Começo este "post", com um atrevimento meu: A primeira comunidade cristã, criada por Jesus não foi formada por 12 apóstolos, mas por 13. Maria, para mim não é o 13º, mas o primeiro e verdadeiro discípulo.

E vejamos:

1. Aparição do Anjo Gabriel a Maria - A determinada altura, Ela perturbou-se com as palavras do Anjo e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. E ela termina com uma pergunta: Como se fará isso, pois não conheço homem?
Dava-se ínicio de uma longa vida, o seu "sim" prolonga-se até às nossas vidas. Sem a aceitação de Maria, nós não teríamos tido a oportunidade de receber o Plano de Salvação. Já calcularam as consequências do seu "sim" na sua e nas nossas vidas?
O que significa este “sim”? Que compromisso foi este?

2. A vida de Maria juntamente com o Seu Filho - Maria, intermediário que leva a Jesus. Humildade – “Fazei tudo o que Ele vos disser" Exemplo de entrega e de serviço. Simultaneamente, ela não se sobressai. A vida dela é de uma simplicidade que me incomoda.

Maria é o retrato perfeito da bem-aventurança que Cristo proclamou: “Felizes sim os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.” (Lc 11,28) – Modelo de existência – Bem-aventura és tu que creste.

Pureza de coração – quanto mais limpida e transparente for a nossa vida, mais aumenta a capacidade de nos abrirmos ao Amor de Deus – “o que tem as mãos limpas e o coração puro” ( Salmo 24, 4 )

3. Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus - O sim dela não se resume a um só facto: o de ter concebido o Filho de Deus. Mas, sim uma vida em crescimento com e para Jesus. E crescer não é fácil. Crescer pressupõe mudança, desenvolvimento, sofrimento, amor...
Quando Jesus foi cruxificado Maria poderia já não estar viva, é uma realidade, mas estava lá levando até às ultimas consequências o seu incalculável Amor pelo Seu Filho e por nós.

Reparem com é e será a relação de Deus, no seu Amor, para cada um de nós: Primeiro Ele entregou-nos o Seu Filho e a seguir o Filho entrega-nos Sua Mãe.

Quem é Maria para ti?


Abraços,
Nuno Branco 25 anos

Xiii Nuno... que tema tu foste buscar ;-) [Eu explico...] Bem, parece que vamos conseguir ultrapassar as 70 mensagens do outro tópico.

Em primeiro lugar, tenho que dizer a todos os que por aqui passam e lêem este fórum que sou católico, sempre me considerei católico, e não tenho qualquer problema em afirmar que estou de acordo com a doutrina católica.

Contudo, não concordo com o papel ou a importância que alguns católicos atribuem a Maria! E por vezes, entre amigos, Maria tem sido assunto de acessa discussão. Lembro aqui a última discussão que tive em Assis com o meu amigo Nuno Jorge (um abraço para ele se aqui passar), mariano convicto, que já não sabia o que nos havia de dizer, a mim e a outro amigo, Hermínio, que tal como eu, não se considera muito mariano.

Não me considero muito mariano, pela simples razão que me considero cristão, e para mim, Maria foi e é, apenas a mãe de Jesus Cristo. Considero que teve um papel importante no seu 'Sim' a Deus, mas Maria não está no centro da fé cristã. Como já tive oportunidade de dizer noutra mensagem, a fé cristã centra-se na Santíssima Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo - e em três princípios fundamentais:
- A Divindade de Cristo;
- Salvação pela Graça de Jesus;
- Ressurreição de Cristo.

Como resumo da minha fé cristã (e de qualquer cristão), temos o <a href=http://www.paroquias.org/oracoes/index.php3?vinc=orac&vsec=CMN&vid=4 target=_blank>Credo de Niceia-Constantinopla</a>, e a referência que é feita no Credo é apenas: "E encarnou pelo Espirito Santo, \ No seio da Virgem Maria. \ E se fez homem." E é nisto que eu acredito.

Quando dizes que Maria foi a primeira díscipula de Cristo, compreendo o teu atrevimento, pois, na minha opinião isso está longe de o ser. Não que Maria não concordasse com o testemunho ou a vida de Jesus Cristo, seu Filho, mas apenas porque nas Escrituras não é feita referência a Maria como "seguidora" de Jesus Cristo. Senão teríamos muitos outros exemplos de outros discípulos que não apenas os doze.

Acredito nas aparições de Fátima, e de Lurdes, como muitas outras, mas isso não faz com que devamos considerar Maria como um ser divino como Deus Pai, Jesus Cristo ou o Espírito Santo. Por vezes, até parece que os católicos se esquecem que não é Maria, ou Nossa Senhora de Fátima que faz os milagres, mas apenas Deus. Não vou tão longe, como aquele indivíduo (que acho que ainda se considera padre) que afirma que Fátima é um culto pagão! Não, não o considero como tal! Considero sim como um culto a um santo, como a Santo António, S. Pedro, ...

Um dos argumentos que costumo contrapor a determinada onda mariana que por vezes invade alguns católicos, é a referência a S.Pedro. S. Pedro, para mim, tem um papel por vezes menosprezado na nossa Igreja se compararmos com o de Maria, afinal foi Pedro que reconheceu o Messias em Jesus Cristo, foi a Pedro que Jesus Cristo lhe disse para edificar a Igreja (por vezes ainda me pergunto porque chamamos a Maria a Mãe da Igreja...). Quando dás o exemplo do sofrimento de Maria ao acompanhar o seu filho, não podes esquecer o sofrimento de Pedro e dos outros apóstolos ao acompanhar o seu Mestre.

Já pensaste no que sentiu Pedro quando o galo cantou a terceira vez? Por vezes, também nós fazemos o papel de Pedro: Jesus Cristo avisa-nos que vamos falhar, nós afirmamos que não, e quando menos esparamos lá ouvimos o "galo cantar". Pedro é exemplo de dedicação Jesus; quer durante enquanto acompanhava Jesus Cristo, quer depois enquanto dava testemunho do que tinha ouvido e vivido. E termina a sua vida, sendo morto e crucificado por seguir Jesus Cristo. (Não fosse chocar alguns católicos mais conservadores e atrever-me-ia a perguntar-te como morreu Maria...).

Em resumo, acho que Maria tem um papel importante na fé cristã como Mãe de Jesus Cristo, mas não devemos exagerar na sua importância a ponto de a colocar no centro da fé cristã ou de igual importância como Jesus Cristo. Talvez por ver às vezes alguns exageros é que se calhar penso da forma que penso.

Respondendo à tua pergunta: a primeira discípula de Jesus Cristo é Maria Madalena. ;-)

Um abraço,
Lugo

P.S. Fico à espera de outras opiniões...

Antes de mais nada, vou me apresentar: eu sou ignorante. :)

Relativamente, àquilo que disseste vou fazer 3 breves comentários. (serão os suficientes)

1. "Bem, parece que vamos conseguir ultrapassar as 70 mensagens do outro tópico." - Tiveste piada. Aliás, eu parti para este debate relativo ao papel de Maria, sem qualquer tipo de intenção - e sei que não te referias a isso - até porque para Nossa Senhora é lhe totalmente indiferente, ter 70 ou 71. :)

2. "Maria não está no centro da fé cristã." - Maria não quis ser o centro, Ela quis encaminhar o povo a Jesus. E ainda, sentimos que Maria é mais belo instrumento para chegarmos à Santíssima Trindade. E repara na oração: "Santa Maria, Mãe de Deus". A identificação dela é eespecial....Mãe de Deus...bendita sois vós...

E a título de exemplo, olhemos para as Bodas de Caná. A humildade comovente "Eles já não têm vinho", repara como entre os homens e Jesus, Maria é o caminho para Ele, é o meio sagrado e não o fim. E mais adiante, acrescenta "Fazei o que ele vos disser". Maria é obediente aos Planos de Deus.

E pegado nas frases do Evangelista “Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros” (Mt 19, 30), volto a afirmar que Maria foi a primeira.

3. "(por vezes ainda me pergunto porque chamamos a Maria a Mãe da Igreja...)" Desta feita, vou até a S. João no Capítulo 19, no versículo 25. "Junto da cruz de Jesus estavam Sua Mãe, a irmã de Sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria de Magdala. Ao ver Sua mãe e junto dela, o discípulo que Ele amava, Jesus disse a Sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho". Depois disse ao díscipulo:"Eis a tua mãe". E desde aquela hora, o discípulo recebeu-A em sua casa.

Para terminar, afirmavas a determinada altura que "(...) Em resumo, acho que Maria tem um papel importante na fé cristã como Mãe de Jesus Cristo, mas não devemos exagerar na sua importância a ponto de a colocar no centro da fé cristã ou de igual importância como Jesus Cristo. (...)"

Sobre isso, nem ela - Maria - quer ser mais importante que Jesus Cristo.

Abraços,
Nuno Branco 25 anos

Concordo contigo quando dizes que Maria não pretende ser mais importante que Cristo, só que acho que por vezes alguns católicos esquecem-se disso. A questão da "Avé Maria" e a referência à "Mãe de Deus" é nitidamente uma alusão à Santíssima Trindade.

Na minha opinião, não entendo porque deveremos usar "um instrumento" para chegarmos à Santíssima Trindade quando podemos fazê-lo directamente.

Um abraço,
Lugo

"Na minha opinião, não entendo porque deveremos usar "um instrumento" para chegarmos à Santíssima Trindade quando podemos fazê-lo directamente."

Maria vem se apresentar, como instrumento para chegar a Deus. Mas, repara Maria vem oferecer-se, não se vem impor. Se tu chegas directamente à Santissima Trindade sem passar por Ela, óptimo.

Abraços,
Nuno Branco 25 anos

Quanto a chegar à Santíssima Trindade, não existem meios "directos".

Aliás, cada uma das pessoas é um meio para compreender as outras: por exemplo, se Cristo não nos tivesse revelado o Pai e o Espírito Santo, não os conheceríamos... Maria é colaboradora na redenção. Maria é efectivamente a Mãe da Igreja, pois é mãe de Deus em todas as formas em que alguém pode ser "mãe" de Deus: dando-lhe carne na mesma humanidade que a nossa. De facto, não podemos pensar que Cristo não foi bebé, que não rebentaram as águas a Maria, que ela não o amamentou, que ela não o protegeu, amou e ajudou a crescer, tudo isto ao mesmo tempo que se inquietava interiormente em reflectir sobre todas as coisas que lhe aconteciam, sabendo que estava a desempenhar o papel de Mãe de Deus. E Deus sabia desde sempre que aquela mulher, Maria seria quem daria corpo a Deus e desde sempre a criou para tal gloriosa missão. Ora, tal importância fala por si só. Pensem se isso tivesse acontecido convosco, serem Mãe de Deus, as coisas que não vos passariam pela cabeça... Maria meditava tudo isso no silêncio do seu coração, como várias vezes nos refere o Evangelho de Lucas. De facto, os primeiros capítulos de Lucas não têm nada a ver com o restante livro. Onde terá ele conseguido tais ensinamentos? Não foi ele que disse ter investigado bastante? Quanto aos relatos bíblicos, certamente que foram inspirados por aquilo que Maria ensinou aos Apóstolos, senão de que outro modo teriam eles conhecido o que se passou na infância de alguém que só conheceram em adulto?

Aconselho todos a lerem o fabuloso livro "O Silêncio de Maria" de Inácio Larrañaga, Edições Paulinas, bem como "O Evangelho Secreto da Virgem Maria", Paulus Editora, para terem a noção da importância real que Maria teve entre a primeira comunidade cristã dos 12 Apóstolos e na verdadeira intercessão que foi para eles, pelos ensinamentos que lhes transmitiu. Não conheceríamos tão bem a Jesus hoje não fosse pelo papel maternal de Maria. Não se esqueçam que também ela perdeu um filho, com toda ou mais dor que uma mãe pode ter com isso. Afinal, Jesus era o Filho de Deus. E Maria sabia e sofria com isso. Também de notar é o papel de José. A sua castidade também é exemplo para todos nós. Ele também sabia que apesar de tudo, era apenas o pai adoptivo de Jesus, a quem sempre teve como único filho. Imagino por vezes a relação entre os membros da Sagrada Família... Pensem nisso mas não inventem! Investiguem! Um primeiro passo seria ler esses dois livros.

Realmente, o culto mariano que é feito por esses santuários fora em nada dignifica o papel de Maria enquanto colaboradora na redenção, libertação, salvação de Jesus. E um dos factos que sempre me inibiram quanto à fé era as procissões tristes e o simbolismo mortificante e de velório ao qual se associam os peregrinos mais idosos. Mas passei por cima disso... Descobri pessoas cujo exemplo é para mim fonte de inspiração para a vida, e na partilha da fé enquanto sentido absoluto para tudo quanto fazemos da vida.

Encontrei pelo Carnaval em Fátima um grupo do Apostolado da Oração de Espanha, constituído por mais de uma centena de jovens e bastantes padres, cuja alegria e criatividade me estarreceu: os cânticos eram tão animados e criativos, as orações partilhadas tão profundas e a vivência da fé espelhada no seu rosto e postura orante (o nosso corpo é um "instrumento" de oração - também se ora com o corpo) eram tão autênticas que passei a olhar pela primeira vez a Maria despido dos preconceitos que me foram transmitidos pelo povo português e descobri como a realidade da Igreja tem, tão perto de nós, contornos tão diferentes e de fé autêntica e libertadora, de entrega...
Um dos cânticos versava: "Todo teu eu sou, Maria..." Isso tocou-me profundamente... Só visto, com toda aquela animação, criatividade jovem e autenticidade na fé.

Tudo o que nos ajude a compreender melhor o Nosso Libertador e Salvador é de muito útil. E aproveito para deixar claro que o amor que devemos ter a Maria não é opcional: é obrigatório compreendermos que sem ela nunca seríamos quem somos hoje. Não é só por ter aceitado a proposta de Deus, mas pela maneira singela e profundamente mística e divina como viveu a sua vocação. É exemplo para todos nós, dado que nunca seremos iguais a Cristo e temos apenas que nos contentarmos com a compreensão dos mistérios e a vivência culta de toda a intercessão com que podemos contar: a experiência de vida dos santos, desde os Apóstolos, como grandes fontes de sabedoria. Não se bebe a água viva senão com o balde que a eleva do oculto do poço, do mistério. Nós somos sucessores de uma grande comunidade de cristãos com os quais temos tudo a aprender... Eles são os nossos "baldes", que nunca têm furos. À medida que, tal como a samaritana, Cristo nos vai tocando e dilatando o nosso coração e a nossa capacidade de compreender o amor infinito que Deus tem por nós, temos cada vez mais sede dessa água viva, saciada com o profundo conhecimento e oração da vida de Cristo e da presença de Deus em todas as coisas, que nos é transmitida pela sucessão que herdamos enquanto membros da Igreja, com a qual aprendemos a viver.
Maria é, em verdade, a mais directa ligação que temos à Santíssima Trindade pois na sua vida vemos espelhada a maior experiência de fé e de amor a Deus que alguém teve... Alguém cuja ligação com Deus foi mais singular que todas as outras... Maria foi discípula de Cristo desde o momento da anunciação e por toda a sua vida testemunhou a realidade de Deus da forma mais próxima possível.

Maria ensina-nos a sermos filhos de Deus, pois foi Mãe do Nosso Irmão mais velho, Nosso Mestre, o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo. Compreender a importância de Maria é compreender a realidade de Deus nas nossas vidas, um Deus tão real que por sua iniciativa tem capacidade de gerar o Seu Filho num seio carnal... Quão especial não será esse seio?

Tornem Maria grande na vossa vida, conheçam-na, para compreenderem melhor a Deus. Da mesma forma como lêem as vidas dos Santos, leiam sobre a vida de Maria, que é o maior testemunho, para além de tudo o mais.

Que Cristo se torne sempre presente na vossa humanidade!
João

"O Evangelho Secreto da Virgem Maria", ainda não o li mas já ouvi os maiores elogios ao lirvo. Sem também que é baseado num evangelho apócrifo. Deve ser bem interessante.

Relativamente ao "Silêncio de Maria" é um dos 3/4 livros que ando ler. Tenho por costume ler mais do que um livro, em simultâneo.

Abraços.
Nuno Branco, 25 anos

Esse "Evangelho Secreto" é baseado nos escritos particulares de S. João, que acolheu Maria após a morte e ressurreição de Jesus.

Já agora, não sei o que aconteceu ao José, agluém me pode explicar o que aconteceu com ele durante a Paixão?

Acho que se podia aprofundar a sua vida também, mas talvez por falta de interesse meu é que não o faço, talvez seja até bem simples...

O facto é que com os escritos da época, descobrimos cada vez mais o quanto a Bíblia não explica e o porquê de considerarmos que a Tradição da sucessão apostólica é essencial. Afinal, a Bíblia não diz que livros fazem parte dela, nem diz que ela é a ÚNICA fonte para a doutrina...

Take care,
João