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NEM TUDO PODE IR A VOTOS
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 19 de November de 2002 21:49


Excelente artigo, faz referência aos processos de discernimento sobre os valores, apontando para a impossibilidade da discussão se "o aborto está certo ou não", e acabando com uma referência esclarecedora sobre a "democracia" na Igreja.



NEM TUDO PODE IR A VOTOS

"O recente documento da ONU sobre o desenvolvimento humano em 2002 não contém apenas dados negativos, como o aumento da desigualdade entre países ricos e países pobres; também refere coisas positivas, como a verificação de que o mundo está mais livre e mais democrático. As ditaduras entraram claramente em declínio, sobretudo depois da queda do muro de Berlim.
A força da democracia está na aceitação do voto para fazer maiorias que governem, mas necessariamente em jogo de alternância. Hoje governam uns, amanhã podem governar outros, mas uns e outros com igual legitimidade, por respeito para com a opção da maioria, em cada consulta popular.

Mas nem tudo pode ficar dependente de maiorias democráticas, sob pena de se cair na insegurança do relativismo e até no império da mentira. Não se pode cair no extremo de pretender que só valha no mundo aquilo que uma certa opinião pública democraticamente decidiu que valesse.
Ninguém se lembra de consultar um país sobre se a verdade vale mais do que a mentira, o amor mais do que o ódio, e a justiça mais do que a injustiça. E assim por diante. Há valores morais e culturais que são universais e permanentes, não podendo ficar ao sabor dos gostos de ocasião.
Entre esses valores deve incluir-se o respeito pela vida, em todas as fases do seu desenvolvimento, desde a concepção até à morte natural.
É por isso que um referendo sobre o aborto só tem sentido se for uma consulta sobre a natureza e o grau de penalização a aplicar a quem o cometer, e não para saber se o aborto é bom ou mau. Um atentado contra a vida é sempre um mal.

Vem a propósito advertir que o recurso ao voto numa assembleia sinodal ou conciliar da Igreja não pode equiparar-se à votação num referendo popular ou num parlamento democraticamente eleito.
Nas votações formalmente democráticas, inquire-se qual seja a vontade da maioria, para dar validade a uma decisão legislativa.
Numa votação sinodal ou conciliar, na Igreja, o que se procura é verificar qual seja a tradição comum e o que será mais conforme com ela. A verificação do consenso na Igreja ou entre Igrejas é apenas critério da verdade recebida por tradição, e não o fundamento da sua validade.
Uma votação nem dá para tudo nem tem sempre o mesmo sentido."


in Boletim da Família Paroquial de Nossa Senhora do Amparo (Benfica - Lisboa)
N.º 310, Julho - Setembro 2002


João



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