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Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 01 de December de 2002 20:54

Olá Rita,

Um abraço especial para o Canadá. Esperamos a tua visita e participação.

Luis

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 02 de December de 2002 12:03


A Bíblia é um Documento da Igreja porque só faz sentido, enquanto Palavra de Deus, como parte da Igreja. Por isso nasceu no seio da Igreja enquanto cristalização da doutrina: nela é acreditado, considerado, explicado, como parte de um todo indivisível.

Enquanto todo o texto bíblico é inerrante, a doutrina dogmática da Igreja só é inerrante, ou seja, infalível, no seu conteúdo: um desenvolvimento alargado do que a compreensão teológica dela entende pode reformular a exposição da doutrina, mantendo a sua essência e correspondendo a questões concretas, se for o caso. Olhem-se os Credos, por exemplo.

E repare-se: o Antigo Testamento também é um Documento da Igreja, pois foi escrito pelos seus proto-membros, dos quais Cristo é também o Salvador. O Novo Testamento confirma e completa o Antigo, tal como a Nova Aliança confirma e renova a Velha.

Se quem escreveu a Bíblia foi Deus através dos seus intermediários, que nela colocaram um cunho bastante pessoal por vezes, então é com o advento de Cristo que todas aquelas profecias se confirmam e se tornam claras.

A própria Bíblia hebraica não só não tem os livros do Novo Testamento, como não tem alguns da Bíblia católica. Portanto, a Bíblia enquanto cânone de livros inspirados é, na sua totalidade, e por particular inspiração divina, um Documento da Igreja. Contudo, é infalível no seu conteúdo e na sua escrita, o que a torna muito singular.

Se alguém quiser dizer mais qualquer coisa para explicar melhor isto, agradeço.

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 03 de December de 2002 17:48


Peço-vos que leiam com atenção este texto e o testemunho que nos é dado acerca da transmissão da fé, da implícita autoridade da Igreja para discernir sobre a fé numa sucessão apostólica, como a fé era comunicada no princípio e como então eram encarados os Evangelhos, tudo isto enquanto se explica como se reuniam os primeiros cristãos, o que era a Eucaristia desde o princípio e quando e como era celebrada (vemos que é o centro da vida cristã, como reafirmou o Conc. Vaticano II).

É de S. Justino, filósofo e mártir, o maior apologista do seu tempo e o primeiro teólogo da Igreja, que veio a ser importantíssimo para S. Ireneu. Peço especial atenção para com os excertos a negrito.


.Segunda Leitura do Ofício (Liturgia das Horas) do Domingo III da Páscoa

Da primeira Apologia de S. Justino, mártir, em defesa dos cristãos (Séc. II)
(Cap. 66-67: PG 6, 427-431)

A celebração da Eucaristia


"A ninguém é permitido participar na Eucaristia senão àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo Baptismo para a remissão dos pecados e a regeneração, levar uma vida como Cristo ensinou.

Porque não é pão ou vinho vulgar o que recebemos. Com efeito, assim como Jesus Cristo, nosso Salvador, Se fez homem pelo Verbo de Deus e assumiu a carne e o sangue para nossa salvação, assim também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a acção de graças com as mesmas palavras de Cristo, e do qual, depois de transformado, se alimenta o nosso sangue e a nossa carne, é a própria Carne e Sangue de Jesus incarnado.

Os Apóstolos, nos seus comentários, chamados Evangelhos, transmitiram-nos que foi Jesus quem assim os mandou fazer, quando Ele, tomando o pão e dando graças, disse: Fazei isto em memória de Mim. Isto é o meu Corpo; e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o meu sangue; e somente a eles foi comunicado. Desde então, nunca mais deixámos de trazer isto à memória uns dos outros; e os que possuímos bens socorremos a quem deles tenha necessidade, e perseveramos sempre unidos uns com os outros. Em todas as oblações louvamos o Criador do universo por Jesus Cristo, seu Filho, e pelo Espírito Santo.

No dia do Sol, como é chamado, reunem-se num mesmo lugar os habitantes, quer das cidades, quer dos campos, e lêem-se, na medida em que o tempo o permite, ora os comentários dos Apóstolos, ora os escritos dos Profetas.

Depois de terminada a leitura, o que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.

A seguir, pomo-nos todos de pé e elevamos as nossas preces e, como já dissemos, logo que as preces terminam, apresenta-se pão, vinho e água. Então o que preside eleva, com todo o fervor, preces e acções de graças, e o povo aclama: Amen. Seguidamente, a cada um dos presentes se distribui e faz participante dos dons sobre os quais foi pronunciada a acção de graças, e dos mesmos se envia aos ausentes por meio dos diáconos.

Os que possuem bens em abundância dão livremente o que lhes parece bem, e o que se recolhe põe-se à disposição daquele que preside. Este socorre os órfãos e viúvas e os que, por motivo de doença ou qualquer outra razão, se encontram em necessidade, assim como os encarcerados e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele toma sobre si o encargo de todos os necessitados.

Reunimo-nos todos precisamente no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque Jesus Cristo, nosso Salvador, nesse dia ressuscitou dos mortos.

Crucificaram-n'O na véspera do dia de Saturno; e no dia a seguir a este, ou seja, no dia do Sol, aparecendo aos seus Apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração."


João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Marcelo Fedeli (IP registado)
Data: 05 de December de 2002 16:37

Caro Luís,

"Salve Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Luc. I, 28)
"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Luc I, 42)

Agradeço o envio do seu e-mail.

Porém, inicialmente, e com todo o respeito, quero registrar que o senhor, em sua última sua mensagem, não respondeu às questões que objetivamente lhe apresentei no e-mail anterior.

À sua indagação [“se devemos fazer aquilo que Nossa Senhora nos disse – rezar o terço todos os dias; ou o que Jesus disse e vem no Evangelho – Mt 6, 9-15; Lc 11, 1-4?" - Rezar o Padre-Nosso], eu lhe respondi, que ela era irreal, lhe perguntando adicionalmente:

« Acaso, o Terço, pedido por Nossa Senhora para ser rezado todos os dias, não inclui o Padre Nosso?

Acaso, a Saudação Angélica (em epígrafe) também não está no Evangelho?

Acaso, para o senhor, poderia haver contraposição entre Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Santíssima Mãe?

Acaso, a saudação à Nossa Senhora desagradaria a Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho? »

O senhor não respondeu às 3 primeiras questões... [passou “batido”, como dizemos aqui no Brasil]..., e referiu-se à última, somente com citações do Evangelho, sem explicação alguma.

Assim, lhe peço, por caridade: o senhor poderia me responder às questões que lhe apresentei e me explicar, clara e objetivamente, como as citações do Evangelho, indicadas pelo senhor, respondem à minha 4ª questão? Seriam elas a favor, ou contra, o que, exatamente?

Neste caso, meu caro Luís, para um bom entendimento, meia palavra não basta!

Em sua última mensagem o senhor se envereda, e subjetivamente, em outro tema: a devoção à Nossa Senhora, embora, como o senhor mesmo diz, não faça parte do tópico deste foro.

De fato, nem mesmo lhe perguntara o seu parecer relativo à devoção à Nossa Senhora. Porém, como o senhor tocou no assunto, e para não passar batido, seguem somente algumas observações.

Diz o senhor:

« Ao longo dos últimos anos, os católicos divinizaram Maria, fazendo dela muito pouco humana »

Meu caro Luís. O que o senhor diz acima não passa de uma afirmação vaga, subjetiva, não servindo, portanto, como argumento, aliás, também muito utilizada pelos protestantes para atacar a devoção àquela que disse:

"Todas as gerações me chamarão de bem aventurada" (Luc. I, 48).

Adianto-lhe que a Igreja jamais “divinizou Nossa Senhora”, pois recitando a “Ave-Maria”, a Igreja repete a própria Saudação Angélica, ou seja, as palavras com que o anjo Gabriel se dirigiu à Maria, e as palavras pronunciadas por Sta. Isabel ao receber a “Mãe do meu Senhor” (todas constando dos Evangelhos,...não é?.. meu caro Luís). Ou teriam ambos, o anjo Gabriel e Sta. Isabel, com aquelas palavras, também “divinizado” Maria?

Quanto à segunda parte da Ave-Maria, creio que senhor não tem objeção alguma, não é?

Como o senhor é católico, e preocupado com a verdadeira devoção à Nossa Senhora, estou certo que não irei magoá-lo com esta sugestão: leia e divulgue o livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de S. Luís Maria Grignon de Montfort.

Nessa obra, S. Luís de Montfort analisa todas as questões relativas à devoção à Nossa Senhora, inclusive aquela acima, em geral apresentada pelos, como ele denomina, “devotos escrupulosos”, “que receiam desonrar o Filho, honrando a Mãe”. É uma obra muito instrutiva.

Quanto à deslocação do Sacrário do centro do altar principal (onde é celebrado o Santo Sacrifício da Missa e que deve ser sempre o centro da nossa adoração - Jesus Hóstia, real e consubstancialmente presente) para outros locais não bem visíveis nas igrejas, deve-se à mentalidade de muitos que negam a presença real de Cristo no Sacramento da Eucaristia, e que, em geral, são também contra devoções particulares, incluindo a devoção à Nossa Senhora.

Nessa ótica, se o senhor me permite, sugiro a leitura da Encíclica Mysterium Fidei de Paulo VI, e do artigo “Padre Maurício Zundel: um herege escandaloso e descarado” (http://www.montfort.org.br/cadernos/zundel.html)

Se há abusos ou deturpações (até comerciais) da devoção devida à Nossa Senhora, a culpa não é da devoção em si, pois, como vimos, está escrito: “Todas as gerações me chamarão de bem aventurada" (Luc. I,48), e nem da doutrina da Igreja quanto à própria devoção, mas sim das pessoas que a deturpam ou a deformam.

Analogamente, por exemplo, o senhor acharia justo condenar a Medicina, pelo eventual abuso, praticado por médicos e pacientes, a certos medicamentos?

Mas, como o senhor bem disse, esse assunto é de um outro tópico, que terei enorme alegria em tratá-lo, para defender a devoção à Nossa Senhora como a Santa Igreja sempre ensinou, e não simplesmente como eu “acho”, pois, o que eu "acho", em si, não tem a mínima importância.

Aliás, meu caro Luís, eu, pessoalmente, “não acho nada”; porém tudo encontro na doutrina infalível da Santa Romana Igreja, como recitamos no Credo: “Credo in UNAN, SANCTAM, CATHOLICAM ET APOSTHOLICAM ECCLESIAM”!

Não é assim que eu, e o senhor, e todos nós, católicos, rezamos?

In corde Iesu sempre
Marcelo Fedeli
São Paulo - Brasil

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: ana (IP registado)
Data: 06 de December de 2002 11:43

Agora é que estou confusa... Se a bíblia é um documento da Igreja, estamos perante uma construção humana da mesma???
Penso que não é bem assim. O Novo testamento é que talvez seja uma construção mas apenas no sentido em que a selecção dos textos, a sua tradução e interpretação foi feita para justificar ou não determinadas interpretações da mensagem de cristo. Mas a Bíblia ultrapassa a Igreja - é de facto muito mais vasta...
Quanto á questão do culto mariano e de rezar o terço, pode ser fonte de inspiração cristâ. A repetição mecânica e monocórdica de orações até á exaustão pode ajudar a relaxar.... A devoção a Maria é muito popular e muito querida em todo o mundo, porque as pessoas se identificam mais com uma mãe, quando estão em situações de aflição e vulnerabilidade... Afinal, somos uns bébes grandes....
Certas formas do culto mariano tornam-se numa espécie de "magia" - por exemplo a crença de que usar certas medalhinhas nos traz sorte ou de que não se morre em pecado se as usarem, assim como o culto de imagens de uma forma exagerada ou o negócio das promessas...
O culto a Maria está muitas vezes ligado a uma fé mais infantil, menos aprofundada, de busca imediata de soluções... Não estou a dizer que essa fé não é boa, ás vezes as pessoas mais simples dão-nos grandes lições...
Mas confesso que o negócio em fátima me faz lembrar os vendilhões do templo. E que penso muitas vezes no que é que a Igreja faz aos milhões de euros de lucros anuais... ( E depois ainda vêm pedir ao pessoal dinheiro para construir mais templos e basilicas)

Penso que o Pai nosso é a oraçãof undamental dos cristãos - e também dos catolicis apostolicos romanos.

E agora vou dar um exemplo infantil - Há cerca de quatro anos estive numa situação de saúde difícil, aquando do nascimento do meu filho e tive de fazer uma cesariana de urgência. Bom, estava mesmo aflita e fartei-me de rezar para que tudo corresse bem e o meu ´menino nascesse bem. EStava eu completamente louca com dores no bloco operatório e muito preocupada com a situação ( acho que rezei uma serie de avemarias), e chegou a médica anestesista. Era uma senhora de meia idade, com um ar muito sereno, que logo me acalmou. Disse uma frase incrível - Tem calma, rapariga, não vais ter mais dores, não vou deixar que sofras mais...
Agora o mais curioso. Ela ficou ao meu lado o tempo todo e no fim disse-me o nome. -Chamo-me Maria de Deus. POdem não acreditar , mas era esse o nome da médica. Ainda hoje me arrepio ao recordar isto



ana

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 11 de December de 2002 12:51


Ana, quanto às relação indisível entre a Bíblia e a Igreja, já colocarei aqui algumas citações. Adianto desde já que tudo o que a Igreja, Corpo de Cristo, realiza, não é meramente "humano", mas divino.

Como dizia S. Justino bem lá nos primórdios do Cristianismo, os Evangelhos são os "comentários" dos Apóstolos: S. João diz-nos mesmo no final dos seus que seria impossível escrever tudo... Daí, o Espírito Santo a guiar os sucessores dos Apóstolos.

Cristo não foi um mero "mensageiro": n'Ele se "materializou" a Palavra de Deus.

A Bíblia não "ultrapassa" a Igreja. São unas, dependem de si mutuamente, não para a interpretação dos textos, mas para se servirem mutuamente. A Escritura conduz os povos a Cristo, pelas profecias, pelos testemunhos "biográficos" de Cristo e dos da Igreja primitiva... Nela se reconhece que a fé da Igreja é sempre a mesma, chegando à plenitude da auto-revelação de Deus em Jesus Cristo, desde Adão e Eva a nós mesmos.

É Deus quem guia a Igreja e são os consagrados quem mais é capaz e fortalecido para essa orientação. São eles os sucessores dos Apóstolos, não nós. Tanto guia Deus a Igreja que vemos conservada a fé por mais pecadores que sejam esses sucessores, de um modo que até os leigos lhes podem chamar à atenção para com aquilo que falham em caridade.

No que diz respeito ao dinheiro gasto pela Igreja, podes consultar as contas... Elas são apresentadas anualmente no santuário...

A Igreja não "pede ao pessoal". Se supostamente "somos todos Igreja", o que se está a fazer é uma colaboração nos custos de algo que é para todos, é para Deus. Quanto à capacidade administrativa desses bens, há que exigir uma efectiva aplicação, e parece-me que é o que está a ser feito.

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 17 de December de 2002 23:26

Caro Marcelo,

A resposta que dei à quarta questão, respondia implicitamente às outras questões. Mas poderei ser mais explícito:

P: "Acaso, o Terço, pedido por Nossa Senhora para ser rezado todos os dias, não inclui o Padre Nosso?"
R: De facto inclui: por cada Pai-Nosso, rezasse dez Avé-Maria. Não me parece uma proporção adequada, na medida em que o Pai-Nosso vem no Evangelho, recomendado por Jesus Cristo para ser utilizado explicitamente quando se reza, e a primeira parte da Avé-Maria vem no Evangelho, como tantos outros bonitos textos, mas que não se rezam. Veja-se o caso das Bem-Aventuranças (Mt 5, 1-11).

P: "Acaso, a Saudação Angélica (em epígrafe) também não está no Evangelho?"
R: Respondida na pergunta anterior.

P: "Acaso, para o senhor, poderia haver contraposição entre Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Santíssima Mãe?"
R: À primeira vista não pode haver contraposição, mas se no Evangelho vem uma coisa, e depois se pratica outra porque "Maria assim disse...", pelos vistos pode, principalmente se nos esquecermos que Maria é o "dedo que aponta para Cristo".

P: "Acaso, a saudação à Nossa Senhora desagradaria a Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho?"
R: Se Jesus Cristo pretendesse que os cristãos louvassem Maria, decerto não teria respondido como respondeu em Mt 12, 47-50; Mc 3, 31-35; Lc 8, 19-21. Talvez seja importante lembrarmo-nos que Jesus sempre se referiu ao "Pai". As referências à sua mãe e irmãos (não de sangue mas de fé) podem ser encontrdas nas citações que refiro nesta resposta.

Quando digo que «Ao longo dos últimos anos, os católicos divinizaram Maria, fazendo dela muito pouco humana», refiro-me ao facto de hoje considerarmos Maria num plano muito mais divino que humano. Hoje, já há quem fale em Maria como co-redentora da humanidade, como se o único Redentor não fosse Jesus Cristo. Quantos daqueles que se dirigem as suas súplicas a Maria está ciente que Maria será apenas intercessora e nunca será ela a conceder a Graça - reservada exclusivamente a Deus (entenda-se Santíssima Trindade)? Quantos daqueles que fazem promessas a Maria não pensam que quem faz os milagres é Maria, e não Deus? É a isto que me me refiro quando digo que se divinizou demasiado Maria.

Quanto à sugestão de leitura de "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", aproveito para agradecer mas de momento, embora não prometa que o faça por manifesta falta de tempo, talvez um dia com mais tempo. Todavia, já tenho em fila de espera na minha estante o livro Mariologia de José Cristo Rey Garcia Paredes, BAC, Madrid 2001.


Marcelo, não penses que desprezo Maria, ou que ela não tem um papel importante no Cristianismo. Apenas, a devoção a Maria tem sido acompanhada de diversos exageros que urge corrigir para que não cairmos num "Mariocentrismo" muito pouco Cristocêntrico.

Um abraço em Cristo,
Luis

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 01 de February de 2003 14:10


Vamos recontinuar este tema, empregando a oportunidade de diálogo com a Andréia, que espero venha a corresponder ao desafio colocado.

Se alguém quiser contribuir com alguma reflexão/estudo desde já, é bem-vindo, e a partir daí centrar-nos-emos nos elementos concretos em discussão que forem surgindo (torna-se necessário evitar a dispersão).

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 04 de February de 2003 05:18


Continuando este tópico, coloco aqui os extractos relevantes de um diálogo que foi iniciado noutro. Vamos continuá-lo aqui.


«Mas a quem pensa bastar "só a Bíblia" nunca sai da cepa torta e, de facto, vai acrescentando à Bíblia o que necessariamente ela diz: eles nem têm autoridade para a citar dizendo que é aquela a palavra de Deus sobre qualquer assunto... Transforma-se a Escritura num literalismo desgraçado e demonstra-se repetidamente o quanto a Bíblia não se basta a si mesma. Precisamente porque isso não está escrito em lado nenhum. E quem é que teria autoridade para a interpretar bem? Os linguistas? Claro que não! É a Igreja! Nem sequer "igrejas", mas uma Igreja, una, santa, católica e apostólica.»

João Oliveira, jmao@mail.pt


«Sobre o seu comentário que só a Igreja Católica é a Igreja de Deus... se leres a Bíblia mais detalhadamente, pedindo a iluminação do Espírito Santo (sim, pois a Palavra nos diz que a quem não tem conhecimento, peça a Deus e Ele não negará Tg 1:5 "Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada"). Em Atos 17 10-11 tem um trecho muito interessante... vejamos: "E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim."
OU SEJA, ELES EXAMINAVAM O VELHO TESTAMENTO, POIS O NOVO AINDA NÃO EXISTIA. QUEM EXAMINAVA? OS APÓSTOLOS? NÃO. OS LÍDERES DAS IGREJAS? NÃO. QUEM EXAMINAVA ERA A IGREJA, OU SEJA OS SEUS MEMBROS.

Igreja não é um estabelecimento e sim o povo de Deus que é uma casa espiritual, como diz Pedro em sua primeira Epístola : 1 Pe 2: 5-6 "vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso, na Escritura se diz: Eis que ponho em Sião uma principal pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido."
O próprio Pedro, que foi chamado por Jesus para pastoriar as ovelhas que ele havia conquistado em Israel, e que os Católicos dizem que é a Pedra principal da Igreja, diz que a Pedra principal é Jesus Cristo e nós somos pedras vivas, como tijolos e edificamos o templo de Deus. Um templo Espiritual. NÃO UM ESTABELECIMENTO COM DENOMINAÇÕES.
Se nos rebelamos contra as Idéias e doutrinas da Igreja Católica é porque elas não estavam de acordo com o que diz a Bíblia. Não estavam, ou melhor, não estão de acordo com o que diz as Epístolas dos nossos Apóstolos que foram os PAIS da IGREJA PRIMITIVA, a Igreja mais próxima do que Jesus quer: sem imagens, sem idolatria, sem imagens, uma Igreja que busca a face de Deus, o batismo com o Espírito
Santo, uma Igreja que busca santidade, se separando das coisas do mundo, e do pecado, que tem Jesus como único e suficiente salvador, que tem Jesus Cristo como único mediador entre nós e Deus, uma Igreja que procura anunciar o Evangelho em todos os lugares que pisa, uma Igreja que não mede esforços para defender a Palavra Verdadeira para que permaneça pura e sem misturas.
Se há estabelecimentos que não estão dentro desses padrões, não importa a denominação, não podem ser considerados uma Igrejas e sim seitas.
Não importa as denominações e as crenças culturais, mas se há estabelecimentos que buscam todas essas coisas que são as que Jesus e os Apóstolos ensinaram, então podem ser chamadas Igrejas de Deus.

Quero sua resposta sobre meus argumentos, mas por favor, sem doutrinas, e sim com respaldo bíblico, pois a Bíblia é a doutrina verdadeira, a doutrina de Deus, não do homem, pois a Palavra diz: "maldito o homem que confia no homem". "Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?" Mt 15:3»

Andréia, cristianedde@bol.com.br


«Quanto a Actos 17,10-11 vemos o exemplo do bom católico: ouvindo a sabedoria e infalibilidade da Igreja, atentam nas Escrituras e "verificam que tudo é, de facto, assim".

Dentro de todas as questões que levantou contra os católicos, bem as pode usar contra os seus pares: as igrejas protestantes são instituições, estabelecimentos e denominações meramente humanas que, ao contrário da Igreja una, santa, católica e apostólica, não têm fundamento bíblico, histórico e apostólico (já que diz, e bem, que os Apóstolos são os - primeiros - Pais da Igreja Primitiva, certamente ficará surpreendida ao compreender o quão católicos eles eram).

Sabe que existem para cima de 30.000 homens malditos a confiar em homens para escolas (tradições orais humanas e não apostólicas) de interpretação da Escritura, transgredindo de diversas formas os mandamentos de Deus por causa dessas tradições? É que vocês acham mesmo isso uns dos outros!! Limpem a vossa casa primeiro, por favor, em vez de virem julgarem o que seria, em primeiro lugar e segundo o entendimento protestante, "mais uma" interpretação como as há tantas...

Pergunte-se a si mesma se não está seguindo apenas o que lhe ensinaram sobre Jesus, não se abrindo ao que a Igreja Católica diz. Tenha presente que somos genuínos naquilo em que acreditamos e que Jesus é nosso único Senhor, Salvador e Mediador entre Deus e os homens (na medida em que em Si nos reconciliou com Deus).» [em relação às imagens, o argumento foi refutado no outro tópico, quanto à idolatria, isso tem sido discutido noutro tópico ainda]

João Oliveira, jmao@mail.pt


«Essa palavra até doeu no meu coração!
DEVEMOS ENTÃO DESPRESAR A BÍBLIA COMO FONTE VERDADEIRA DA PALAVRA DE DEUS E FONTE PROVEITOSA PARA ENSINAR?
Não é o que diz Paulo:
1 Tm 3:16 - "TODA ESCRITURA é divinamente inspirada e PROVEITOSA PARA ENSINAR, PARA REPREENDER, PARA CORRIGIR, PARA [INSTRUIR] EM JUSTIÇA;..."

Gostaria muito de respostas sobre meus comentários, mas com base Bíblia, por favor. Não vamos nos envolver com vãs filosofias.»

Andréia, cristianedde@bol.com.br


«Neste ponto, citando 2 Tim 3,16 (CUIDADO, não é "1" Tim 3,16: mas LEIA BEM o que a Palavra de Deus diz sobre qual é a COLUNA e o FUNDAMENTO da verdade, descrito logo antes, em 1 Tim 3,15), a sua definição é auto-refutada pelo próprio versículo. Pois o que o versículo NÃO DIZ é que a Bíblia seja SUFICIENTE: nada diz sobre isso, mas diz - "Toda a Escritura é divinamente inspirada e PROVEITOSA..." Ora, se é proveitosa, não é SUFICIENTE, cara Andreia. Dizer isso é uma vã filosofia, uma autêntica heresia. Claro que isto não faz, por enquanto, sentido para si. No versículo se diz ainda, "a fim de que o homem de Deus seja perfeito e esteja preparado para toda a obra boa" - ou seja, a Bíblia orienta à perfeição vivida pessoalmente, a fé nas obras, a perfeição da vida em Cristo. No entanto, para este fim, é PROVEITOSA, mas não SUFICIENTE. Tal como as obras são PROVEITOSAS e não SUFICIENTES, e tal como a fé sem obras é morta (cf. Tg 3,14-26 - ou seja, a perfeição é a vida de santidade na fé em Cristo, tendo como fonte as Escrituras e a Igreja, coluna e fundamento da verdade).

Andreia, vã filosofia são as ideias doutrinárias e catecismais proclamadas dos púlpitos protestantes. Essas sim, vãs filosofias de homens sem autoridade para interpretar a Palavra da forma infalível que ela é. Daí as tremendas e infindáveis divisões protestantes baseadas neste problemazinho da Sola Scriptura.»

João Oliveira, jmao@mail.pt


«A Bíblia é suficiente para conhecermos a vontade de Deus, conhecermos seus mandamentos, ordenanças, conhecermos seu amor, e conhecermos como a salvação chegou até nós. Isso basta para seguir Jesus sem erra o caminho. Os Apóstolos não ensinam nada além do que Jesus falou a Eles pessoalmente. Daí por diante, o que for acrescentado é vã filosofia. Não importa as vãs filosofias do homem, pois o homem pode tomar uma decisão errada e aí, levar todo o rebanho junto a um erro, inclusive o papa, pois o próprio reconheceu o ERRO de alguns papas do passado e pediu perdão (graças a Deus) por isso. Ele mesmo reconheceu que houve erro, porque então o vaticano não poderia ter tomado uma decisão errada? Não há homem infalível. Deus é infalível e só. Não quero comentar em outros erros de religiosos, pois sabemos bem, mas Deus conhece àqueles que o adoram em espírito e em verdade e buscam cumprir seus mandamentos, e buscam a Sua presença e cumprir tudo que Ele mandou.

Não creio que o que digo são vãs filosofias, pois não estou colocando nenhum pensamento meu aqui, pois o que comento está dentro da Bíblia e ainda cito os versículos, cujos versículos não são de difícil interpretação. Não estou alegorizando nada, só esto citando o que a Bíblia nos diz e ela mesmo, você queira ou não, se intitula como lâmpada para nossos pés.

Vejamos a importância da Palavra, vamos exemplificar: Imagine uma pequena linha no espaço, esse é o início do caminho que Jesus nos ensinou e ele quer que essa linha chegue a um ponto lá em cima em linha reta. Esse é o único caminho que nos leva a Deus e já está pontinhada, pois Deus deixou sua Palavra para nos iluminar como os pontilhados iluminam a direção da linha (caminho). Se não
olharmos o pontilhado (Palavra) nos desviaremos do caminho e não chegaremos ao ponto de chegada.»

Andréia, cristianedde@bol.com.br

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 04 de February de 2003 05:20


Andréia, vamos ver se nos entendemos. Estamos a falar da hipotética "suficiência" da Bíblia. Desde já, recomendo que leia este tópico na íntegra para não estarmos interminavelmente a repetir os mesmos argumentos. Peço-lhe que leia com paciência os meus argumentos, nos quais procuro dar testemunho da fé da Igreja de Deus, e que tenha muita atenção aos versículos bíblicos que uso e seu encadeamento lógico. Acima de tudo, deixemos de lado vãs ironias e argumentos parciais.

Levantou a questão da aparente incompatibilidade entre os pecados que todos cometem e a infalibilidade da Igreja. Isso não se verifica. Todos nós pecamos. A Igreja não é "impecável", mas sim "infalível". Não pode ser irremediavelmente afastada de Deus pelo Maligno, mas sempre consegue, pela conversão, penitência e contrição contínuas, recuperar o fulgor de santidade que deve ser o seu. O Papa pediu perdão pelos pecados de TODOS os cristãos (incluindo os seus, dos seus antepassados evangélicos, incluindo as perseguições e massacres dos protestantes, que ainda ocorrem - lembro-me agora das recentes chacinas de católicos por protestantes, que chegam às crucificações, na Irlanda), não apenas os católicos e não pediu perdão por qualquer ponto de doutrina que tenha sido legitimamente e consistentemente ensinada pela Igreja, pois tal coisa não faz sentido.

Queria colocar aqui alguns trechos essenciais para nos entendermos, pois somos chamados à unidade plena como filhos de Deus (e diga-me se entre todos os que acreditam "somente na Bíblia" é possível praticarem isto como os mais de mil milhões de católicos no mundo):

"Com toda a humildade e mansidão, com paciência: [suportai-vos] uns aos outros no amor, [esforçai-vos] por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só baptismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos." (cf. Ef 4,2-6)

"Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, fazei-o vós também. E, acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o laço da perfeição. Reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados num só corpo. E sede agradecidos." (Cl 3,12-15)

"Peço-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais todos de acordo e que não haja divisões entre vós; permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento. Estará Cristo dividido?" (1 Cor 1,10-11.13)

"(...) [Permanecei] firmes num só espírito, lutando juntos, numa só alma, pela fé no Evangelho." (cf. Fl 1,27)

"Assim acontece connosco: os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas, individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros." (Rm 12,5)

"Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim." (Jo 17,20-23)

É minha intenção, neste trabalho, em que usei diversos estudos de apologistas católicos disponíveis na Internet (ver [www.biblicalcatholic.com] e [www.chnetwork.org] para textos completos e direitos dos autores), manifestar com caridade que não só a Igreja Católica é precisamente a Igreja descrita pela Bíblia, como, por consequência, é, hoje como naquela época, em tudo o que lhe é essencial apesar dos desenvolvimentos ocorridos ao longo das suas duas décadas de História, a ÚNICA e VERDADEIRA Igreja, na qual todos os cristãos se devem reconciliar, pois a Igreja e o clero bíblicos e a Igreja e o clero Católicos são os mesmos. Obviamente, nenhuma outra denominação cristã achará que a Igreja Católica está certa quando afirma isto. Simplesmente, não o pode aceitar, não porque não se ache a si mesma com maior autoridade, mas precisamente porque tanto nega a infalibilidade do Papa quanto a sua. Creio que é esta a fé comum que todos os cristãos devem ter, como verdadeiros irmãos (cf. Tt 1,4). Ou seja, a Igreja Católica é a única forma de deixarem de existir denominações e seitas. Vamos aos argumentos...

Enquanto os católicos estão preocupados com o que os protestantes retiram e anulam à Bíblia, os protestantes estão preocupados com aquilo que os católicos lhe "adicionam". Ambos têm a mesma preocupação: que a Revelação não fique corrompida. E é precisamente esse o âmago da denunciação bíblica de certas tradições: são "tradições de homens" (Mc 7,8), "preceitos humanos" (Mc 7,7), não os mandamentos de Deus mas as "suas tradições" (Mt 15,3). Ou seja, "tradição humana" (Cl 2,8) passando por Revelação de Deus. É esta, e apenas esta, aquela que a Bíblia e a doutrina católica condenam.

No entanto, a fé católica, acautelando-se contra as tradições humanas que usurpam a Revelação, compreende a ironia que é o medo dos homens em seguir essas tradições humanas tornar-se em si mesmo uma tradição humana...! De facto, é isto que acontece com quem advoga que a Revelação de Deus está contida "somente na Bíblia".

Desde já, diga-me onde diz a Bíblia que ela mesma é SUFICIENTE para nos dar a conhecer a plenitude da Revelação, "a vontade de Deus, conhecermos seus mandamentos, ordenanças, conhecermos seu amor, e conhecermos como a salvação chegou até nós"? Tenha em atenção que deve indicar onde a Bíblia diz que cada um dos livros que a formam no seu conjunto, pois é isso que é "a Bíblia" (66 para si, 73 para nós), são SUFICIENTES. Tem de nos dizer onde é que a Bíblia menciona e define cada um e todos os livros que a compõem, indicando-nos que para além desse conjunto, que a Bíblia "refere explicitamente", nada se pode dizer (isto seria possível se encontrasse para cada livro versículos como "a Carta a Tito é Escritura Sagrada" ou "o Evangelho segundo S. Marcos é inspirado por Deus", etc.).

Certamente que não conseguirá fazer isto, pois essa questão do "só a Bíblia" é um sofisma protestante que é doutrina sem fundamento bíblico, nem apostólico, nem histórico. Estou certo de que encontrará evidências para corroborar, por exemplo, a suficiência do livro do Evangelho segundo S. João ou do Apocalipse, mas isso de modo nenhum prova que os outros livros são aceites pelos próprios versículos bíblicos. E se não é através dos versículos da Bíblia que vimos a saber quais são os livros inspirados, a que autoridade podemos apelar? A nós mesmos não poderá ser: porque desde logo isso negaria o princípio da "só a Bíblia", estando a seguir a doutrina concebida por nós mesmos! Seria uma tradição, o que a doutrina defendida pela Andréia rejeita determinadamente (com interpretações cegas quando não maliciosas, muitas vezes).

É também uma noção de senso comum: durante os anos do seu ministério público, acha que Jesus disse e fez somente o que está na Bíblia? Além disso, acha que tudo o que a Igreja foi e fez nos primeiros tempos está somente na Bíblia? E para onde foi essa Igreja descrita na Bíblia, onde havia uma unidade de fé e doutrina? Acha também que toda a explicação teológica, uma exposição de fé organizada, com todas as definições necessárias para não dar hipótese a variações de interpretação que colocariam em causa a própria fé, está na Bíblia? Será o Cristianismo a religião do livro? Como podem haver tantos a pegar na Bíblia e ensinar coisas tão contraditórias? Mas, afinal, como é que alguém pode definitivamente saber qual dessas opiniões é a verdadeira? Pelo maior número de votos? O maior número de versículos bíblicos? Pela tradição mais antiga? Pela voz mais berrante e feroz? O problema fundamental no diálogo entre cristãos, aquele que está nas origens de todas as nossas divisões, é o da autoridade: quem tem a autoridade para, falando por Deus, declarar a verdade?

Antes de mais, são questões que se deve colocar a si mesma, interrogando-se se faz algum sentido acreditar "somente na Bíblia", olhando para todos os crentes que assim fazem e continuamente se dividem em diferentes interpretações e comunidades sectárias. Estará reflectida neles a Igreja descrita pela Bíblia? Parece-me óbvio que não. Tem de haver uma autoridade que apoie a verdadeira interpretação da Escritura. É a própria Escritura que nos diz isso, como iremos ver em seguida.

Será que toda a tradição é "tradição de homens"? O que é que nos diz a Bíblia sobre isso? A Bíblia ensina que existe uma tradição diferente dessas tradições que negam os mandamentos de Deus, que é a Tradição Apostólica. Somos chamados, pela Bíblia, a conservar esta Tradição ("t" maiúsculo). Os testemunhos que temos, principalmente nas Cartas, indicam-nos que a palavra dos Apóstolos e seus sucessores acompanham a Escritura e que, nesses casos também, se cristalizaram em Escritura. Temos então a Tradição tão enraizada nos fundamentos da Igreja que assistimos às Cartas, à Escritura, a confirmarem a validade da mesma! A palavra oral e escrita (alguma desta tornada considerada Escritura posteriormente) que vem dos Apóstolos tem autoridade Vejamos...

O que é que a Igreja Católica, o que é que a Tradição Sagrada, Apostólica, "acrescenta" à Bíblia? Ora bem, nada lhe é "acrescentado", mas sim desenvolvido, explicado e acreditado, tendo em conta o que Jesus, a Quem "foi dado todo o poder no Céu e na Terra" (Mt 28,18), a Quem "tudo Lhe foi entregue por seu Pai" (Mt 11,27) disse APENAS aos Apóstolos: "«Não vos escolhi Eu a vós, os Doze?(...)"» (Jo 6,70). "Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos" (Mt 28,19-20). Disse também: "«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim. Se ficastes a conhecer-me, conhecereis também o meu Pai. E já o conheceis, pois estais a vê-lo»" (Jo 14,6). "«Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos, e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê nem conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós»" (Jo 14,15-17). "«Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse»" (Jo 14,25-26). "«Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir»" (Jo 16,12-13; cf. +). "(...)«Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós». Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos»" (Jo 20,22-23). "Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10,16).

Onde se fala aqui de Bíblia? Jesus diz que o Espírito da Verdade está nos discípulos, não num livro. A Escritura Sagrada dá testemunho de uma realidade mística, viva e transcendente, graça de Deus. Vejamos com seriedade este trecho: "É que, de facto, não somos como muitos outros que falsificam a palavra de Deus, mas é com sinceridade, como enviados de Deus, que falamos em Cristo, diante de Deus. (...) A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. É evidente que sois uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações. Tal confiança, porém, nós a temos diante de Deus, por meio de Cristo. Não é que sejamos capazes de conceber alguma coisa como de nós mesmos; é de Deus que provém a nossa capacidade. É Ele que nos torna aptos para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, enquanto o Espírito dá a vida" (2 Cor 2,17.3,2-6; cf. 3,17-4,16). Diz-nos o Apóstolo que um discípulo é lido e conhecido como a própria Palavra, como uma das cartas que se consideram Palavra de Deus. Os Apóstolos e seus discípulos (como Timóteo, por exemplo) "transportam este tesouro em vasos de barro" (2 Cor 4,7), os seus próprios corpos. Vemos assim que a Verdade revelada completamente em Jesus Cristo nos é completada, desenvolvida, acompanhada e recordada pela acção do Espírito Santo (cf. Jo 14,26; 16,13), ao longo destes tempos que são os últimos, até à última vinda do Senhor.

Portanto, nós católicos afirmamos que professamos a "fé que foi transmitida aos santos de uma vez para sempre" (Jd 3). A fé que muitos profetas e justos desejaram ver e não viram, ouvir e não ouviram, mas que nos foi dada ver e ouvir (cf. Mt 13,17). Cristo, que veio levar a Lei à perfeição (cf. Mt 5,17), é o nosso único Mestre, o Messias (cf. Mt 23,10). Os Apóstolos reconheceram que a sua missão era a de transmitirem, intacta, a fé que lhes foi dada a conhecer pelo Messias: "Quanto de mim ouviste, na presença de muitas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de o ensinar também a outros" (2 Tm 2,2). "Fica sabendo que, nos últimos dias, surgirão tempos difíceis. (...) Tu, porém, seguiste de perto o meu ensinamento, o meu modo de vida e os meus planos, a minha fé e a minha paciência, o meu amor fraterno e a minha firmeza (...). Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e de que adquiriste a certeza, bem ciente de quem o aprendeste" (2 Tm 3,1.10.14).

Diz ainda Paulo: "Desde a infância conheces a Sagrada Escritura, que te pode instruir, em ordem à salvação pela fé em Cristo Jesus. De facto, toda a Escritura é inspirada por Deus e adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e esteja preparado para toda a obra boa" (2 Tm 3,15-17), portanto a Bíblia não é SUFICIENTE, pois só pode ser bem acreditada na "Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade" (1 Tm 3,15), devido a "ninguém poder interpretar por si mesmo uma profecia da Escritura, porque jamais uma profecia foi proferida pela vontade de um homem; mas, sendo movidos pelo Espírito Santo é que certos homens falaram da parte de Deus" (2 Pe 2,20-21). Só pode ser a Igreja a reconhecer infalivelmente, pelo Espírito Santo enviado por Cristo, a doutrina verdadeira que faz parte do depósito de fé, guardado pela Igreja (cf. 1 Tm 6,20-21; 2 Tm 1,12-14), composto pela Escritura, pela doutrina e tradições dos Apóstolos transmitidas aos seus sucessores (cf. Jo 17,20; Act 2,42; 1 Cor 11,2.23; 1 Ts 2,13; 2 Ts 2,15; 3,6; 2 Tm 2,2; 2 Pe 3,2; Jd 17.20). Assim, íntegros na sã doutrina, devem "falar, exortar e repreender com toda a autoridade, sem que ninguém os despreze" (cf. Tt 2,1.7.15).

Então, a questão fundamental não está, portanto, naquilo que esteja para "além" da Bíblia, mas daquilo que lhe está na origem: a Igreja. Porque aquilo que a Bíblia é, principalmente no Novo Testamento, tem a sua fonte na "Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade" (1 Tim 3,15). Esta Igreja, que é A Leitora da Bíblia, tem uma autoridade que lhe é concedida por Deus, mantida pela sucessão apostólica, pelo episcopado, pela Tradição. Apesar dos protestantes darem grande, e considerarem suficiente, o ênfase na autoridade da Bíblia, os católicos apontam para essa autoridade eclesiástica e episcopal. Contudo, por todas as razões apontadas, vemos que estas duas formas de entender a Igreja não são biblicamente opostas, de forma que a própria Bíblia dá testemunho de uma autoridade que, não lhe sendo "superior", está ao seu serviço. Afinal, Jesus disse para apelarmos à Igreja quando há divergências (Mt 18,17), não à Escritura por si mesma, que depende das interpretações e dos usos que lhe dão as pessoas. A Igreja tem uma autoridade que lhe é concedida por direito divino e a ela deve obediência toda a Cristandade (cf. p. ex. Flm 8.21).

De facto, a Igreja é "edificada sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus" (cf. Ef 2,20). A Igreja é luz do mundo, que brilha diante dos homens (cf. Mt 5,14-16), sempre disposta a dar a razão da sua esperança a quem lha peça (cf. 1 Pe 3,15-16). O interessante é que Paulo não diz que a Igreja seja edificada "nos ensinamentos" dos Apóstolos e dos Profetas, mas neles mesmo. Ou seja, a pessoa e o seu ensinamento são uma unidade. Tanto nos Profetas como nos Apóstolos, os seus ensinamentos não podem ser separados da autoridade pela qual ensinam.

Como é que aos Apóstolos sucedem os bispos actuais? Temos um exemplo claro, além de diversos versículos que nos indicam essa sucessão, na própria Bíblia. "Bispo" tem como origem o grego "episkopos" (e o conjunto de bispos chama-se de facto "colégio episcopal" ou "episcopado"), que em 1 Pedro 2,25 é usado para se referir a Cristo, como "Pastor e Guarda das nossa almas". Depois de Judas ter desertado, os restantes onze Apóstolos, de acordo com a decisão de Pedro, nomearam o seu sucessor, Matias (Act 1,15-26). Como Judas é chamado bispo (episkopos) nesta passagem, então por extensão lógica todos os Apóstolos podem ser considerados bispos (apesar de serem de um tipo extraordinário e irrepetível). No início, o cargo de bispo era desempenhado por anciãos (cf. p. ex. Act 20,28; 1 Pe 5,2) e estava ligado com uma forma pastoral estável, e cedo se desenvolveu para a guarda de Igrejas locais (chamadas mais tarde de dioceses).

Só pela autoridade e ensino dos Apóstolos e seus sucessores, os bispos, que são os administradores de Deus, firmemente enraizados na doutrina da palavra digna de fé, capazes de exortar com sãos ensinamentos e refutar os contraditores (cf. Tt 1,7-8), é que a Igreja pode sucessivamente ao longo dos tempos ordenar os seus sucessores, concedendo-lhes o Espírito Santo (p. ex. Act 1,20; 6,6; 8,18; 9,17; 13,3; 14,22; 1 Tm 4,14; 5,22; 2 Tm 1,6; Tt 1,5). Precisamos deste ensino para que possamos crer de forma plena que "Jesus Cristo é o Filho de Deus" (cf. Act 8,30-38).

Sem a Igreja, a própria Bíblia não passa de um conjunto falível de livros supostamente infalíveis. Sem que nela acreditem infalivelmente, a Bíblia não é sagrada, tornando-se nada mais que um "texto literário mítico", sobre o qual cada um acredita o que quer - incluindo a paradoxal conclusão de que Deus não existe.

Se a Igreja não "infalibilizar" a Bíblia, perdemos a unidade do testemunho da fé, e contrariamos sem piedade a oração de Jesus: "Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim" (Jo 17,23). Devemos amarmo-nos como Cristou amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), nós que somos membros do seu Corpo (cf. Ef 5,30). Como podemos nós criar divisões entre nós, dilacerando o Corpo, contra nós mesmos (cf. Mt 12,25; Rm 12,5)?

[os dois parágrafos seguintes são uma tradução minha, com adições e alterações, de um texto da autoria de Dave Armstrong]

Um dos aspectos inegáveis e constantes da Bíblia, uma das maiores preocupações que tinha a Igreja primitiva, e sua constante condenação e proibição, era o sectarismo e as divisões: daí os constantes apelos à unidade e unicidade da Igreja, especialmente testemunhados em S. Paulo (cf. Mt 12,25; 16,18; Jo 10,16; 17,20-23; Act 4,32; Rm 12,5; 13,13; 16,17; 1 Cor 1,10-13; 3,3-4; 10,17; 11,18-19; 12,12-27; 14,33; 2 Cor 12,20; Gl 3,27-28; 5,19-21; Ef 4,2-6.13; Fl 1,27; 2,2-3; Cl 3,12-15; 1 Tm 6,3-5; Tt 3,9-10; Tg 3,16; 2 Pd 2,1). Este não é assunto opcional. Nosso Senhor até faz da nossa unidade um meio pelo qual o mundo possa vir a crer que o Pai enviou seu Filho (Jo 17,21.23) e reza para que ela seja tão profunda quanto a unidade da própria Trindade (Jo 17,21-22). S. Paulo afirma que erguer divisões é motivo para a exclusão da comunidade cristã (Rm 16,17) e diz que as divisões realmente dividem Cristo (1 Cor 1,13)! Esta sempre foi uma das forças da posição católica contra a protestante, e os próprios protestantes ficam eles mesmos alarmados com aquilo que consideram ser uma escandalosa concorrência de denominacionalismos e sectarismos, que todos concordam estar condenada nas Escrituras.

Um dos sinceros e aparentemente razoáveis fundamentos para formar uma nova seita é o desejo de separação dos pecadores e do pecado, que pode estar a afectar o grupo restante. Contudo, a Bíblia ensina claramente que a Igreja (especialmente no seu sentido institucional) compreende tanto santos como pecadores, bons e maus. Vemos isto da forma mais indiscutível em diversas parábolas de Jesus acerca do Reino dos Céu (isto é, a Igreja), tal como o trigo e o joio, onde Jesus diz que cresceram juntos até ao Julgamento final, ou tempo da colheita/ceifa (Mt 13,24-30; cf. Mt 3,12). Ele compara a Igreja a uma rede que colhe bom e mau peixe, separados no final (Mt 13,47-50), e a um banquete nupcial, do qual um convidado foi lançado nas trevas exteriores (Mt 22,1-14). Esta parábola acaba com a famosa frase, Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos, que pode ser interpretada como a distinção entre mornos, ou mortos, ou cristãos apenas de nome e os verdadeiros eleitos que serão salvos no final. Ambos estão presentes na Igreja, segundo Jesus. Outras situações semelhantes são encontradas nas parábolas das dez virgens (Mt 25,1-13) e dos talentos (Mt 25,14-30). E a descrição de Jesus dos cristãos e da Igreja como a cidade situada sobre o monte (Mt 5,14; cf. 5,15-16), é uma referência óbvia à visibilidade da Igreja. De nenhuma forma pode esta cidade ser encarada como invisível.

Curiosamente, a própria Bíblia diz-nos o suficiente para considerarmos que ela não é suficiente, dependendo da infalibilidade da Igreja: "Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela" (Mt 16,18). Jesus faz estas afirmações sobre a Igreja na pessoa da Pedro. Jesus, o Bom Pastor (Jo 10,11-14; 1 Pe 2,25), deixou-nos de facto um pastor em seu lugar, antes da sua Ascensão ao Pai (Jo 21,15-17). Este Apóstolo, o que toma a palavra e os representa a todos (cf. p. ex. Mt 4,18; 10,2; 17,1; Act 1,13.15; 2,14.37-38; 3,1.12; 4,8; 5,15.29; 10,5), foi o escolhido por Cristo para ser o primeiro entre os Apóstolos, tal como o Papa é o primeiro entre os bispos. Se não se aceitar esta voz única de pastor universal, caímos num de dois erros, como o expôs Newman: ou se sacrifica o acordo na doutrina de forma a manter uma aparência de unidade (que é pelo que as maiores igrejas protestantes optam), ou se fica com o acordo em doutrina e prática, mas acaba-se numa pequena seita (que é o que as igrejas protestantes independentes escolhem). A única forma de se ter concordância na doutrina e na unidade interna é na existência de uma autoridade central reconhecida por todos. Na Igreja Católica, esta unidade é histórica, bíblica e apostólica. Por outro lado, se houver um cristão que não aceite a autoridade apostólica e petrina do Papa, tem apenas uma fé católica e apostólica parcial, por não ser una e santa, ao invés de ser sem divisões, mas perfeita no vínculo do amor, reinando em todos os corações a paz de Cristo, a que fomos chamados num só corpo (cf. Cl 3,14-15). Sem o Papa, não temos o que Jesus queria: "um só rebanho e um só pastor" (Jo 10,16), um entre nós a confirmar-nos na fé (cf. Lc 22,32), que é uma só (cf. Ef 4,5), tendo-o querido "em ordem a preparar os santos para uma actividade de serviço, para a construção do Corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo. Assim, deixaremos de ser crianças, batidos pelas ondas e levados por qualquer vento da doutrina, ao sabor do jogo dos homens, da astúcia que maliciosamente leva ao erro; antes, testemunhando a verdade no amor, cresceremos em tudo para aquele que é a cabeça, Cristo" (Ef 4,12-15).

Mas talvez a mais incrível e chocante prova da infalibilidade da Igreja sejam as palavras de Paulo quando diz que lhe "foi dada a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo e a todos iluminar sobre a realização do mistério escondido desde séculos em Deus, o criador de todas as coisas, para que agora, por meio da Igreja, seja dada a conhecer, aos Principados e às Autoridades nos altos Céus, a multiforme sabedoria de Deus, de acordo com o desígnio eterno que Ele realizou em Cristo Jesus Senhor nosso" (cf. Ef 3,8-11; Ef 1,9; 3,3; Cl 1,16-17.26; 2,13-15)...! Assim, a Igreja, através dos seus santos servos, leva à plena realização a Palavra de Deus (cf. Cl 1,25.28; Ef 3,2). Em especial, a Igreja de Roma, a quem Paulo "se atreve" a reavivar a memória (cf. Rm 15,15) e de cuja companhia espera ansiosamente poder gozar (Rm 15,22-24.32; cf. Rm 1,10-12), é aquela por quem ele dá graças de sua fé ser "proclamada em todo o mundo" (Rm 1,8). Pedro, no entanto, não tem necessidade de requisitar estas permissões (cf. Rm 15,14-15.20) ao evangelizar Igrejas fundadas por outros (cf. 1 Pe 1,1).

É à Igreja Católica, precisamente essa, à qual o "pontilhado" que é a Escritura, como diz, nos vai conduzir.

Como disse Sto. Ireneu de Lião (séc. II), esse grande apologista da Igreja primitiva (arrasou a heresia gnóstica, que nos nossos tempos regressa):

«A mensagem da Igreja é verídica e sólida, porque nela aparece um só e o mesmo caminho de salvação, em todo o mundo». Esta fé, «que recebemos da Igreja, guardamo-la nós cuidadosamente, porque sem cessar, sob a acção do Espírito de Deus, tal como um depósito de grande valor encerrado num vaso excelente, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o próprio vaso que a contém». (citado no Catecismo da Igreja Católica, 174-175)

Por sua vez, o Papa Clemente I (possivelmente o mesmo de Fl 4,3, o sucessor de Pedro no papado após Anacleto e até o autor da Carta aos Hebreus), ainda no primeiro século (c. 80-96), escrevia o seguinte aos Coríntios:

"Caríssimos, escrevemos todas estas coisas, não só para vos advertir, mas também para lembrá-las a nós mesmos. De fato, estamos na mesma arena, e o mesmo combate nos espera. Deixemos, portanto, as preocupações vazias e inúteis, e sigamos a norma gloriosa e veneranda da nossa tradição. Vejamos o que é bom, o que agrada e o que é aceito diante daquele que nos criou. Tenhamos os olhos fixos no sangue de Cristo, e compreendamos como é precioso ao seu Pai. Derramado pela nossa salvação, trouxe ao mundo a graça do arrependimento". (Carta aos Coríntios, 7)

"Estas coisas são evidentes para nós, pois descemos às profundezas do conhecimento divino. Devemos fazer com ordem tudo o que o Senhor nos mandou realizar nos tempos determinados. Ele ordenou que as ofertas e as funções litúrgicas fossem realizadas, não ao acaso ou desordenadamente, mas em circunstâncias e horas determinadas. Ele próprio, por sua soberana vontade, determinou onde e por quem Ele deseja que as coisas sejam realizadas, a fim de que cada coisa, feita santamente com a sua santa aprovação, seja agradável à sua vontade. Aqueles, portanto, que apresentam suas ofertas nos tempos determinados, são agradáveis e felizes, pois, seguindo os preceitos do Senhor, eles não erram. Ao Sumo Sacerdote foram confiados ofícios litúrgicos particulares; aos sacerdotes foi designado o seu lugar particular; e aos levitas foram impostos serviços particulares. O leigo está destinado aos preceitos leigos." (Carta aos Coríntios, 40)

"Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto, vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com a plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: 'Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé' (cf. Is 60,17)." (Carta aos Coríntios, 42)

A Paz de Cristo nos vincule e nos faça irmãos.

"Com efeito, Ele é a nossa paz, Ele que, dos dois povos, fez um só e destruiu o muro de separação, a inimizade" (Ef 2,14)

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 10 de February de 2003 12:40

Como já havia dito antes, se a Igreja é infalível, isso significaria que ela não peca, o que não é verdade: in - não; falível - errável.
Se pecar significa errar o alvo.... sem mais comentários sobre o que é falível, ou infalível.

O fato de somente um grupo de homens dizer o que está escrito na Bíblia não é nem nunca foi a vontade de Deus. Todos devem lê-la, pois como muitos concordáram nesse tópico, é dessa maneira que podemos conhecer a Deus para amá-lo.
Seria ótimo se esse grupo pudesse revelar a verdade e essa ser passada de geração em geração, porém, desde o princípio houve diferenças de pensamentos porque os homens se atém a partes de difícl interpretação, e como Paulo disse, não devíamos nos prender a essas partes, e sobre essas partes termos uma só opinião: Exemplo: Vamos ser arrebatados antes, pós, ou durante a tribulação? A Bíblia não é clara a esse respeito e existem essas três teorias... Vamos nos ater a isso? não, pois isso não modifica a mensagem do Evangelho da Salvação.

A Bíblia existe para nos iluminar "lâmpada para nossos pés é a Tua Palavra". Quando um pregador está a frente, não devemos só engolir o que ele diz, mas devemos filtrar e reter o que é bom, como aconselha Paulo.
Quando um teólogo escreve um artigo, devemos filtrar e reter o que é bom e a Bíblia que nos ilumina para isso.

Diante desses conselhos de Paulo, fica claro que o homem não está impedido de dar suas opiniões, porém, ELAS NÃO PODEM SER BASES PARA NADA , MAS SIM, AS ESCRITURAS.

A PALAVRA NOS DIZ QUE AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA A IGREJA DE DEUS. Isso quer dizer que Jesus já nos deu a vitória e pegou as chaves da porta do inferno, como está escrito. Esse versículo não pode ser usado para dizer que o que o vaticano diz é lei, é irrefutável. A lei já nos foi dada e qualquer modificação no Evangelho de Deus será cobrado. Ai dos pastores, padres que pregarem diferente do que a Bíblia diz e assim levar o rebanho Mt 5:19 - "Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus"
Quais mandamentos? Mt 5: 17,18 _ "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido"
Jesus não veio para destruir o que está escrito no Velho Testamento, mas veio para trazer a Nova Aliança, que não precisaria mais de sacrifícios de animais, pois, Ele seria o crodeiro perfeito. Ele veio para cumprir a lei, os mandamentos e para dar exemplo para que nós cumpríssemos, será que não entendem que a Bíblia é a PALAVRA DE DEUS?
JESUS VEIO E FALOU SOBRE AS ESCRITURAS. NÃO REPROVOU NENHUMA DELAS E SÃO AS QUE TEMOS HOJE, APESAR DE ALGUNS LIVROS TEREM SIDO QUEIMADOS. CUMPRIU O QUE ESTÁ ESCRITO NO VELHO TESTAMENTO E COMO VAMOS SABER QUAIS SÃO AS LEIS SE NÃO AS LEMOS? OS 10 MANDAMENTOS SE RESUMEM EM 2, MAS PARA SE CUMPRIR ESSES DOIS É PRECISO CUMPRIR OS 10; NÃO PODEMOS AMAR AO PRÓXIMO SE COBIÇAMOS SUAS COISAS, SUAS MULHERES, SEUS MARIDOS, SE MATAMOS SE ROUBAMOS... NÃO PODEMOS AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS SE FAZEMOS IMAGENS E NOS PROSTAMOS DIANTE DELAS E ADORAMOS O HOMEM E AO QUE O HOMEM DIZ E COLOCAMOS ISSO ACIMA DO QUE DEUS DIZ...
Não podemos chegar a Deus através de ninguém a não ser através da Nova Aliança que foi feita através de sangue, sangue puro e perfeito e que através desse cordeiro chegamos ao Pai e através do Seu nome podemos todas as coisas.
A PALAVRA DESSA SER LIDA, RELIDA, LIDA NOVAMENTE E QUALQUER COISA QUE ESTIVER ALÉM DELA NÃO DEVE SER ABSORVIDO, MAS QUE SEJA ANÁTEMA.
Andréia.

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de February de 2003 18:13

Andréia:

Infalibilidade não é o mesmo que impecabilidade. São coisas diferentes. A Igreja é infalível quando definiu, por exemplo, o dogma da SSma Trindade, mas não é impecável, no sentido que não peca. O mesmo se aplica de uma forma especial ao Papa. A infalibilidade papal está restringe-se a poucas situações, quando o Papa fala em nome da Igreja, "ex cathedra", coisa que apenas fez duas vezes. O mesmo papa que pronuncie uma declaração infalível pode ser até um grande pecador. Isso nada tira à infalibidade da declaração, se o papa fala em nome da Igreja.

Muitas das questões que levantas têm a ver com os "eternos" problemas entre os protestantes e os católicos, sobretudo o binómio Bíblia-Tradição e já foram abundantemente debatidas no tópico do Hugo Castro, «Convertei-vos dos ídolos ao Deus vivo e verdadeiro...», que se encontra em [www.paroquias.org]. Aí poderás ver como a "sola scriptura" não tem qualquer sentido (nem sequer é bíblico!) e como a Tradição não é superior à Bíblia, mas é anterior e é fundamental para perceber a Bíblia.

Boa leitura!

Alef

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 11 de February de 2003 02:27


Andréia, seria bom que te referisses a cada argumento bíblico que coloquei, na refutação da "teoria" (para não lhe chamar heresia) em que acreditas sobre a Bíblia, a Igreja e os diversos aspectos doutrinários.

Os católicos acreditam que toda a Escritura é Palavra de Deus, mas não acreditam que toda a Palavra de Deus seja Escritura (Sagrada Tradição). Se discordas, apresenta argumentos bíblicos que o justificariam... Onde diz a Bíblia que ela se basta a si mesma, citando que cada um dos livros que a compõem é Palavra de Deus e nada mais?

Se não conseguires apresentar isto, por mais bem intencionada que sejas, a tua forma de acreditares no valor e suficiência da Bíblia está incorrecto, pois é uma teoria que se refuta a si mesma (se a Bíblia não diz para acreditarmos só nela, então não podemos acreditar só nela; acreditando também numa Tradição apostólica, não "tradições humanas" - como há muitas entre protestantes/evangélicos - as coisas fazem muito mais sentido e entendemos plenamente o testemunho e a verdade escriturística).

Quanto queimar livros bíblicos, vá ler sobre História da Igreja, em particular sobre as atitudes "inquisitoriais" de Lutero e Calvino, só para citar dois exemplos mais marcantes...

Fico à espera que apresente argumentos para refutar a minha mensagem anterior, caso contrário fico a duvidar da sua honestidade e boa vontade...

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 11 de February de 2003 13:39

Por que o Apóstolo Paulo aconselharia às pessoas a conferir as Escrituas (Velho Testamento) sempre que ouvisse alguém pregar, se a Palavra não fosse suficiente para obtenção da verdade?
Atos 17:11 "Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras PARA VER SE AS COISAS ERAM ASSIM" - SE AS COISAS NÃO FOSSEM ASSIM, SERIAM IGNORADAS. Ou seja, a Palavra seria suficiente para dizer se a pregação estava correta, ou não.

O livro de Deuteronômio ressalta a importânica de ensinarmos o Pentateuco, que contei toda a lei de Deus e revela o amor de Deus, a nossos filhos (Dt 6:7) de dia e de noite para que eles nunca se desviem dos caminhos do Senhor.
Acaso Jesus mandou que esquecêssemos as ordens de Deus? Não é o que Ele diz: " Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir" (Mt 5:17) (Lembrando que os Profetas são os demais livros do Antigo testamento).

Se o cristianismo veio do judaísmo, deveríamos ensinar nossos filhos, desde pequenos sobre as Escrituras para que eles nunca se desviem do caminho do Senhor. A diferença é que não estamos mais debaixo da Lei, mas debaixo da Graça. Nossos pecados são perdoados através do sacifício do Cordeiro Perfeito e não mais cobertos pelo sangue de animais.

Examinai de dia e de noite: Sl 1:2 - "antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite"
Sl 119:97 - "Oh! quanto amo a tua lei! ela é a minha meditação o dia todo" (lembrando que Lei pra eles é o Pentateuco)

A pregação não deixa de ser um ensinamento, mas é um ensinamento baseado nas Escrituras. Os Apóstolos pregavam o Evangelho que, na verdade está dentro das Escrituras.
Em Hebreus, podemos ver o Livro de Levítico às claras. O que antes era obscuro para nós e os Judeus faziam por que era mandamento, nós passamos a entender o motivo de todos aqueles rituais. Por isso o Novo Testamento é importante, pois abre o entendimento para o Antigo Testamento.

"o dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horebe, quando o Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos"

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 11 de February de 2003 17:46

Pois, Andréia, onde está o problema?

A Bíblia é norma de fé para todos os cristãos, mas não é por se repetir com mais frequência a Bíblia que se é mais cristão. E não é por se defender o "livre exame" que se está mais próximo da verdade e da unidade querida por Jesus Cristo. Como explicas que as denominações protestantes sejam aos milhares? Será isso o que Jesus Cristo quer? Estarão todos na verdade? Será que estão a usar correctamente a Bíblia ou trata-se apenas de "bibliolatria literalista"?

E como te podes basear biblicamente no princípio da "sola scriptura"? Em que Bíblia se garante o cânon (lista) dos livros inspirados?

Vou dizer-te uma coisa muito baixinho ;-) (brincando): o cânon bíblico é um dado da Tradição! -- isto é a sério!

Sem a Tradição, cara Andréia, não temos acesso à Bíblia como Palavra de Deus, porque é a Tradição que corrobora uns livros e rejeita outros.

Podes ver a abundante discussão sobre o tema no tópico que já indiquei, começado pelo Hugo Castro.

Alef

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 11 de February de 2003 18:05

Meu caro Alef,

Não ignoro tradição, ignoro tradição que está longe dos ensinamentos Bíblicos. O erro está quando você abraça uma tradição, só por ter sido passada de Pais para filhos, durante séculos.
Muitas tradições católicas entraram dentro da Igreja, não na Igreja Primitiva, mas depois que os Apóstolos morreram, pois enquanto eles viviam, escreviam cartas de exortação, ou visitavam as Igrejas.
Concordo com os Livros Canônicos porque eles se completam e nenhum contradiz o outro e por isso foram escolhidos para estarem lá. Os apócrifos, já li muitos, sempre tem contradições.

Vem cá, não vai fazer nenhum comentário sobre o verso que citei? Está mudando de assunto, meu caro?

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 11 de February de 2003 18:17

Andréia, não achei significativa citação, por isso não comentei. Não se trata de mudar de assunto, mas de ir directamente ao ponto esencial da discussão com os protestantes mais radicais. Há que mostrar que o seu ataque à Tradição não tem qualquer sentido, porque, como poderás ver na minha argumentação com o Hugo (não será bom estar agora a repetir-me), os protestantes são incapazes de solidamente refutar a necessidade da Tradição, porque é ela que nos garante o cânon da Bíblia e é anterior a ela. O critério da não contradição é importante, mas não basta por si. Poderás ver na minha discussão com o Hugo como mostro que há contradições literais entre os livros da Bíblia e, simultaneamente, como na Bíblia há centenas de citações dos livros a que nós chamamos deuterocanónicos e vocês chamam de apócrifos.

Por uma questão de honestidade intelectual, os protestantes têm que admitir que a "Sola Scriptura" é um absurdo sem fundamento bíblico!

Sem a Tradição nem sabemos quais são os livros bíblicos!

Pergunto-me se pelos simples critérios da "crítica interna" os protestantes ou outros incluiriam o Cântico dos Cânticos entre os livros bíblicos... Ora, será bom notar que foi um dos livros mais comentados nos primeiros tempos da Igreja...

Portanto, não mudemos de assunto, vamos, sim, ao ponto central da discórdia, porque daqui aparecem todas as outras dissensões.

Alef

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 11 de February de 2003 19:50

Você não contradiz os argumentos que eu dou, nem diz que são verdadeiros. simplesmente ignora-os. Por isso,não tem discussão.

Sobre as contradições da Bíblia... não concordo que são contradições, as são visões diferentes de um mesmo acontecimento. Nós temos que lembrar que a Bíblia foi inspirada pelo Espírito não ditada por ele, e foi escrita usando as percepções humanas. O que interessa é que NÃO HÁ DISCORDÂNCIA NA MENSAGEM ORIGINAL.
Vou dar um exemplo do livro de Tobias. Não há contradição até que o anjo diz para ele queimar as partes internas do peixe tal para espantar os demônios... ISSO É TOTALMENTE ANTI-BÍBLICO. Cada Apócrifo tem sua esquisitisse.

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de February de 2003 02:19

Cara Andréia:

Vamos lá tratar do peixe... ;-)

É frequente os protestantes argumentarem que o Livro de Tobias instiga à magia, pelo que estaria contra Deut 18. Acontece que não é assim. Os Anjos são sempre mensageiros de Deus ("anjo" vem de "angelos", que significa "mensageiro") ou por vezes quase que são "personificações" do mesmo Deus (cfr. a história dos três personagens, no Livro do Génesis). O que é próprio da magia é querer manipular o sagrado usando objectos mais ou menos comuns, mas por uma iniciativa humana. Não é o que acontece em Tobias, já que o Anjo pertence ao mundo divino. O Livro de Tobias é sobretudo uma história pedagógica (como também o é o Livro de Jonas) para reforçar a ideia da Providência divina e a importância de agir com rectidão. É pouco provável que tenha um fundo histórico, como é pouco provável que a história de Jonas seja histórica. São ambos livros pequeninos, que mais não são que uma longa parábola. De resto, o simples facto de se usar o peixe como um sinal libertador não é único na Bíblia e a prova de que não se trata de magia é que é usado uma só vez; não se diz que o interior de peixe e de todo o peixe será a "poção" para todas as situações. Na Bíblia há muitos objectos que adquirem pelo poder de Deus um significado libertador ou meio de factos extraordinários. Lembremos a vara de Moisés ou, mais interessante ainda, a serpente de bronze (Núm 21:4-9): também aqui teríamos uma espécie de "totem" ou "amuleto", um objecto de poderes mágicos... Oops, uma imagem! Deus mandou fazer uma imagem?!

Portanto, Andréia, o melhor é não julgar este ou aquele livro por um ou outro pormenor que possa criar dificuldades. Todos ou quase todos os livros trazem dificuldades isoladas. Estou a lembrar-me da história dos gigantes, de Gén 6:4 ou da história do diabo no Livro de Job, ou das contradições literais que existem em tantos livros da Bíblia. Já disseste que são visões diferentes do mesmo acontecimento e está correcto em grande parte. Dizes algo de central: não há discordância na mensagem original. Isso mesmo deve ser visto em relação a este livro e a outros. Ou achas que é mais fácil acreditar que Jonas viveu três dias e três noites no interior de um peixe muito grande (não diz que seja baleia)? Não é à mensagem global que devemos prestar atenção? Se não for assim, não te parece que o Cântico dos Cânticos é um livro impróprio para menores de 18 anos e muito menos para cristãos?

É que se vamos por esquisitices, encontramos muitas, em muitos livros...

Se quiseres "divertir-te" com questões deste género a propósito dos deuterocanónicos, com as refutações protestantes e respostas católicas, podes ver um exemplo em [matt1618.freeyellow.com]. Bom proveito!

Alef

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 12 de February de 2003 15:23

Alef,
Acabei te respondendo no outro tópico, pois nós acabamos por cair em um mesmo assunto, já que conhecemos o cristianismo verdadeiro através da Palavra de Deus... mas repito:
As citações que sobre Jonas não convém, pois Jesus confirmou que Jonas passou 3 dias na barriga daquele peixe... E POR ISSO EU ACREDITO QUE SEJA UMA HISTÓRIA VERDADEIRA, pois DEUS não é HOMEME para que MINTA.
Sobre a cobra na ópoca de Moisés... NÃO ERA PARA LIBERTAR DE DEMÔNIOS, mas curava pela fé aos mordidos pelas cobras venenosas. Aqui está um exemplo de fé no Velho Testamento. DEUS FOI QUEM MANDOU FAZÊ-LA, NÃO FOI O HOMEM QUE FEZ POR LIVRE VONTADE, ASSIM COMO DEUS MANDOU FAZER OS QUERUBINS DA ARCA)
No livro de Tobias está claro que a FUMAÇA ESPANTARIA OS DEMÔNIOS... NÃO SENTE A DIFERENÇA??? NÃO ERA FÉ, ERA MACUMBA...Deus tenha misericórdia dessas pessoas!!

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