Não sei se já viveram a situação de conviver com alguém que puxasse pela nossa paciência e anulasse toda a nossa boa vontade, e a nossa educação - por mais diplomática que fosse.
Não sei se já sentiram, perante uma atitude deplorável, uma vontade enorme e quase incontrolável de responder na mesma moeda.
Não sei.

Mas alguém me pode explicar o que é o ódio?
Será possível que nós, cristãos, possamos ser imunes a sentir raiva, indignação?

è natural reagirmos ao impulso das emoções, mas convém educadamente repreender de uma forma gentil, para não magoarmos ninguém..

O Cristão consciente é alguém que sabe controlar-se relativamente às provocações, aos insultos, às incompreensões, à falta de respeito e dignidade... O Cristão tem o dom de saber contornar tantas situações onde aparecem "sintomas" de ódio, raiva, mal... Todos nós um dia ou outro será confrontado com situações que mais apetece atacar do que defender!... como cristãos tomamos a posição serena do Espírito de Deus que em nós habita... tudo se transforma então! Lembramos a máxima: "Não faças aos outros o que não gostas que te façam"... mais: "amai os vossos inimigos"! Não é fácil... mas é nessa base que se encontram caminhos de paz autêntica, de paz profunda.
miguel

E quando essas pessoas continuam a fazer o que fazem, a dizer o que dizem, não obstante a nossa educação, o nosso "passar por cima" dessas provocações...?
Haverá alguma forma de essas pessoas aprenderem que estão a ferir, a humilhar e a envergonhar os outros?
Será que só se apercebem disso quando acabarem completamente sós?

Ana,

Certo dia alguém, proveniente de uma cultura oriental, me disse que sempre que alguém nos diz ou faz algo que nos magoa, a razão para que isso nos afecta encontra-se dentro de nós. Talvez um pouco na sequência daquela história do mestre e do aprendiz. Alguém só nos ofende e magoa se nós permitirmos que isso aconteça. Pois, mas ninguém disse que isso é fácil de conseguir.

Tens sempre a hipótese de tentar que o que essa pessoa faz não te afecte (dependendo daquilo que é feito). Podes tentar ignorar. Ou podes tentar perceber porque razão é que isso te afecta (tanto).

Vou-te dar um exemplo: imagina que alguém está constantemente a "mandar abaixo" o teu trabalho, a por defeitos, a não ter o mínimo de consideração por aquilo que fazes. É óbvio que ninguém fica satisfeito com uma atitude dessas. Mas se analisarmos a situação, normalmente não gostamos que isso aconteça pois pomos em causa que de facto aquilo que fizemos tem valor. Mas se pensarmos que aquilo que nos é dito é apenas "mais uma opinião" e não uma "verdade absoluta", tendemos a minimizar os "piropos" simplesmente porque são infundados e sem razão alguma.

Nesse caso, as pessoas com essas atitudes negativas tendem a ficar-nos indiferentes. Não acho que seja uma atitude muito cristã considerar os que nos rodeiam de indiferentes, embora seja mais positivo que se odeiem tais pessoas.

Não sei se te fui útil, mas talvez seja útil analisares a situação em si, e pensares para ti própria que sentimento ou emoção mais te afectam nesse caso em particular. Verás que se calhar, no calor da situação, deixas que isso te afecte muito mais do que na verdade deveria afectar.

Por outro lado, defendo que todas as pessoas devem ser o mais frontal possível com os demais. Se a pessoa faz algo que te desagrada profundamente deves chamá-la a atenção, de uma forma educada, mas dizer-lhe efectivamente que não deveria proceder dessa maneira.

No meu caso em particular, costumo dizer que tenho mau feitio. E devo ter mesmo, porque quando o afirmo, ninguém me contesta. Quando alguém no meu grupo de trabalho faz algo que não gosto, digo-lhe aquilo que penso de uma forma frontal e directa. Duma coisa eles tem a certeza: saberão sempre por mim o que penso deles, não dando espaço a comentários nas costas e boatos. Por outro lado, eles sentem-se à vontade para fazerem o mesmo comigo. O que é positivo pois só sabendo o que fazemos de errado ou que desagradou aos outros é que podemos corrigir.

Para terminar, não acho que o chamar o outro à atenção deixe de ser uma atitude cristã. Desde que seja feito de forma educada e correcta, penso que pode ser muito positivo. Mesmo que não seja directamente connosco, e dependendo da pessoa e situação em si, poderemos tentar abordar a pessoa em causa e comentar o facto com ela: "Olá, como estás? desculpa estar-me a meter, mas acho que não procedeste bem...".

Boa Sorte,
Luis

Luis:

Vou contar-te o seguinte:

Imagina alguém que ataca permanentemente as outras pessoas por aquilo que elas são. Despreza-as, envergonha-as.
Imagina também que esse alguém não aceita "repreensões", por muito educadas que sejam e até faz pior se alguém é frontal com ele.
É a isto a que me refiro e acredita que sei do que falo, pois, apesar de não considerar essa pessoa da minha família (felizmente, e até porque não me é nada mesmo, independentemente de ser assim ou assado), é uma pessoa bem próxima de mim.
Para não me enervar, devido ao meu estado, até evito estar na mesma sala que essa pessoa...
Eu sinto que essa pessoa está mesmo muito só. Mas, como se costuma dizer na minha terra: "não é com vinagre que se apanham moscas". Infelizmente, ele recusa-se a perceber isso. E o desafecto que as pessoas têm para com ele é muito grande.


Anna