Andradas, 10 de setembro de 2006.
Caros amigos leitores deste fórum, que a paz de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês. Salve Maria!
Ponto de Vista, com relação a doutrina da Igreja, eu não tenho opinião própria e nenhum católico tem o direito de ter. Eu somente obedeço aquilo que a Igreja ensina infalivelmente. Sem opiniões próprias. De opiniões próprias o inferno está cheio.
Com relação ao uso de véu pelas mulheres, a sua opinião, mais uma vez, não é condizente com a verdade. A sua opinião não é católica. Em primeiro lugar porque você blasfema ao chamar São Paulo de machista e depreciador de mulheres. Em segundo lugar porque você estende tal afirmação a toda “cultura” oriental, ou mais precisamente, a Bíblia.
Ponto de Vista, será que é a Bíblia que você possui em sua casa? Porque ao ler a sua argumentação, penso que você deve estar lendo o alcorão. Não seria de duvidar: com o ecumenismo do Vaticano II, talvez você esteja lendo o alcorão no lugar da Bíblia.
Meu caro, você erra quando diz que a “sociedade ocidental” não está obrigada a adotar o véu. Você erra também ao acusar os heróis da Bíblia como machistas ingratos que diminuíam as mulheres.
Para provar isto, abro a Bíblia (e não o alcorão) e leio a seguinte passagem no livro de Provérbios, capítulo 31, versículos 10 a 31:
“10 – UMA MULHER DE VALOR, quem a encontrará? Ela vale muito mais que o coral. 11 – Nela confia plenamente seu marido e a ele não faltará proveito. 12 – Ela lhe proporciona felicidade, e não ruína, todos os dias de sua vida. 13 – Procura diligentemente a lã e o linho e suas mãos trabalham com alegria. 14 – É como os navios mercantes: de longe faz vir seu alimento. 15 – Noite ainda, ela se levanta, para preparar a refeição para a família e distribuir tarefas as criadas. 16 – Põe suas vistas num terreno e compra-o. Com o fruto do seu trabalho planta uma vinha. 17 – Cinge seus rins de força e firma os seus braços. 18 – Verifica se seus negócios vão bem, e sua lâmpada não se apaga de noite. 19 – Põe a mão a sua roca, maneja na palma o fuso. 20 – Abre suas palmas ao miserável, estende as mãos aos pobres. 21 – Quando neva, não teme por sua família, pois todos usam roupa forrada. 22 - Confecciona para si cobertas e veste linho fino e púrpura. 23 – Nas reuniões sociais, seu marido é respeitado ao sentar-se com os anciãos do lugar. 24 – Ela fabrica tecidos para vender e fornece cintos ao negociante. 25 – Fortaleza e honra são suas vestes; sorridente ela pensa no porvir. 26 – Com sabedoria, abre sua boca, e sua língua ensina amavelmente. 27 – Vigia o andamento do lar e não come o pão na preguiça. 28 – Em alta voz, os filhos proclamam-na feliz, e seu marido a elegia: 29 – ‘EXISTEM MUITAS MULHERES DE VALOR, tu, porém, a todas supera!’. 30 – A graça engana, e fugaz é a formosura. A mulher que teme ao Senhor, ESTA É PRECISO LOUVAR. 31 – A ela o fruto do seu trabalho e que suas obras publiquem seu louvor”.
Que tal, Ponto de Vista? Veja você o quanto está errado afirmar que os heróis da Bíblia eram machistas depreciadores de mulheres. Vejam os leitores deste fórum: a Bíblia, ao contrário do que disse Ponto de Vista, manda louvar e exaltar as boas mulheres, exatamente como Deus manda. E São Paulo, tendo a “cultura oriental”, também recomenda o mesmo. Leia o que está escrito em Efésios cap. 5. V. 25 e seguintes:
“Maridos, amai vossas mulheres como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, ele quis com isto torná-la santa, purificando-a com a água que lava, e isto pela Palavra. Ele quis apresentá-la a si mesmo esplêndida, sem mancha e nem ruga, sem defeito algum: quis a sua Igreja Santa e irrepreensível. E ASSIM QUE O MARIDO DEVE AMAR A SUA MULHER, COMO A SEU PRÓPRIO CORPO. Aquele que ama a sua mulher ama a si mesmo”.
E logo na seqüência, no capítulo 6, v. 1 e 2, São Paulo manda honrar igualmente pai e mãe:
“Filhos, obedecei a vossos pais, no Senhor. Eis o que é justo. HONRA PAI E MÃE, é o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa (...)”.
E eu poderia citar muitas outras passagens, como as histórias de verdadeiras heroínas como Rute, Ester, Noemi, Sara, Maria Madalena e é claro, como não poderia deixar de ser, a sempre virgem Maria, Nossa Senhora! Imagine que um povo que diminuísse tanto as mulheres honraria e louvaria cada uma destas mulheres citadas.
Portanto, está provado com passagens do Antigo e do Novo Testamento que São Paulo e os heróis da Bíblia não desprezavam as mulheres.
Mas se a Bíblia e a Igreja nos mandam honrar as mulheres, não significa que elas sejam iguais aos homens. As pessoas não são iguais. Os homens não são iguais entre si. Nós somos semelhantes, e não iguais. Claro que por temos a mesma natureza humana, isto gera direitos naturais iguais. Nós somos iguais na natureza, mas diferentes nos acidentes. Por exemplo, uns são mais belos, outros são mais altos, outros são mais sábios, outros são mais fortes, etc. Assim, iguais pela natureza, diferente pelos acidentes, os seres humanos são semelhantes, e nunca iguais.
É doutrina da Igreja que a desigualdade é um bem querido e desejado por Deus, necessário para que a ordem possa ser mantida. Se todas as notas musicais fossem iguais, seria impossível compor uma música. Se todos os instrumentos musicais fosse iguais, seria impossível compor uma orquestra.
Talvez isto soe como uma aberração para você, Ponto de Vista, que muito provavelmente tem ouvido desde criança que para Deus somos “todos iguais”. Não somos!
Quando falou sobre João Batista, Cristo disse claramente:
“Dos nascidos de mulher, ninguém é maior do que João Batista. Porém, no céu ele é o menor”.
Veja a hierarquia constituída por Deus, seja na terra, seja no céu. A Igreja Católica nos ensina então que há desigualdade nas graças, nas virtudes, nos mistérios e nas culpas, o que produz desigualdade de glória no céu e de castigos no inferno. Por isso Deus derramou graças muito mais abundantes em Maria Santíssima do que em qualquer outra criatura, tratando de forma diferenciada os seus próprio filhos.
Deus ama a todos infinitamente, mas não igualmente. A uns ele ama mais. Por isso São João era o “discípulo amado”. Cristo gostava mais dele do que dos outros.
Assim, mesmo honrando as mulheres, a Igreja Católica jamais pode permitir, por exemplo, a ordenação de mulheres, e nem também que elas ocupem o cargo de “sacerdotisas” ou “bispas”, como sonham os modernistas de plantão. Ora, isso foi proibido por São Paulo, o mesmo que nos mandou honrar as mulheres. Nosso Senhor só teve Apóstolos homens, e não mulheres. Foi aos apóstolos que Cristo concedeu poderes para perdoar pecados (Jo 20, 23), ministrar o sacramento da Eucaristia (Lucas 22, 17) e ensinar sua Palavra (Atos 1, 2-3). Claro que as mulheres possuem papel importante, mas existem atribuições que Deus concedeu somente aos homens, e quem aceita verdadeiramente a Bíblia procura entender as razões de Deus.
Com relação ao véu, Deus exige este adorno porque homens e mulheres são diferentes, e esta diferença transparece tanto na hora de ensinar, como também na hora de se vestir e no momento de oração. Quem determina que as mulheres usem véu na Igreja é São Paulo. Na Primeira Epístola aos Coríntios diz:
“O homem não foi feito da mulher, mas a mulher do homem. E o homem não foi criado para a mulher, mas sim a mulher por causa do homem. Por isso, a mulher deve trazer sobre a cabeça (o sinal do) poder por causa dos anjos" (I Cor. 11, 8-10).
E disse ainda São Paulo:
"Julgai vós mesmos: é decente que uma mulher faça oração a Deus, não tendo véu?" (I Cor. 10, 13)
No Matrimônio, a mulher simboliza a Igreja, enquanto o esposo representa Cristo (como escrevi acima citando Efésios 5, 25-33). E a Igreja existe para Cristo e não o oposto. Cristo trata a sua Igreja com todo o respeito e toda a dignidade, e não com desprezo. A Igreja adora a Cristo e o serve com zelo, e sem rebelião. É evidente que o marido que maltrata ou desrespeita a sua esposa peca gravemente, pois Cristo jamais maltrata ou despreza a Igreja, sua esposa da qual Ele têm os filhos de Deus.
Por isso, na Igreja de Cristo sempre se exigiu que as mulheres cobrissem a cabeça com um véu. Isto é um sinal de humildade e porquê não dizer, acatamento. Assim como a Igreja acata a Jesus Cristo, assim também a mulher deve ser submissa ao marido (Efésios 5, 22). E esta submissão transparece com o uso do véu, que diferencia homens e mulheres, salientando a desigualdade existente entre ambos, para a glória de Deus que nos fez desiguais.
Agora, antes de terminar, vou deixar-lhe uma questão para você responder-me. Até 1969, quando foi promulgada a nova missa de Paulo VI, nenhuma mulher católica podia assistir as missas sem estar com a cabeça coberta com um véu. Desde São Paulo até Paulo VI, nunca em época alguma uma mulher católica deixou de usar o véu. Assim a Igreja exigiu por aproximadamente 1970 anos que as mulheres usassem véu.
Agora, com a “necessidade de adequação da Igreja aos novos tempos”, o véu foi deixado de lado, sem jamais ter sido abolido documentalmente (e nem poderia sê-lo). Baseado nisto, faço-lhe duas perguntas:
1) Errou a Igreja por 1969 anos ao exigir o véu para as mulheres na missa e acertou somente nos últimos 37 anos quando permitiu que as mulheres não o usassem mais ou o contrário?
2) Existem documentos como o catecismo de São Pio X que ordenam que as mulheres usem véu na missa. Ora, esta sempre foi a lei da Igreja. Portanto, pelo menos em tese para um Papa abolir tal lei seria necessário a publicação de um decreto esclarecendo esta questão. Teoricamente, somente a partir de tal decreto as católicas “poderiam” deixar de usar o véu. Se o fizessem sem uma lei expressa que revogasse o uso do véu, estariam em desobediência. Pergunto então se existe tal documento que alterou a lei bi-milenar da Igreja sobre o uso do véu e se não existe pergunto se não estariam as fiéis em desobediência explícita.
Tchau!
Sandro de Pontes
Obs.: Muitas vezes, quando se debate com pessoas que possuem idéias más, sabe-se da dificuldade em convencê-las de seus erros. São Tomás de Aquino ensinava que estas pessoas não suportam admitir que estão erradas, e por isso se tornam praticamente incorrigíveis.
Somando-se as más idéias, está também a má vontade, ou seja: somente uma graça abundantemente derramada por Deus associada a uma mudança de comportamento poderão levar a pessoa a conversão. E isto é muito difícil de acontecer, embora para Deus nada seja impossível.
Quando se debate publicamente, como é o caso deste fórum, muitas vezes nós sabemos que dificilmente conseguiremos algum resultado, aja vista a mentalidade totalmente poluída que tomaram conta de nossos interlocutores. No caso dos católicos atuais, então, nem se fala: o modernismo tomou conta da maioria deles, e para a maioria as heresias que aprenderam nas paróquias são tratados como dogmas eternos.
Mas mesmo assim vale a pena. Em primeiro lugar, porque São Paulo ensinou ser necessário “tapar-lhes a boca”. Em segundo, porque como o debate é público, muitas vezes pessoas de reta intenção estão lendo. Pessoas que ainda não formaram as suas opiniões, ou que ainda não escutaram o outro lado da história. Assim, muitas vezes aquilo que falamos faz efeito neste leitor, e não no leitor com o qual trocamos argumentos.
Vejam o Ponto de Vista: não importa dar-lhe muitas provas de seus erros, pois nada o faz mudar. Quando extremamente contrariado, se cala. Quando confrontado, ironiza. Quando acuado, distorce as palavras que lhe foram ditas. Assim, sempre de peito cheio e fronte erguida, orgulhoso que é, se recusa a usar de forma inteligente a graça que Deus lhe dispensa em todos os momentos de sua vida.
Agora, diz Ponto de Vista que a notícia que eu enviei sobre a criação do Instituto Bom Pastor não diz nada do que eu disse, perguntando-me onde está a notícia que o Instituto será uma espécie de prelazia. Leia novamente então:
“Cinco sacerdotes, entre eles Philippe Laguérie, Paul Aulagnier e Guillaume de Tanouarn, discípulos históricos do bispo cismático Marcel Lefebvre, receberam do Vaticano a autorização para criar um "instituto de DIREITO PONTIFÍCIO" em Bordeaux e celebrar a missa em latim segundo o rito "tridentino", revelou a agência I-media, especializada na atualidade do Vaticano. Quatre abbés lefebvristes historiques rallient Rome”.
Ora, se nesta notícia que transcrevi não está claramente dito que o Instituto Bom Pastor será uma espécie de prelazia, basta ler o código de direito canônico para saber que determinadas associações e institutos de direito pontifício podem possuir jurisdições independentes dos bispos locais, estando subordinadas diretamente ao Papa. É o caso da Opus Dei, dando apenas um exemplo, pois existem outros. Mas reconheço que existem institutos de direito pontifício que estão subordinados aos bispos locais.
O que eu escrevi, que o tal Instituto seria uma espécie de prelazia, foi por dedução, a partir daquilo que ensina o código de direito canônico comparado com os comentários que correm nos sites tradicionalistas feitos por pessoas ligadas aos padres responsáveis pelo Instituto.
Para esclarecer em absoluto esta questão, basta esperar a publicação oficial do estatuto que irá reger o Instituto, o que deverá ocorrer já nos próximos dias. Veremos. Aguardemos.
Mas enquanto isto não acontece, vejamos o que os principais jornais do mundo começam a publicar sobre este assunto. Leia o que está escrito no Le Figaro sobre isto no link abaixo
[
www.lefigaro.fr]
Leu? De tudo o que está escrito nesta notícia destaco o seguinte trecho, que esclarece que a liberdade de atuar do Instituto é muito maior do que se pode supor:
"Ils [IBP] s'invitent aussi à «une critique constructive» du concile Vatican II. Ni la Fraternité sacerdotale Saint-Pierre , ralliée au Vatican en 1988, ni la Fraternité traditionaliste de saint Jean-Marie Vianney , érigé en 2002 au Brésil, n'avaient été créées sous les mêmes auspices. Le Saint-Siège leur avait accordé le droit de célébrer la messe selon le missel tridentin, à condition de reconnaître le concile Vatican II, interprété «à la lumière de la tradition»."
Veja, Ponto de Vista, segundo o Le Figaro Roma reconhece o direito de criticar publicamente de maneira “construtiva” o Vaticano II! Incrível! Se isto for mesmo verdade, o Concílio ficará mal: afinal, onde já se viu haver liberdade de criticar Nicéia ou Calcedônia, ou Trento e o Vaticano I, ainda que de modo "construtivo"? O que já é uma primeira admissão de que o Vaticano II não foi infalível.
Assim, pode-se criticá-lo, e não é preciso ter "fidelidade total" a esse suposto magistério do concílio Vaticano II, ou seja, Roma admite que o Vaticano II não foi infalível! Pois ao que é infalível, presta-se fidelidade total.
Em todo caso, esse Instituto Bom Pastor (que nome feliz) já é uma grande conquista para calar os "conservadores" que acham absurdamente que o Vaticano II foi infalível.
Vamos ver o que vai acontecer nos próximos dias.