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a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 21 de March de 2006 01:53

As igrejas além de serem edificio religiosos têm valor cultural.
Como valorizar o seu significado e simbolismo religioso?

Muitas pessoas prestam culto aos santos mas algumas vezes há pessoas que prestam um culto que roça a idolatria.

Antigamente quando a maior parte da população não sabia ler as igrejas faziam de Bíblias de pedra, procurando transmitir um significado religioso.

Hoje dá-me a ideia de que muitas pessoas ignoram o simbolismo usado nas liturgias e na arquitectura das igrejas.

Como purificar a veneração aos santos?
Como melhorar a transmissão do simbolismo que a arquetectura das igrejas normalmente tem e colocar esse simbolismo ao serviço da fé?

Lembrei-me desta questão ao ler esta noticia:

[www.7arte.net]

Evangelho de Marcos para atletas das Olimpíadas de Turim
A Igreja Católica em Itália, através das dioceses de Turim, Pinerolo e Susa, resolveu oferecer aos participantes nas Olimpíadas de Turim uma edição do “Evangelho segundo S. Marcos”, distribuído nas paróquias, alojamentos e hotéis da capital. Esta edição do Evangelho de Marcos está disponível em sete línguas. As igrejas estão abertas longos períodos, com informações em papel sobre as suas características histórico-artísticas. Nestes períodos de abertura prolongada das igrejas, há sacerdotes e outras pessoas para acolher os visitantes.



As igrejas estão abertas longos períodos, com informações em papel sobre as suas características histórico-artísticas. Esta parte pareceu-me uma ideia interessante. Numa simples folha A4 cabia alguma informação que podia elucidar sobre aspectos religiosos e culturais daquela igreja.
A imagem de um santo mais dificilmente se tornaria uma especie de entidade magica para se tornar um exemplo a seguir de alguem que procurou ser fiel a Deus conforme o ensinamento de Jesus.

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 22 de March de 2006 00:18

Caro Camilo,

Sou suspeito na matéria pois são poucas as Igrejas em Portugal de que eu gosto. Considero-as, regra geral, demasiado ornamentadas. Gosto de Igrejas muito simples em que as únicas peças em destaque seja o crucifixo, o sacrário e pouco mais. Choca-me quando existe alguma peça com maior destaque que o crucifixo ou o sacrário. Considero até que é contra a nossa fé.

Já visitei algumas Igrejas no norte da Europa e achei-as muito bonitas. Simples e bonitas. Gostei também muito das Igrejas protestantes (vi algumas luteranas e acho que baptistas) embora lhe fizesse falta o crucifixo e o sacrário.

Luís

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 22 de March de 2006 14:12

Não coloco a questão no gosto. Também não gosto do barroquismo de muitas igrejas.

Mas mesmo eu não apreciando particularmente de determinada igreja acho que podiam ser mais valorizadas, quer do ponto de vista historico-cultural quer mesmo do ponto de vista religioso.



Editado 1 vezes. Última edição em 06/01/2007 23:22 por camilo.

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 22 de March de 2006 14:20


Acho que o grande problema é mesmo a falta de informação. Não nos podemos esquecer que nem todas as pessoas vão à catequese, por isso acho que os padres deveriam falar mais da diferença entre veneração e adoração. Claro que o melhor seria que todas as pessoas tivessem acesso à Palavra de Deus, através de grupos de estudo ou seja o que for. O que há mais é católicos que nem sequer sabem ver uma Bíblia, quanto mais o que ela contém. Nem os mandamentos sabem!

Acho esta situação muito complicada, porque as pessoas já se habituaram a adorar o santo e, muitas vezes, as imagens só por si. Acredito que, regra geral, não o fazem de forma consciente, mas deviam ser alertadas. Afinal, estamos a falar do cumprimento do primeiro mandamento.

Os santos são importantes, são um bom exemplo para todos nós e podem interceder por nós, mas não são ninguém sem Deus. Eles próprios o afirmaram ao longo da sua vida neste mundo. Caso contrário, não teriam sido santificados.

beijos em Cristo

mj

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 22 de March de 2006 15:01

Luis

Nós temos aqui uma linda igreja construída em 1989 pelos portugueses. Quando foi construída o padre só queria uma cruz na igreja. O povo lutou pela estátua de Nossa Senhora de Fátima, depois mais outro Santo. Aí terminou...o povo ainda tentou por mais um Santo. Ele não aceitou........Quando veio outro padre puseram outro Santo na igreja. Agora temos 3 Santos. O povo adora os Santos!
Na igreja não mandam só os padres, o povo luta pelo que quer e se o padre não aderir, o padre é mau.
Aqui as igrejas são suportadas pelo povo e aí?

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: (IP registado)
Data: 22 de March de 2006 15:08

Aqui também foram sendo suportadas pelo povo, ao longo de muitos séculos. Em Portugal há Igrejas lindíssimas, com obras primas, cujo lado artístico e cultural não é suficientemente aproveitado. Deviam de facto ser valorizadas e acho que colocadas o máximo possível ao serviço da cultura e da arte, conquanto isso não desvirtuasse as suas funções. Acho muito bonitos os concertos dentro das Igrejas, por exemplo.

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 22 de March de 2006 17:05

Luis

Vocês em Portugal não sabem apreciar essas pinturas de arte essa arquitectura, assim como eu quando vivia em Portugal não apreciava. Vivo numa cidade com 100 anos apenas! Isto ensinou-me a saber apreciar o que temos em Portugal. Uma riqueza enorme! E quem visita Portugal, principalmente Canadianos, dizem que Portugal é lindo!
Tenho um filho professor e já a caminho do Mestrado, no verão passado estivemos em Portugal. Vocês não imaginam o que ele gostou de ver e apreciar o que vocês têm aí. Monumentos, igrejas, pontes, museus e mesmo a gastronomia portuguesa!
Só é pena pagarem aí tão pouco a professores! Em dinheiro Portugal é muito pobre!


Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: Onac (IP registado)
Data: 22 de March de 2006 17:30

A renovação da arquitectura religiosa em Portugal

Cinema, garagem, praça de touro, construção protestante ou comunista são alguns dos “mimos” com que têm sido presenteadas ao longo das últimas décadas as novas igrejas de Portugal. As alterações no panorama da arquitectura do nosso país, mais notória a partir de meados dos anos 50 do século passado, chamam a atenção para os elementos da arte, política e teologia que moldavam o ambiente onde viveram todos aqueles que contribuíram para esta renovação.
A utilização de materiais tradicionalmente considerados como menos nobres (o betão, o vidro) e o primado da funcionalidade nas edificações são apenas a face visível de um fenómeno de renovação que me Portugal deu os primeiros passos com o trabalho de Pardal Monteiro e a sua Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, edificada entre 1934 e 1938: primeira a desafiar os códigos tradicionais revivalistas, baseando-se nos projectos franceses do género, (onde se destaca a igreja de Notre Dame du Raincy, do Arq. Auguste Perret, 1922, utilizando o betão armado e simplificando as formas).
Obras como esta e a sua homónima, no Porto (1935, a cargo do grupo A.R.S. – Cunha Leão, Fortunato Cabral e Morais Soares) e os seus opostos revivalistas e regionalmente estilizados de São João de Deus, Santo Condestável e São João de Brito, em Lisboa, lançam uma viva discussão e originam as tomadas de posição muito antagónicas, entre o conservadorismo e o desejo de renovação.
É nesta configuração histórica que surge grupo de jovens arquitectos que rapidamente se transformaria numa associação de referência: o Movimento de Renovação da Arte Religiosa, base de uma pequena revolução na maneira de ver e viver a imagem da igreja no mundo português.
No Outono de 1952, um pequeno grupo de arquitectos recém-diplomados e alguns estudantes da Escola de Belas Artes de Lisboa faziam as primeiras reuniões, reagindo contra a utilização de modelos tradicionalistas e ao estilo neomedievalista que vingava nas novas áreas urbanas de Lisboa e Porto. Numa atitude muito de acordo com o que viria a ser a vida e obra da Igreja em estado de Concílio, propõem uma arte religiosa de cariz eclesial e pastoral.
Participaram neste movimento alguns dos mais destacados arquitectos e artistas plásticos em Portugal, como Nuno Teotónio Pereira, João de Almeida, Diogo Pimentel, Nuno Portas, Luís Cunha, Erich Corsepius, Madalena Cabral, Formosinho Sanchez, Manuel Costa Cabral, Eduardo Nery, Jorge Vieira, entre outros.
O grupo de jovens arquitectos católicos começou a sua acção apoiado numa “Exposição de Arquitectura Religiosa Contemporânea”, em 1953, com o objectivo de mostrar o que se pode fazer “para pôr ao serviço do culto litúrgico uma arte digna dessa nobre função”. A exposição surgida numa galeria anexa à Igreja de São Nicolau, haveria de percorrer todo o país.
O catálogo da exposição afirma claramente uma das ideias fundamentais do Movimento, aquela que, nos inícios, parece orientar toda a sua reflexão: “Arte Sacra é fenómeno comunitário em ordem ao culto”.
É importante integrar a nova vaga de criação artística, dentro da Igreja, no amplo movimento de renovação litúrgica e pastoral que se iniciou no pós-guerra e culminou na realização do II Concílio do Vaticano. A compreensão plena do fenómeno da arte religiosa, sobretudo da vertente arquitectónica, depende de uma correcta aproximação aos dados do Concílio, em matéria de Eclesiologia, de Liturgia e de diálogo com a humanidade, com a nova atitude perante a sociedade moderna que daí resultou.
As primeiras obras de referência destes tempos são a Igreja de Santo António, (Arq. João de Almeida e António Freitas Leal, Moscavide, 1953), onde é visível uma austera simplicidade como primeiro ensaio de funcionalismo litúrgico e das linhas modernas da arquitectura; a Igreja paroquial de Águas, (Arq. Nuno Teotónio Pereira, Diocese da Guarda, 1950-57), marco da modernização da arquitectura religiosa pela opção declarada de “aproximação ao contexto e às formas vernáculas” e a Capela do Picote, junto à barragem hidroeléctrica com o mesmo nome, (Arq. Manuel Nunes de Almeida, Trás-os-Montes, 1958).
Aquilo que se pretendia de um edifício religioso, por esta altura, é que respondesse às necessidades do culto, organizando o espaço em torno do altar. Este espaço era comunitário e traduzia, de modo plástico, a Assembleia dos fiéis, reunida para celebrar.
A igreja do Sagrado Coração de Jesus, (Arq. Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, Lisboa, 1961-70) constituiu-se posteriormente como uma referência para as gerações futuras, marcando definitivamente uma nova imagem no equipamento religioso, aberto e participado. Esta igreja era definida como “o lugar onde a Igreja se reúne para celebrar: escutar a Palavra, celebrar a Eucaristia, reconhecer a Assembleia que celebra o mistério pascal de Cristo como Povo de Deus”.
A linguagem passou, então, da ideia de “igreja-templo” para a de “centro paroquial”, enquanto conjunto de espaços em redor da igreja, entendida como domus ecclesiae (casa da igreja).

Despojamento
A novidade das igrejas contemporâneas, que choca muitas vezes com definições preconcebidas do que seja uma construção religiosa, explica-se pelas tendências da própria arquitectura dos nossos dias, em particular pela utilização de novos materiais como o cimento ou o vidro, com primazia para o aspecto funcional. É evidente que neste campo é muito difícil delimitar fronteiras, saber o que é adaptar-se a novas circunstâncias sem ter de abdicar da função especifica de uma igreja.
A resistência a uma adaptação a novas necessidades e circunstâncias revela-nos o carácter delicado da questão “igreja moderna”, por assim dizer. Pode tornar-se complicado inserir a especificidade de uma igreja numa cidade cada vez mais alheia aos valores que o edifício religioso encerra e transmite, seja nas suas formas tradicionais, seja em novas formas e materiais.
A construção de uma igreja revela-nos elementos capazes de traduzir a nossa aspiração de infinito (escala sobre - humana, verticalidade, horizontalidade, luz, cor, vazio). A própria história da arquitectura revela esta propensão para o desprendimento, o ultrapassar da realidade terrena, deslocando-se para o sentido da desmaterialização e, portanto, da elevação do espírito.
Do ponto de vista decorativo, é a simplicidade e o despojamento que dominam as igrejas de hoje: encontramos poucas imagens e mesmo pinturas não-figurativas. A luz é mesmo o elemento decorativo dominante, o único luxo que estes arquitectos não recusam.
Há nesta vontade um desígnio notável de ir ao essencial, à escuta da Palavra de Deus e à Comunhão Eucarística, na linha da reforma litúrgica encetada pelo Concílio Vaticano II.

Octávio Carmo

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 23 de March de 2006 00:46

Cara Ana,.

Dizes que «Vocês em Portugal não sabem apreciar essas pinturas de arte, essa arquitectura». Bem, talvez não tenha sido tua intenção, mas não há necessidade de menosprezar a inteligência dos outros :-) A minha, neste caso. Eu disse que não gosto de muitas das nossas Igrejas sobretudo algumas daquelas que são mais conhecidas e famosas, por exemplo, pela sua talha dourada. Não disse que aquilo não era arte, que não tinha o seu valor (quer histórico, quer cultural).

Poderia também ter dito que não gosto da pintura de Picasso. Não lhe estaria a tirar qualquer mérito, apenas estou a dizer que não gosto. Prefiro (de longe) Salvador Dali.

O mesmo se passa com as Igrejas: prefiro Igrejas simples, de preferência sem estátuas de santos nos altares. Em particular, tenho especial aversão quando muitas dessas estátuas têm maior destaque que o crucifixou ou que o sacrário. Na história que contas da vossa Igreja no Canadá, relatas exactamente o porquê de eu ser contra a presença dessas estátuas nas Igrejas. Dizes «O povo adora os Santos! ». Exactamente. Mas a nossa adoração é apenas para Deus! Só que o povo não compreende isso. Tem um devoção muito grande aos santos, às aparições marianas, adoram-nos todos, mas esquecem-se do essencial: a razão da nossa fé é Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo.

Se esses homens e mulheres como nós são reconhecidos hoje na Igreja como modelos de santidade não foi por terem adorado outros santos. Foi sim por terem seguido Jesus Cristo, os seus ensinamentos e terem adorado Deus.

Luís Gonzaga

Re: a valorização do valor religioso e cultural das igrejas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 24 de March de 2006 00:43

Um dos motivos que me leva a pensar desejavel que sejam dadas informações sobre as igrejas e sobre os santos nela colocados é precisamente para evitar que os santos sejam vistos como entidades mitologicas que suscitem adoração e não veneração.



Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

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