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sinaletica espiritual
Escrito por: cristina (IP registado)
Data: 14 de February de 2003 08:48




Ando aqui a "sofrer " da quela coisa chamada sinais , a gente interpreta as coisas do dia a dia de um modo estranho , como se tudo estivesse relacionado com tudo , é uma confusão. Alguém ja teve uma experiencia desta que possa partilhar .?Aquilo são " achaques" tipicos de mulheres ? são disturbios hormonias ,?patologias psiquicas ,?ou são pequeninas coisas que nos ajudam a percorrer o nosso caminho?
Gostava que alguem me disse-se algo a este respeito.
Cristina

Re: sinaletica espiritual
Escrito por: ana paula (IP registado)
Data: 14 de February de 2003 10:59

Amiga Cristina:
POdes explicar melhor a tua vivência ou experiência?



ana

Re: sinaletica espiritual
Escrito por: Ana Amorim (IP registado)
Data: 14 de February de 2003 13:12

Deus quer a nossa felicidade, certo? Sendo felizes, faremos outros felizes.
Deus manifesta-se nas pequenas coisas, coisas simples do dia a dia.
Olha, vou contar-te o meu caso pessoal:
Sou filha de pais deficientes. Tenho um irmão.
Tive uma infância excelente: mesmo cego, o meu pai estava sempre presente para nós. Trabalhava, mas, mesmo depois de um dia cansativo, ao serão e antes de irmos dormir, ele contava-nos sempre uma história a pedido. Ficávamos deliciados a ouvi-lo, porque ele é muito expressivo, nós conseguíamos visualizar a história que ele contava.
A minha mãe não trabalhava devido a problemas de saúde (aquando da 2ªgravidez - a minha - ela teve uma descalcificação muito grande). Estava sempre em casa, leváva-nos a passear, ao parque...
Entrei na escola. Eu e o meu irmão sempre fomos alunos interessados e aplicados. O meu pai, ou a minha mãe, lá estavam quando tínhamos alguma dificuldade, mas incitavam-nos a resolver as coisas por nós.
Veio a minha adolescência e as coisas complicaram-se um pouco, aliás, como é normal com todos os adolescentes. Com o meu irmão, as coisas foram mais fáceis...
Sempre fui educada na Fé Católica, ia à catequese, à missa...
A minha vida, mesmo com as dificuldades por ser filha de deficientes (a discriminação e a falta de apoios não tem só por alvo as pessoas portadoras de deficiência, mas também os seus familiares mais chegados), sempre foi boa. Entrei na Faculdade, saìa com os amigos, era boa estudante...
De entre todos os meus amigos, tinha um predilecto: o meu irmão. Mesmo mais novo, ele era mais sensato, mais responsável, sempre com bom conselho, muito gozão, com as suas tiradas "à irmão-mais-novo-que-goza-constantemente-com-a-irmã-mais-velha".
Veio o ano de 97. A minha mãe é operada a um joelho, mas como teve, ao longo da vida, muitas operações porcausa da deficiência que tem, entra em fibrilação e quase morre na sala de operações. Felizmente, a sua hora ainda não tinha chegado.
O meu irmão, entretanto, tinha começado a andar estranho: com dificuldades motoras para falar, sempre muito cansado. Ele, que fora até aí um bom aluno, começa a tirar más notas. Começa a escrever fora das linhas, a letra muito pequena, às vezes quase imperceptível. Suspeita-se que ele terá algo estranho no cérebro e fazem-se exames. Nada acusa de tumores ou angiomas, mas umas pequenas manchas no córtex.
É remetido a uma consulta de Neurologia, onde lhe diagnosticam uma doença genética, rara, congénita, chamada Doença de Wilson, ou Degenerescência Hepatolenticular.
Começa o nosso pesadelo: ver a degradação do meu irmão aos bocadinhos, sem nada poder fazer. Deixa de falar, tem espasmos e rigidez muscular, baba-se, deixa de andar ou de fazer o que quer que seja por si mesmo.
Como estava (e estou) muito apegada ao meu irmão, fui-me muito abaixo: deixei de ter uma alimentação certa, emagreci estupidamente, gastava todo o dinheiro da Bolsa de Estudos em porcarias, acabei por deixar os estudos. Desorientei-me mesmo, mas graças a Deus, não me desorientei ao ponto de andar a consumir droga ou alcool.
No entanto, nunca deixei de participar na missa, ou de frequentar o grupo de jovens da minha comunidade.
À medida que o tempo foi passando, fui-me recuperando a pouco e pouco. Resignei-me com o facto de ter de construir uma nova imagem do meu irmão: ele nunca mais seria independente ou autónomo na vida. Estaria dependente de tudo e todos. Não valia a pena estar com ilusões.
Primeiro, neguei o que se passava à minha volta, depois deixei-me consumir pela amargura, mas finalmente comecei a aceitar o novo Ricardo. Custou-me e custa-me muitíssimo.
As pessoas pensam: "Coitados! Devem ser tão infelizes!". Como estão enganados! Em todos estes anos de sofrimento, nunca vi a minha mãe baixar os braços. O meu pai é mais reservado, mas também tenho a certeza que ele, apesar de tudo, nunca se rendeu. Eu, apesar de me ter ido abaixo de início, tive de aprender a lidar com a realidade.
Deus terá estado nestes episódios? Sim, claro. E Ele nada fez para impedir o sofrimento desta família? Quem somos nós mais do que os outros? O sofrer não significa ser infeliz. Infeliz é aquele que pensa que na vida nunca há-de sofrer!
Com este percurso aprendemos a ser mais humildes e mais humanos, mais próximos uns dos outros.
Sinais de Deus? Talvez, não me preocupo muito em descodificar sinais.
Deus quererá que eu viva em plenitude, que eu seja feliz. Sou-o. Com isso, estarei a contribuir para a felicidade do meu pai, do meu irmão, da minha mãe, do meu marido e do nosso filhote que vem a caminho!

Anna



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