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Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 12:56

Cân. 1398 do direito canónico: Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae.

aborto
1. O delito e a pena. É a morte do feto, no seio materno ou fora dele, independentemente do tempo de gestação. O a. pode ser: a) espontâneo; b) não desejado, mas indirectamente resultante de intervenção necessária para salvar a mãe; c) voluntário (incluindo o aborto com nascimento parcial, partial-birth abortion, admitido por algumas legislações). Só o a. voluntário ou intencional (eufemisticamente chamado “interrupção voluntária da gravidez”, IVG) é delito grave, qualquer que seja o motivo (pessoal, eugénico, demográfico...). Cometem-no todos os que colaboram em acção directamente dirigida à morte do feto; e, no caso de o a. se consumar, esses mesmos incorrem numa pena canónica grave: em *censura latae sententiae (i.e., automática, sem necessidade de pronunciamento judicial) de *excomunhão reservada ao Bispo (que priva dos sacramentos e dos actos eclesiásticos, como ser padrinho/madrinha, etc.). (Cf. CDC 1398; 1355,2; Cat. 2271-2272). Este rigor, além de fundamento bíblico (Ex 21,22-25) e patrístico (*Didaquê 5,2, etc.), baseia-se em condenações de sínodos e concílios ecuménicos (Elvira 356; Vat. II, GS 51.27, classificando-o de “crime abominável”) e nos ensinamentos do magistério pontifício (Enc. *Humanae vitae, 1968; *Evangelium vitae, 1995; etc.). 2. Remissão da pena. Quem, pelo delito de a. caiu em excomunhão latae sententiae, uma vez sinceramente arrependido, pode pedir ao Ordinário a remissão da pena, que, no caso de não ter sido declarada, é concedida no foro externo com a guarda do sigilo, a menos que a divulgação favoreça o réu ou seja necessária para reparar o escândalo (cf. CDC 1356; 1361). Mas normalmente a remissão é concedida no foro sacramental da confissão. Se o confessor for um bispo, o cónego penitenciário ou um sacerdote com poder delegado para este caso, a remissão da pena e a absolvição do pecado podem fazer-se imediatamente, com a aceitação pelo penitente das advertências feitas e da satisfação ou penitência imposta. No caso do sacerdote carecer de jurisdição para remir a censura, se ao penitente for duro permanecer sem absolvição da censura e do pecado, o confessor pode absolvê-lo com a condição, sob pena de reincidência, de recorrer ao Ordinário dentro de um mês. Este recurso pode ser feito através do confessor, sem menção do nome (“caso urgente”, cf. CDC 1357). 3. Despenalização do aborto. São falsos os argumentos em favor desta despenalização: 1) a mulher tem direito ao seu próprio corpo (mesmo que tivesse, o embrião ou feto é distinto, originária e geneticamente, do corpo materno); 2) o embrião não é um ser humano (é, pois não há ser humano que não passe pelas fases embrionária e fetal); 3) é escandaloso levar a juízo uma mulher por abortar (escandaloso seria fechar os olhos a tão grave crime ou então atribuir todas as culpas só à mulher, sem ter em conta as eventuais atenuantes e o contributo da parte de outras pessoas para a consumação do a.). 4. Baptismo de fetos. Sempre que possível, baptizem-se os fetos vivos (CDC 871), para o que se deve instruir o pessoal que assiste aos partos.

Enciclopédia Católica Popular

Epafras

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 13:03

Caro Epafras:

Acho a tua questão importante e devo responder-lhe já, apesar do meu pouco tempo.

I


Enquanto cristão e católico tenho deveres próprios desta pertença, mas nunca a Igreja nos pede que deixemos de pensar. Muito pelo contrário.

Talvez já tenhas notado que mesmo em Teologia há uma saudável variedade de abordagens em muitos temas. É verdade que temos um conjunto de proposições de fé tidas como dogma, mas um dogma não é simplesmente o ponto final de uma questão, mas uma forma de balizar aquilo que temos como certo na nossa fé. Pode ser e é muitas vezes o início de novas e interessantes discussões. Basta ver a história dos dogmas e dos primeiros Concílios para perceber isso. Nada nos impede (antes, pelo contrário) de procurar alguma «inteligência» do mesmo dogma e da formulação dogmática. Isso é parte do trabalho da teologia. Infelizmente há muita gente, incluindo algumas pessoas que passaram por alguns anos académicos de teologia, que parece nunca ter percebido do que se trata. Teologia não é aprender o Catecismo de cor. Ora, não só devemos tentar perceber o que realmente está em jogo em cada tema, como ter consciência dos muitos pontos em aberto, dificuldades, dúvidas.

Exemplificando, uma coisa é que eu dê o meu assentimento à verdade de fé acerca da divindade de Jesus Cristo; outra é que eu me negue a estudar o tema, a conhecer as proposições heréticas, o processo histórico do desenvolvimento das diferentes doutrinas, disputas, etc. Claro, não se trata normalmente disto numa sessão de catequese, mas num contexto de estudo e de debate com algum nível «superior», isto é necessário. Já não somos crianças de leite, para usar uma metáfora de S. Paulo.

No caso do tema do aborto passa-se algo parecido. É verdade que a Igreja tem uma doutrina bastante clara sobre a questão do aborto, mas há muitos pontos em aberto. Poder-se-á argumentar que não têm muita relevância, mas eu considero que são realmente relevantes. E nisto não sou o único a pensar assim. Tenho planeado falar um pouco disso proximamente.

Por exemplo, é verdade que a Igreja defende a inviolabilidade da vida humana desde a concepção, mas isto não nos impede de ver dificuldades sérias, que já mencionei noutras alturas:

a) a enormíssima quantidade de embriões pré-implantatórios (ou «pré-embriões», como muitos lhes chamam) que não chegam a nidar, que morrem espontaneamente, sem que a mulher se dê conta;

b) a possibilidade de gemelação.

A morte de tantos embriões pré-implantatórios levanta um problema teológico muito sério: como se pode compreender que uma parte tão grande da humanidade seja «relegada» para uma existência tão efémera, onde faltam (ou não são ainda definitivos) caracteres essenciais do ser «à imagem e semelhança de Deus», como a comunicabilidade, a unidade, a unicidade?

A possibilidade de gemelação levanta (em menor grau, creio eu) um problema também importante: se no zigoto temos já um indivíduo humano, com uma identidade espiritual, como se explica que ele possa dividir-se, dando origem a gémeos? Bom já agora, há outros fenómenos mais singulares e «perturbadores», como a fusão de embriões, quimeras humanas (de vários tipos), mosaicos, etc.

Outro tema a que gostaria de voltar é o do carácter pessoal do embrião humano. Nenhuma das definições clássicas de pessoa que eu conheço parece poder aplicar-se aos embriões pré-implantatórios. Por outro lado, a «nadificação» ou «anulação» do «carácter humano» do embrião pré-implantatório parece-me levantar problemas igualmente sérios, talvez mais sérios.

Creio, por isso, que podemos aprofundar todas estas questões, mesmo colocando-nos no plano estrito de «assentimento total» ao Magistério ordinário. Verás que isso se faz nas Faculdades de Teologia (e naquelas onde não se faça, dever-se-ia fazer, já que a Universidade não é um centro catequético).

A unidade da Igreja não nos deve impedir de estudar estas questões e de procurar dar razões da nossa fé. E isso não se faz fechando-nos num castelo, fazendo de conta que somos donos da verdade e que «os outros» é que são os maus. O resultado de uma tal atitude leva frequentemente ao fanatismo extremado das posições, à demonização do «adversário».

Ora, um método que implique partir de uma reflexão ético-filosófica onde todos possam dialogar com o mínimo de pressupostos ideológicos (porque eles sempre existem) é em certa medida uma grande utopia, porque as dificuldades são muitas, mas é um caminho árduo que julgo valer a pena tentar. Ao propô-lo tenho em mente várias coisas:

a) o aborto não é primariamente um problema estritamente religioso;

b) um diálogo a um nível «pré-dogmático» pode favorecer um clima menos «fanático» ou extremado. Por exemplo, quando nos dermos conta das dificuldades em certos aspectos, embora possamos optar por uma determinada opção que nos conduzirá a ser, por exemplo, contra o aborto, a mesma dificuldade que vi num nível prévio me ajudará a tratar com mais respeito aquele que tomou uma opção diferente. Afinal, havia uma dificuldade de decisão, na qual a diferença de opção era de alguma forma ténue, mesmo que depois se tenha chegado a caminhos opostos. Concretizando, a simples caracterização de quem aborta como assassino parece-me mais fanática do que cristã, porque, salvo raras excepções que poderão existir, eu não creio que alguém aborte por espírito assassino, ou por voluntariamente querer matar alguém. Claro que a questão do aborto não se reduz a uma questão do direito da mulher, mas há aqui muitos matizes a ter em conta;

c) um tal método pode ser um bom treino humano de pensar as coisas com calma e de habituarmo-nos a viver confrontados por questões, dúvidas, sem nos deixarmos tentar pela superficialidade do «tudo claro e distinto», de que devemos ter cautela. Se em ciência as afirmações rotundas e definitivas hoje são perigosas, muito mais o são em campos tão complexos como estes. A realidade das coisas não é tanto a preto-e-branco, como os dois extremos fazem crer. [De alguma maneira tenho que me confrontar com a crítica de que o método que proponho não apresenta «verdades totalmente definitivas», mas este caminho de reflexão lenta e por vezes inseguro é o único que tem feito avançar a humanidade. Às vezes reconhecer a nossa ignorância é um bom caminho para não cometermos imprudências.]

Voltando à tua mensagem, dizes-me que eu falo como «independente» e não como católico. Esta frase pode dar lugar a muitas interpretações. De qualquer forma, todos sabem que sou católico e ao escrever o que escrevi não me pus à margem da Igreja. Sendo católico, tenho em mente várias coisas: a) o essencial do essencial, b) a hierarquia de verdades, c) a responsabilidade de responder pessoalmente, não alienado. Enfim, uma formulação ao correr das teclas, para vincar o que já fui dizendo de outra forma. O assentimento ao que o Magistério ordinário estabelece não significa que eu tenha que alegadamente partir sempre das proposições do Catecismo com quem não partilha do meu ponto de vista, da mesma forma que eu não inicio um diálogo ecuménico com a reza do terço ou com o baptismo dos «infiéis» quando faço diálogo inter-religioso. É verdade que a maior parte das pessoas que participam neste fórum são católicas, mas há muitas pessoas que são apenas leitoras e muitas não «comungam» do que diz o Magistério da Igreja, sobretudo nestas matérias. Por outro lado, ao estabelecer um método inicial, isso significa que não devemos ter medo de pensar, que o Magistério não se substitui à nossa consciência, embora os católicos o devam ter em conta na formação da sua consciência. Há, assim, níveis muito diferentes. De outra forma, eu não prescindo do que diz o Magistério, mas considero muito válido um «método» (=caminho) de reflexão que não parta necessariamente de um documento magisterial.

Dizes que «esta reflexão já foi feita e o estatuto ontológico do embrião definido pelo Magistério ordinário da igreja católica, a saber, o aborto é imoral independentemente da fase de desenvolvimento do óvulo fecundado e o embrião é ontologicamente um ser humano». Tens razão até certo ponto. Até certo ponto, porque tal reflexão foi feita, mas não terminou e porque persistem questões em aberto. Por exemplo, o óvulo fecundado é um ser humano com alma espiritual? E que acontece quando se divide em dois ou mais gémeos monozigóticos? [Ao que parece, numa frequência de 2 em mil.] Terá ou não isto relevância no estatuto ontológico do embrião pré-implantatório? O Magistério passa ao lado da questão da animação («aparecimento» da alma espiritual), porque ao longo da História da Igreja encontramos importantes autores que consideram que a animação é imediata (S. Basílio, Tertuliano…) como autores que consideram que a animação é posterior à fecundação (S. Agostinho, S. Tomás de Aquino e muitos outros)… A Igreja toma uma atitude de enorme prudência, chama ao novo ser «ser humano» ou «indivíduo humano», para quem reivindica os mesmos direitos que os de uma pessoa humana. Significa isto que todos os abortos são objectivamente iguais quanto à sua (i)licitude moral? Aqui entraria necessariamente a consideração dos casos realmente difíceis como os das gravidezes ectópicas…

Não deixa de ser de alguma maneira irónico que tanto tu como a catolicapraticante acabem por coincidir em algo: que o momento da reflexão ético-filosófica já está feita, que estamos prontos a passar para a discussão da questão jurídica.

Nisto discordamos, porque não vejo nada claro que a reflexão ética esteja suficientemente amadurecida. Mas pode ser um problema meu, de «visão».

II


Esquecia-me de um dado importante que mencionas noutra mensagem, a excomunhão para quem pratica o aborto. Isto é um facto, mas não deve ser colocado como travão à reflexão, mas como elemento de consideração para quem é católico. É um dado fundamental que um católico tem de ter em conta, mas não é necessário que parta daí quando dialoga sobre o tema. É um elemento de discernimento e de responsabilidade. E pode acontecer que alguém admita a licitude moral de um determinado aborto, mas não o faça pela força deste cânone...

De qualquer forma, e para não cairmos em simplismos, pode ler-se um «post» que escrevi há bastante tempo. Daí, onde falo de outras coisas, copio o seguinte, retirado do livro The Pastoral Companion. A Canon Law Handbook for Catholic Ministry:
Citação:

Condições para a excomunhão, em caso de aborto.


São várias as condições para que a pessoa incorra de facto em pena de excomunhão. O livro The Pastoral Companion apresenta este tema bastante bem (pp. 145-148). O confessor deverá averiguar se há ou não uma situação de excomunhão (para saber o que fazer) e isso pode-se fazer recorrendo às perguntas ou critérios que se seguem. Só há excomunhão se a resposta a todas as perguntas ou critérios for NÃO.

Eis as perguntas:

1. Foi o caso apenas uma tentativa de aborto que não resultou? Foi um aborto indirecto?

2. Se o penitente foi cúmplice de um aborto, iria o mesmo cometer-se sem a acção do cúmplice ou sem o seu aconselhamento?

[Por exemplo, o médico poderá incorrer na pena, mas eventualmente não se passa o mesmo com o pessoal de enfermagem que poderá ter um papel «suplementar» e não decisivo. Outro exemplo: um dos pais de uma grávida pode incorrer na mesma pena se o aborto não se realizasse sem o conselho ou sugestão do mesmo.]

3. Desconhecia o penitente que provocar um aborto implicava a pena de excomunhão?

[Poderá dar-se o caso que o penitente saiba que o aborto é um pecado grave, mas nunca tenha ouvido falar de excomunhão...]

4. Era o penitente menor de 18 anos quando se cometeu o aborto?

5. Tinha o penitente desconhecimento da lei canónica?

[Por exemplo, se o penitente foi cúmplice, poderá ter actuado por pensar que só a grávida incorria em pena de excomunhão e não ele próprio.]

6. Foi o aborto acidental e não intencional?

[Pura casuística, no seguinte exemplo ou algo parecido: uma mulher tem como intenção abortar, dirige-se a uma clínica abortiva, no caminho tem um acidente que lhe provoca o aborto...]

7. Tinha o penitente um imperfeito uso da razão?

[Aqui se pode incluir um distúrbio psicológico importante.]

8. Actuou o penitente coagido por medo ou por algum motivo que foi visto como uma enorme necessidade?

[Por exemplo: aqui pode entrar a pressão dos pais ou do namorado sobre a jovem grávida, ou o medo da reacção ecandalizada da sociedade face à gravidez. Aqui entra também o caso em que o médico determinou que para se salvar a vida da mãe teria que se provocar um aborto.]

9. Acreditava o penitente, de forma errónea, que o seu aborto se inseria nas circunstâncias do nº 8?

[Por exemplo, o confessor vê que, de facto, não havia nem pressão suficiente nem perigo da vida, mas o penitente julgava tal coisa no momento do aborto.]

10. Acreditava o penitente, erroneamente, que o aborto foi realizado em auto-defesa e, portanto, justificável?

[Outra situação para os casos para os casos de «perigo de vida da mãe».]

11. Foi a decisão de provocar o aborto feita com falta de adequado uso da razão, por efeito de algum estupefaciente, álcool ou outro elemento que possa ter provocado algum tipo de alteração ou distúrbio mental?

12. Foi o aborto induzido por uma pessoa em séria alteração de humor ou no meio de grande emoção, não voluntariamente estimulada?

Atenção:

• Se a resposta for SIM a qualquer uma destas perguntas, NÃO há um situação de excomunhão.

• Há excomunhão se a resposta for NÃO a TODAS as questões.


Diz ainda o livro que citei (pp. 147-148; sublinhados meus):
Citação:
«If so [=if the person has likely incurred an automatic excommunication], only a bishop, an Ordinary, or canon penitenciary (or his equivalent) can absolve the censure. However, if remaining in a state of serious sin during time necessary for the competent superior to provide a remission would be hard on the penitent, any confessor can remit the censure temporarily.


A good way to continue is for the confessor to arrange for the penitent to return to him at an agreed upon time within the next month, notifying the penitent of the reason for this, namely, that he has the power only to absolve the censure temporarily but he must recourse to someone who has the power for definitive remission. (The penitent can return either in confession or outside it, although if he or she confesses behind the grille it should be presumed that anonymity is desired.) Before the penitent returns, the confessor should request a remission from the local Ordinary, and if the confessor knows the penitent's identity, it should not be mentioned. When the penitent returns, the confessor informs the penitent of the remission.


• In many dioceses, all confessors have the delegated faculty to remit the censure of abortion without recourse».


Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 10/10/2006 13:22 por Alef.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 13:31

a) " o Momento em que o óvulo humano é fecundado."

A qual momento das 24 horas que demora a fecundação é que te referes?

b) " Portanto deixo este específico caso nas mãos do legislador e dos juizes".

Quer dizer que, embora consideres que é um crime, aceitas qualquer sanção jurídica e , mesmo se os legisladores optarem pela despenalização, com base em critérios jurídicos, ficas tranquilo.

Entre a aceitação da pena de morte, de uma pena de 25 anos de prisão ou de três anos de prisão ou de uma multa pecuniária vai uma diferença abissal.

Para ti é tudo igual. Acho esta atitude absurda, mas já ouvi tanto disparate que já nada nada me espanta.

c)"você sobrestima a taxa de abortos espontâneos"
Não me referi à taxa de abortos espontãneos ( que é outra coisa completamente diferente) mas aos zigotos que não chegam a implantar-se.
Em cada 100 zigotos, 75 são eliminados pela mulher. Involuntáriamente, é certo, mas tal taxa pode ser reduzida praticamente a zero se as mulheres sexualemente activas tomarem a pílula anovulatória.
Então, quem não o faz, sabendo que pode desta maneira impedir um ou vários homicídios, está ser responsável por eles, já que mais não seja por omissão.
Deve ser indiciada criminalmente?


De igual forma, há muitos "abortos espontáneos" ( que ocorrem após a implantação) que podem ser causados por comportamentos da mulher - como fumar, praticar desportos violentos, consumir drogas, etc, etc... SE a destruição de um embrião é um homicídio, devem essas mulheres ser incriminadas por homicídio por negligência???



Editado 1 vezes. Última edição em 10/10/2006 13:54 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 13:40

Muito Importante, o texto do que o Alef colocou.


Lendo com tranquilidade todos os requisitos para a excomunhão - que ainda por cima são cumulativos - tenho dúvidas se alguma mulher que "aborta" pode efectivamente ser alvo de Excomunhão.

Mas isto é o meu lado caridoso a falar. E claro que a com-paixão pelos outros não é um discurso válido quando se advogam julgamentos e condenações.



Editado 2 vezes. Última edição em 10/10/2006 13:49 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 15:15

Fiquei com uma dúvida . Na definição de Aorto do Enciclopédia católica, este aparece como :

1. Aborto - É a morte do feto no seio materno ou fora dele, independentemente do tempo de gestação.


É esta a definição oficial de Aborto da Igreja católica?



Editado 1 vezes. Última edição em 10/10/2006 15:16 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 22:32

Oportunamente, exporei aqui, muito resumidamente, a minha opinião sobre os diversos aspectos relacionados com o problema do aborto e do referendo que se anuncia.

Entretanto, correndo o risco de furar a metodologia proposta pelo Alef, deixo aqui um pequeno e hipotético exemplo à vossa ponderação, só para agitar o debate:

Imagine-se que uma mulher jovem, grávida de 9 semanas e meia, rica, sem problemas de saúde física ou psicológica, com uma família estável, enfim, sem se encontrar em nenhuma das situações típicas que alguns aceitam como desculpabilizadoras do aborto, decide abortar só porque, após os adequados exames médicos, descobriu que a criança é do sexo feminino, sendo que ela, por puro capricho, não quer ser mãe de meninas... Ou que a criança vai ser mulata, sendo que ela abomina a raça negra... Ou que - e poderíamos multiplicar as hipóteses, todas repgunantes, mas inteiramente plausíveis.

Para além a óbvia censura ética, não deveria tal comportamento ser punido criminalmente?

Então a sociedade civilizada, que criou o Direito Penal precisamente para proteger os valores e bens essenciais inerentes à condição humana e à vida em comunidade, deve "marimbar-se" no facto de uma grávida interromper um vida humana por uma razão absolutamente fútil e, pior ainda, uma razão odiosa?

Como é possível que a lei penal puna com prisão até 3 anos, por exemplo, actos como a destruição de ovos de uma qualquer espécie de lagartixa que esteja em sério perigo de extinção (art. 278º nº 2 do C Penal) e não puna a mulher que, por motivação absolutamente fútil ou eticamente repulsiva, decide matar o ser vivo humano que traz no ventre???



Editado 1 vezes. Última edição em 10/10/2006 22:35 por Ovelha Tresmalhada.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 22:41

Caro Epafras.

Li a tua mensagem e para quem diz que não é católico, conheces muito bem o Código do Direito Canónico e o Catecismo da Igreja Católica e és muito ortodoxo. Parabéns! São poucos os católicos que o conhecem tão bem.

Mais, acho engraçado teres dito «Em outras palavras, o fiel católico não tem em absoluto liberdade para rejeitar um ensinamento do Magistério ordinário.» na mensagem que me diriges, mas quando participaste no tópico «Cartaz blasfemo de Nossa Senhora com o Menino Jesus» nunca referiste tal abuso de liberdade quando o Sandro criticou aberta e explicitamente o Concílio Vaticano II. Ora, eu neste tópico ainda não me pronunciei sobre qualquer matéria da doutrina da Igreja, apenas que não vejo razão para que não se possa falar de tudo (desde que dentro do tema do fórum).

O sentido de se discutir todos os temas, incluindo este que o Alef sugere, é-nos dito pelo agora Papa Bento XVI, referindo-se à consciência de cada um:

Citação:
«Above the pope as an expression
of the binding claim of church authority
stands one's own conscience,
which has to be obeyed first of all,
if need be against the demands of church authority.»


Joseph Ratzinger, 1968

Se quiseres continuar este assunto sugiro que cries um novo tópico e deixemos este apenas para se discutir o tema do aborto.

Luís Gonzaga

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 23:28

Citação:
catolicapraticante
Caro SEven:
1 - Porque é que te dizes católica?
Sou católica porque sou Baptizada e estou em Comunhão com a Igreja - tal como tu, e provavavelmente todos aqui no Forum ( Se calhar até o Epafras...)

Se tu o dizes. É porque combates este tema com uma força e nota-se que não dás crédito à Igreja. É nisso e noutros assuntos da Igreja se não estou enganado. Ora, como é que se pode dizer que se acredita no credo se não se acredita na Igreja Católica? Curioso...


Mais importante do que isso, acredito em Jesus cristo e tento , com muitas dificuldades e imperfeições, viver o Evangelho - essa utopia.
E o que achas que ele te diria? Aborta à vontade?

"Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi"

2 - Ao que parece, todos aqui no Forum concordam que a vida humana é um bem essencial, que interromper uma gravidez é um acto moralmente negativo - é um mal em si mesmo - e que tais situações devem ser prevenidas.

Então se é moralmente mau, é imoral abortar. Não percebo porque defendes a desresponsabilização das mulheres quando abortam.

A Diferença é que alguns católicos concordam com a prisão de mulheres que interrompem a gravidez em fases muito iniciais. Outros católicos não concordam. E olha que são bastantes.
É verdade. Basta olhar para o que escreves.


3 - "Se eu fosse abortado, hoje não estaria aqui."
É uma verdade que monsieur de la palisse subscreveria. Um chavão simplista. POdias ir mais longe a afirmar que, se o teu pai tivesse usado preservativos também não estarias aqui, mas isso nada diz em definitivo sobre o estatuto ontológico do "produto da concepção".
Misturas as coisas. Se o meu pai tivesse usado preservativos, não teria havido concepção. Nunca teria existido. Não haveria aborto. Mas como houve concepção, cá estou eu. Se tivesse sido abortado não estaria. Mais simples é dificil.

"É um ser humano. Claro que ainda não está formado."

Concordo contigo. É um ser humano mas que ainda não está formado.
Não é uma PEssoa Humana.
Claro. Tal como eu que por exemplo ainda não tinha os testículos a funcionar. Tudo se desenvolve. tudo leva o seu tempo para crescer.
O Embrião de duas semanas que me deu origem não era ainda EU, Pessoa, sujeito de direitos e de uma tutela jurídica plena.
Se não fosses tu, nunca o serias passado uns meses.

Podia vir a ser Eu, ou nada, ou eu e outro geneticamente igual a mim, ou outra coisa qualquer, como uma mola hidatiforme, ou um embrião com uma malformação congénita incompatível com a vida.
Estava escrito que serias tu.

3 - Uma mulher só pode dizer que está grávida quando se dá a implantação do embrião no útero. Até aí não há gravidez.
Ok.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 00:18

E preciso salientar que o que está em causa aqui são os direitos do feto, que não é a mesma coisa que a mae.
O que está aqui em causa é que a mulher manda efectivamente no seu corpo. Não pode é mandar num corpo que não é o seu.
Tudo o que vai para alem disto é demagogia.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 00:27

Seven:

"Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 01:48

Excepcionalmente vou discordar do alef.

O que levanta questões serias para considerarmos ou não o pré-embrião um ser humano não é o elevado numero de mortes que ocorre.
Não é a estatistica que define o ser humano. (no entanto a CP está a divulgar dados distorcidos, não se sabe bem qual é a % de zigotos que morrem, aquele valor é a estimativa mais elevada)
Aliás creio, como São Francisco de Sales, que apenas vemos uma infima parte da criação divina.
Na pré-historia morriam muitas crianças antes dos 5 anos, talvez a maioria das que nascia.

O que levantas duvidas relevantes a se considerar o pré-embrião um ser humano é a probabilidade de gemelação ou de fusão. Mas este ponto é mais relevante para a RMA que para o aborto.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 02:19

Caro camilo:

Pois, é verdade, a estatística não define o ser humano enquanto tal. Mas para mim a ideia de que uma tão grande parte da humanidade se destine a uma existência tão efémera não me deixa totalmente tranquilo, mesmo que se apele a que se trata de um mistério. Sim, é mistério também a vida humana que chega aos 100 anos...

Mas nesta inquietação que apresento entra em jogo necessariamente uma «luta» com determinada imagem de Deus... Certamente. Mas é inquietação.

Alef

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 14:38

Caro Alef:

A tua resposta saiu um pouco ao lado. Não era necessário divagar tanto. O que eu queria saber é o que pretendes fazer (e os outros católicos que participarem) caso o resultado da reflexão ético-filosófica que propuseste fazer aqui seja a de que o estatuto ontológico do embrião até às 11 semanas não é de pessoa humana e, por conseguinte, é etico o aborto neste período de tempo. Deitam o resultado para o lixo? Rebelam-se à doutrina da Igreja católica? Sabendo isto posso avaliar melhor o sentido da discussão nos termos em que tu a propuseste aqui.

Epafras

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 15:06

Citação:
Alef
Enquanto cristão e católico tenho deveres próprios desta pertença, mas nunca a Igreja nos pede que deixemos de pensar. Muito pelo contrário.


Desde logo que Igreja não pede que deixem de pensar sempre, nem eu disse para o fazerem. O que a Igreja pede, ou melhor, na verdade obriga, é que não pensem de forma diferente dela ou se pensam a não agir em conformidade. Basta ver o que aconteceu a alguns teólogos por terem ido longe de mais.

Como se pode pensar de maneira diferente quando o catecismo diz por exemplo isto:
"O Magistério da Igreja exerce plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou de maneira difinitiva verdades que com estas têm uma conexão necessária" Catecismo N°88.

" O primeiro mandamento manda-nos alimentar e guardar com prudência e vigilância nossa fé e rejeitar tudo o que se lhe opõe. Há diversas maneiras de pecar contra a fé.
A dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja pro­põe para crer. A dúvida involuntária designa a hesitação em crer, a dificuldade de superar as objeções ligadas à fé ou, ainda, a ansiedade suscitada pela obscuridade da fé. Se for deliberadamente cultivada, a dúvida pode levar à cegueira do espírito" Catecismo N°2088

E ainda a Igreja denomina Hereje a quem negue pertinazmente algo que o seu Magistério indique que há-de crer-se "com fé divina e católica".

"A incredulidade é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos." Catecismo N°2089

Portanto não se consegue entrever como um católico pode pensar livremente ou de forma contrária à Igreja Católica sem graves consequências.

Mas por que razão disse em cima que a Igreja não pede que deixem de pensar sempre?. Por que há casos em que pede que deixem de pensar!!!. Por exemplo, em relação à doutrina católica da transubstanciação das espécies eucarísticas no "real e verdadeito corpo de Cristo, junto com o seu Sangue, alma e divindade", a Igreja católica propõe, através das palavras de S. Tomás de Aquino ao citar os ditos de São cirilo, a crer sem perguntar, portanto sem pensar se tal coisa é verdade...
" A presença do verdadeiro Corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste sacramento 'não se pode descobrir pelos sentidos, diz Santo Tomás, mas só com fé, baseada na autoridade de Deus'. Por isso, comentando o texto de São Lucas 22,19 ("Isto é o meu Corpo que será entregue por vós"), São Cirilo declara: 'Não perguntes se é ou não verdade; aceita com fé as palavras do Senhor, porque ele, que é a verdade, não mente" (S. Tomás de Aquino, s.th. 3,75,1, citado por Paulo VI, MF 18):" CIC N°1381



Citação:
Alef
Talvez já tenhas notado que mesmo em Teologia há uma saudável variedade de abordagens em muitos temas. É verdade que temos um conjunto de proposições de fé tidas como dogma, mas um dogma não é simplesmente o ponto final de uma questão, mas uma forma de balizar aquilo que temos como certo na nossa fé. Pode ser e é muitas vezes o início de novas e interessantes discussões. Basta ver a história dos dogmas e dos primeiros Concílios para perceber isso. Nada nos impede (antes, pelo contrário) de procurar alguma «inteligência» do mesmo dogma e da formulação dogmática. Isso é parte do trabalho da teologia. Infelizmente há muita gente, incluindo algumas pessoas que passaram por alguns anos académicos de teologia, que parece nunca ter percebido do que se trata. Teologia não é aprender o Catecismo de cor. Ora, não só devemos tentar perceber o que realmente está em jogo em cada tema, como ter consciência dos muitos pontos em aberto, dificuldades, dúvidas.

Claro que sim, mas a discussão não é nem pode ser livre. Que o digam os teólogos que já foram silenciados e excomungados Os teólogos não podem iniciar discussões fazendo tábua rasa do ensinado pelo Magistério com todas as conclusões possíveis à partida. Nem discutir assuntos que não estão abertos a discussão. E pelo que li hoje no catecismo sobre o aborto não acredito que a discussão sobre o estatuto ontológico do embrião esteja aberto a discussão - aquilo é totalmente parentório e radical na total condenação do aborto. O trabalho do teólogo (católico) é essencialmente fundamentar os dogmas e os ensinos propostos pelo Magistério e no caso da teologia bíblica é procurar nas Escrituras apoio para o que o Magistério diz que se deve crer e não estudá-las para saber o que se deve crer e o que deve ensinar o Magistério.

Pio XII ensinou:
Pois é verdade que os romanos pontífices em geral concedem liberdade aos teólogos nas questões controvertidas entre os mais acreditados doutores; porém, a história ensina que muitas questões que antes eram objeto de livre discussão já não podem ser discutidas.
Nem se deve crer que os ensinamentos das encíclicas não exijam, por si, assentimento, sob alegação de que os sumos pontífices não exercem nelas o supremo poder de seu magistério. Entretanto, tais ensinamentos provêm do magistério ordinário, para o qual valem também aquelas palavras: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16); e, na maioria das vezes, o que é proposto e inculcado nas encíclicas, já por outras razões pertence ao patrimônio da doutrina católica. …
Também é verdade que os teólogos devem sempre voltar às fontes da revelação; pois, a eles cabe indicar de que maneira "se encontra, explícita ou implicitamente" na Sagrada Escritura e na divina Tradição o que ensina o magistério vivo… Eis porque nosso predecessor de imortal memória, Pio IX, ao ensinar que é dever nobilíssimo da teologia mostrar como uma doutrina definida pela Igreja está contida nas fontes da revelação, não sem grave motivo acrescentou aquelas palavras; "com o mesmo sentido com o qual foi definida pela Igreja". (Encíclica Humani generis de 12 de Agosto de 1950, Denzinger 2314)

Citação:
Alef
Exemplificando, uma coisa é que eu dê o meu assentimento à verdade de fé acerca da divindade de Jesus Cristo; outra é que eu me negue a estudar o tema, a conhecer as proposições heréticas, o processo histórico do desenvolvimento das diferentes doutrinas, disputas, etc. Claro, não se trata normalmente disto numa sessão de catequese, mas num contexto de estudo e de debate com algum nível «superior», isto é necessário. Já não somos crianças de leite, para usar uma metáfora de S. Paulo.

Certamente. Estudar o tema da divindade de Cristo é uma coisa, começar uma reflexão do zero que possa levar a todas conclusões possíveis incluindo a não divindade de Cristo é outra, e parece-me inútil se colocares a hipótese de continuar a ser católico seja qual for o resultado dessa reflexão. Por isso disse que começar uma reflexão ética-filosófica sobre o aborto ou sobre o estatuto ontológico do embrião aqui não fazia sentido a não ser que estejam dispostos a apostatar caso o resultado seja contrário à actual doutrina da Igreja católica sobre o aborto.

Citação:
Alef
No caso do tema do aborto passa-se algo parecido. É verdade que a Igreja tem uma doutrina bastante clara sobre a questão do aborto, mas há muitos pontos em aberto. Poder-se-á argumentar que não têm muita relevância, mas eu considero que são realmente relevantes. E nisto não sou o único a pensar assim. Tenho planeado falar um pouco disso proximamente.
Por exemplo, é verdade que a Igreja defende a inviolabilidade da vida humana desde a concepção, mas isto não nos impede de ver dificuldades sérias, que já mencionei noutras alturas:

a) a enormíssima quantidade de embriões pré-implantatórios (ou «pré-embriões», como muitos lhes chamam) que não chegam a nidar, que morrem espontaneamente, sem que a mulher se dê conta;

b) a possibilidade de gemelação.

A morte de tantos embriões pré-implantatórios levanta um problema teológico muito sério: como se pode compreender que uma parte tão grande da humanidade seja «relegada» para uma existência tão efémera, onde faltam (ou não são ainda definitivos) caracteres essenciais do ser «à imagem e semelhança de Deus», como a comunicabilidade, a unidade, a unicidade?

A possibilidade de gemelação levanta (em menor grau, creio eu) um problema também importante: se no zigoto temos já um indivíduo humano, com uma identidade espiritual, como se explica que ele possa dividir-se, dando origem a gémeos? Bom já agora, há outros fenómenos mais singulares e «perturbadores», como a fusão de embriões, quimeras humanas (de vários tipos), mosaicos, etc.

Outro tema a que gostaria de voltar é o do carácter pessoal do embrião humano. Nenhuma das definições clássicas de pessoa que eu conheço parece poder aplicar-se aos embriões pré-implantatórios. Por outro lado, a «nadificação» ou «anulação» do «carácter humano» do embrião pré-implantatório parece-me levantar problemas igualmente sérios, talvez mais sérios.

Creio, por isso, que podemos aprofundar todas estas questões, mesmo colocando-nos no plano estrito de «assentimento total» ao Magistério ordinário. Verás que isso se faz nas Faculdades de Teologia (e naquelas onde não se faça, dever-se-ia fazer, já que a Universidade não é um centro catequético).

Certamente as questões em aberto e dúvidas que possam existir que o Magistério não emitiu opinião podem ser discutidas. Mas desde logo estas dúvidas e questões a que ainda não sabemos dar resposta não devem ser usadas para questionar aquilo que sabemos como certo. Em lógica isto chama-se "enturvar as águas". Também não sei com quem vais discutir estas questões aqui neste forum, não me parece que haja alguém habilitado para o fazer, sem qualquer desprimor para os participantes.

Citação:
Alef
Dizes que «esta reflexão já foi feita e o estatuto ontológico do embrião definido pelo Magistério ordinário da igreja católica, a saber, o aborto é imoral independentemente da fase de desenvolvimento do óvulo fecundado e o embrião é ontologicamente um ser humano». Tens razão até certo ponto. Até certo ponto, porque tal reflexão foi feita, mas não terminou e porque persistem questões em aberto. Por exemplo, o óvulo fecundado é um ser humano com alma espiritual? E que acontece quando se divide em dois ou mais gémeos monozigóticos? [Ao que parece, numa frequência de 2 em mil.] Terá ou não isto relevância no estatuto ontológico do embrião pré-implantatório?

Que importância tem saber para a questão do aborto se o óvulo fecundado tem alma espiritual ou não? Na realidade ninguém sabe como e quando entra a alma no ser humano nem penso que alguma vez se venha a saber. Só as posições dogmáticas sobre algo que ignoramos é que podem ver-se afectadas pela questão dos gémeos monozigóticos. O que interessa é que o óvulo fecundado é uma célula cuja configuração genética é diferente tanto da paterna como da materna que lhe deu origem. Estamos, pois, perante um novo ser ainda que seja provisoriamente unicelular. E como o seu genoma é humano, o novo ser é um ser humano no instante inicial do seu desenvolvimento. Se a alma aparece nesse instante ou não é outro problema, o importante é não impedir o desenvolvimento da nova vida.


Citação:
Alef
Não deixa de ser de alguma maneira irónico que tanto tu como a catolicapraticante acabem por coincidir em algo: que o momento da reflexão ético-filosófica já está feita, que estamos prontos a passar para a discussão da questão jurídica.
Nisto discordamos, porque não vejo nada claro que a reflexão ética esteja suficientemente amadurecida. Mas pode ser um problema meu, de «visão».

Repara que a Igreja católica também não tem dúvida que se pode passar para a questão juridica ao condenar as leis que liberalizam o aborto, veja-se os casos dos políticos católicos admoestados por fazerem campanha e votar leis permissivas de aborto. Mas que eu digo especificamente é que a reflexão ético-filosófica já está feita o suficiente para poder responder neste momento à questão se se concorda ou não com a despenalização do aborto até às 10 semanas. Ou dito de outra forma se se concorda com a liberalização do aborto até às 10 semanas. Porque se assim não for vai-se fazer um referendo dentro de pouco tempo a que ninguém pode responder em consciência. Vejamos: actualmente dispomos de dados da reflexão ético-filosófica, por exemplo, da Igreja católica e de outras igrejas cristãs para quem é ponto acente que o estatuto ontológico do embrião é de uma pessoa humana, temos também os dados científicos e as ciências biológicas mostram para além de toda a dúvida que existe um ser humano, definido por um genoma estrita e exclusivamente humano, e além disso único, desde o instante da concepção. Este é um facto biológico que não está sujeito a opiniões nem a pareceres. Esta informação disponível permite responder à questão jurídica específica que se levanta actualmente. No entanto, não digo que não haja questões de ordem ético-filosóficas por aprofundar como algumas que colocaste ao longo do teu post, mas a resposta à questão juridica actual não está dependente delas.

No fundo tu acabas por dar-me razão quando dizes mais abaixo que "pode acontecer que alguém admita a licitude moral de um determinado aborto, mas não o faça pela força deste cânone". Era aqui que queria chegar. Que utilidade teve para esse alguém a reflexão em que chega à conclusão da licitude moral de um determinado aborto se depois não pode tirar as consequências práticas disso porque tem que se ater ao que diz os cânones da Igreja católica?



Quanto às condições para a excomunhão, em caso de aborto do livro citado, são interessantes mas não sei que valor real elas têm. Que autoridade tem quem as formulou? São aplicadas em toda a Igreja católica? Também não sei até que ponto algumas dessas condições não colidem com o que diz o catecismo quando este diz: "A cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave. A Igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana. "Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae" (CDC, cân. 1398) "pelo próprio fato de cometer o delito" (CDC, cân. 1314) e nas condições previstas pelo Direito (CDC, cân 1323-1324). Com isso a Igreja não quer restringir o campo da misericórdia. Manifesta, sim, a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente morto, a seus pais e a toda sociedade." (CIC §2272)"

Penso que a excomunhão atinge quem provoca o aborto mesmo por motivo de violação, deformações de feto ou perigo de vida da mãe, assim sendo essas condições também colidem com este facto.

E as condições previstas pelo direito para a aplicação de qualquer pena, não só a excomunhão em caso de aborto são:

Cân. 1323 Não é passível de nenhuma pena, ao violar lei ou o
preceito; 1° - quem ainda não completou dezesseis anos de
idade;
2° - quem, sem sua culpa, ignorava estar violando uma lei ou um preceito; a inadvertência e o erro equiparam-se à ignorância;
3° - quem agiu por violência física ou por caso fortuito, que não pode prever ou, se previu, não pôde remediar;
4° - quem agiu forçado por medo grave, embora relativo, ou por necessidade, ou por grave incômodo, a não ser que se trate de ato intrinsecamente mau ou que redunde em dano
das almas;
5° - quem agiu em legítima defesa contra injusto agressor seu ou de outros, mantendo a devida moderação;
6° - quem não tinha uso da razão, salvas as prescrições dos cân. 1324, § 1, n. 2, e 1325;
7° - quem sem culpa, julgou haver alguma das circunstâncias mencionadas nos ns. 4 ou 5.
Cân. 1324 § 1. O autor da violação não se exime da pena, mas a pena estabelecida pela lei ou pelo preceito deve ser mitigada ou substituída por uma penitência, se o delito foi cometido:
1° - por quem só parcialmente possuía o uso da razão;
2° - por alguém que não estava no uso da razão por causa embriaguez ou por outra perturbação mental
semelhante, a qual tivesse sido culpável;
3° - por forte ímpeto de paixão, que não tenha precedido e totalmente impedido a deliberação da mente e o
consentimento da vontade; contanto que a paixão não tenha sido voluntariamente excitada ou alimentada;
4° - por um menor que já completou dezesseis anos de idade;
5° - por alguém que foi coagido por medo grave, mesmo que só relativo, ou por necessidade, ou por grave
incômodo, se o delito for intrinsicamente mau ou redundar dano das almas;
6° - por alguém que agiu em legítima defesa contra injusto agressor seu ou de outros, mas não manteve a
devida moderação;
7° - contra alguém que usou de provocação grave e injusta;
8° - por alguém que, por erro, mas por culpa sua, julgou haver alguma das circunstâncias mencionadas no cân.
1323, nº 4 ou 5;
9° - por alguém que, sem culpa, ignorava haver uma pena anexa à lei ou ao preceito;
10° - por alguém que agiu sem plena imputabilidade, contanto que esta tenha permanecido grave.


Epafras

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 15:18

Caro Luis Gonzaga:

Em primeiro lugar obrigada pelos Parabéns mas acho que são exagerados.
No tópico «Cartaz blasfemo de Nossa Senhora com o Menino Jesus» lembro-me de ter dito que quem rejeitava o que Concilio Vaticano II ensina não estava em plena comunhão com Roma

Quanto a Bento XVI olha o que ele disse a respeito do aborto

«Não todos os assuntos morais têm o mesmo peso moral que o aborto e a eutanásia. Por exemplo, se um católico discordasse com o Santo Padre sobre a aplicação da pena de morte ou na decisão de fazer a guerra, este não seria considerado por esta razão indigno de apresentar-se a receber a Sagrada Comunhão. Embora a Igreja exorte as autoridades civis a procurar a paz, e não a guerra, e a exercer discrição e misericórdia ao castigar criminosos, ainda seria lícito tomar as armas para repelir a um agressor ou recorrer à pena capital. Pode haver uma legítima diversidade de opinião entre católicos a respeito de ir à guerra e aplicar a pena de morte, mas não, entretanto, em relação ao aborto e a eutanásia».

«Em relação ao grave pecado do aborto ou a eutanásia, quando a cooperação formal de uma pessoa é manifesta (entendida, no caso de um político católico, como fazer campanha e votar sistematicamente por leis permissivas de aborto e eutanásia), seu pároco deveria reunir-se com ele, instrui-lo em relação os ensinamentos da Igreja, informando-lhe que não deve apresentar-se à Sagrada Comunhão até que termine com a situação objetiva de pecado, e lhe advertindo que de outra maneira lhe será negada a Eucaristia».

Bento XVI Carta aos Bispos dos EUA. Julho de 2004.

Epafras

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 18:19

Bento XVI foi nomeado em 2005... esse texto ou é falso, ou está mal datado.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 20:20

Para alimentar o debate apresento um artigo que me parece bastante bem feito e esclarecedor.
Aqui vai:

"Questão de vida ou de morte

Não se pode pedir aos que dizem não ao aborto uma linguagem doce e dúbia para não ferir a opinião dos que vigorosamente o defendem até ao absurdo.

Expresso, 10-Out-2006

.
O que mais enfureceu os ocidentais na reacção do mundo muçulmano à publicação das caricaturas de Maomé foi a ameaça de cercear a liberdade dos artistas e pensadores. Ou, melhor ainda, o risco que corre quem escreve o que pensa sobre qualquer matéria. A liberdade de expressão sentiu-se ofendida por aqueles que se ofenderam com a expressão da liberdade. Estamos num aparente jogo de palavras. Mais que isso, de interesses, que se refugiam nas palavras para imporem os seus pontos de vista. Assim a ética vai ganhando colorações circunstanciais como o bailarino vai rodando e ritmando o corpo consoante a música o exige.

O debate sobre o referendo ao aborto, em Portugal, está a tomar alguns contornos bizarros. Existem áreas sociais e políticas que não têm o mais pequeno rebuço em propa-gandear o seu ponto de vista e o seu terreno claro de luta, com um inequívoco sim ao aborto. Dessas tribunas emerge a sugestão de que a Igreja mudou de opinião e não faz qualquer campanha contra o aborto. E intercala nessa oratória o pressuposto de que a Igreja se não deve pronunciar sobre a matéria, por não ser religiosa. O político na tribuna partidária, parlamentar ou ministerial, pode confessar-se publicamente sobre o tema – com isso fazendo opinião – quando a sua posição é sim. Na Igreja, o presidente duma celebração está "proibido" de dizer o que pensa e o que pensa a Igreja porque isso é fazer campanha. (Há já escritos com essa teoria).

Tanto dum lado como do outro há regras de decência e linguagem que devem pautar os discursos, na apresentação honesta de argumentos e razões pró ou contra. Mas não se pode pedir aos que dizem não ao aborto uma linguagem doce e dúbia para não ferir a opinião dos que vigorosamente o defendem até ao absurdo. A vida concede direitos e argumentos inquebrantáveis. E ninguém que apoie o aborto até às nove semanas e… seis(?) dias, pense que está a apoiar a vida . Chame-se o que se chamar estamos perante uma questão de vida ou morte. Nunca a Igreja em dois mil anos hesitou sobre esta matéria. Reconhecendo, embora, que a questão não é religiosa mas humana. Tal como a pobreza, a violência, a guerra, o racismo não são questões religiosas. Mas têm a ver com o Decálogo.

A liberdade não pode ser coarctada em nome duma imaginária mudança de óptica da Igreja em matéria tão vital.

António Rego"

O sublinhado e negrito são meus

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 22:20

Diogo tens razão Bento XVI foi nomeado em 2005. A citação é de J. Ratzinger mas enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, um ano antes de ser nomeado Papa. Fui induzido em erro porque o sítio donde tirei a citação refere-se a pensamentos de Bento XVI. Fica feita a correcção.

Epafras

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 23:01

Olá a todos,

queria felicitar o Epafras por me ter facilitado o trabalho. Como algumas pessoas já vêm dizendo que podem discodar dos assuntos da Igreja, eu já me estava a preparar para dizer algo também. Mas a resposta que o Epafras fez está muito boa.

Era bom que as pessoas pensassem a sério no que defendem. E de uma coisa estou certo. Dar o nosso voto como SIM no referendo ao aborto, é permitir que mais abortos se façam, por não haver lei que intimide as pessoas. E se algumas pessoas teriam medo e não faziam o aborto, com esta lei, então é que vai ser "bonito" vai. As pessoas têm que aprender que os nossos filhos são uma benção de Deus. E não é a Igreja a dar todo o seu dinheiro que vai acabar com a pobreza no mundo, nem é o aborto que vai acabar igualmente com a pobreza e sofrimento no mundo. Os nosso filhos são para serem amados, tal como Deus amou o Seu filho.

Este assunto não é dogma, mas a Igreja Católica não aceita que se defenda o contrário que Ela diz. Abortar deliberadamente, é um pecado gravíssimo. Obrigar uma pessoa a abortar é igualmente grave. Darmos conselhos às pessoas para abortarem, mesmo sabendo a opinão da nossa Igreja é igualmente grave. Devemos sempre ajudar as pessoas a não abortarem e ajuda-las a procurar uma saída. A saída não está nem nunca estará em matarmos os nosso filhos.

CP, espero que me respondas ao que te respondi ontem. ;)

Disse Deus:

"Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi"

Isto quer dizer alguma coisa muito séria, e não uma simples passagem bíblia qualquer.

Volto a dizer que se eu tivesse sido abortado depois de ter sido concebido, não estaria aqui hoje a escrever isto. É incrível como possam dizer que às 7 semanas que já se nota melhor o embrião, não somos nós. Só porque não tem actividade cerebral. São afirmações que carecem de fundamentação científica e religiosa,e que me leva a discordar.

Peço novamente para terem cuidado quando se põem a utilizar o discurso de que a Igreja não quer que sejamos como os burrinhos com palas. Ela pede-nos que reflitamos nas coisas mas Ela no que toca a matéria de fé é soberana. Não somos nós que andamos aqui há uns quantos anos que vamos saber mais que toda a tradição cristã. E não são os juros nem a questão das mulheres não se poderem manifestar que tiram crédito à Igreja. Todo erram, mas se formos a ver por esse prisma, como todos erram, ninguém tem a verdade em si. Tudo pode ser falso. Devemos saber acatar a fé que a Igreja nos transmite. E se nos dizemos crentes no CREDO, então não podemos ser hipócritas(desculpem o termo) ao dizer que acreditamos na Igreja Católica, mas no fundo não acreditamos. Só mesmo em algumas coisas.

E em relação à alma, não se esqueçam que a partir do momento em que existe o Ser, existe a Alma. Não existem 2 coisas em separado. O Dualismo já não existe no nosso meio.

CP, uma pergunta.

Ainda não me esqueci daquela questão dos 2 zigotos que se fundem num. Como não sou perito em biologia, não sei responder.

O que acontece é que 1 dos zigotos é absorvido pelo outro, correcto? Podemos dizer que ele morre? Ele desaparece certo? Eu de qualquer maneira vou tirar isto a limpo. Contigo ou com outra pessoa.

Abraços.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 11 de October de 2006 23:32

Uma nota fundamental:


A pena de excomunhão que a Igreja propõe só se aplica a situações de Aborto.

Ou seja - segundo a definição da igreja, aborto é a morte do feto, no seio materno ou fora dele, independentemente do tempo de gestação.

Ora um feto tem pelo menos seis semanas de gestação.

Pelo que, antes desta data, a pena de Excomunhão não se aplica.
A própria igreja distingue claramente nas suas sanções penais a Interrupção da euma gravidez - que só ocorre após a implantação no útero, de outras situações de destruição de préembriões.

POratnto, já que estamos a falar de penas e sanções, a própria igreja católica não aplica nenhuma sanção de Excomunhão antes da implantação do embrião no útero.

Dito de outra forma, antes disso não há excomunhão.
[b]

O que tem um significado.



Editado 2 vezes. Última edição em 11/10/2006 23:36 por catolicapraticante.

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Este tópico foi encerrado

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