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Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de February de 2007 01:19

Lena, não sei as tuas motivações intimas e profundas. Por vezes nem as proprias sabemos quanto mais as dos outros.

Nem disse que todos os que defendem o sim são egoistas. Em milhões de pessoas haverá de tudo. Disse que ao defender o não estou também eu a abdicar de um direito, um poder. Por maioria de razão isto aplica-se às mulheres. Não tenho qualquer beneficio ao defender o não, a lei tambem me limitará a mim.

Disse que há muitos que defendem o sim e defendem-no com veemencia não porque se sintam realmente solidarios com as mulheres que sofrem. Não vejo essa solidariedade consolidada no dia a dia por esses elementos. Não fizeram obra de vulto para ajudar as mulheres em dificuldades. Por isso a motivação primeira dessas pessoas não é a solidariedade nem a compaixão mas sim o interesse pessoal.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de February de 2007 01:29

AH! E eu não fiz campanha por coisa nenhuma na minha mensagem. Aliás poucas pessoas devem já seguir um topico tão extenso.

Simplesmente fiz uma analise do que penso serem as motivações para optar por determinada posição e se essas motivações levarão ou não o potencial eleitor a dar-se ao trabalho de ir votar.

Mas francamente entre o direito à vida e o dever civico de votar espero francamente que no dia 11 esteja uma tempestade sobre o sul de portugal de modo a abstenção ser maior nessa região.

Quanto ao considerares que alguem só se torna humano depois de nascer essa opinião parece-me cientificamente insustentavel. Não é a situação exterior que altera a natureza de um ser. Se um feto nascesse prematuramente isso não alterava aquilo que ele é intrinsecamente.
Aliás o aborto até ao nascimento é permitido em poucos paises do mundo.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de February de 2007 03:50

No anterior referendo este diferencial de abstenção verificou-se e foi isso que permitiu a vitoria do não. Espero que volte a verficar-se.

a ler sobre esta hipotese:

[jn.sapo.pt]

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Cunha (IP registado)
Data: 04 de February de 2007 07:47

Para informação também temos este:
[aceprensa.com]
Cunha

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 04 de February de 2007 20:40

Ainda à bocado ouvi o Sr. Jerónimo dos comunistas a dar a entender que as mulheres são julgadas por apenas terem feito um aborto. Como se tivesse feito uma operação ao fígado. Algo inocente. Continuam com a propaganda enganosa e egoísta. Fazem-se de esquecidos e pelo egoísmo ignoram que às 10 semanas já existe um individuo com identificação própria desenvolvida. Depois ouviu-se o Sr. Sócrates do PS a dizer que desde 98 não mudou nada. Ora, isso é mais um grande, grande, grande mentira que só mesmo um mentiroso a poderia dizer. Todos sabem e já foi discutido que as pessoas pelo NÂO formaram muitas instituições que ajudaram pelo menos 80.000 mulheres, senão mais. Como é que se pode dizer que está tudo na mesma? Porque é que estas pessoas não têm vergonha na cara e discutem o problema como deve ser? Aprovar as maldades não resolvem as mesmas. Disse esse senhor também que nos outros países em que o aborto foi aprovado, o mesmo diminuiu. Penso que ou ele está a mentir deliberadamente, ou "esqueceu-se" de dizer que se referia ao aborto clandestino. Esse acredito. Que giro que estas pessoas esquecem-se sempre de mencionar a verdade. Para quem esteve atento aos debates essa propaganda enganosa já foi denunciada e apresentada como falsa mesmo.

Não é a matar que se dá amor. Não foi isto que Cristo nos veio pedir. Não foi para isto que Ele morreu por nós. Se todos se unissem por dar condições às mulheres, não seria preciso este referendo para nada. Mas é mais fácil lavar as mãos e entregar as mulheres ao aborto e força-las a abortar. Muito inteligentes. É mais fácil ignorar que o pai também tem o direito de ter a criança caso queira. É mais fácil enganar o país do que lutar por ele. Tristeza!

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 07:48

O papel activo da Igreja será decisivo no resultado do referendo.
Mais uma vez aqui o factor económico é essencial
A Igreja portuguesa tem imensos recursos - através de colectas, donativos particulares e toda uma rede de equipamentos e recursos financeiros e sociais, a maior parte deles financiados directa e indirectamente com os nossos impostos. È verdade que alguns destes equipamentos/organizações pretendem ter uma acção dita caritativa e de solidariedade, mas na realidade têm fins empresariais e geram imensos lucros. Além dos recursos económicos, a Igreja tem toda uma teia articulada d e organização tentacular em todos os órgãos do tecido social particularmente nas zonas de poder, da política, do dinheiro, do exército, da cultura e do acesso aos media, que é onde a realidade se fabrica e se decide.O apoio directo de entidades bancárias de conexões de religiosas á campanha do referendo tem sido determinante para o marketing faustoso do não.

Não é difícil arregimentar bandos de criancinhas da catequese ou estruturas juvenis como os escuteiros, ou manipular informação jurídica/científica através de elites, divulgadas em sites e listas de mailings onde tudo vale, desde a mais crassa mentira, á chantagem emociona, á ameaça, ou de exercer coacção psicológica mais ou mesmo brutal sobre aquelas pessoas de fé sincera mas menos informação.
Sejamos claros – a tudo isto a igreja portuguesa tem recorrido nas últimas duas semanas, para manter a pena de prisão de mulheres que abortam em fases muito iniciais da gestação.

A mim o que me choca é receber todos os dias mailings recheados de mentiras vindos de de padres, amigos ligados á igreja e organizações religiosas.

Como um que acabei de ler, onde se afirma que "entre o 3º e o 5º dia após a concepção, existe uma comunicação entre o bebé e a mãe", ou que ", às 9 semanas, pode registar-se a actividade cerebral do bebé" ou que " A lei que penaliza o aborto não pretende mandar as mulheres para a prisão porque a lei criminal não é castigadora."; ou " «Despenalizar» o aborto seria abrir uma brecha na norma que proíbe matar" omitindo que em Portugal a actual lei penal permite o aborto eugénico até ás 24 semanas…

Ou ainda falsas frases da irmã Lúcia sobre o sacrossanto matrimónio ( presumo que a mulher seria uma expert no assunto).

Ou seja, a mentira institucionalizada e passada como"informação credível" através da tutela de "experts".

Mas abominável mesmo são as cartinha para as mães, nas suas várias versões, sempre acompanhadas de imagens de fetos de sete meses dilacerados, brasileirismos pungentes, textos que roçam a demência, facas, lágrimas de bebés e imagens de Jesus Cristo.

O tal que salvou a mulher adúltera da lapidação mas que agora é invocado para lapidar mulheres.

Que dizer da propaganda veiculada em infantários do Centro Paroquial da Anunciada, entre outros referenciados também no Porto e que me chega por mail? Todas as instituições envolvidas na distribuição daqueles inacreditáveis panfletos são da Igreja beneficiam de apoios do Estado. Uma das mães descreveu a acção nos infantários como «terrorismo, puro e duro» e , mais uma vez, a instrumentalização de criancinhas não parece comover os catolaicos.

católica praticante



Editado 1 vezes. Última edição em 05/02/2007 08:10 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 08:00

Eu li e não queria acreditar, vindo de um moderador responsável por este forum :

Citação:
espero francamente que no dia 11 esteja uma tempestade sobre o sul de portugal de modo a abstenção ser maior nessa região
No anterior referendo este diferencial de abstenção verificou-se e foi isso que permitiu a vitoria do não. Espero que volte a verficar-se.

católica praticante

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Cunha (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 12:46

Citação:
s7v7n
Ainda à bocado ouvi o Sr. Jerónimo dos comunistas a dar a entender que as mulheres são julgadas por apenas terem feito um aborto. Como se tivesse feito uma operação ao fígado. Algo inocente. Continuam com a propaganda enganosa e egoísta. Fazem-se de esquecidos e pelo egoísmo ignoram que às 10 semanas já existe um individuo com identificação própria desenvolvida. Depois ouviu-se o Sr. Sócrates do PS a dizer que desde 98 não mudou nada. Ora, isso é mais um grande, grande, grande mentira que só mesmo um mentiroso a poderia dizer. Todos sabem e já foi discutido que as pessoas pelo NÂO formaram muitas instituições que ajudaram pelo menos 80.000 mulheres, senão mais. Como é que se pode dizer que está tudo na mesma? Porque é que estas pessoas não têm vergonha na cara e discutem o problema como deve ser? Aprovar as maldades não resolvem as mesmas. Disse esse senhor também que nos outros países em que o aborto foi aprovado, o mesmo diminuiu. Penso que ou ele está a mentir deliberadamente, ou "esqueceu-se" de dizer que se referia ao aborto clandestino. Esse acredito. Que giro que estas pessoas esquecem-se sempre de mencionar a verdade. Para quem esteve atento aos debates essa propaganda enganosa já foi denunciada e apresentada como falsa mesmo.
Não é a matar que se dá amor. Não foi isto que Cristo nos veio pedir. Não foi para isto que Ele morreu por nós. Se todos se unissem por dar condições às mulheres, não seria preciso este referendo para nada. Mas é mais fácil lavar as mãos e entregar as mulheres ao aborto e força-las a abortar. Muito inteligentes. É mais fácil ignorar que o pai também tem o direito de ter a criança caso queira. É mais fácil enganar o país do que lutar por ele. Tristeza!

Estes palavras são do s7v7n, mas poderiam também ser minhas: subscrevo-as totalmente!
Cunha

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 14:31

"
Citação:
mais fácil lavar as mãos e entregar as mulheres ao aborto e força-las a abortar
"

Diga-me Cunha, você não obriga mulheres a abortar, pois não ? Conhece quem o faça? Sabe que isso é crime? Já denunciou essas pessoas?


Entregar as mulheres ao aborto não é o que têm feito nos últimos oito anos em que aumentou o aborto clandestino, sem apoio preventivo, sem regulação, sem limites ?



Sabe que forçar uma mulher a abortar, vai continuar a ser crime, quando o sim ganhar?

católica praticante



Editado 1 vezes. Última edição em 05/02/2007 14:33 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 17:51

"Vamos ter de repetir cem mil vezes para que mais uma aldrabice não se transforme em verdade. No referendo, vota-se, como diz a pergunta, a despenalização do aborto. Pode haver quem se tenha convencido que se vota uma coisa diferente. Mas está lá, preto no branco, aprovado pelo Tribunal Constitucional e promulgado pelo Presidente da República.Do ponto de vista jurídico, as interpretações diferentes valem zero.

Se 50% dos eleitores mais um for às urnas e a maioria deles votar sim, essa despenalização tem de acontecer.
Se 50% dos eleitores mais um for às urnas e a maioria deles votar não, essa despenalização não pode acontecer.

Independentemente da vontade dos que hoje apelam ao voto no não ou da vontade dos que hoje apelam ao voto no sim. Seria inconstitucional, para além de um desrespeito sem nome da vontade dos eleitores, fazer interpretações desse voto para lá do que está expresso na pergunta.

"Não" será não à despenalização, seja ela às claras ou encapotada.

"Sim" será sim à despenalização.

Nem mais, nem menos. Quem estiver de um lado ou do outro não fica dono do voto de quem votou.

Por isso, quem diz que caso ganhe o "não" despenalizará, por portas travessas, o aborto até às dez semanas, está a mentir.

Não o poderá fazer, mesmo que o queira. Eles sabem que não podem. E não querem.

Se o quisessem teriam escolhido caminho claro: estariam a apelar ao voto favorável a despenalização do aborto até às 10 semanas. Ou teriam proposto outra pergunta. Agora, querem lançar a confusão. Apenas isso."


Daniel Oliveira

católica praticante

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 18:08

.

católica praticante



Editado 1 vezes. Última edição em 05/02/2007 18:11 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 19:22

Citação:
catolicapraticante
"
Citação:
mais fácil lavar as mãos e entregar as mulheres ao aborto e força-las a abortar
"
Diga-me Cunha, você não obriga mulheres a abortar, pois não ? Conhece quem o faça? Sabe que isso é crime? Já denunciou essas pessoas?

Entregar as mulheres ao aborto não é o que têm feito nos últimos oito anos em que aumentou o aborto clandestino, sem apoio preventivo, sem regulação, sem limites ?

Sabe que forçar uma mulher a abortar, vai continuar a ser crime, quando o sim ganhar?


LOL?

Entregar as mulheres ao aborto é aqui que o governo quer fazer. Sem limites. Até às 10 semanas abortam as mulheres que quiserem, pelas razões que quiserem, quantas vezes quiserem, sem terem de dar satisfações a terceiros. Quantas desculpas esfarrapadas irão inventar mais para legalizarem a morte dos filhos? Dá-lhes a única saída que é o aborto sem ter de melhorar as suas condições de vida. E depois claro, "queres dinheiro?? Não temos, aborta! Não foi por isso que lutaste?" Cada vez mais maravilhado com este género de pessoas!

E o aborto não vai continua a ser crime se for praticado até às 10 semanas. Estará totalmente e completamente legalizado, liberalizado, despenalizado até às 10 semanas.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de February de 2007 19:32

"A estratégia da confusão
Por Vital Moreira

O que é que mudou desde o referendo à despenalização do aborto de 1998, para admitir que o resultado pode ser diferente desta vez? A minha resposta é que muita coisa mudou e que as mudanças mais profundas não são as mais evidentes.

(...)

A segunda mudança tem a ver com a indesmentível confirmação dos aspectos mais censuráveis da criminalização do aborto:

(i) o Código Penal não serve para combater o aborto, pois os dados disponíveis revelam cifras preocupantes (dezenas de milhares por ano);[/b

] ([b]ii) não existe o mínimo consenso social sobre a repressão penal do aborto, que a generalidade das pessoas não denuncia nem deseja ver julgado


; (iii) todavia, o Código Penal, além de clandestinizar o aborto, não deixa de fazer as suas vítimas, como mostram os vários casos de acusação, julgamento e condenação ocorridos desde 1998 (Maia, Aveiro, Setúbal, etc.).

Hoje é muito mais evidente que a actual situação de repressão penal do aborto não só não serve para defender os fins da lei penal em geral, como tem efeitos colaterais muito perversos no plano da dignidade, da liberdade, da saúde e mesmo da vida das mulheres.

Mas o que há de notavelmente novo no actual referendo é a estratégia confusionista adoptada pelas forças opostas à despenalização, com o evidente propósito de lançar a maior barafunda possível sobre o que está em causa no referendo.

São dois os principais instrumentos: primeiro, argumentar que a pergunta do referendo não é clara nem honesta, pois ela fala em despenalização, quando quer dizer liberalização; segundo, argumentar que, para resolver o problema penal do aborto, basta deixar de punir as mulheres que o efectuam, tendo-se multiplicado ultimamente declarações nesse sentido. No entanto, nenhum desses argumentos é procedente.

A pergunta do actual referendo é a mesma de 1998, tendo passado duas vezes no escrutínio do Tribunal Constitucional, que tem por missão verificar também se as perguntas submetidas a consulta popular são claras e não enviesadas. Como é que os partidários do status quo só descobriram agora que a pergunta é "capciosa"?

A verdade é que a pergunta é mais do que clara.

Quando se fala em "despenalização" de certa conduta, tanto no discurso leigo como na linguagem jurídico-penal, o que se pretende é retirá-la do âmbito do direito penal e do Código Penal, ou seja, da esfera dos crimes e das respectivas penas. Portanto, é evidente que a pergunta visa saber quem apoia, ou não, a desclassificação do aborto como crime, nos limites e condições da pergunta.

Mas não se trata de nenhuma "liberalização", como pretendem os críticos.

Primeiro, porque a despenalização em causa só abrange as primeiras dez semanas de gestação, ou seja, menos de um terço do tempo normal de gravidez. Como regra, o aborto continuará a ser um ilícito criminal, salvo certas excepções, entre as quais entrará agora a interrupção da gravidez nas primeiras dez semanas. Segundo, mesmo nesse período, o aborto só passará a ser lícito, se realizado em estabelecimento de saúde legal, visto que o principal objectivo do referendo é pôr fim ao aborto clandestino. Terceiro, só a legalização proporcionará condições para fazer acompanhar a decisão de abortar de um mecanismo obrigatório de reflexão da mulher que o pretenda fazer.

A actual situação é que se traduz numa verdadeira liberalização clandestina do aborto, independentemente de prazos e do lugar da sua prática, bem como à margem de qualquer apoio ou ponderação serena da mulher grávida, que se vê frequentemente sozinha e desamparada na sua decisão.

Os que criticam a suposta liberalização do aborto "a pedido" deveriam dar-se conta de que o que estão a condenar é a situação existente - ou seja, a que eles querem manter - e não a situação consubstanciada no "sim" ao referendo
.
No entanto, a mudança mais surpreendente em relação ao referendo precedente tem a ver com a vaga de opositores à despenalização que agora se manifestam a favor da não punição das mulheres que abortam (com recurso a instrumentos como a suspensão do processo penal ou a invocação de "causas desculpabilizantes" automáticas).

Alguns mais afoitos e irresponsáveis vão mesmo ao ponto de ser mais "liberais" do que os mais liberais, defendendo que as mulheres nunca devem ser punidas, quaisquer que sejam as circunstâncias e o estádio da gestação em que pratiquem a interrupção da gravidez!

Deixando de lado estas propostas não sérias, o que é que mostra esta súbita e generalizada comiseração pelas mulheres que se sentem forçadas a interromper uma gravidez?

Descontando os casos de puro e rasteiro oportunismo, a principal ilação a retirar dessas posições é a de que muitos adversários da despenalização se deram conta de que a punição penal das mulheres que não desejam prosseguir uma gravidez indesejada já não é politicamente nem humanamente defensável e que, afinal, a defesa da vida intra-uterina tem de ser conciliada com os direitos e interesses legítimos das mulheres.

Mas continuam agarrados ao dogma fundamentalista de que o aborto em si mesmo deve continuar a ser um crime.

Este contorcionismo conceptual tem, porém, duas consequências devastadoras. Primeiro, em termos de direito penal é um contra-senso manter um crime em que os principais responsáveis já não são criminalmente responsáveis.

Segundo, essas soluções deslegitimam decididamente a justificação tradicional para a repressão penal do aborto, baseada na defesa da vida intra-uterina como valor ao qual deve ser sacrificada sempre a mulher grávida.

De facto, como manter esse discurso, se afinal a "criminosa", ou seja, a mulher que aborta, fica isenta de qualquer punição?

Terceiro, essas "soluções" não resolvem os problemas mais graves que a actual situação cria, ou seja, o estigma do crime (a mulher que aborta continua a ser "criminosa") e os malefícios do aborto clandestino e inseguro, em termos de risco para a saúde física e psíquica das mulheres. Pois é evidente que, se para as outras pessoas que sejam executantes ou "cúmplices" (médicos, enfermeiros, parteiras, maridos e namorados, etc.), o aborto continua a ser crime, como agora, então é evidente que de pouco ou nada vale esse arremedo de "despenalização" selectiva das mulheres.

Uma comparação com os discursos de há uma década, mostra que enquanto o discurso despenalizador (a favor do "sim"), apesar de politicamente mais plural, se mantém firme e consistente na defesa da despenalização do aborto até às dez semanas, independentemente do juízo individual de cada um sobre a sua censura moral ou religiosa (o que é totalmente legítimo) e sobre a necessidade de o combater, já o discurso adversário se tornou uma cacofonia desafinada e contraditória, onde a única coisa que resta é a compulsão para instrumentalizar o direito penal e a repressão criminal do Estado ao serviço de uma cruzada religiosa ou moral de uma parte da sociedade. Quando os adeptos do "não" à despenalização propriamente dita se sentem ten

tados a defender (ou a fingir) que também são a favor de uma qualquer "despenalização", então já abandonaram a protecção absoluta do "direito à vida do feto" e só lhes resta impor aos demais, de forma intolerante, os seus próprios códigos morais e religiosos (por mais legítimos que estes sejam). "

(Público, Terça-feira, 30 de Janeiro de 2007)

católica praticante

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 06 de February de 2007 01:29

É incrivel como estas pessoas do SIM nos debates televisivos se borrifam completamente para o feto. Por aqui se vê a seriedade destas pessoas. E ainda dizem que têm o máximo respeito pelo feto/embrião. Pois sim. Mas concorda que o matem. LOL!!! As prisões estão cheias de pessoas que respeitam os outros.

Mas que grande baile que estão a levar o SIM no "Prós e Contras".

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 06 de February de 2007 02:05

Já que o NÃO não teve hipótese de responder à argumentação final no programa eu respondo.

Disseram eles(SIM) que se o NÃO vencer, fica tudo como está e a vida do feto não é protegida, porque se continuam a fazer abortos clandestinos. Ora isso é uma chalaça tremenda. Está a dizer que todas as mulheres que pensam em abortar abortam. Para isso é que existe uma lei que a faz pensar 2x antes de partir para o acto. E para isso é que servem os centros de apoio à mulher que o NÃO criou e que os Estado se recusa a criar igualmente, apenas com o seu presentinho cheio de bolor.

Não há margens para dúvidas. Se o SIM ganhar, o aborto será livre e totalmente despenalizado, descriminalizado, e legalizado até às 10 semanas. Quem disser o contrário é mentiroso. Os do SIM não querem acabar com o aborto. Eles querem é legalizar o aborto. Começando pelas 10 semanas. Daqui a uns anos, virão pedir para aumentar o prazo porque criminalizar as mulheres às 10 semanas e 1 dia não é justo e o aborto clandestino continua. Por vontade deles era aborto até ao fim da gestação e acabava-se com esse crime.

Já agora, legalizavam-se todos os outros crimes, e poderíamos dizer que não existe crime em Portugal. Seriamos um país exemplar.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 06 de February de 2007 03:28

Concorda com a despenalizaçao da apropriaçao de bens de terceiros durante dez semanas a pedido de uma pessoa desesperadamente pobre desde que realizada sob protecçao policial?

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de February de 2007 11:30

Citação:
É incrivel como estas pessoas do SIM (.....)se borrifam completamente para o feto"


O que observei ontem num debate televisivo foi precisamente o contrário.

Os vários médicos que se pronuniaram a favor da despenalização das mulheres apresentaram, quanto a mim , um argumento definitivo - essa é a forma de reduzir o aborto, essa é a única forma de dar alternativas a mulheres em dificuldades existenciais e que ponderam a decisão de abortar, essa é a única forma de proteger efectivamente embriões sem violentar as mulheres.

Como com tanta clareza explicou, entre outros a Dra Ana, uma mulher que coloca a possibilidade de abortar nunca será alvo de aconselhamento ou ajuda psicológica, social ou jurídica se não tiver as portas e as jenelas abertas dos serviços de saúde.

EStá confinada ás redes do aborto clandestino, onde vigora, aí sim, uma total liberalização. Aí sim, citando uma forista radical aqui do forum, "abortam as mulheres que quiserem, pelas razões que quiserem, quantas vezes quiserem, sem terem de dar satisfações a terceiros". Exactamente. O único critério é o saldo da conta bancária e do cartão de crédito.

É isto que os do Não querem manter.

católica praticante



Editado 2 vezes. Última edição em 06/02/2007 11:43 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de February de 2007 11:50


Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Cunha (IP registado)
Data: 06 de February de 2007 11:52

Votar SIM é votar FIM à Vida.
O resto são conversas.
Cunha

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de February de 2007 12:00

O simplismo e fundamentalismo não diminuem o aborto.

católica praticante

Página actual: 64 de 68


Este tópico foi encerrado

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