, childbirth or soon

after. The report says that reducing this toll in line with the Millennium Development

Goals depends largely on every mother and every child having the right to access to

health care from pregnancy through childbirth, the neonatal period and childhood.

The world health report 2005 - make every mother and child count !


[www.who.int]

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 00:00

Caro Alef

Quando afirmo que o Padre exagerou, refiro-o porque numa missa de 7º dia de um crime hediondo como este, não era a melhor altura para exprimir numa homilia tal questão.
Aquilo que disse, contudo é verdade. Uma criança com 5 anos pode espernear, gritar, pedir socorrro. Um bebé de 3 meses - vulgo 12 semanas - no utero materno, e barbaramente destruido, não podendo chamar a atenção para o crime que estão a cometer nada pode fazer.
Depois é lamentavel o discurso feminista que visa impedir as mulheres para a cadeia. Dá a impressão que as cadeias são apenas para os homens, que as mulheres podem cometer todos os crimes, que ficam impunes. Se matar um bébé é um crime, e se uma mulher o faz, não sei porque ficar impune, apenas por ser mulher.
Por fim para a dona CP, misturar Abortos, com Assassinios de crianças com 5 anos e planeamento familiar como o fez, é algo perfeitamente descabido nada tendo uma coisa a ver com a outra. A sua defesa do planeamento como resposta ao crime da vanessa, induz a esse pensamento. Se não defendeu isso, parece.
Por fim, há que retirar a carga politica da questão do aborto, tipo quem é de esquerda é a favor e de direita contra. Esta é uma questão de Humanismo, não politica.
Que o aborto é um Crime Hediondo, e que a Igreja fará tudo para que nunca seja legalizado, essa é uma certeza. A partir do momento que defendemos que a vida começa com a concepção, não há outra alternativa a tomar. Não é apenas olhar para a mãe como uma infeliz que contraiu uma doença - a gravidez - mas para o bebé.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 02:00

Só falta dizer que a criancinha de cinco anos teve culpa porque morreu... SE até se podia defender... SE calhar não esperneou o suficiente!...Este argumento é de vómitos, sobretudo quando sabemos que a menina em questão foi torturada até morrer de uma forma bárbara. Olhem , sóde ler o que esta criatura escreve dá vómitos...

E reparem que que ainda por cima esta criatura que se diz "padre" ( sabe lá ele o que é ser pai) tem permanentemente no seu discurso infanticida, confundido Planeamento familiar com contracepção e utilização de preservativo com aborto.


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 02:09

Só pra clarificar a minha posição . repito que é uma incongruencia a igreja manifestar-se contra o aborto e contra o Planemaneto familiar.


Ser contra o planeamento familiar é ser pró-aborto, ou então, pra usar o penssmento destes padres, é ser a favor do infanticídio, que, segundo eles é emnso garve que p aborto.....

Que vergonha que tenho me certos momesntos de ser católica! è preciso rezar muito por esta gente... E combatê-los o mais possível!

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 02:29

A mulher esvaía-se em sangue. Uma perfuração uterina, feita com uma agulha de crochet..

Exangue, em estado de choque, olhava-nos com um ar liquefeito enquanto a maca seguia para o bloco no meio de tubos, drenos e uma transfusão à pressa ....

Mesmo antes da anestesia, a mulher ainda murmurou : Acabou não foi?

Referia-se ao feto, arroxeado que trazia entre as coxas quando entrou no banco, ainda preso pelo cordão umbilical...

Sim, alguém respondeu..

Ainda bem , suspirou já não me importo de morrer...

A mulher era muito jovem a aquela gravidez fruto de uma violação...

Por terem sido ultrapassados os prazos legais e pelas condições muito especiais em que se encontrava, a mulher não tinha podido fazer IVG de acordo com a lei...

Em cada dia que passava a mulher era violada novamente, a cada minuto de gestação aquela mulher era violada por aquela gravidez não consentida fruto da violência mais extrema...

A mulher um dia decidiu acabar com aquilo... Ainda que morresse... Antes isso que continuar a ser violada ao longo de nove meses...

Nunca esquecerei o seu olhar...

E tenho a certeza duma coisa. Não era uma criminosa.

Era uma vítima.

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