Ainda sobre os "irmãos de Jesus... Afinal, a "descoberta" era falsa!
Há algum tempo muito se discutiu neste fórum a questão dos "irmãos de Jesus" e veio`"à baila" o "achado arqueológico" com a inscrição "Tiago, filho de José e irmão de Jesus", que muitos quiseram ver como uma prova inequívoca de que Jesus teve irmãos de sangue... O jornal «Público» de hoje traz uma notícia que a seguir reproduzo, que diz que, afinal, estamos diante de uma falsificação... Espero que a Andréia ainda passe por cá...
Alef
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Peças "Sagradas" com Referências a Jesus Não Passam de Falsificações
Um ossuário com inscrições bíblicas e uma pedra que, supostamente, remontava ao século IX antes de Cristo (a.C.), onde estão inscritas frases atribuídas a um rei fenício que, na altura, reinava em Jersusalém e que estaria a ordenar a reconstrução de um templo, eram, até ontem, as grandes jóias da coroa de um coleccionador israelita de antiguidades que acreditava ter em sua posse vestígios autênticos sagrados. A desilusão - tanto para o coleccionador, como para a comunidade científica - surgiu quando duas comissões de cientistas arregimentadas para estudar as preciosidades chegaram à conclusão que, afinal, as peças são falsas.
Ontem, o director do Departamento Israelita de Antiguidades, Shouka Dorfman, na conferência de imprensa especialmente convocada para o efeito, afirmou categoricamente que as peças analisadas por paleógrafos, geólogos, linguistas e arqueólogos são falsas. Tanto o ossuário, como a pedra negra com as inscrições bíblicas, que terão sido descobertas em Outubro do ano passado, não passam de falsificações.
No caso do ossuário, que terá sido desenterrado por um grupo muçulmano que trabalhava, há vários anos, junto à Esplanada das Mesquitas, no Monte do Templo, em Jerusalém, o mesmo aparentava ser judaico, apresentando inscrições funerárias na altura muito em voga: "Jacques, filho de José e irmão de Jesus." "Após as perícias concluiu-se que as inscrições no ossuário são muito recentes", afirmou Shouka Dorfman.
A pedra negra, o segundo vestígio descoberto pelo mesmo grupo e na mesma área, tem um texto de dez linhas, escrito na primeira pessoa, e supostamente da autoria do rei Jehoash, que então reinava em Jerusalém. Ali se fazia referência às obras a realizar no templo (de Jerusalém), ao mesmo tempo que se transcrevia uma passagem do XII capítulo do Livro dos Reis.
Se a autenticidade desta peça tem sido confirmada, então ter-se-ia a primeira prova escrita, não bíblica, da existência do primeiro templo de Jerusalém. Seria um achado único e que, pela primeira vez, serviria de prova científica para algo de que, efectivamente, ainda ninguém conseguiu fazer prova. Tal como aconteceu em relação ao ossuário, também as inscrições da pedra terão sido efectuadas recentemente, afirmou Shouka Dorfman.
Quanto ao proprietário das peças, Oded Golan, que disse tê-las comprado a um antiquário estabelecido na Cidade Velha de Jerusalém, mas de cujo nome se esqueceu, o mais provável é vir a enfrentar o tribunal, acusado de falsificação. É que os 14 especialistas que analisaram as peças são considerados, cada um na sua área, os maiores peritos israelitas e o seu parecer é, para já, inabalável: os vestígios estudados são falsos.
Por AFP
«Público», Quinta-feira, 19 de Junho de 2003
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