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Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 01:27

Por forma a que este tópico se mantivesse dentro do assunto da primeira mensagem, por se tratar de um assunto importante, e porque algumas mensagens não respeitavam as regras de uma saudável convivência, foram eliminadas algumas mensagens escritas neste tópico.

Luis Gonzaga

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:18

Luís, talvez seja a tua "consciência" o centro da tua tomada de decisão e não a própria "obediência" à Igreja, que tanto te vejo "tropeçar". Eu tenho como clara a necessidade de obedecer para compreender. É que avanças logo que dizes ser "contra" o Index, ora quem fez o Index foram das pessoas mais cultas na Igreja que acharam tais doutrinas perigosas. E é essa a atitude que esta "porcaria" de livro confirma: que devemos suspeitar de tudo o que a Igreja nos diz, e considerarmo-nos a nós mesmos (e, em última análise, a nínguem) como capazes para descobrir a verdade mais certa.

Ora, a Igreja é nossa Mãe, educa-nos na fé. Tu comes o que a tua mãe te põe no prato porque estás certo que ela te quer bem e o bife não está envenenado. Assim acontece com a Igreja Católica: o mais importante é a nossa salvação e pureza, ler livros "polémicos" não nos ajudam em nada e eu chego lá por uma auto-crítica, perguntando-me o que quero eu da vida, e chego eu mesmo à conclusão de que não devo ler o livro (ninguém me disse para não o fazer).

O que é que revela o facto de até hoje nunca ninguém te ter falado "mal" do livro (ou seja, não ver nele "mal" nenhum)?

E o que achas disso, a partir do momento em que passas a conhecer aquilo que o livro trata e as suas intenções?

Será que, com tanta leitura heterodoxa, chegas a saber discernir os erros com que te andaste a "entreter"? (tretas = en-treter) :o)

Curiosamente, até estamos a falar de um livro que pode conduzir muita gente à droga e outros vícios: a alienação vivida por muitos adolescentes hoje em dia, pela "inexistência" de referências seguras, abatidas pelas falsas ideologias e mentiras que vêm com o secularismo, o relativismo, o nihilismo (na ausência do bem, abre-se caminho para o mal).

A quantidade de artigos que coloquei procede de alguns autores, poucos, mas são espelho de uma sociedade Católica muito mais responsável que a nossa, pelos vistos. E não há exagero nenhum se os leres verás que são perspectivas diferentes sobre os erros e as influências negativas do livro.

E sim, trata-se de um livro. Que é lido por muita gente. Que na sua maioria não terá oportunidade de corrigir os seus erros e ficará com esses preconceitos latentes. É disso mesmo que estamos a falar. Sim, trata-se de um livro que não serve para nada e mais valia não ter sido escrito, apesar de, como todas as heresias, ter despertado um maior ressurgimento da proclamação do Catolicismo. "O que é um livro, uma novela?" Acho que nem percebes a desvalorização que estás a fazer do património cultural em geral e da influência das ideias anti-católicas na vida das sociedades... Mesmo as novelas *têm* de ter qualidade...

O problema é que, enquanto lês Dan Brown e Hans Küng, não lês ou relês os Documentos Pontifícios (até hoje não se vê a Humanae Vitae nesta página), não lês, sei lá, entre todos os escritos dos Santos e tantos apologistas actuais, qualquer um da seguinte lista, por exemplo: [www.catholicauthors.com]

Será por "serem apenas palavras" que por vezes dizes, frequentemente em tom satírico, certas incorrecções? É porque as palavras nos entretêm? Pois... Estás a entender? (ainda que "não concordes") :o) Isso tem consequências, como certas "posições" tuas, que têm nessas leituras a sua origem, porque não travaste a tua atracção por elas.

Não vês o perigo? Achas que tens tudo controlado e tens tempo a perder nesta vida? Que faz sentido pagar por obras que pretendem afastar as pessoas da Igreja, só para estares "por dentro" da última "polémica"? O que as pessoas devem fazer, se o compram desconhecendo o seu conteúdo ou se lho oferecem, é manifestar o seu desagrado e devolvê-lo. Isso é o que faria um "Católico sem misturas", bem me parece.

A Bertrand merece sim uma carta dos Católicos mais exigentes que lhes compram livros. Edita livros de George Weigel, entre outros, e depois isto... Temos de nos habituar a esperar coisas decentes das editoras, mais devemos exigir quando as mesmas já editaram bons livros Católicos e se formos clientes delas.

Já agora, esse artigo que citei tem vários links e a maioria deles são muito úteis (particularmente os que falam do Gnosticismo).

P.S.: Falei de ti como falaria de muita gente, não te estou a "apontar o dedo", mas é verdade o que digo, por isso espero uma resposta responsável de ti.

Abraço,
João Oliveira

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:20

depois de tanta publicidade vopu comprar o livro. se bate n opus day deve ser divertido.
Obrigado joca pelas informações

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:21

João:

Não me leves a mal, mas acabas por fazer uma publicidade notável ao livro. A verdade é que todos os dias vejo nos transportes públicos pessoas a ler esse livro... Este livro só ganha com as polémicas... O segredo do código chama-se "money"...

Alef

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:26

João:

Não perguntei ao Luís a razão pela qual a Humanae Vitae não está neste portal, mas presumo que seja por falta de uma tradução livre de direitos de autor/tradução. Queres oferecer esse trabalho?

Alef

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:36


Alef, se reparares bem estou a fazer mais "publicidade" aos seus antídotos. :o) A influência do livro não iria deixar de aumentar se não existissem aqueles que escrevem artigos a desmanchá-lo, nem mesmo livros inteiros, ou um "João Oliveira" a escrever o que aqui escrevo.

Se as pessoas realmente prestarem atenção ao que estou a dizer, não precisarão de comprar o livro. Eu, por mim, não deixarei de fazer o que puder para as pessoas estarem avisadas e terem acesso às correcções de tão ignóbil obra.

Por isso, estando alertadas, as pessoas farão o que "quiserem", mas em verdade não se pode deixar passar que uma pessoa sequer fique a pensar que a maior parte do que o livro diz seja verdade, ao contrário de invenções ou distorções.

A boa fama das Letras fica corrompida por este tipo de "literatura", a sã leitura dá lugar ao entretenimento fútil e descabido.

Com fenómenos tão visíveis como este, e vivendo nós numa sociedade de informação, espero que finalmente as pessoas se apercebam disto, do que lhes faz bem e do que lhes faz mal e sejam realmente livres para optarem pelo melhor...

João Oliveira

P.S.: Taliban, desculpe lá a falta de paciência para a sua falta de respeito, mas vá dar uma volta ao Iraque a ver se eu lá estou... e fique por lá a ajudar quem mais precisar. (Opus "Day"??)

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:42


Alef, suponho que os Documentos que se encontram em [www.vatican.va] sejam do domínio público, não? Ainda que se faça o mínimo, de colocar o título do Documento na lista da página do Paroquias.org mas com o link para a página do Vaticano...

Acho mal é que uma lista tão reduzida de Documentos permaneça assim praticamente estagnada há tanto tempo, quando lhe falta tanto...

Se for preciso alguma coisa em especial, podem manifestar a vossa vontade, falando comigo, que tentarei estar disponível.

João Oliveira

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:56

Tens razão, João. Em tempo busquei esse documento em português no site do Vaticano e não o encontrei (apenas noutras línguas); pensei que assim continuava. Estás dispensado do trabalho de tradução! ;-) E obrigado pela dica.

Alef

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 02:59


Uma reflexão que vem sempre a propósito... Para além dos esoterismos, da falsa gnose, dos relativismos, dos nossos pequenos focos de felicidade "absoluta", para além de uma humanidade que se esconde de Deus e O ofende, está este mundo real em que é preciso viver sem limites, como diz Evelyn Waugh:


Conversion is like stepping across the chimney piece out of a Looking-Glass world,
where everything is an absurd caricature,
into the real world God made;
and then begins the delicious process of exploring it limitlessly.

-- Evelyn Waugh

[www.catholicauthors.com]

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 12 de May de 2004 21:45

João,

Para começar, uma citação do cardeal Ratzinger que ajuda a compreender a razão da importância que eu dou à minha consciência.
Citação:
'Above the pope as an expression
of the binding claim of church authority
stands one's own conscience,
which has to be obeyed first of all,
if need be against the demands of church authority.
'

Joseph Ratzinger, 1968
Penso que sobre obediência à Igreja, pouco mais há a dizer.
O Index já foi abolido pela própria Cúria Romana. Se tivesse assim tantas virtudes, teria sido eliminado? Decerto que não.

Eu não suspeito de tudo o que a Igreja me diz. Muito pelo contrário. Não suspeito de quase nada do que a Igreja me diz, mas tenho que compreender para acreditar. Como diria S. Agostinho: «Intellige ut credas». Ora, se não conheço como posso querer compreender? Só aquilo que os outros me dizem pode não ser suficiente para eu conhecer e compreender. Por vezes tenho que ser eu próprio a fazer o caminho para conhecer e chegar a compreender.

A leitura que tu chamas de heterodoxa é importante para o crescimento na fé. Já li livros de algumas correntes de pensamento católico, e das mais diversas religiões e isso enriqueceu-me muito. Ajudou-me, entre outras coisas, a perceber aquilo que os "outros" pensam e porque pensam assim. Até hoje, não sinto que tenha perdido a capacidade de discernir o que é certo ou o que é errado. Muito pelo contrário! Posso-te dar um exemplo. Li todos os livros da série "Conversas com Deus". O Livro 1 foi o livro mais rápido que li até hoje: duas noites. Achei muito bom e recomendo-o a todo o católico adulto na fé. Já tinha lido muitos livros católicos e cristãos, mas foi este livro, de inspiração New Age, que me mostrou que Deus é verdadeiramente Amor de uma forma como nenhum outro tinha sido capaz. É claro que o livro tem aspectos (erros) com os quais não concordo e são incompatíveis com o Cristianismo: entre outras coisas, abusa do sincretismo e não considera a existência de pecado - tudo são opções das pessoas. Mas mesmo não sendo cristão, o livro tem as suas virtudes, e se o leitor souber separar o trigo do joio, poderá ser proveitosa a leitura. Neste momento, por ter lido o livro, consigo elaborar uma crítica cristã sobre o livro. Poderia ter lido milhares de opiniões e críticas de jornalistas católicos, mas não teria comparação com o ler o próprio livro.

Achas mesmo que a leitura do livro "O Código de Da Vinci" pode "pode conduzir muita gente à droga e outros vícios?

Dizes uma coisa com a qual concordo e digo-te porquê: «A quantidade de artigos que coloquei procede de alguns autores, poucos, mas são espelho de uma sociedade Católica muito mais responsável que a nossa, pelos vistos.» É assim nos Estados Unidos porque os Leigos têm uma participação na Igreja como provavelmente em mais nenhum outro país. Porque o envolvimento dos leigos se faz a todos os níveis: metade dos professores e professoras dos cursos de Teologia são leigos.

Bem, ainda não li Dan Brown. E não tenho lido apenas Hans Küng. Tenho lido também Karl Rahner, Walter Kasper e Karl Barth, entre alguns outros, embora não muitos porque o tempo é curto, e participar aqui no Fórum não me tem deixado muito tempo livro, o que também é um bom sinal :-)

Para terminar, a "Humanae Vitae" não se encontra publicada no Paroquias.org como muitos outros documentos da Igreja, e alguns deles bem recentes, não por qualquer discriminação, mas por decisão editorial. Após a primeira fase de tratamento de textos, concluímos que tínhamos perdido algo importante: os itálicos dos textos (que destaquem ideias importantes). A razão que nos levou a publicar aqui os documentos foi a centralização no Paroquias.org dos recursos mais importantes para os católicos e porque no site do Vaticano o texto aparece por completo dificultando a leitura. Todavia, não queremos fazer "concorrência" a ninguém. E como os documentos já se encontram publicados no site do Vaticano, temos investido noutros projectos. Em breve, tentaremos revitalizar essa secção mantendo-a actualizada, mas teremos que republicar todos os documentos, para aproveitar os itálicos. Iremos substituir o formato investindo na funcionalidade de pesquisa para ter algum valor acrescentado em relação ao texto completo já disponível no site do Vaticano. Acho que ter aqui uma cópia exacta do que existe no site do Vaticano, não vale a pena.

Luis

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Taliban (IP registado)
Data: 13 de May de 2004 10:10

Õ Index já foi eleiminado. pra o joão isso é um drama.

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 16 de October de 2004 19:07

Se algo de positivo trouxe o "caso Código Da Vinci", isso vejo-o no facto de muita gente começar a interessar-se por Cristologia (!). Tenho recebido várias mensagens de amigos meus preocupados ao ver "tremer" alguns pontos da sua fé... Ainda bem que algo os espicaçou!

Por outro lado, há outros que, preocupados, elaboram textos e mandam cria-se agora "spam anti-Da Vinci" ;-) Recebi um destes e-mails, que me parece bastante bom (com uma ou outra gralha)... Tem a vantagem de estar em português, bastante ordenado, apesar de longo. Se alguém sentir necessidade, pode copiar e -- sem criar mais SPAM! -- enviar a quem precisar. Também por isso o deixo aqui.

Alef

O Código de Da Vinci - um best-seller mentiroso


Na bibliografia da novela de Brown os livros sérios de história ou de arte escasseiam, prevalecendo as para-ciências, o esoterismo e as pseudo-histórias conspirativas, num livro onde o Vaticano é visto como um monstro.

O Código de Da Vinci é uma novela de ficção anti-católica que está a ser um êxito de vendas em todo o mundo. Com mais de 30 milhões de exemplares vendidos, traduzida em 30 idiomas e com os direitos para filme vendidos à Columbia Pictures e ao director Ron Howard (sendo Russell Crowe o actor principal), trata-se de um acontecimento próprio da cultura de massas. Os protagonistas vêm-se envolvidos num thriller de aventura, decifrando a simbologia secreta numa pintura de Leonardo Da Vinci. E a mensagem transmitida no livro é a seguinte:

1) Jesus não é Deus: nenhum cristão pensava que Jesus era Deus até que o imperador Constantino o deificou no concílio de Niceia (ano 325).

2) Jesus teve como companheira Maria Madalena; os seus filhos, portadores do seu sangue, são o Santo Grial (sangue de rei), fundadores da dinastia Merovíngia em França (e antepassados da protagonista do livro).

3) Jesus e Maria Madalena representavam a dualidade masculina-feminina. Os primeiros seguidores de Cristo adoravam "o sagrado feminino"; esta adoração ao feminino está oculta nas catedrais construídas pelos Templários, na secreta Ordem do Priorato de Sião - a que pertencia Leonardo Da Vinci - e em mais mil códigos culturais secretos.

4) A malvada Igreja Católica, inventada por Constantino no ano de 325, perseguiu os tolerantes e pacíficos adoradores do feminino, matando milhões de bruxas na Idade Média e no renascimento, destruindo todos os evangelhos gnósticos que não gostavam, deixando apenas os quatro evangelhos que lhes convinham. Nesta novela, o maquiavélico Opus Dei trata de impedir que o segredo seja descoberto, ou seja, que Graal é o filho de Jesus e Madalena e que o primeiro deus dos "cristãos" gnósticos era feminino.


Impressionante é o facto deste livro não estar a ser vendido como uma novela de história-ficção do passado ou de uma Europa imaginária. O Código Da Vinci está a ser vendido como suposto resultado de investigação histórica e um trabalho sério de documentação. Numa nota escrita no início do livro, o autor Dan Brown declara : "todas as descrições de arte, arquitectura, documentos e rituais secretos feitas neste romance são fidedignas". Como veremos, isto é falso: os erros, as invenções, as deturpações e as simples confusões abundam por todo o romance. A pretensão de erudição cai por terra quando se analisa a bibliografia utilizada: os livros sérios de história ou de arte escasseiam, prevalecendo as para-ciências, o esoterismo e as pseudo-histórias conspirativas.

Isso não impede a imprensa de louvar o "trabalho histórico" que existe por detrás do livro. Por exemplo, o Chicago Tribune maravilhava-se pelo facto de o livro conter uma "história fascinante e documentada especulação que serviria para vários doutoramentos."; o New York Daily News referia que "a sua investigação é impecável"; o crítico do El Periódico de Catalunya (12/12/2003), Ramon Ventura, referia que "interpretar a novela como um panfleto anti-cristão é não perceber a ideia do livro: um relato de aventuras por espaços pouco conhecidos da história, onde se combinam os mistérios da religião com os enigmas da arte"; Dan Brown escreve com a paixão e a erudição de Matilde Asensi no El Último Catón".

Aránzazu Sumalla, responsável pela edição em Espanha, e que encontrou uma mina de ouro para a sua pequena editora "Umbriel" (O Código Da Vinci vende 2 400 livros por dia em Espanha, e nos primeiros 50 dias vendeu 125 000 exemplares), não entende que a página web do Opus Dei critique negativamente o livro, que apresenta o Opus Dei como uma seita destrutiva disposta ao assassínio e outras técnicas mágicas, com o detalhe de que o assassino Silas é numerário e levava um cilício. Segundo a editora "trata-se de uma obra de ficção". Mas Dan Brown, na sua página web, diz bem claro que não escreveu só um romance cheio de despropósitos para se divertir: "como comentei antes, o segredo que revelo sussurrou-se durante séculos. Não é meu. É certo que pode ser a primeira vez em que o segredo se revela com formato de um thriller popular mas, a informação veiculada não é nova. A minha sincera esperança é que O Código Da Vinci, para além de entreter toda a gente, sirva como uma porta aberta para que comecem as investigações.

O resultado é que as vendas de livros pseudohistóricos sobre a Igreja, os evangelhos gnósticos, a mulher no cristianismo, as deusas pagãs, entre outros dispararam: o site Amazon.com é o primeiro beneficiado, vendendo o Código Da Vinci juntamente com livros de pseudohistória neopagã, femininista radical e New Age. A ficção é a melhor forma de educar as massas, e disfarçada de ciência (história da arte e das religiões, neste caso) engana bem os leitores. De facto, os leitores acabam sempre por reter algumas ideias de uma calúnia, sendo que a influência é tanto maior quanto mais o autor conseguir convencer acerca da veracidade das suas fontes e dos dados que utilizou.


Constantino inventou o cristianismo?

Toda a base histórica de Brown assenta sobre um facto: o concílio de Niceia do ano 325. Segundo a sua tese, antes desta data, o cristianismo era um movimento muito aberto que aceitava "o divino feminino", que não via Jesus como Deus, que escrevia muitos evangelhos.

Neste ano, de repente, o imperador Constantino, um adorador do culto - masculino - ao Sol Invicto apoderou-se do cristianismo, desterrou a "deusa", converteu o profeta Jesus num deus-heroi solar e montou uma estratégia à maneira estalinista para fazer desaparecer os evangelhos que não gostava.

Para qualquer leitor com alguma cultura histórica, esta hipótese revela-se absurda, pelo menos, por duas razões:

1 - Temos textos que demonstram que o cristianismo antes do ano 325 não era como diz a novela e que os textos gnósticos eram tão alheios aos cristãos como são actualmente as publicações New Age: parasitários e externos.

2 - Inclusivamente, se Constantino tivesse pretendido alterar desse modo a fé de milhões, como poderia fazê-lo num concílio sem que se dessem conta não só milhões de cristãos como centenas de bispos? Muitos dos bispos de Niceia eram veteranos sobreviventes das persiguições de Diocleciano, e traziam sobre o seu corpo as marcas da prisão, da tortura e dos trabalhos forçados por manterem a sua fé. Iriam deixar que um imperador mudasse a sua fé? A resistência cristã a ser assimilados como mais um culto? Acaso não era essa a causa das perseguições desde Nero? De facto, se antes de 325 o cristianismo tivesse sido tal como o descrevem as personagens de Brown e muitos neognósticos actuais, nunca haveria sofrido perseguições já que se teria encaixado perfeitamente com tantas outras opções pagãs. O cristianismo foi sempre perseguido por não aceitar as imposições religiosas do poder político e proclamar que só Cristo é Deus, com o Pai e o Espírito Santo.


Jesus é Deus?

Na novela, o personagem do historiador inglês Teabing afirma que em Niceia se estableceu que Jesus era "o Filho de Deus". Uma vista de olhos aos evangelhos canónicos, escritos quase 250 anos antes de Niceia, mostra cerca de 40 passagens onde se menciona a Jesus como Filho de Deus. O que Brown está a fazer é copiar de um dos livros pseudohistóricos que mais plagiou para fazer o seu best-seller, Holy Blood, Holy Grial, no qual se afirma que "em Niceia decidiu-se por voto que Jesus era um deus, não um profeta mortal".

A verdade é outra. Os cristãos sempre consideraram que Jesus é Deus e assim figura nos Evangelhos e nos escritos cristãos muito anteriores a Niceia. Por exemplo, e para desgosto de mormons, Testemunhas de Jehová ou muçulmanos (três credos actuais que negam que Jesus era Deus) podemos ler como Tomás disse ao ver a Jesus ressuscitado:

[João 20,28] Ho Kyrios mou ho Theos mou (Meu Senhor e Meu Deus)

Ou em Romanos 9,5: carta ditada por S. Paulo a Tércio em casa de Gayo, em Corinto, no Inverno de 57 a 58 d.C: "deles [dos judeus] são os patriarcas, e como homem surgiu de entre eles o Cristo, que é Deus, e está acima de todas as coisas".

Ou em Tito 2,13: "esperamos que se manifeste a glória do grande Deus e salvador nosso Jesus Cristo".

Ou em 2Pedro1,1: "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, a aquelos que pela justiça do nosso Deus salvador Jesus Cristo receberam uma fé tão preciosa como a nossa".

E saíndo dos Evangelhos temos os textos de alguns Padres da Igreja muito anteriores a Niceia:

"Pois nosso Deus, Jesus Cristo, foi segundo o desígnio de Deus, concebido no ventre de Maria, da estirpe de David, mas pelo Espírito Santo" [Carta aos efésios de S. Inácio de Antioquía, c.35-c.107 d.C].

"Se tivesses entendido o que foi escrito pelos profetas, não terias negado que Ele [Jesus] era Deus, Filho do único, não gerado, insuperável Deus" [Diálogo com Trifão, S. Justino Mártir, c.100-c.165 d.C].

"Ele [Jesus Cristo] é o santo Senhor, o Maravilhoso, o Conselheiro, o Formoso em aparência, e o Poderoso Deus, vindo sobre as nuvens como juiz de todos os homens" [Contra os herejes, livro 3, S. Ireneu de Lyon, c. 130 -200 d.C].

"Só Ele [Jesus] é tanto Deus como Homem, e a fonte de todas as nossas coisas boas" [Exortação aos gregos, de S. Clemente de Alexandria, 190 d.C].

"Só Deus está sem pecado. O único homem sem pecado é Cristo, porque Cristo também é Deus" [A alma 41:3, por Tertuliano, ano 210 d.C].

"Posto que [o Filho] era Deus, tomou carne; e tendo sido feito homem, permaneceu como era: Deus" [As doutrinas fundamentais 1:0:4; por Orígenes, c.185-c.254 d.C.].

Estas citações - e muitas outras - demonstram que os cristãos tinham clara a divindade de Cristo muito antes de Niceia. De facto, em Niceia o debate era sobre os ensinamentos de Arrio, um sacerdote herético de Alexandria que desde 319 ensinava que Jesus não era Deus, mas um deus menor. De cerca de 250 bispos, apenas dois votaram a favor da posição de Arrio, enquanto que o resto afirmou o que hoje se recita no Credo, que o Filho de Deus foi gerado, não criado e que é da mesma natureza (substância, homoousios) que o Pai, ou seja, que Deus Filho é Deus, da mesma maneira que Deus Pai também é Deus, um mesmo Deus mas diferentes Pessoas. Apesar desta unanimidade dos padres conciliares, o historiador Teabing diz na novela que Cristo foi "designado Deus" por uma estreita margem de votos!


Um historiador que não sabe História

Teabing também diz uma série de coisas sobre como o cristianismo inventado por Constantino não era mais que paganismo. "Nada no cristianismo é original", diz a personagem. Escrevemos em baixo sublinhadas as afirmações d'O Código Da Vinci e a seguir comentamos cada uma.

-"Os discos solares egípcios converteram-se em auréolas de santos católicos." A arte cristã tem que expressar conceitos bíblicos, como as caras luminosas de Moisés (no Sinai) e de Jesus (na Transfiguração). Para isso usam um recurso comum, as auréolas ou nimbos que já usava a arte grega e romana. Os imperadores romanos, por exemplo, aparecem nas moedas com cabeças radiantes.

-"Os pictogramas de Isis a amamentar o seu milagroso bebé Horus foram o modelo para as imagens da Virgem Maria com o Menino Jesus." A imagem de uma mãe a amamentar é comum a egípcios, romanos, aztecas ou qualquer cultura que represente a maternidade. Ísis, nos primeiros séculos da nossa era, já não era uma deusa popular da agricultura egípcia, mas um culto mistérico de tipo iniciático para elites greco-romanas, culto que não incluia os rituais sexuais que tanto aprazem ao autor. Os artistas cristãos, à hora de representar Maria com Jesus (uma mãe com um filho), usaram os modelos artísticos da sociedade em que estavam.

-"A mitra, o altar, a doxologia e a comunhão, o acto de comer a Deus, foram tomados directamente de religiões pagãs mistéricas anteriores." A mitra dos bispos dificilmente pode estar inspirada em religiões misteriosas antigas: não aparece no Ocidente até meados do século X e no Oriente não se usa até à caída de Constantinopla em 1453.

O altar é - como o próprio cristianismo - de origem judia, não pagã. Há 300 referências a altares no Antigo Testamento. O altar dos sacrifícios do Templo de Jeresualém é o ponto de referência do judaísmo antigo e do simbolismo cristão. Não tem nada a ver com cultos pagãos.

A doxologia (doxa=glória; logos=palavra) não é mais do que a oração do Glória: "Glória a Deus nas alturas e na Terra paz aos homens; louvamos-Te, bendizemos-Te, adoramos-Te" usa linguagem puramente cristã, com conceitos trinitários e utilizando continuamente passagens dos Novo Testamento. Nada tem a ver com cultos mistéricos pagãos.

A comunhão e "comer a Deus": parece que nos níveis superiores do culto a Mithras existia uma refeição sagrada de pão e água ou pão e vinho. Não há dados que indiquem que os mitraístas considerassem que nessa comida "comiam um deus" nem nada semelhante. Novamente, a origem de benzer e partilhar o pão é judia, como explica com detalhe Jean Danielou no seu estudo A Bíblia e a Liturgia. Parece que Jesus instituiu a Eucaristia cristã durante uma chabourá, uma refeição sagrada judia. Não há relação com cultos mistéricos pagãos.

-"O Domingo, dia sagrado cristão foi roubado aos pagãos" Falso. Desde o princípio, os cristãos viram o dia depois do Sabbath, ou seja, o primeiro dia de cada semana, como o mais importante, dia da sua reunião. Já o faziam na época de S. Paulo (ver Actos 20,7: "E no primeiro dia da semana, quando estávamos reunidos para partir o pão." ou 1 Cor 16,2, quando Paulo pede para reunir as colectas e os dízimos no primeiro dia da semana".

Danielou, n'A Bíblia e a Liturgia dedica todo o seu capítulo 16 a falar do "oitavo dia", com citações de Inácio de Antioquia, da Epístola de Barnabás, da Didake, todos autores dos finais do século I e princípios do século II. Todos falam do "dies domenica" (dia do Senhor). S. Justino, pelo ano 150 d.C. é o primeiro cristão a usar o nome latino de Dia do Sol para referir-se ao primeiro dia da semana.

Já no concílio de bispos hispanos de Elvira em 303 d.C. proclamou-se: "Se alguém na cidade não vem à igreja três Domingos seguidos será excomungado um tempo curto para que se corrija. Só 20 anos depois, em 321, Constantino declara oficialmente o Domingo como dia de descanso e abstenção de trabalho. Ou seja, o Domingo é uma "invenção" cristã, que posteriormente adoptou a sociedade civil, e não uma festa pagã roubada por cristãos, precisamente o contrário do que diz a novela de Brown.

-"Também ao deus hindu Krishna, recém nascido, se ofereceu ouro, incenso e mirra" Extraído, segundo parece, do livro de pseudohistória The World's Sixteen Crucified Saviours, [Os 16 Salvadores do Mundo Crucificados] escrito por Kersey Graves em 1875, e criticado inclusivamente por ateus e agnósticos, ainda que muito popular e copiado na Internet. Graves não dá nunca documentação das suas afirmações. Esta do ouro, incenso e mirra parece simplesmente uma invenção. Na literatura hindu não sai em nenhum lado. O Bhagavad-Gita (s.I d.C.) não menciona a infância de Krishna. Nas histórias sobre o menino Krishna do Harivamsa Purana (cerca de 300 d.C) e de Bhagavata Purana (cerca de 800-900.dC.) também não aparecem presentes.

-"O deus Mithras, nascido a 25 de Dezembro como Osíris, Adonis e Dionísios, com os títulos "Filho de Deus" e "Luz do Mundo", enterrado na rocha e ressuscitado três dias depois inspiraram muitos elementos do culto cristão".

Na realidade, a festa pagã de 25 de Dezembro em Roma foi inventada pelo Imperador Aurélio em 274, muitos anos depois dos cristãos latinos celebrarem 25 de Dezembro como festa do nascimento de Cristo.

Ainda que na novela falem de Mithras como um deus "morto, enterrado na rocha e ressuscitado 3 dias depois", esta afirmação não aparece em nenhum texto nem tradição antiga sobre Mithras. Segundo parece é outro dos empréstimos retirados do panfleto de Kersey Graves em concreto do capítulo 19. Evidentemente, Graves não dá documentação.


Gnosticismo ao serviço do feminismo radical

Porque é que o mundo vai tão mal, há guerras, violência e contaminação? A resposta do feminismo radical e d'O Código da Vinci é simples, a culpa é do cristianismo que é machista:

"Constantino e os seus sucessores masculinos converteram com êxito o mundo desde o paganismo matriarcal até à cristandade patricarcal mediante uma campanha de propaganda que demonizou o sagrado feminino, eliminando a deusa da religião moderna." Como consequência, "A Mãe Terra converteu-se num mundo de homens, e os deuses da destruição da guerra levam o seu tributo. O ego masculino passou dois milénios sem equilibrar-se pela sua balança feminina. Uma situação instável, marcada por guerras alimentadas com testosterona, uma plétora de sociedades missógenas e uma crescente falta de respeito pela Mãe Terra".

Isto ter-se-ia evitado se se tivesse seguido o "cristianismo" gnóstico, alguns de cujos grupos e tendências consideravam o divino como masculofeminino, relações harmónicas de opostos (ying-yang), ou inclusivamente andrógino. Jesus - segundo os gnósticos do século II e os newagers feministas do século XX - necessita um oposto feminino que o complete; a a sua consorte seria Maria Madalena. E uns documentos que o avalem: os evangelhos apócrifos, textos gnósticos imaginativos sem base histórica.

Enquanto que os evangelhos canónicos são do século I, nenhum texto gnóstico é anterior ao século II. Muitos são do século III, IV ou V. A meados do século II a Igreja já tinha claro que os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João eram os inspirados pelo Espírito Santo e só duvidava no canon de dois ou três textos. É falsa a ideia da novela de que em 325 com Constantino, de entre "mais de 80 evangelhos considerados pelo Novo Testamento", só se escolheram 4: estes quatro já estavam seleccionados 200 anos antes, como lemos nos textos de Justino Mártir (150 d.C.) e de S. Ireneu.

N'O Código Da Vinci há material de muitos tipos: new age, ocultismo, teorias conspiratórias, neopagãos, wiccas, astrologia, empréstimos orientais e ameríndios. Mas o cocktail gnósticofeminista é a base do livro. Há pouca invistigação verdadeira sobre o Santo Graal mas muita sangria.

Assim, cita-nos um texto que existe de verdade, o evangelho de Maria Madalena, uma obra gnóstica tardia, escrita por autores de uma seita gnóstica fora do cristianismo. Nele, Maria beija Jesus na boca e isso causa a inveja dos apóstolos. Segundo Teabing, o historiador da novela, "Jesus é o primeiro feminista. Atendia a que o futura da sua igreja estivesse nas mãos de Maria Madalena".

O que ninguém cita é o versículo 114 do famoso texto gnóstico Evangelho de Tomás, aonde Jesus diz que Ele fará de Maria Madalena "um espírito vivente" que se pareça a vós, homens. Porque cada mulher que se faça a si mesma homem entrará no reino dos céus". O gnosticismo antigo é reciclado por antagonistas da Igreja actual, mas para isso vão recusar algumas coisas do gnosticismo antigo, que na verdade era machista, elitista, desprezava o corpo e tudo o que era material e é difícil de vender como "o autêntico cristianismo".

Assim, o entusiasmo do autor pelos "ritos de fertilidade", que tanto admiram - e praticam - os protagonistas, não tem nada a ver com a fertilidade, obviamente, mas com o prazer sexual. É um sinal dos tempos, mas também uma herança gnóstica e cátara: gerar, dar vida a novos corpos, é mau. Precisamente o contrário do cristianismo! Sexo sem concepção. É de esperar que a próxima novela trate da clonagem, ou seja, de concepção sem sexo.


Outros muitos erros

Sandra Miesel, uma jornalista católica especializada em literatura moderna popular, não pôde deixar de fazer uma lista de erros variados do livro, como por exemplo, a sua "impecável" documentação.

a) Diz-se que o planeta Vénus move-se desenhado um pentagrama, o chamado "pentagrama de Ishtar", simbolizando a deusa (Ishtar é Astarté, ou Afrodite). Ao contrário do que diz o livro, a figura não é perfeita e não tem nada a ver com as Olimpíadas. As Olimpíadas celebravam-se cada quatro anos e em honra de Zeus, nada tendo a ver com os ciclos de Vénus nem com a deusa Afrodite.

b) O novelista diz que os cinco anéis das olimpíadas são um símbolo secreto da deusa; a realidade é que quando se desenharam para as primeiras olimpíadas modernas o plano era começar com um e ir acrescentando um anel em cada edição, mas ficaram pelos cinco.

c) Na novela apresenta-se a comprida nave central e ôca de uma catedral como um tributo secreto ao ventre feminino, com as nervuras como pregas sexuais, etc. Está retirado do livro de pseudohistória The Templar Revelation, onde se afirma que os templários criaram as catedrais. Evidentemente isso é falso: as catedrais foram encomendadas pelos bispos e os seus cónegos, e não pelos templários. O modelo das catedrais era a igreja do Santo Sepulcro ou as antigas basílicas romanas, edifícios rectangulares de uso civil.

d) O Priorato de Sião realmente existe, é uma associação francesa registada desde 1956, possivelmente originada após a II Guerra Mundial, embora reclamem ser herdeiros de maçons, templários, egípcios, etc. Não é crível a lista de Grão-Mestres que dá a novela: Leonardo Da Vinci, Isaac Newton, Victor Hugo.

e) A novela diz que o tetragramatão YHWH, o nome de Deus em letras hebraicas, vem de "Jehová, uma união física andrógina entre o masculino Jah e o nome pre-hebreu de Eva, Havah". Pelos vistos, ninguém explicou a Brown que YHWH (que hoje sabemos que se pronuncia Yahvé) começou a pronunciar-se "Jehová" na Idade Média ao interpolar-se entre as consoantes as vogais de "Adonai".

f) As cartas de tarot não ensinam doutrina da deusa; inventaram-se para jogos de sorte no século XV e não adquiriram associações exotéricas até aos finais do século XVIII. A ideia de que os diamantes do baralho francês representam pentáculos é uma invenção do ocultista britânico A.E. Waite. Que dirão os exotéricos do baralho espanhol com as suas copas - símbolos sexuais femininos - e as suas espadas - símbolos fálicos, quiçá como os garrotes?

g) O Papa Clemente V não eliminou os templários num plano maquiavélico nem deitou as suas cinzas ao Tibre: o Tibre está em Roma e Clemente V não, porque foi o primeiro papa em Avignon. Toda a iniciativa contra os templários foi do rei francês, Filipe, o Formoso. Maçons, nazis e agora os neognósticos pretendem ser herdeiros dos templários.

h) A Mona Lisa não representa um ser andrógino, mas a Madonna Lisa, esposa de Francesco di Bartolomeo del Giocondo. Mona Lisa não é um anagrama dos deuses egípcios Amón e Isa (Ísis).

i)Na última ceia de Leonardo, não aparece o cálice e aparece o jovem e elegante S. João, o discípulo amado. A novela diz que o jovem é na realidade Maria Madalena, e que ela é o Graal. A verdade é que não aparece o cálice porque o quadro está a descrever a última ceia tal como é descrita no Evangelho de S. João, sem instituição da Eucaristia, e mais em concreto quando Jesus avisa "um de vós me atraiçoará" (Jo 13,21).

j) A novela diz que Leonardo recebeu muitos encargos da Igreja e "centenas de lucrativas comissões vaticanas". A realidade é que Leonardo passou pouco tempo em Roma e praticamente não lhe encomendaram qualquer trabalho.

k) A novela apresenta Leonardo como homosexual ostentoso. Na realidade, ainda que na sua juvetude tenha sido acusado de sodomia, a sua orientaçãosexual não está de todo clara.

l) A heroína, Sophie Neveu, usa o quadro de Leonardo "A Madonna das Rochas" como um escudo e aperta-o tanto ao seu corpo que se dobra: é assombroso, porque se trata de uma pintura sobre madeira, não sobre lenço, e de quase dois metros de altura.

m) Segundo os protagonistas da novela, "durante trezentos anos a Igreja queimou na estaca a assombrosa cifra de cinco milhões de mulheres". Este é um número repetido na literatura neopagã, wicca, new age e feminista radical, embora noutras webs e textos de bruxaria actual se fale de nove milhões. Os neopagãos necessitam da sua própria "shoah".

Quando vamos a historiadores sérios, calcula-se que entre 1400 e 1800 foram executadas na Europa entre 30000 e 80000 pessoas por bruxaria. Nem todas foram queimadas. Nem todas eram mulheres. E a maioria não morreu nas mãos de oficiais da Igreja, nem sequer de católicos. A maioria das vítimas foi na Alemanha, coincidindo com as guerras de camponeses e protestantes do século XVI e XVII. Quando uma região mudava de denominação, abundavam as acusações de bruxaria e a histeria colectiva. Os tribunais civis, locais e municipais eram especialmente entusiastas, sobretudo nas zonas calvinistas e luteranas. De qualquer forma, a bruxaria foi perseguida e castigada com a morte por egípcios, gregos, romanos, vikings, etc... O paganismo sempre matou bruxos e bruxas. A ideia do neopaganismo feminista de que a bruxaria era uma religião feminista precristã não tem base histórica.

E poder-se-ía continuar a dissecar os erros e os simples enganos deste best-seller mentiroso. Para não falar da sua qualidade literária. Mas vale a pena tanto esforço por uma novela? A resposta é que sim: para milhares de jovens e adultos, esta novela será a seu primeiro contacto com a história antiga da Igreja, uma história regada pelo sangue dos mártires e a tinta dos evangelistas, apologetas, filósofos e Padres. Não seria digno dos cristãos do século XXI ceder sem luta nem resposta ante o neopaganismo, o espaço que os cristãos dos primeiros séculos ganharam com a sua fidelidade comprometida a Jesus Cristo.

Notas do Autor

Para este artigo utilizei muito material de Carl Orlson, um dos responsáveis pelo magnífico site [www.envoymagazine.com]
Para quem leia inglês recomendo a visita de [www.envoymagazine.com] e de todos os seus links sobre as relações entre cristianismo, gnosticismo e paganismo.
Fonte: ACI [www.aciprensa.com] -
[www.aciprensa.com]

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 10 de November de 2004 13:20

Já agora um "alerta": no próximo dia 18 de Novembro, 5ª feira, à noite, vai ser apresentada uma Conferência sobre este tema pelo Pe (Prof) Carreira das Neves, no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa.

Assim que tenha uma maior concretização, enviarei para o Paróquias mais informação para a notícia.

João (JMA)



Editado 1 vezes. Última edição em 10/11/2004 13:30 por JMA.

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de November de 2004 17:40

Bem, já confirmei.
O título da Conferência é "O Código da Vinci - da ficção à realidade", e o conferencista é o Pe. Joaquim Carreira das Neves.
Ele é autor de 3 livros (que eu conheça) sobre Cristo:
- Jesus de Nazaré, Quem és Tu?
- Jesus Cristo, História e Fé
- Jesus Cristo, História e Mistério

Penso que é dos melhores especialista sobre Cristo, pelo que certamente a conferência será muito interessante.

É no Centro Cultural Franciscano que se situa ao lado do Convento da Luz, no Largo da Luz, nº 11. O telefone é o 217140515. É a mesma entrada do Externato da Luz.

João (JMA)

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: trento (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 00:04

Quem lá for que depois tente de certa maneira colocar as conclusões / aspectos mais relevantes da interessantíssima conferência, dado que eu não sou de Lisboa nem de perto. Fico-vos eternamente agradecido, dado que gosto bastante das intervenções do Pe. Joaquim Carreira das Neves e ainda por cima numa temática, em que nós cristãos andamos diáriamente a levar "porrada" por causa desse livro, pelo menos falo por mim.




«Que a paz esteja convosco»
Fernando Cassola Marques

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 09:25

Eu tenciono lá ir.

Poderei perguntar-lhe se tem algum texto base para a conferência que possa disponibilizar para distribuir, por exemplo juntamente com a Newsletter do Paróquias.

Se acharem que vale a pena, digam (quer dizer, escrevam aqui no fórum).

João (JMA)

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: trento (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 10:18

Eu estou interessado, e mais uma vez ficava eternamente agradecido.
Sinceramente esta temática está a interessar-me bastante, dado as interpelações que diáriamente sou alvo e também porque o tema é engraçado.

«Que a paz esteja convosco»
Fernando Cassola Marques

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 10:49

Eu acho que vale a pena e se puder ser, óptimo!

Cassima

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 15:53

Sim vale a pena.

Susete

Re: O Código Da Vinci: uma novela anti-católica
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 19 de November de 2004 10:18

A Conferência foi um sucesso.

Falei com o organizador da conferência sobre o texto para distribuir com a newsletter. Achou boa ideia e disse-me que nesse caso iria pedir ao Pe Carreira das Neves para rever o texto (ao que percebi estava manuscrito e ainda incompleto) e depois nos daria acesso à versão final.

Na próxima semana estarei com ele e vou insistir no assunto.




João (JMA)

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