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Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro / Jornadas sobre a Vida, em Fátima
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 05 de August de 2004 03:02


Posições da Igreja Católica sobre a Vida, apresentadas a profissionais da Comunicação Social


O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) da Igreja Católica vai promover no próximo mês de Setembro umas Jornadas de reflexão sobre o tema “Dignidade da Vida Humana: Uma visão global”.

Após as várias polémicas em torno da questão do aborto, que em Março deste ano levaram a Conferência Episcopal Portuguesa a publicar a Nota Pastoral "Meditação sobre a Vida", a Comissão Episcopal para as Comunicações Sociais e o seu Grupo de Consultores optaram por abordar esta temática desde uma perspectiva cultural, antropológica, biológica e teológica, bem como a sua abordagem nos Meios de Comunicação Social.

Na “Meditação sobre a Vida” os Bispos portugueses lançaram um forte ataque discussão sobre o aborto no nosso país.
A Vida, assume o texto da CEP, “tem a sua origem em Deus e só em Deus encontrará a sua plenitude”, lembrando que esta perspectiva é também definidora da Igreja, "Povo da Vida".

"Promover a Vida é, para a Igreja, uma missão”, esclarece a Nota Pastoral.

O Director do SNCS escrevia, na ocasião, que “um dos possíveis efeitos da discussão puramente técnica e política sobre o aborto é matar a beleza da evolução da vida humana”.

O encontro de Fátima (ver programa) levará em linha de conta o papel assumido pelos Media nesta discussão, opção presente na mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, intitulada “Mass Media e Família: Um Risco e uma Riqueza”, onde João Paulo II alertava que estes meios podem “provocar uma visão inadequada e mesmo deformada da vida, da família, da religião e da moral”.


Programa

Fátima (Casa de Nossa Senhora das Dores), 23 e 24 de Setembro de 2004


Dia 23 de Setembro:

14,00 horas – Acolhimento e abertura

14,30 horas – Mesa Redonda:

“Uma questão cultural” – D. Manuel Clemente.

“Aspectos demográficos e consequências sociais” – José Manuel Nazareth

“A Vida Humana – aspectos biológicos” – Laureano Santos

Moderador – D. Manuel Clemente.

20,00 horas – Jantar.

21,30 horas – Filme sobre a Vida – apresentado por Francisco Perestrello


Dia 24 de Setembro:

08,30 horas – Eucaristia.

10,00 horas – “A Vida nos Media” – Mesa Redonda

Francisco Sarsfield Cabral e Manuel Pinto

Moderador – Pe. Salvador dos Santos

12,00 horas – Conclusões dos Encontros Regionais da AIC –
J. Vicente Ferreira e Pe. Salvador dos Santos

13,00 horas – Almoço e termo das Jornadas


Fonte: Ecclesia


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 25 de April de 2005 03:42

TESTEMUNHO DE UM MÉDICO EX-ABORTISTA

Num testemunho para a rádio Rainha da Paz (Brasil), um médico, que praticou durante anos o aborto, comentou assim a sua experiência de conversão dolorosa e intensa, iniciada depois da morte de sua filha:

"Sou filho de uma família humilde, do interior de Minas Gerais, o único que com sacrifício teve a oportunidade de estudar, porque as minhas irmãs não terminaram a educação secundária.

"A minha mãe era uma simples costureira, que trabalhou desde muito cedo para ajudar o meu pai. Por isso podem imaginar o sacrifício que fizeram para ter um filho médico. Escolhi a ginecologia e obstetrícia.

"Entre as dificuldades maiores enfrentadas como clínico recentemente formado, defrontei-me com a realidade do que é a minha profissão. Em pouco tempo os colegas doutores ficaram ricos, e eu também quis ser rico e ter uma vida desafogada.

"Foi então que violei o juramento que fiz ao formar-me para dar a vida: Ajudei muitas crianças a virem ao mundo, mas também a muitas delas não permiti que nascessem, ganhando assim muito dinheiro e ficando rico em pouco tempo.

"Montei uma clínica particular, que em pouco tempo tornou-se muito visitada. E, como a todos os que são tíbios e gananciosos, convenceram-me de que as mulheres tinham o direito de escolher o que era melhor para elas (quanto à incorrectamente chamada I.V.G.), e assim tinham que ser ajudadas por um médico a fim de não correrem o risco de irem parar a uma parteira clandestina, em que os índices de mortes são alarmantes.

"Era deste modo um homem cego e desumano com a ocupação da medicina, construindo assim para a minha família uma vida de luxo, onde nada faltava. Os meus pais morreram na ilusão de que eu era um médico próspero e honesto. Mas criei as minhas filhas com dinheiro manchado do sangue de inocentes, sendo por isso mesmo o mais inútil dos humanos. As minhas mãos, que deveriam ser abençoadas para a vida, trabalharam para a morte de muitos nascituros.

"Só parei quando Deus, em Sua sabedoria infinita, rasgou a minha consciência e fez sangrar o meu coração com o mesmo sangue de todos os inocentes a quem não permiti o nascimento: A minha filha menor, Letícia, morreu com uma infecção uterina ao sujeitar-se a um aborto provocado. Ela, de 23 anos de idade, ficou grávida e procurou o mesmo caminho de tantas outras, o maldito aborto. E eu só soube disso quando já não podia fazer mais nada por ela.

"Ao lado dessa minha filha, já em agonia, vi as lágrimas de todas aquelas criancinhas que eu mesmo matei em plena gestação. Cansado pelas noites que passei ao lado dela, sonhei que essas vítimas inocentes caminhavam para um lugar completamente escuro e inóspito! Como se um raio me atingisse, escutei os dolorosos gritos daquelas crianças que eu não deixei nascer, com profundos lamentos que me acusavam de assassino!

"Amedrontado, levei as mãos ao rosto para limpar a transpiração, mas as mãos ficaram manchadas de sangue! Apavorado, gritei com toda a força, implorando perdão a Deus! Acordando do pesadelo, reparei que estava na hora de assistir ao último suspiro da minha filha, que logo morreu em consequência da infecção abortista.

"Não sei se algum dia Deus perdoar-me-á, mas, para reparar a minha culpa e minimizar a dor, vendi a clínica e todos os bens que adquiri com a prática do aborto, e com esse dinheiro construí uma casa de ajuda às mães solteiras, e hoje dedico-me apenas a ajudar quem mais precisa, praticando a justa medicina.

“Hoje sou médico do pobre e do marginalizado, e os bebés que vêm ao mundo por minhas mãos são crianças que eu adopto. Hoje reconheço que tenho uma única missão: ajudar a trazer a vida ao mundo e a dar as melhores condições, de modo a que as crianças, desde a concepção, tenham a Deus como pai.

"Rezem por mim, rezem de forma a que Deus tenha piedade e me perdoe, assim como a todos os demais que desgraçadamente praticaram ou praticam o maldito aborto, que eu tenho a certeza de um dia encontrarmo-nos todos no Juízo final".

Autor: Desconhecido

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 25 de April de 2005 07:06

Hum... IOs criminosos agora já só são os médicos abortistas e não a sdesgraçadas das mulheres que interrompem a gravidez.... Noto aqui uma tensão dialéctica, indícios de evolução dos conceitos mentais... Um percurso seguro a favor da descriminalização aplicada ás mulheres....

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 26 de April de 2005 05:18

VISÃO CULTURAL POBRE, HORIZONTES DE MORTE

"Nunca fui capaz de perceber na defesa do direito a destruir a vida de outrem" – realça D. António Marcelino

Quando se fala de Vida e de defesa da Vida, quando se ouvem notícias de descoberta de novos medicamentos ou de novas técnicas que permitem solucionar doenças graves, quando surgem pequenos ou grandes heróis que arriscaram a vida por alguém que corria verdadeiro risco de a perder, quando nasce uma criança e se vê no rosto dos pais, dos avós e de algum irmãozito, uma alegria esfusiante, quando se chora e se lamenta a morte de alguém que comunicava felicidade e paz, ou era o suporte de uma família ou de uma instituição, todos podemos pensar que, na opinião comum e alargada, a Vida tem muito valor, a Vida é o maior valor.

Percebemos, então, porque é que no coração das pessoas vivas está enraizado o dever de apreciar, defender e promover o dom da Vida e de dizer, aos quatro ventos, que ninguém tem direito a matar.

Nunca fui capaz de perceber na defesa do direito a destruir a Vida de outrem, qualquer sentido de inteligência ou de progresso, porque não consigo ver aí qualquer sentido de humanidade.
O que se poderá esperar de quem, seja a que pretexto for, vê com olhos redutores, o maior de todos os valores, a Vida, de tal modo grande, que sem ela, nada tem sentido nem futuro?

O primeiro problema a enfrentar pela nova Assembleia da República foi, na militância de alguns deputados, levar à frente a irresponsabilidade de abrir portas à destruição livre de Nascituros.
Discutem-se as semanas de Vida para poder matar, por pouco tempo, porque, em etapas posteriores, o tempo passa a questão secundária.
Fora uma promessa eleitoral que rendeu votos, tem de se cumprir.
Quem ainda não tem convicções, ou só tem interesses a defender, alinhou de imediato.
O grande problema nacional é o referendo, ou uma lei mais permissiva.
Estamos informados.

Um deputado novo, logo no primeiro dia de Assembleia, saiu-se com esta:
“Por formação, sou visceralmente contra o aborto, mas, considerando os fenómenos da modernidade, penso que, pelo menos até à maioridade, as jovens devem poder prevaricar… Até aos 18 anos não têm maturidade para assumir a responsabilidade de uma gravidez… Sim, até aos 18 anos, temos de repensar a lei do aborto… Se já é adulta, tem que ser responsável por isso”.
(DN 11.3.2005)

Assim mesmo. Microfone à frente e aí vem a sentença. São os novos legisladores a ajudar o país a ir para a frente…

A obsessão por casos individuais, a dificuldade em ver o que é essencial para o defender a todo o custo, o pouco discernimento em relação às necessidades urgentes do país e das pessoas, a subordinação do bem comum a interesses ideológicos, tudo isto tem de ser denunciado.

A sociedade democrática dá direito a fazê-lo. O bom senso e o compromisso de implementar soluções alternativas, obrigam a fazê-lo.
São sempre os defensores da Vida que se empenham, de facto, em iniciativas a favor das mães em dificuldade e das crianças não amadas.
Quem grita na rua, normalmente não suja as mãos com respostas humanizadas. Ou se trata de um problema cultural, como tal considerado, ou já nada tem valor.

Quando os horizontes são de morte, a vista é sempre curta e incapaz de ir além do imediato, de ir ao fundo dos problemas.
Quem negar que há problemas graves que exigem soluções válidas e sérias, anda fora da Vida.
Mas, para quem defende soluções de morte para problemas da Vida, ao contrário do que se pretende fazer ver, as pessoas passaram a ser coisas.
Expropriam-se quando são adultas, destroem-se quando são indefesas.


D. António Marcelino | 21/04/2005

Adaptado para o fórum (informando e visando eventuais comentários), por:

José Avlis


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 07:37

Caros Forunautas

Gostaria que comentassem honestamente o que acharem relevante e oportuno neste importante e pertinente texto sobre o aborto:

DESCRIMINALIZAR / DESPENALIZAR O ABORTO ?!

Fala-se agora na hipótese (bastante polémica e paradoxal, ambígua e temerária) da descriminalização, e/ou despenalização, do aborto, geralmente até às 10 semanas, mantendo-se embora a sua "proibição relativa"...

O aborto deixaria assim de ser considerado crime (capciosa e juridicamente), continuando, porém, a ser uma prática ilícita e proibida, não podendo portanto ser praticado em hospitais públicos e/ou com a autorização do Estado...

Não era exactamente isto que era proposto no referendo de 1998, embora a pergunta formulada (de forma pouco isenta e algo confusa, tal como agora) fizesse referência apenas à descriminalização...

Estava (então) em jogo a legalização ou liberalização do aborto, que passaria (caso tivesse vencido o "sim") a ser praticado com a conivência ou colaboração activa do Estado, em unidades de saúde públicas e com recursos públicos...

A proposta actual (sujeita a novo referendo) visará a descriminalização efectiva (os consequentes não-julgamento e despenalização) da mulher grávida que aborte deliberadamente, até às 10 semanas em todos os casos (podendo assim recolher um mais amplo consenso)...

Importa, porém, esclarecer que a tutela da vida humana implica um regime legal coerente, e que uma brecha na coerência desse regime pode afectá-lo no seu todo...

Não se pode também ignorar que assiste-se a uma estratégia de etapas sucessivas, e que à descriminalização mais facilmente suceder-se-ia a liberalização...

Se o Código Penal define como crimes quaisquer atentados à integridade física (uma simples bofetada), quaisquer atentados à honra (uma qualquer injúria), ou à propriedade (o furto de um qualquer objecto de valor insignificante), estranho e incoerente (pelo menos) seria que não definisse como "crime especialmente gravoso e abominável" (e portanto sempre sujeito a uma proporcionada e justa penalização) um extremo e fatal atentado à vida humana, como é geralmente considerado o caso específico do aborto provocado, comparável ao infanticídio...

A simples definição solene de uma grave conduta como crime é sempre relevante, ao menos na perspectiva da aludida função pedagógica do Direito Penal. E esta função mantém-se, ainda que as condenações não correspondam eventual e minimamente à frequência e gravidade da prática do crime (por deficiência do sistema ou por outros motivos de força maior relativamente incontroláveis), como infelizmente tem acontecido com o aborto e também com o tráfico e consumo de droga (por exemplo), ou até mesmo se revistam apenas de carácter simbólico (em último recurso)...

Contudo, não terá qualquer sentido, nessa mesma linha, transformar a prática do aborto (como sucedeu com o consumo da droga) em simples "contra-ordenação", apenas sancionável com uma mera/simbólica coima...

As condutas qualificadas como contra-ordenações (o estacionamento dum automóvel em local proibido, por exemplo) caracterizam-se precisamente pela falta da sua "ressonância ética", ressonância moral esta que, pelo contrário e obviamente, concretiza-se maximamente no atentado extremo à vida humana, desde a concepção à morte natural...

É certo que poder-se-á, mais ou menos facciosamente, despenalizar apenas o procedimento da grávida que aborta, mantendo-se a penalização de quem (médico, parteira, etc.) executa o aborto com o consentimento dela, fazendo dessa prática uma actividade lucrativa (muitas vezes escandalosamente lucrativa)...

As críticas negativas aos julgamentos de abortos, que se têm realizado, esquecem que é tão-somente sobre essas pessoas executantes que têm recaído, e provavelmente continuarão a recair, penas de prisão, estranha e contrariamente ao que acontece num homicídio normal, em que o mandante é geralmente sempre mais penalizado do que o executante...

Efectivamente, não vislumbro algum princípio de ordem ético-jurídica, ou lógico-moral, que justifique, em coerência e verdade, tais métodos parciais (ou mesmo tendenciosos) de criminalização-penalização algo discricionária, quando a conduta abortista da mulher grávida, que nela consente e toma a iniciativa, não é sequer criminalizada...

Com a agravante de os abortistas executantes não beneficiarem, normalmente, de análogas circunstâncias atenuantes de que poderão beneficiar as mulheres grávidas que abortam (tal como geralmente não beneficiarão dessas mesmas atenuantes o pai da criança abortada, que seja cúmplice ou autor moral do crime para se livrar das suas responsabilidades)...

[...]

* * * * * * * * *


Pedro Vaz Patto
Juiz de Direito e membro da CNJP

Adaptado e actualizado por:
José Avlis

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 14:36

"A proposta actual (sujeita a novo referendo) visará a descriminalização efectiva (os consequentes não-julgamento e despenalização) da mulher grávida que aborte deliberadamente, até às 10 semanas em todos os casos (podendo assim recolher um mais amplo consenso)... "

Esperemos que sim.



Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 18:51

Não querendo desapontar ninguém, mas é obvio que não obterá qualquer amplo consenso, porque a vida humana não é referendavel, e quem aniquila uma vida não pode ser deixado impune.
Como tal, quando chegar ao tal referendo, muitos e muitas (como eu) iremos lutar pelo "NÃO"!

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 22:57

Não deixa de ser o cúmulo do cinismo e da falata de sentido ético, que os que tanto

gritaram pelo Referendo sobre a despenalização do aborto venham agora afirmar que a

vida não é referendável... Que hipocrisia!

Tenham então a verticalidade moral de ser coerentes e afirmar que não deve existir

nenhum referendo sobre estas matérias e que compete à Assembleia da Rebública

cumprir a sua função legislativa...


EStas pessoas ( algumas até com alguma boa fé, coitadas) não vão lutar pelo Não ...

Vão "lutar" pelo SIM - SIM á manutenção de penas de prisão para mulheres que

abortam , que é para depois irem fazer caridadezina às prisões ou á porta dos tribunais

a operecerem os seus préstimos ás mulheres que abortaram ou virem e público dizer

que têm muita peninha das mulheres, tadinhas mas que ficam até felizes quando

aquelas não cumprem os tres anos de prisão efectiva......



Um bocadinho de vergonha na cara não fica mal a ninguém.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:05

Aconselho a cara foronauta a acalmar-se um pouco, ler 1 Cor 13.
Depois, com caridade, e paciencia, discutiremos, porque se deve votar "Não" caso haja referendo.
Como denoto alguma perturbação no seu espirito, aguardo mais serenidade e algum bo, senso.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:17

Factos:

Inquérito à Fecundidade do INE.

O inquérito conclui:


·10% a 40% das gravidezes ocorridas em POrtugal noúltimo ano em mulheres entre os 35 e os 44 anos terminaram em IVG.

· Depois dos 45 anos em cada 100 gravidezes ocorridas 70 terminaram em IVG.

· Em cada mil gravidezes ocorridas entre os 15 e os 19 anos...cerca de 100 terminam em IVG


o Número de abortos clandestinos em POrtugal é superior aos indicadores apresentados pela Organização Mundial de Saúde para a Europa.

O indicador número de IVG por mil nados vivos estimado no ano 2000 ( 781,5 casos por

mil nados vivos/ ano) era superior aos indicadores apresentados pela Organização

Mundial de Saúde para a média Europeia( 198,83/1000 nados vivos em 1993)

No grupo etário entre os 15 e os 44 anos, em Portugal a estimativa é de 38 IVG por mil

mulheres enquanto na Europa Ocidental é de 11 por mil, na Europa do Norte de

18/1000, e na Europa do Sul de 24 por 1000. Note-se que na mior parte destes países o

Aborto não é criminalizado.

Ou seja - não é a criminalização das mulheres, ainda por cuima com penas de prisão

efectiva que reduz o número de Abortos.

Perante isto, proponho aos "defensores " da manutenção de uma Lei que ninguém quer

ver cumprida - nem os que cinicamente se arvoram em seus defensores - que comecem

desde já a fionanciara a construção das numerosas prisões para albergar as milhares de

mulhres portuguesas que todos os anos interrompem uma gravidez.
.


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:25

Porque julga as pessoas que nem conhece?
Quem a constituiu juiza para determinar o cinismo?
Atitudes pouco caridosas....para uma catolica que se diz praticante.
Esse tipo de discurso não promove a discussão de ideias, apenas acusações mutuas, julgamentos das pessoas, e ataques a pessoas ou associações que defendem um Não à mudança da actual lei.
Torna-se impossivel com serenidade debater o assunto.
Como não vejo mudanças nalguns foronautas, retorno ao obsequioso silencio a que me impuz.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:26

A este Propósito, um forista sem argumentos recomendou uma leitura bíblica. 1 Cor 13



«A caridade não leva em conta o mal» (1 Cor 13,5).

Escreveu o papa João Paulo II que nesta expressão da 1ª Carta aos Coríntios, o

apóstolo Paulo recorda que o perdão é uma das formas mais elevadas do exercício da caridade.

Ora é disto mesmo que se trata e apenas isto que está em discussão - o exercício da Caridade versus a Punição.

Devem as mulheres ser punidas com uma pena de prisão efectiva até três anos?



Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 06:33

Estimada Católica-praticante...

Escreveu:

"Exercício da Caridade versus a Punição...
"Devem as mulheres ser punidas com uma pena de prisão efectiva até três anos?"

* * *

Eis a minha sincera opinião a tal questão:

a) Uma coisa é "Caridade cristã", outra coisa é "perdão/desculpa humana" (isenção incondicional de pena) por faltas ou crimes graves e recorrentes (cometidos sem qualquer respeito pelo próximo, sem arrependimento nem qualquer reparação).

b) O próprio Deus, assim como nos ensinou Jesus, exige um sincero arrependimento, com propósito firme de emenda, para obtermos o perdão de quem quer que seja (sobretudo d'Ele mesmo), e portanto não apenas na Confissão sacramental, ou mesmo directamente.

c) Jesus perdoou à mulher adúltera, por saber que estava arrependida, mas com uma condição sine qua non: "Não voltes a pecar". O mesmo aconteceu ao Zaqueu, ao Bom Ladrão e a tantos outros...

d) Para crimes iguais/equivalente deverá haver punições semelhantes/proporcionais, segundo as leis humanas e jurídicas.

e) Exemplos:
- Se para um homicídio qualificado a punição poderá ir até aos 25 anos de cadeia;
- Se um simples acto de pedofilia consumada poderá valer até 10 anos de prisão;
- Se um crime de corrupção activa poderá custar 7 anos de cadeia;
- Se uma burla grave e reiterada poderá dar 5 anos de prisão...

f) Porque será que um "crime de aborto provocado" (perpetrado por simples comodismo, capricho ou egoísmo, como tragicamente acontece na sua larga maioria!) - os quais, segundo a moral cristã e a Igreja Católica, são equiparáveis em, gravidade e barbaridade, a um "normal e hediondo infanticídio" -, porque será que a lei humana e jurídica apenas pune-o (o que raramente acontece!) com uns meramente 3 anos de prisão (em teoria), e ainda, sobretudo à "mãe abortista" como principal responsável por tão hediondo crime, com direito a várias circunstâncias atenuantes, que normalmente acabam por absolvê-la?!

g) Aonde está a justiça, afinal? É igual e proporcional para todos os criminosos?! Jamais, e cada vez pior! Há muitos pesos e muitas medidas, muitos interesses mesquinhos em jogo (sobretudo politiquices corruptas e nocivas!), muitos facciosismos, proteccionismos, preconceitos absurdos, imensa hipocrisia e cobardia!

h) Responda-me, quem puder e souber (em verdade e consciência), o que é realmente mais grave e hediondo:
- Se um mero crime de "abuso sexual a uma criança" (pedofilia), fruto geralmente duma patologia sexual do agressor, como desvio sexual e/ou distúrbio obsessivo compulsivo, habitualmente característico de doentes homossexuais, ou tarado-sexuais?
- Ou se um crime de "aborto provocado" - incorrectamente designado I.V.G., o que não passa de um capcioso e maquiavélico eufemismo! - a partir, p. ex., da 12 semanas (que para mim, para a Moral cristã e para Deus tem sempre a mesma hiper-gravidade/barbaridade/execrabilidade, quer seja no início ou no fim da gravidez...), só porque a mulher não quer ter mais filhos, por capricho, egoísmo ou comodismo (como desgraçadamente acontece em cerca de 80% dos casos?
- Não me resta a menor dúvida (nem à grande maioria dos verdadeiros Cristãos, assim como a todas as pessoas de bem que possuem um recta/íntegra consciência) que o segundo caso (o "abominável crime do aborto") é moral, espiritual e humanamente muitíssimo mais grave - pois equipara-se, pelo menos, ao um super-crime de infanticídio/homicídio premeditado! - do que o primeiro crime (uma violação pedófila), por mais chocante e hedionda que este/a seja.

i) E confirmo esta minha sincera opinião com o testemunho de um caso verídico, muito conhecido nos meios da comunicação social (sobretudo na TV) há poucos anos:
- A mãe e o avô do Pedro - um belo rapaz de 12 anos que foi raptado por uma suposta rede pedófila internacional (há provas do rapto e de fotos da criança nua num site secreto da Internet...), tem-se arrastado por vários anos, sem que a polícia tenha ainda encontrado qualquer pista credível/viável, o que naturalmente provoca um profundo e inaudito sofrimento e desgosto aos seus familiares, até porque o Pedro era filho único...
No entanto e apesar da mãe e do avô do Pedro terem quase a certeza (mediante informações secretas, directas e pela polícia) que a criança, agora talvez com cerca de 20 anos, é vítima efectiva dessa poderosa e monstruosa rede pedófila, algures no estrangeiro, a mãe do rapazinho declara que prefere de longe recuperá-lo vivo, por mais abusado sexualmente, drogado e arruinado física e moralmente que se encontre, do que morto/assassinado, pelo que oferecem grandes recompensas financeiras a quem localizá-lo ou devolvê-lo, mesmo que sejam os seus próprios e hediondos raptores, caso o Pedro não consiga regressar sozinho... Dá que pensar!

Até à próxima.

J Avlis


Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro / Pe. João Luís
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 07:41

Reverendo Pe. João Luís Paixão

Por favor, não desista; por favor, insista!
Por Caridade e por Amor de Deus!
Precisamos de um Padre como o senhor!
Não temos outro Sacerdote no fórum!
Nem sequer outra alternativa minimamente válida.
Este fórum também faz parte da Vinha do Senhor, como sabe bem melhor do que eu.
É um terreno fértil para a Nova Evangelização!
Não nos deixe, senão ficamos órfãos!
Precisamos muito do seu Ministério, da sua Autoridade sacerdotal e da sua Bênção.
Mesmo que haja participantes que, infelizmente, não simpatizem consigo, contradigam-no ou ofendam-no - como aliás já aconteceu em parte comigo mesmo, em tempos idos (influenciado certamente por Satanás, directamente ou através de outrem), pelo que já lhe pedi sinceramente desculpa e tenho a certeza que me perdoou, assim como Deus) -, acho que não deve desistir, mas lutar sempre com as maravilhosas armas que tem, e são certamente bem mais valiosas que as minhas, graças a Deus.
Pe. João Luís, faça jus, por obséquio, ao seu apelido, e combata sempre com "paixão", e com compaixão, o bom combate, tal como tanto pediu N. S. Jesus Cristo.
Rezo por si e por todos os forunautas, por mais rezingões e rebeldes, ou ingratos, que sejam; que lamentavelmente é o que mais há por aí, mas devemos fazer das nossas fraquezas forças e jamais desanimar, até à vitória final!
Temos um Eternidade para descansar e gozar, no seio de Deus, na companhia de toda a Corte celestial!
Podem matar/aniquilar os nossos corpos, mas jamais as nossas almas!
Ficará sempre, como sabe, uma pequena semente, mesmo que caia entre espinhos, ou nos pedregulhos, que poderá vir a germinar (só Deus sabe) e produzir abundantes e saborosos frutos, a seu tempo.
Nunca subestimemos a Divina Providência, antes pelo contrário, e a nossa vida será certamente um contínuo milagre!

Estamos já no mês de Maio, o Mês de Maria Santíssima, Mãe de Deus e Mãe nossa!
Quão felizardos somos, nós os Católicos Marianos! Deo gratias!
Só Deus Basta. Louvado seja Deus!

Aceite um abraço fraterno, reconhecido e respeitoso, deste servo que pede a sua bênção.
Se eu portar-me mal, avise-me, por favor.

J Avlis

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 09:28

Cara catolicapraticante...


desta vez não concordo contigo inteiramente embora fique perfeitamente chocado com os dados/números que indicas.

As questões essenciais para mim talvez sejam:

A) a vida começa ou não no momento da fecundação? Como avaliar isso cientificamente, i.e. quais os critérios?

B) o que significa 'Vida'? será que a existência de uma individualidade única em potência, que inequivocamente se encontra já com a junção do óvulo e espermatozoide, mas não antes, não deveria ser protegida a todo o custo? mas é vida? e na dúvida quanto ao que fazer, não seria preferível uma atitude defensiva que protegesse a possibilidade da existência de um indivíduo vivo e/ou em potência?

C) o que significa exactamente descriminalizar? Por um lado, deixa de ser crime. Mas passa a ser lícito, seja por que motivo for, a prática do aborto?

D) a sério a sério: o que fez o Estado português a sério para impedir o aborto clandestino?
d.1) Um dia, conversando com umas senhoras, todas me pareciam bem informadas sobre onde fazer e com quem fazer abortos clandestinos... achas que a polícia não sabe? O que se fez para combater as 'clínicas' clandestinas?
d.2) o que fizeram a sério os governos guterres, durão e santana para acabar com as causas dos abortos ou promover o planeamento familiar, por exemplo (com o qual pessoalmente estou absolutamente de acordo)?

E) deve o cristão defender a vida a qualquer custo?

F) será uma questão relacionada apenas com o corpo da mulher ou pelo contrário deve o nascituro (com vida ou sem ela) ser considerado como algo à parte que não é a mulher embora esteja nela 'alojado'? Deve o pai ser obrigatoriamente parte do processo ou não (eu sei que a maioria se deve estar nas tintas, mas deve haver casos em que não esteja...)?

G) imagina que a Igreja modificaria a sua opinião... como a justificarias à luz da ciência e das Escrituras (é preciso pensar não apenas em justificar o interesse pela felicidade das mães/pais ou dos próprios nascituros mas também em justificar teologicamente a secundarização da existência real de uma individualidade irrepetível e a secundarização da vida e do ser humano INDIVIDUAL como dom e como criação de Deus)?

Sem elementos demasiado a priori e sem recurso a ideias de autoridade (estilo porque a Igreja diz; sendo assim não há conversa possível), gostaria de conversar sobre e estas e tantas outras questões...

Abraço fraterno e com amizade,

Miguel

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: João Leal (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 10:28

Num país de elevada iliteracia é curiosa a mudança da palavra aborto pela sigla IVG. Será por acaso?

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 14:28

A mudança não é mudança. Trata-se aliás de uma terminologia com décadas de utilização. E é até um terminologia mais rigorosa.

O Aborto pode não ser resultado de uma intervenção médica, o aborto pode ser natural e espontaneo. Myuita gente utiliza apalavra "aborto" sem ter a noção do significado da palavra.

A expressão "interrupção voluntária de uma gravidez" é uma terminologoa correcta que exprime precisamente aquilo que se está a discutir.

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 16:25

De facto, catolicapraticante, não é verdade que «a mudança não é mudança». E não é verdade que «interrupção voluntária da gravidez» (IVG) seja uma «terminologia mais rigorosa». Poderá sê-lo apenas enquanto «facto médico», mas não enquanto «facto moral». O «aborto» provocado não é apenas um facto médico. «IVG» é uma expressão que serve sobretudo o ponto de vista «justificatório» do aborto provocado e não engloba todas as questões inseridas na abordagem ética do «aborto». Vejamos:


1) Em primeiro lugar, a alegação de que «aborto» não é uma terminologia precisa, porque -- justificas -- «o aborto pode não ser resultado de uma intervenção médica», isto é, «pode ser natural e espontâneo», não tem pertinência na abordagem ética, pela simples razão de que a discussão ética sobre o aborto está sempre no plano do aborto provocado. Na discussão ética, «aborto» não é uma palavra equívoca. Referimo-nos sempre ao aborto provocado. O aborto espontâneo não é propriamente objecto de avaliação ética ou moral.


2) Em segundo lugar, a expressão «interrupção voluntária de gravidez» (IVG) não deixa de ser equívoca. Pode haver abortos provocados por outrem que não a grávida. Nesse caso, a «interrupção de gravidez» não é voluntária da parte da grávida, mas não é espontânea ou natural. E tem lugar numa avaliação ética. Portanto, a substituição de terminologia, em vez de alegadamente resolver um equívoco, cria novos problemas. Ou seja, mais uma vez se vê que a noção de «IVG» não abarca todos os problemas «previstos» na noção de «aborto».


3) Em terceiro lugar -- e muito mais importante --, a terminologia «IVG» desvia a atenção no que diz respeito ao centro da questão. Enquanto que a palavra «aborto» tem como referente directo uma vida que é abortada (e, como dizia, só quando é provocada é que entra a discussão ética), a expressão «IVG» desvia a atenção para a grávida, a «dona» da «vontade», a que torna o acto «voluntário». É como se em vez de «homicídio» passássemos a falar de «interrupção voluntária da vida de outrem». A segunda expressão dulcifica a questão, reduzindo a questão do aborto a um mero arbítrio de quem comete a acção. Ora, até que me demonstrem o contrário, penso que, quando se trata da vida de alguém, não se pode dulcificar o acto com eufemismos.


4) Em quarto lugar, «IVG» serve também os interesses de «abortistas moderados», que têm posições muito próximas de algumas que tens esboçado (se bem que nunca vi escrito «preto-no-branco» exactamente qual é o teu ponto de vista e até que ponto concordas com a licitude ética do aborto).

Usando a expressão «Interrrupção voluntária da GRAVIDEZ», muitas pessoas da classe médica (e não só) atêm-se à definição médica da gravidez, que se dá apenas após a implantação do embrião (uso aqui o termo genérico para não complicar) na parede do útero, que se dá pelo 9º dia após a concepção. Com tal conceito, «IVG» serve perfeitamente para justificar o uso de dispositivos intra-uterinos (DIU) que têm como função impedir a gravidez (isto é, impedir que o embrião se implante), bem como o recurso à «pílula do dia seguinte» (que, como a catolicapraticante o reconheceu, pode não ser capaz de impedir uma concepção).

[Tal ideia de que antes da gravidez não haveria propriamente um problema importante abre caminhos subtis para a aceitação da licitude de experimentação sobre embriões não implantados.]

Ora, «aborto» refere-se primariamente a uma vida abortada e por isso a Igreja fala sempre de «aborto» para toda e qualquer acção que provoque a morte do embrião resultante de uma fecundação, em qualquer estádio do seu desenvolvimento no corpo da mãe/mulher. Todos fomos embriões (mas não espermatozóides ou óvulos).

Daqui se vê que realmente «aborto» e «IVG» não têm exactamente o mesmo referente. Não é verdade, cara catolicapraticante, que a noção de IVG seja uma uma expressão que exprima exactamente o que estamos a discutir. Além de eufemismo, «IVG» é um conceito redutor, que «esquece» importantes dados da questão, a começar pelo próprio referente primário: uma vida humana.


5) Finalmente, há um aspecto muito importante a ter em conta. Há uma tendência a «embrulhar» tudo nesta questão do aborto, a começar por uma confusão entre o legal e o ético. Não confundamos as coisas. Mesmo que o aborto venha a ser descriminalizado na sua totalidade, não deixa de ser moralmente condenável.

É claro que há aqui «dilemas» complicados. Eu não creio que o problema se resolva com prisões massivas de mulheres que abortam (e onde estão os homens?), mas muito menos se resolve o problema das gravidezes indesejadas eliminando. Não se resolve um problema eliminando.

Também não se resolve o problema com a acusação de que se quer «humilhar» e prender todas as mulheres... Este tipo de argumento parece-me também ser desconversador, porque foge à questão antropológica fundamental. O aborto é mais do que «interrupção voluntária da gravidez» (como se isso fosse pouco) e não se reduz a um acto médico.

Alef

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 17:15

Caro Miguel:

Vou partilhar publicamente algumas perplexidades que tenho partilhado com amigos relativamente ás questões éticas do início da Vida Humana.
de qualquer foprma, não é essa a finalidade do referendo que vai haver emPOrtugal. O referenedo nãpo s edestina responder a uma questão científica mas a consultar a sensibilidade etico jurídica dos portuguese osbre uma norma concreta do Direito Penal.

1 - Uma abordagem científica


A) "A vida começa ou não no momento da fecundação? Como avaliar isso cientificamente, i.e. quais os critérios?"

Face aos conhecimentos científicos actuais - e já temos um conjunto enorme de conhecimentos rigorosos sobre os mecanismos da reprodução e desenvolvimento embrionário - NÃO EXISTE UM CONSENSO científico estruturado sobre o timing do início da vida humana. Mas poderão existir critérios mais ou menos seguros.

Dizer que a "vida da pessoa humana" se inicia com a fecundação de um óvulo não é uma verdade científica mas uma afirmação ideológica.

O próprio conceito científico de Fecundação não é homogéneo ou simples:

a) A Fecundação não é a penetração do espermatozóide no óvulo. Actualmente considera-se só que existe fecundação quando existe a singamia, ou seja, a fusão dos dois pronúcleos (de origem materna e paterna).

b) Como refere o CNEV, "esta distinção não é irrelevante, antes tem importância prática, porque, se aceite, permitirá realizar experiências no óvulo, mesmo que penetrado pelo espermatozóide (por exemplo após micromanipulação), dado que, na ausência de fusão dos pronúcleos, nunca se poderá desenvolver um ser humano."

c) Se se entender como "vida" humana um conjunto de tecidos/células humanas indiferenciadas, com um potencial de desenvolvimento, concerteza que, após a singamia, há "vida".
E é Humana, visto que o conjunto de material genético que resulta da a fusão de dois pronúcleos, contém a informação genética que potencialmente podem originar um ser humano, no sentido de que não poderá dar origem a um ser de outra espécie – um peixe ou uma borboleta. Mas, um potencial de vida, ainda não é vida, MUITO MENOS Pessoa.

d) Há vida em todos os tecidos humanos isoladamente considerados. E esta informação genética existe em qualquer célula humana.

Por exemplo, se eu retirar um conjunto de células da minha pele e as colocar em ambiente propício posso fabricar tecidos humanos em laboratrório. Essas células TÊM vida? Sim! São células humanas? Sim! A partir do material genético dessas células isoladas podemos reconstruir um ser humano integral? SIM, hipoteticamente, através da clonagem, por exemplo.

Então podemos afirmar que um conjunto de células da minha pele que crescem numa caixa de Petri são uma " VIDA Humana"??? Seria muito radical...

Mais ainda, seriam uma Pessoa???

Os conhecimentos científicos actuais tendem a dizer que NÂO. Um potencial de vida, ainda não é vida, MUITO MENOS Pessoa.

e) Por outro lado, a existência de uma individualidade única em potência, NÂO SE ENCONTRA inequivocamente nas fases mais iniciais do processo. Passo a explicar deforma muito simples:

A "individualidade única" obviamente que não existe nos primeiros estádios do desenvolvimento embrionário - basta lembrar que o processo de "formação de gémeos" uniovulatres - duas, três ou até mais pessoas individuais que resultam de um único OVO ou seja, da junção de um único óvulo com um único espermatozóide. O contrário também pode acontecer - dois ou mais embriões no estado de mórula podem agregar-se num único embrião...


Então quando começa a pessoa Humana?

Aqui, as opiniões dividem-se ( no mundo da ciência) e foram propostos vários critériosuns mais polémicos, outros mais aceites:
.
1 – Critério da Individualização
O estádio de 8 células marca umesboçode individualidade. Antes deste estádio, cada uma das células do embrião pode dar origem a um ser completo, incluindo o desenvolvimento da placenta. São portanto indiferenciadas. Após este estádio, as células diferenciam-se entre as do exterior e as do interior.
Se considerarmos como critério do início da vida a ideia de individualização, o momento em que as células do indivíduo se diferenciam das células dos anexos ( que darão origem à placenta, por exemplo), isso ocorre por volta do 14 dia.
Por volta do 10º dia, o embrião implanta-se no útero. O ser potencialmente humano começa a sua vida relacional. Neste estádio, o embrião está envolvido por uma cápsula, Pode ocorrer nesta fase o desenvolvimento de gémeos verdadeiros -- com uma única placenta. Esta data marca realmente o momento de individualidade. A partir de então, o ser em devir é indivisível. Este período é também o começo da vida relacional entre o embrião e o corpo da mulher.
Por isso mesmo , muitos cientistas apontam como essencial um outro critério:
2- O Critério da Nidação
Uma elevada percentagem de EMBRIÕES humanos ( ou préembriões) é "naturalmente" rejeitada ou o seu desenvolvimento interrompido - antes da fase crucial da nidação , implantação no útero - quando efectivamente começa a Gravidez.
Não é por isso que andamos todos a chorar esses milhões de "vidas humanas perdidas", nem fazemos funerais ou lutos (sociais /psicológicos) por cada embrião que naturalmente não nida ( cerca de 5 a 15%)! ( Do ponto de vista teológico também seria interessante analisar o estatuto "espiritual" destes desperdícios da natureza, mas deixo isso para os teólogos.)
A natureza é bastante pródiga em pré-embriões espontaneamente eliminados ou que sofrem alterações patológicas e não chegam a ultrapassar as fases iniciais da divisão celular.
Aliás, nem se trata de nenhum um "aborto "natural , pois nestas circunstâncias, as mulheres nem chegaram a estar grávidas apesar de ter havido a junção do óvulo com o espermatozóide...!!
Por isso mesmo um dos critérios clínicos apontados por alguns para delimitar i início da vida humana autónoma e com potencial de desenvolvimentos seria o momento da nidação que ocorre por volta de 6 a 10º dias.

3 - O critério da actividade cerebral
As barreiras entre "morte/vida" relativamente à pessoa humana mudaram radicalmente nos últimos vinte anos. Até há pouco tempo estar vivo era ter o coração a bater e estar a respirar autonomamente.
Hoje utilizamos o critério clínico de morte Cerebral para dizer que aquela Pessoa já não está VIVA, já não tem vida.•
Pode estar a respirar, o coração a bater, os intestinos a funcionar, o rim a excretar urina, o cabelo a crescer, as células do corpo a regenerarem-se, mas estamos perante um cadáver adiado, estamos perante UMA PESSOA SEM VIDA. Dito de outra forma – já não há vida naquela pessoa. Por isso é lícito fazer colheita de órgãos em pessoas nestas circunstâncias, porque, como defende o CNEV em vários documentos, um princípio de importância básica para a legislação sobre transplantes, é a noção de que o cadáver não é pessoa, nem, obviamente, tem vida humana, embora mereça respeito.
O mesmo critério tem sido utilizado para balizar o início da Vida humana - a existência da actividade cerebral.
Só com a formação da placa neural (por volta dos 14 dias) estaria garantido o esboço do sistema nervoso, indispensável às funções cognitivas, sensitivas e de relação que encerram a essência da pessoa humana. Trata-se do esboço, porque a actividade cerebral inicia-se umas semanas mais tarde.
Ora não há sistema nervoso desenvolvido nem actividade cerebral, de certeza absoluta nas primeiras fases do desenvolvimento embrionário.
Alguns investigadores consideram que por volta das 8 semanas já há registo as primeiras ondas electroencefalográficas e o tronco cerebral começa a funcionar. Mas só por volta das 12 semanas existe estrutura cerebral completa e actividade neocortical.
Por outro lado, A partir da 10ª-12ª semana, os abortos espontâneos são raros. A silhueta do embrião toma forma humana. É no decurso DESTE PERIODO, período da 10ª-12ª semana que se inicia a migração dos 80 biliões de neurónios para a sua localização definitiva, terminando no 6º mês (24ª semana) de gravidez. Antes da 10ª-12ª semana, os neurónios não têm actividade
As dez / doze semanas - o limite hoje aceite para uma IVG, tende a considerar esta linha divisória.
SE consideramos que uma Pessoa Humana sem actividade cerebral NÃO ESTÁ VIVA,
Antes deste tempo não estaríamos ainda PERANTE UMA Pessoa VIVA.
A única questão ética que aqui se coloca é que enquanto no caso de uma pessoa em morte cerebral, o seu potencial de vida esgotou-se e é uma situação irreversível, no caso de um embrião em fase inicial há um potencial para que essa pessoa venha a desenvolver essa actividade. Mas uma coisa é o potencial para, outra coisa é a existência de...

Posto isto e, na medida em que não existe um consenso científico, teremos de tentar responder ás questões de outra maneira

Re: Crime do Aborto, vs. Defesa do Nascituro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 17:26

Para o AleF:
A pergunta do Referendo não pretende discutir conceitos èticos, Morais ou metafísicos.

EStamos discutir uma Lei concreta.

E, uma norma jurídica vinculativa, sobretudo do Direito PENAL, não é a mesma coisa QUE UM "imperativo MORAL". é substancialmente diferente.

Convém não misturar conceitos.

Logo, a terminologia tem de ser objectiva e clarificadora.
E o que interessa é aqui um «facto médico», objectivo e preciso e não «facto moral».
Como tu próprio admitiste, a terminologoa de IVG é perfeitamente adequada para o que se está a discutir.

Não trata aqui de discutir uma "questão moral", senão as sanções que discutimos para um comportamento de interromper uma gravidez não seriam "penas de prisão efectiva até tres anos " mas sanções morais, como ir para o Inferno, ser excomungado, ser declarado hereje, sei lá que mais...

E a pergunta do referendo seria:

. Concorda que uma mulher que praticou aborto vá para o Inferno ou seja excomungada?

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