Fóruns Paroquias.org
paroquias.org

  A participação no Fórum Paroquias.org está condicionada à aceitação das Regras de Funcionamento.
Inteligência Espiritual
Fóruns Paroquias.org : Arquivo - Geral

 

Ir para tópico de discussão: AnteriorPróximo
Ir para: Lista de fórunsLista de mensagensNovo tópicoPesquisarEntrar
Ir para a página: 123Próximo
Página actual: 1 de 3
Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Catarina (IP registado)
Data: 14 de January de 2003 23:51

Quanto às Testemunhas de Jeová... gostava de saber uma coisa.
Porque é que eles se recusam a receber e a dar sangue?

E os católicos? Que dizem? Dar e receber sangue? SIM OU NÃO? Porquê?

Um abraço na paz de Cristo

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de January de 2003 00:27

Catarina,

Quanto aos católicos, diria melhor, quanto aos Cristãos (sim, porque as Testemunhas de Jeová não são Cristãos), não vejo qualquer fundamento teológico para que não possam dar ou receber sangue. Claro que podem (e devem) dar sangue. Como vem no Evangelho: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13) Ora, para que serve o sangue senão para dar ou manter a vida de alguém?

«Foi com isto que ficámos a conhecer o amor: Ele, Jesus, deu a sua vida por nós; assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.» (1 Jo 3, 16) Como dizem os anúncios: dar sangue é dar vida.

Pena é que alguns Cristãos se choquem com a tomada de posição pelas Testemunhas de Jeová, mas depois não contribuam como dadores de sangue.

Luis

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 15 de January de 2003 01:00


Concordo, Luís. Penso que não existe preocupação moral com isso e esses versículos explicam bem como os transplantes também são legítimos, nesse sentido.

As Testemunhas de Jeová acreditam que o sangue É a vida (acho que o retiram do AT), mas a ciência já compreendeu que a vida é muito mais a circulação do sangue que este em si mesmo.

Atenção que esse assunto não é unânime entre as Testemunhas de Jeová (mas também, nem eles sabem muitas vezes aquilo em que acreditam) e têm havido entre eles movimentos de reforma em relação a essa questão.

Eles não são cristãos porque (além de não serem católicos) não aceitam a divindade de Cristo.

Posso perguntar porque é levantaste esta questão, Cristina? Andaram a bater-te à porta? ;o)

Acho bem essa interpelação, Luís! Assenta-me que nem uma luva! :o)

A paz,
João

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Ana Amorim (IP registado)
Data: 15 de January de 2003 09:17

Dar sangue é um acto de amor, talvez mesmo um dos maiores actos de amor que possamos ter para com o próximo.

Quanto às Testemunhas de Jeová:

. Não dão nem recebem sangue

. Não ingerem alimentos que contenham sangue (tipo chouriço de sangue)

. Acho que até nem comemoram os aniversários de nascimento

. Acreditam que, depois de morrer, hão-de voltar à Terra...


Enfim...


Anna

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Catarina (IP registado)
Data: 16 de January de 2003 00:20

Bem... :) Eu não sou Cristina... Sou Catarina... E depois, João... deves ter algum problema em fixar nomes, não?

Surgiu-me esta dúvida não porque me tivessem andado a bater à porta.. (aliás.. não sei pq, já há muito q não o fazem...)

É que uma pessoa minha conhecida teve q levar umas quantas transfusões de sangue, senão... enfim... E lembrei-me.. olha se fosse Testemunha de Jeová... Nada de especial... ficou-me só a matutar...

Acho que eles se baseiam na Nova Aliança do Antigo Testamento que Deus fez com a Humanidade... mas daí a serem tão radicais.. não sei... quis só satisfazer uma dúvida...

acho q não faz grande sentido... depois daí.. veio Cristo que é a mais recente Aliança de Deus com o Homem. Ou estarei enganada?

Um abraço na paz de Cristo...

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 17 de January de 2003 01:56


E tenho mesmo! :o)) Mas esta é um bocado imperdoável, já que o teu nome estava ali!!

Mas porque perguntas isso?

Não existe uma "Nova Aliança" no Antigo Testamento... Existia a Aliança de Deus com o povo hebreu, o povo de Israel, que foi conduzida à perfeição por Cristo. Esta é a Nova e Eterna Aliança. Não há nem haverá outra.

Que a paz esteja contigo... CATARINA! ;o)

João

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Catarina (IP registado)
Data: 20 de January de 2003 16:10

Pois... calculei... Já tinhas confundido João Amaral com Freitas do Amaral...

E depois... Cristina com Catarina.... Quer dizer... :)

Mas estás perdoado!!! :)))

Beijocas...

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 14:41

Outro tópico que tem hibernado... «Resgato-o», aproveitando uma notícia do «Público» de hoje.

Em tempos, este tema deu muita polémica, noutro tópico deste fórum e algumas mensagens, sobretudo entre as primeiras, são bastante interessantes, mesmo que alguns «links» já estejam desactualizados.

Alef


Citação:
Comissão de Ética vai pronunciar-se sobre transfusões em Testemunhas de Jeová

Parecer não é vinculativo, mas poderá servir de guia para os estabelecimentos face aos doentes que recusam receber sangue alheio

As práticas nos hospitais quando à recusa de transfusão de sangue por parte de doentes que são Testemunhas de Jeová são muito variáveis. O parecer que é hoje votado na Comissão de Ética para as Ciências da Vida (CNEV) não é vinculativo, mas pretende servir de guia de orientação, refere a sua presidente, a jurista Paula Martinho da Silva.

A proibição de tranfusões a estes pacientes coloca vários problemas éticos aos hospitais, tanto que a elaboração do parecer sobre esta temática resultou do pedido de uma unidade hospitalar portuguesa, sem ser para analisar uma situação clínica em concreto. É que as formas de agir têm sido muito diferentes, consoante as situações, e não existem directrizes internacionais uniformes e aplicáveis em cada país sobre a matéria, acrescenta.

Um tema sensível que preocupa a comissão é a questão dos menores. Uma das pessoas ouvidas por este órgão foi a então directora do Departamento de Pediatria do Hospital Amadora-Sintra e presidente da Comissão Nacional da Saúde e do Adolescente, Maria do Céu Machado.

Paula Martinho da Silva afirma que, perante a objecção dos pais à tranfusão sanguínea dos filhos, tem sido prática corrente o pedido do hospital ao tribunal de inibição temporária do poder paternal, durante o tempo da operação. Como existe uma articulação com o Ministério Público, esta prática é rápida e é a mais comum, junta.

Raul Josefino, representante da Associação das Testemunhas de Jeová, afirma que o despacho do tribunal é pedido por uma questão de segurança por parte dos médicos, que tentam sempre respeitar a posição de consciência deste grupo religioso, usando alternativas à transfusão.

Já nos adultos "não há aplicação uniforme", explica a jurista que preside à comissão de ética. Perante a recusa expressa do doente em ser transfusionado, "ou se respeita a vontade do paciente e não se faz a transfusão" ou "faz-se a transfusão contra a vontade do paciente". Paula Martinho da Silva refere que os 20 membros da comissão vão também pronunciar-se sobre as situações em que as pessoas não estão conscientes, não podendo dar o seu consentimento, e são os seus familiares que tomam a decisão de impedir a transfusão.

Há médicos portugueses que se recusam a operar quando há a recusa de transfusão pelo paciente, afirma um médico contactado pelo PÚBLICO que preferiu não se identificar. Mas o problema é quando não existem opções de outros clínicos mais receptivos, em pequenos hospitais.

O representante das Testemunhas de Jeová, cujos serviços de informação hospitalar foram ouvidos pela comissão, afirma que não se têm verificado muitos conflitos, porque há "clínicos disponíveis para fazer tratamento sem sangue". "Às vezes, um médico diz que não consegue fazer [um acto médico] sem transfusão e há outros que dizem que podem fazer sem transfusão", acentua.

A prática tem sido a de pedir sempre uma segunda opinião médica, um direito que é consagrado aos utentes do Sistema Nacional de Saúde, explicita. As Testemunhas de Jeová tentam encontrar um médico receptivo no hospital onde deram entrada, mas já tem havido situações em que é preciso haver transferência para encontrar um médico que aceite esta prática. "Há médicos que estão dispostos a analisar o caso".

O parecer da comissão vai ser enviado para o hospital que o pediu e divulgado em conferência de imprensa e no site do conselho.

Catarina Gomes
«Público», 2005-06-27



Proibição assenta em textos bíblicos


As Testemunhas de Jeová afirmam que certos textos bíblicos proíbem o "povo de Deus" de alimentar-se com sangue. Os seguidores desta crença estendem a proibição à administração de sangue por qualquer via, incluindo por transfusão, "ainda que esteja em jogo a vida do paciente".

O grupo religioso justifica-se com as passagens bíblicas do Génesis ­- "Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis" ­- e do Levítico (um dos livros do Antigo Testamento) ­ - "Gordura nenhuma nem sangue jamais comereis". Excluem-se tanto a transfusão do sangue total como dos seus componentes. Cada Testemunha de Jeová é portadora de um cartão/declaração médica que informa que não se lhes deve dar sangue em nenhuma hipótese, podendo escolher alterativas médicas às transfusões. Quando são internadas num hospital, preenchem também uma declaração de isenção de responsabilidade do clínico em relação àquele acto médico em concreto.

«Públco», 2005-06-27


Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 15:52

Não me parece que o que está em causa seja a verdade ou não dos textos biblicos e sua interpretação. Num estado laico tais questões não se pôem. Podem por-se sim e penso que é aqui que a questão se pode e deve pôr, quais os limites do estado. Será licito ao estado sobrepor-se á vontade de uma familia, do seu sentir, da sua fé?
Devemos por de parte qualquer simpatia ou antipatia pelas Testemunhas de jeová neste caso concreto.
Será licito ao estado, sobrepor-se á vontade de uma familia, da sua fé? Não será isso uma forma encapotada á maneira do Império Romano de exercer o seu poder?
Não estou a defender os Testemunhas de Jeová, mas questiono-me com que autoridade o estado impôe, decide em questões intimas....
Ha um ano um hospital deste pais quis intentar uma acção semelhante, contra uma familia cuja a esposa gravida indiciava malformações no feto e se recusou a abortar. Os medicos teimavam que tinham o direito de impor a sua vontade á familia que rejeitava terminantemente o aborto, sabendo de todas as consequencias dos seus actos.
Felizmente o conselho de Etica do hospital entendeu parar.
Uma consequencia do Iluminismo... a Teocracia do Estado. Laico, mas teocratico.
Onde começa a liberdade dos cidadãos? Não seremos capazes de decidir por nós? Cheira-me a maoismo eivado de doutrinas norte coreanas...

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 17:49

Caro Moisés:

Acho que é possível debater esta questão com menos rótulos e com mais serenidade.

Coloquemos aqui o caso de um menor cujos pais recusam uma transfusão de sangue... Colocar a questão se se deve ou não salvar a vida da criança é uma questão de estado mais ou menos laico? Temo que haja algum despropósito nessas formulações.

Acho que, em vez de arrastarmos para aqui a polémica de outro tópico, podemos colocar a questão noutros termos.

Nesta questão, surge-me imediatamente à mente o seguinte episódio do evangelho de S. Marcos (destaques meus):
Citação:
Novamente entrou na sinagoga. E estava lá um homem que tinha uma das mãos paralisada. Ora eles observavam-no, para ver se iria curá-lo ao sábado, a fim de o poderem acusar. Jesus disse ao homem da mão paralisada: «Levanta-te e vem para o meio.» E a eles perguntou: «É permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou matá-la?» Eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e magoado com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão.» Estendeu-a, e a mão ficou curada. (Mc 3,1-5)
Tenha-se presente uma das chaves de leitura deste texto: para muitos fariseus o mandamento da guarda do sábado era o mandamento mais importante. Jesus mostra claramente que o mandamento maior é o do amor, que passa também por salvar a vida do outro. Aqui reside a nova Lei. Não é precisamente esta oposição o que se passa nos casos de transfusão de sangue? Não estamos perante o enquistamento farisaico num elemento da lei, que impede de ver o mais importante? Se Jesus mostrou que aquele que era considerado o mais importante dos mandamentos, a saber, o sábado, se submetia em importância ao mandamento do amor, por que razão as Testemunhas de Jeová insistem na mesma lógica que Jesus combateu?
Portanto, não há que demonizar a questão da laicidade do estado por tudo e por nada. Vejamos, antes de mais, esta questão do ponto de vista teológico-religioso (a questão «hermenêutica» dos textos bíblicos) e dos problemas éticos que coloca ao pessoal médico.


«Traduzindo»:

a) do ponto de vista teológico-religioso colocam-se perguntas tão «simples» quanto estas:

- é justificável a leitura literalista da Bíblia neste caso (ignorando o significado histórico do sangue), quando as próprias Testemunhas de Jeová admitem, em alguns casos, que a Bíblia não pode ser lida literalmente?

- como dizia acima, a proibição de comer sangue, juntamente com a guarda do sábado, não foi claramente «superada» por Jesus Cristo e pelos primeiros cristãos?

- mesmo admitindo como «eterna» a proibição de comer sangue, é legítimo estender essa proibição para o caso das transfusões»? É a transfusão de sangue um acto «fágico» ou «hemofágico»? Claro que não; o sangue da transfusão não é alimento.


b) do ponto de vista ético, colocam-se problemas muito importantes para o pessoal médico. Por exemplo:

- é eticamente justificável abstermo-nos de intervir quando se trata de salvar a vida de uma pessoa?

- dar aos pais/tutores a faculdade de decidir pela transfusão de sangue ou não de um doente pode significar na prática decidir a vida ou a morte do mesmo doente... Acaso são esses que tutelam o doente donos do destino dessa pessoa? Não acabam eles por fazer de Deus, mas ao contrário, quando o que dizem é que não querem desobedecer a Deus? Têm os pais o direito a decidir sobre a vida ou morte dos filhos?

Parece-me que estas questões se põem em todos os lugares, quer aí o Estado seja laico, confessional ou teocrático...

Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 27/06/2005 18:48 por Alef.

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 18:23

Caro Alef

Não me parece que falta serenidade ao meu discurso. Não me parece que o Tribunal vá analizar a questão sobre o ponto de vista evangélico.
Há com efeito duas questões aqui a debater:

1º O Direito do Estado a sobrepor-se à vontade das pessoas
2º O Direito a impôr uma determinada concepção religiosa a outros.

Do ponto de vista do estado laico, tal como este impôe limites ás varias religiões no seu agir na sociedade, tambem as várias religiões devem zelar para que a laicidade não imponha as suas normas como obrigatórias.
Sendo eu Catolico Apostolico Romano, não deixo de concordar em absolto com o que o Alef defende. Do ponto de vista de uma Etica Cristã, está repleto de razão, os Testemunhas de Jeová estão fora da esfera dos ensinamentos de Crsito. Mas pode o estado obrigá-los a estar? Pode o estado obrigar alguem a aceitar uma leitura alegórica do Antigo testamento?
Claro que não.
O Estado deve ser posto no seu lugar, esse é o meu ponto de vista, sob pena de acontecer em Portugal as mesmas barbaridades que aconteceram em França, onde os muculmanos não se podem manifestar pelo uso de roupas. Uma muçulmana não pode ir a escola de Burka porque o estado ateu o impede.

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 22:45

"1º O Direito do Estado a sobrepor-se à vontade das pessoas "

Claro que o Estado tem o direito de impor a sua autoridade aos cidadãos.

Num EStado de Direito Democrático o Estado exerce o seu poder /Autoridade através dpos orgãos e instituições próprias...
sI, O esTADO, "tem o direito de se sobrepor á vontade das pessoas"... SE não, ninguém cumpria as regras de trãnsito nem pagava impostos....



2º "O Direito ( do Estado) a impôr uma determinada concepção religiosa a outros. "

Num Estado de Direito Democrático existe liberdade de religião é é o único sistema político que assegura a total liberdade religiosa , donde não é possível o EStado impor aos cidadãos qualquer concepção religiosa, seja de que tipo for.

Mas há limites á liberdade religiosa e práticas privadas da religião, que derivam das Leis de um Estado de Direito Democrático.

Por exemplo, os assassínios rituais religiosos / exorcismos não são admissíveis num país democrático e laico ( São CRIME) ; nem certas práticas religiosoas são admissíveis porque contrárias aos direitos humanos e á dignidade das pessoas ( como a coação ou mutilação por motivos religiosos- SÂO CRIME ) , nem certas práticas religiosas são admissíveis porque colocam em risco a saúde e a vida das pessoas ( por exemplo a prática de mutilação genital feminina por motivos religiosos) - CRIME , nem o Homicídio de pessoas por falta de assistência médica é admissível, por motivações religiosas...

Sobretudo quando essas pessoas são bebés, crianças ou adolescentes e pode existir a remotíssima hipótese de haver pais que prefiram ver morrer os seus fillhos a eles serem submetidos a transfusões sanguíneas ..
..


Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 22:53

"Uma muçulmana não pode ir a escola de Burka porque o estado ateu o impede. "

E eu acho muito bem: Da mesma forma que um traficante de pessoas não pode andar livremente pela rua com os escravos acorrentados atrás.
Ou os estudantes não devem entrar numa escola pública armados com uma metralhadora simbólica ou uma granada religiosa símbolo da jiade..... Ou com símbolos nazis ..

Acho muito bem.
Foi uam grande conquista em frança , e, os resultados da lei têm sido fortemente positivos.

Mas fiquei chocadíssma ao encontara recentemente numa das ruas mais cosmopolitas de Paris, sob um sol tórrido, uma mulher fantasma de burka negra, com uma máscara de metal, um horror medieval ambulante, um símbolo da tortura.




Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 23:15

Cara Catolicapraticante,

Dizes que achas muito bem «Uma muçulmana não pode ir a escola de Burka porque o estado ateu o impede.». Onde está o direito à liberdade religiosa? Estamos a falar de uma peça de roupa. Não estamos a falar de armas de fogo.

Se um estado proibe um judeu de usar aquela pequena peça de pano que se coloca na cabeça (e não me lembro o nome), por se tratar de um símbolo religioso, afinal de contas, onde estão os tão apregoados valores do laicismo, nomeadamente, a liberdade?

É que isto é uma profunda contradição com aquilo que escreves na mensagem anterior «Num Estado de Direito Democrático existe liberdade de religião e é o único sistema político que assegura a total liberdade religiosa, donde não é possível o Estado impor aos cidadãos qualquer concepção religiosa, seja de que tipo for.» Pelos vistos impõe! Impõe o ateísmo no vestuário. Se eu sou cristão e não posso andar com um crucifixo ao peito. Se sou judeu e não posso usar um símbolo com milénios de tradição. Se fosse muçulmana e não pudesse usar uma peça de roupa da minha tradição religiosa, onde está a total liberdade religiosa assegurada pelo estado democrático?

Luis

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 23:37

Ainda que estejamos a fugir ao tópico, parece-me importante referir que a questão das peças de roupa, símbolos identificatórios de determinadas religiões, sejam elas quais forem, é neste momento uma questão colateral em França. Na realidade o assunto prende-se com uma outra questão, a violência e insegurança nas ruas, provocada pelo elevado número de imigrantes, na sua grande maioria oriundos do Magrebe e ex-colónias francesas, e portanto na sua esmagadora maioria muçulmanos. O que estava a contecer em França, em especial em Paris, era a segregação dos sujeitos, devido á diferença, o que chegava a provocar violência e insegurança. Como o estado francês não conseguiu resolver este problema, provocado pela intolerância à diferenciação, optou pela via legal, isto é tudo por atacado, cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, e assim por diante.

Imaginem o diálogo entre um dirigente francês e um dirigente religioso muçulmano, em que o 1º diz ao 2º que, os elementos da sua comunidade não podem circular em determinados bairros a determinadas horas, pois isso pode ser considerado provocatório! Isto seria o mesmo que criar guetos dentro da cidade, então a melhor opção foi esta, homogeneizar as culturas. Lembrem-se que a realidade francesa é um pouco diferente da nossa, neste momento, existem em Paris, mais imigrantes magrebinos e das ex-colonias do que cidadãos franceses (já a contar com imigrantes portugueses de segundas e terceiras gerações, pois esses estão nacionalizados).
Pessoalmente não acho que tenha sido uma má opção, acontece que foi mal explicada e muito mediatizada ….sempre pela negativa, claro!

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 27 de June de 2005 23:53

Claro, que mediante esta opção a questão da liberdade religiosa surge em força, mas é um preço colateral que o Estado está disposto a pagar.

Contudo, e apesar de não me parecer uma opção politica totalmente má, a verdade é que colocou em causa a Liberdade Religiosa, se isso um dia acontecer em Portugal, esse será um dia muito triste…por isso o melhor é mantermo-nos assim, amenos e sã convivência com as outras culturas!

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 28 de June de 2005 01:25

Imensas contradições aqui surgem.
1º Quem é o estado? A maioria? E as minorias? Para que escolheram então o Engenheiro Guterres para esse cargo pomposo? Para ajudar as minorias a aceitar as imposições da maioria?
2º As doutrinas Marxistas-Leninistas aqui expressas exarcebando o papel do estado - dominado pela classe progressista - a quem cabe a tarefa de educar o povo, contrasta com a democracia defendida aqui. Parece quase um paradoxo - a Ditadura da Democracia.
Todos aceitamos que para nós ocidentais a Burka é uma coisa medonha. Não temos é o direito de impor esse conceito aos muçulmanos.
Numa recente entrevista, Osama Bin Laden, acusa o ocidente de querer banir com os simbolos e cultura muculmana. Por isso ele não cruzará os braços.
Confesso cara catolicapraticante que este tipo de discurso é tipico de uma cultura como a portuguesa, fechada ao mundo durante 48 anos, que não consegue conviver com outras culturas em igualdade.
Os estados unidos, dão-nos um execelente exemplo de convivio cultural. O melting Pot americano resulta da aceitação dos Judeus, dos cristãos, dos muculmanos etc.
Aquilo que hoje se critica da Inquisição, está o estado laico a querer fazer. Uma Inquisição Laica, quem violar os principios do laicismo é preso. Os muçulmanos tem de violentar a sua consciencia para viverem em França. A tony traz uma abordagem muito importante a esse tema. Porque os primeiros ideologos dessa lei, foram os senhores da Frente Nacional de jean Marie Le Pen. é uma lei racista e xenofoba que visa levar a que os muçulmanos voltem para os seus paises de origem.
Espanta-me defenderem tal lei. Não tarda ainda somos convidados para as manifs....
Estamos a fugir do tema é verdade.
O tema começa com uma lacuna legal, e como não existe legislação sobre o assunto que possa ser cumprida, há que recorrer aos tribunais.
Teremos nós o direito a impor a alguem um coisa que a violenta? Para um Testemunha de Jeová receber sangue significa afastar-se de Deus. Pior que a morte.
Terá o estado o direito de o fazer?
Há uns anos atrás - poucos - havia estados nos EUA em que a homosexualidade era proibida pelo estado. Nem em casa, privadamente. A policia podia invadir a casa sem mandato. Seria isso legitimo? Era o estado.

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de June de 2005 01:48

A Burka não é uma mera peça de vestuário.

Tem um profundo significado simbólico, não apenas religioso.

Em termos de intensidade e significado, tem precisamente o mesmo impacto simbólico que uma arma de fogo, um símbolo Nazi ou as marcas de queimadura que os escravos ostentavam pra identificar os seus proprietários.

Significado este que se traduz na violência contra as mulheres, num estatuto de total ausência de direitos, numa ideologia em que as mulheres não são seres humanos.

A Burka ( ou o lenço árabe- uma versão reduzida da burka) é uma marca de pertença, é verdadeiramente um estigma, na acepção d eGoffman - um sinal exterior de que se pertence a uma casta inferior, uam marca externa de ostracização.

A Burka, simbolicamente , em França, tem ainda outra conotação - o violento confronto contra aos valores democráticos dominantes na sociedade francesa ( Democracia, liberdade , autonomia e a noção de que as mulheres são cidadãs de pleno direito), a recUsa violenta destes valores e a afirmação do fundamentalismo islãmico.


Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 28 de June de 2005 01:59

Então estamos de acordo. A mulher muçulmana pode e deve usar a Burka porque no estado democratico frances em que a mulher é cidadã, pelo simples facto de desejar usá-la, porque na sua liberdade, entendeu que a quer usar. Se entender que não deve usar, ninguem a pode obrigar.
Muito bem.

Re: Sangue? Sim ou não?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de June de 2005 02:17

Luís:

Não existe qualquer contradição no que afirmei.

A Democracia é o único sistema Político em que existe liberdade religiosa. Mas, repito, há limites á liberdade religiosa e a práticas privadas da religião, que derivam das Leis de um Estado de Direito Democrático.

Os Muçulmanos em França, gozam de toda a liberdade religiosa porque vivem num Estado Laico.

Já um cristão francês não terá essa liberdade se for viver para um estado confessional muçulmano.

De igual forma, se a Frarnça fosse ums Estado confessional cristão, seria impossível os muçulmanos terem liberdade religiosa.

Podem seguir o seu culto, rezar livremente, até na na rua, fazer a suas cerimónias e ter os seus objectos de culto e usar os seus símbolos religiosos.

As mulheres imigrantes muçulmanas, em frança, podem andar na rua vestidas da maneira que quiserem ( ou que os seus donos deixarem)

Podem usar Burka e trazer máscaras de metal, podem pintar o cabelo de roxo, e usar mini-saia ( coisa que não podem fazer nos seus países de origem), podem usar decotes até ao umbigo e piercings , podem usar maquilhagem exuberante ou podem até trazer vestidos até aos pés e os cabelos tapados como as freiras carmelitas

Em França, são livres. ( Os seus cárceres são privados)

Só nas escolas públicas francesas é que não são permitidos trajes religiosos.

E eu acho muito bem.

Nas escolas públicas todas as pessoas são obrigadas a seguir determinadas normas de vestuário. É normalíssimo. AS pessoas não podem ir de Bikini ou vestidos de palhaço para uma sala de aula, ou com um traje nazi ou vestidos com uma armadura medieval, só porque isso corresponde a uma opção livre que até pode ser influenciada por motivações religiosoas... Porque haveriam d epoder ir vestido de burka num país ocidental, qundo o significado simbolico dess vestuário é um atentado aos valores da democracia?

Num espaço público como a Escola é normal haver normas e valores que são comuns.

Um dos valores fundamentais na sociedade francesa - é a ideia de que todos os seres humanos são iguais em direitos e em cidadania.

Dái que não seja permitido utilizar simbolos nazis ou símbolos religiosos ( mesmo se sob a forma de vestuários) se esses símbolos significam a violência contra as mulheres, a afirmação de um estatuto de total ausência de direitos das mulheres ou numa ideologia em que as mulheres não são sequer seres humanos .


Dái que a burka, véus e símb9los religiosos sejam proibidos.

No Contexto em causa, concordo em absoluto.

Ir para a página: 123Próximo
Página actual: 1 de 3


Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.