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Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 25 de November de 2002 22:46

João,

Como já tive oportunidade de dizer (22/11/02 11:15), não defendo a livre interpretação da Bíblia. Apenas acho que o conhecimento da Palavra de Deus não é exclusivo do clero, e por isso, os leigos devem-se empenhar no seu estudo e vivência.

Tudo isto pode ser feito, segundo a interpretação da Tradição e do Magistério. Aquilo que não podemos é pensar que a Palavra de Deus não foi escrita também para mim, e por isso não me diz nada (e como não me diz nada, não preciso da conhecer). Peguemos novamente no exemplo da lectio divina: o segundo passo é meditatio - "o que Deus me quer dizer?".

Luis

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 25 de November de 2002 22:57

Marcelo,

Uma última nota que me esqueci à pouco: não há nada de errado na oração (muito pelo contrário). Mas por vezes fico com a sensação que alguns crentes optam pelo caminho mais fácil, repetindo inúmeras vezes uma oração, que a certa altura, não passa duma "fórmula" que se vai pronunciando vezes sem conta. Será que a oração repetida vezes sem conta entra nos corações dos crentes a ponto de eles a meditarem de facto? Não sei.

Mas se em vez de pegarmos na "formúla", pronta a ser repetida vezes sem conta, pegarmos, por exemplo, num salmo ou no evangelho do próprio dia e o lermos, meditarmos, orarmos e agirmos... talvez seja algo mais produtivo.

Luis

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 25 de November de 2002 23:30

João:

Quando eu escrevi:
"Aquilo que o artigo "Leia a Bíblia?" defende, é que a Bíblia deve ser lida apenas por alguns, de preferência o clero ou religiosos, e que aos leigos cabe a tarefa de ouvirem e de acreditarem no que lhes é transmitido."
Defender tal posição é um perfeito disparate, e vai contra todo o esforço efectuado nos últimos anos pela Igreja, pelo menos a Portuguesa."

Repeti o comentário do Luís (que foi a ideia com que fiquei depois de ter lido, confesso que em diagonal, o referido artigo) e, sabendo que existe a posição nalguns sectores da Igreja Católica de que cabe aos sacerdotes e religiosos ler e estudar e aos leigos apenas ouvir e acreditar, critiquei esta concepção.

Note-se que esta concepção é uma concepção considerada retrógrada dentro da Igreja há muitos anos, mas apesar disso havia quem a defendesse não há muito tempo.

Eu defendo que todos devem participar nesta tarefa da descoberta dos ensinamentos que a Bíblia contém e não apenas os sacerdotes, religiosos e religiosas.

Luís,

Estou perfeitamente de acordo com a necessidade de acompanhamento na leitura da Bíblia.

Ler a Bíblia sem acompanhamento é deveras difícil e aliás pouco produtivo. E gerou grandes confusões no passado, como continua ainda a gerar.

Penso que um dos elementos mais interessantes para a divulgação do Evangelho passaria por um ainda maior dinamismo dos leigos nesta matéria, criando e aumentando os grupos bíblicos.

Pensa na criação de um grupo bíblico virtual

João (JMA)

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 25 de November de 2002 23:41

"Pensa na criação de um grupo bíblico virtual"

JMA, tenho pensado nisso ;-) e, sem querer prometer nada, talvez em breve tenhamos algumas novidades.

Estive a dar uma olhadela no guias do Catholic Exchange que o João Oliveira sugeriu e parecem-me muito bons (embora tenha-os visto um pouco na diagonal). Já agora, João, só encontrei os ficheiros da Carta de Tiago (James). Sabes onde posso encontrar os outros ficheiros .pdf?

De qualquer forma, JMA, penso que com as sugestões de todos talvez possamos construir um grupo bíblico pela internet.

Luis

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de November de 2002 19:19


Ainda bem que nos entendemos! Isto é ecumenismo! :o)

Luís, alegro-me em conhecer melhor a tua posição e verificar que concordo inteiramente com ela, conforme a colocaste!

Mas, como o importante é não só dialogar com alguém que tenha mais erudição bíblica, mas também dialogar com as variegadas personalidades com que nos encontramos todos os dias. Aquele meditatio de que falas, o aproveitamento subjectivo do sentido espiritual da Palavra.

Claro que todos devemos conhecer a Escritura. Já Sto. Agostinho dizia, como cita o Catecismo (não me lembro agora em que parágrafo): "Ignorância da Escritura é ignorância de Cristo".

Ena, ena! Teremos estudos bíblicos em breve? Posso colaborar, Luís, manda-me um e-mail se precisares de algum apoio, além das sugestões... Também não sou nenhum especialista, mas pudemos dividir tarefas... Somos todos voluntários pelo Reino! E eu também preciso de estudar as Escrituras...

Lá no Catholic Exchange há realmente a formação de grupos! Os animadores imprimem os estudos, e podem pedir aconselhamentos (mas é esperado que os animadores tenham formação e usem os estudos como guias), formando grupos locais. Tão simples quanto isso. Podíamos começar um hoje, se quiséssemos. Se estivesse em Português, talvez já se tivesse avançado mesmo com isso. Podem ver o link "Find Bible Studies" para verem a quantidade de grupos já formados assim por todos os EUA...

Os ficheiros do Catholic Scripture Study estavam todos disponíveis lá no Catholic Exchange até há apenas 1 mês e meio! :o) Agora, não sei como os acessar a todos. Já experimentaste enviar-lhes um e-mail a requisitá-los? Usa o seguinte: biblestudy@catholicexchange.com

Aproveito para dizer que os três homens que aparecem nas fotografias na introdução (co-autores dos estudos, com Gayle Somers) ao "Bible Study", são todos conversos ao Catolicismo, o que é muito interessante! O Jeff Cavins era católico, depois foi pastor durante 12 anos em igrejas evangélicas, e depois regressou, mais sapiente que nunca. Tem um invulgar dom de comunicador, em matéria bíblica, em apologética e com os jovens. Scott Hahn é um reconhecidíssimo apologista, que, depois de uma grande actividade missionária entre jovens, prometia uma grande carreira como pastor até que, aprofundando os seus conhecimentos sobre o Catolicismo, acaba, depois de um desenvolvimento muito penoso, por conduzir também à conversão da sua mulher e filhos, bem como de amigos próximos, também especialistas em ciências bíblicas, que se converteram pela mesma altura (e continuam a converter-se - ou melhor, a reconciliar-se - muitos outros). Uma história a não perder, finalmente traduzido (uma história com quase 10 anos que continua a dar que falar!), este ano, em edição da Diel com o título "Todos os Caminhos Vão Dar a Roma" (título original: "Rome Sweet Home: Our Journey to Catholicism"). Depois, Mark Shea é também um reconhecido especialista em assuntos bíblicos, também ele evangélico (não-denominacional...) durante 8 anos, escritor de obras muito citadas como "Making Senses Out of Scripture: Reading the Bible as the First Christians Did".

Este é, na verdade, um recurso a não perder! Além deste, já agora recomendo um outro sítio muito interessante, o Catherine of Siena Institute, que visa a formação integral do povo cristão. Muito bom.

A divulgação do Evangelho é levar as pessoas a comungar Cristo na Igreja que é o Seu Corpo. Conhecer a Palavra é insubstituível para uma relação com menos "mediadores" entre Deus e o fiel. Mas a minha experiência com Deus (que considero ser já bastante profunda, sem falsas modéstias...) foi realizada eminentemente pela Igreja, pela proclamação explicada e "actualizada" da Palavra feita Igreja (que só nela tem sentido), que me introduziu na contemplação da vida íntima de Deus.

É como já referi: quando transformamos o conhecimento bíblico numa erudição académica, onde está a nossa relação com o Senhor? Aliás, podemos até convencermo-nos de que "já sabemos tudo sobre Deus" se nos ficarmos obtusamente pela Bíblia, por mais esclarecido que seja o nosso entendimento dela.

Sinceramente, considero a Escritura como uma espécie de cristalização perene da "Palavra de Deus", a Encarnação do Verbo, e a vida da Igreja nos primeiros tempos. Serve então (tal como a servem a Tradição e o Magistério) para nos introduzir na fé em Deus, para nos dar a conhecer porque é que a Igreja existe e de onde advém a sua autoridade para fazer de nós filhos de Deus.

Não podemos é cair na autêntica tentação de tomar a Palavra como uma exclusão da Igreja, que é o motivo pelo qual criei este tópico.

Vamos falar agora (?) do que mencionei no princípio: a relação entre a Bíblia e a Igreja, a sua unidade, como é que isso funciona, que autoridade infalível se pode considerar em ambas, como chegar a Deus através delas, etc..

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de November de 2002 20:47


Já agora, ainda em relação ao Catholic Exchange, devo dizer que estes recursos disponibilizados gratuitamente fazem parte de um esforço missionário.

Vejam a página onde se explica em que consiste, a The Missionaries of Faith Foundation.

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Marcelo Fedeli (IP registado)
Data: 27 de November de 2002 18:00

Prezado Luís
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Você pergunta:

"Será que a oração repetida vezes sem conta entra nos corações dos crentes a ponto de eles a meditarem de facto? Não sei.

Mas se em vez de pegarmos na "formúla", pronta a ser repetida vezes sem conta, pegarmos, por exemplo, num salmo ou no evangelho do próprio dia e o lermos, meditarmos, orarmos e agirmos... talvez seja algo mais produtivo".

Certamente, a essa questão, não há resposta melhor do que a dada por Nossa Senhora em Fátima: rezem o terço todos os dias...etc.

Um abraço
Marcelo
S. Paulo - Brasil

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 27 de November de 2002 19:39

Marcelo,

E devemos fazer aquilo que Nossa Senhora nos disse - rezar o terço todos os dias; ou o que Jesus disse e vem no Evangelho (Mt 6, 9-15; Lc 11, 1-4)?

Citação:
Sucedeu que Jesus estava algures a orar. Quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos.» Disse-lhes Ele: «Quando orardes, dizei:
Pai,
santificado seja o teu nome;
venha o teu Reino;
dá-nos o nosso pão de cada dia;
perdoa os nossos pecados,
pois também nós perdoamos
a todo aquele que nos ofende;
e não nos deixes cair em tentação.» (Lc 11, 1-4)

Luis

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Marcelo Fedeli (IP registado)
Data: 28 de November de 2002 13:42

Meu caro Luís Gonzaga
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

"Salve Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Luc. I, 28)
"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Luc I, 42)

O senhor me pergunta se:

"devemos fazer aquilo que Nossa Senhora nos disse - rezar o terço todos os dias; ou o que Jesus disse e vem no Evangelho (Mt 6, 9-15; Lc 11, 1-4)?"

Meu caro Luís, a alternativa que o senhor me apresenta não é real, pois uma oração não exclui a outra!

Acaso o Têrço, pedido por Nossa Senhora para ser rezado todos os dias, não inclui o Padre Nosso?

Acaso, a Saudação Angélica (em epígrafe) também não está no Evangelho?

Acaso, para o senhor, poderia haver contraposição entre Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Santíssima Mãe?

Acaso, a saudação à Nossa Senhora desagradaria a Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho?

Com todo o respeito à sua pessoa, meu caro Luís, sua pergunta, vinda de um católico (e leitor da Bíblia), me deixou um tanto perplexo, pois, coincidentemente, a mesma questão me fora colocada, há pouco tempo,
por um protestante, que também lia a Bíblia (aliás, só a Bíblia), mas ferozmente contrário à devoção à Nossa Senhora.

Caro Luís, ao terminar a leitura deste e-mail, lhe peço, por caridade, para rezar um Padre-Nosso e uma Ave-Maria, a este que, de longe, cordialmente o saúda.

In corde Iesu semper
Marcelo Fedeli
São Paulo - Brasil

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 28 de November de 2002 16:06


Pois é, acho que o Marcelo disse tudo... Visão tipicamente protestante, é o que tenho afirmado. Ao ponto de, por ignorância, chegar-se a afirmar uma oposição entre o Rosário/Terço e o Pai-Nosso, como se aquele nem sequer incluísse este...

Devemos fazer tudo o que Jesus disse (diz) e o que Maria nos disse (diz) também.

Assim como o Papa, que tem o múnus de nos confirmar na fé. Rezar por ele faz muito bem à Igreja, pois sem ele não subsistiria a Verdade.

Luís, ainda em relação aos outros estudos do Catholic Scripture Study, acho que agora estão mesmo só para distribuição através de donativo. Ou seja, temos de pagar para os obtermos, mas entende-se o pagamento não como uma "venda", mas como algo que se dá e para o qual se exige uma contribuição para cobrir os custos actuais e futuros da produção dos materiais. Vejam aqui os que estão disponíveis.

Vamos falar então da relação doutrinária Bíblia/Igreja?

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 28 de November de 2002 16:09


Penso que não seja complicado diminuir os custos, já que os que estão apresentados são donativos "sugeridos".

Se enviarem um e-mail para biblestudy@catholicexchange.com, e expuserem o caso, penso que vos será concedido acederem aos estudos.

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 29 de November de 2002 20:13


Um pouco de Patrística sobre este assunto...


.Segunda Leitura do Ofício (Liturgia das Horas) da Festa de S. Filipe e S. Tiago, Apóstolos - 3 de Maio

Do Tratado de Tertuliano, presbítero, «Sobre a prescrição dos hereges» (Séc. III)
(Cap. 20,1-9; 21,3; 22,8-10: CCL 1,201-204)

A pregação apostólica


"Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, foi ensinando quem era Ele, quem tinha sido desde sempre, qual era a vontade do Pai que Ele vinha realizar e qual devia ser o comportamento do homem. Ensinava-o umas vezes diante de todo o povo, outras vezes em particular aos seus discípulos, entre os quais escolheu doze, que destinou para serem os principais mestres das nações.

Tendo-se excluído um deles, mandou os outros onze, quando estava prestes a voltar ao Pai, depois da sua ressurreição, para irem ensinar as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Imediatamente os Apóstolos - palavra que significa «enviados» - chamaram por sorteio a Matias como duodécimo em lugar de Judas, segundo a profecia contida num salmo de David. Depois de receberem a força do Espírito Santo com o dom de falar e de realizar milagres, começaram a dar testemunho da fé em Jesus Cristo na Judeia, onde instituíram Igrejas, e partiram depois por todo o mundo a proclamar a mesma doutrina e a mesma fé entre as nações.

Em cada cidade fundaram Igrejas, que foram o gérmen e a semente para as outras Igrejas que se instituíram e continuam a instituir. Por este motivo, também estas são consideradas apostólicas, porque são descendentes das Igrejas apostólicas.

Todo o género deve ser referido necessariamente à sua origem. Por isso, apesar de serem tão numerosas e tão importantes, estas Igrejas não formam senão uma Igreja: a primeira, que foi fundada pelos Apóstolos e que é a fonte de todas as outras.

Assim, todas elas são primeiras e todas apostólicas, porque todas formam uma só. A sua unidade manifesta-se pelo vínculo da paz, da fraternidade e da hospitalidade. A nenhuma outra razão se devem estas prerrogativas senão à unidade da mesma tradição sacramental.

O único meio de saber qual foi a pregação dos Apóstolos, e, portanto, qual foi a revelação que Jesus Cristo lhes fez, é o recurso às Igrejas que os Apóstolos fundaram e a quem eles pregaram quer de viva voz quer pelos seus escritos.

O Senhor tinha dito claramente em certa ocasião: Tenho muitas coisas a dizer-vos, mas ainda não as podeis compreender; e acrescentou: Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos orientará em toda a verdade. Com estas palavras revelou aos Apóstolos que nada ficariam a ignorar, porque lhes prometia o Espírito da verdade, que os havia de levar ao conhecimento de toda a verdade. De facto, esta promessa foi cumprida, como provam os Actos dos Apóstolos ao narrarem a descida do Espírito Santo."

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 29 de November de 2002 20:15


.Segunda Leitura do Ofício (Liturgia das Horas) da Festa de S. Marcos, Evangelista - 25 de Abril

Do Tratado de S. Ireneu, bispo, «Contra as heresias» (Séc. III)
(L. 1,10,1-3: PG 7,550-554)

A pregação da verdade


"A Igreja, espalhada pelo mundo inteiro até aos confins da terra, recebeu dos Apóstolos e de seus discípulos a fé num só Deus, Pai todo-poderoso, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto neles existe; e num só Jesus Cristo Filho de Deus, que Se fez homem para nossa salvação; e no Espírito Santo, que pela boca dos Profetas, anunciou antecipadamente os desígnios de Deus: a vinda de Jesus Cristo nosso Senhor, o seu nascimento de uma Virgem, a sua paixão e ressurreição de entre os mortos, a sua ascensão corporal ao Céu, a sua futura vinda do Céu com a glória do Pai. Então virá para recapitular todas as coisas e ressuscitar todos os homens, a fim de que, diante de Cristo Jesus nosso Senhor, Deus, Salvador e Rei, segundo a vontade do Pai invisível, todo o joelho se dobre no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua o proclame [Senhor], e Ele julgue todos os homens com justiça.

A Igreja recebeu, como dissemos, e guarda diligentemente essa pregação e essa fé; apesar de espalhada pelo mundo inteiro, guarda-a como se habitasse numa só casa; acredita nela como quem possui uma só alma e um só coração; e proclama-a, ensina-a e transmite-a, como se tivesse uma só boca. Porque, embora no mundo haja línguas diversas, a força da tradição é só uma e a mesma para todos.

Não crêem nem transmitem coisas diferentes as Igrejas fundadas na Germânia, as que se encontram na Ibéria e nas terras dos Celtas, nem as do Oriente, do Egipto e da Líbia, ou as do centro do mundo. Assim como o Sol, criatura de Deus, é um só e o mesmo para todo o universo, assim também a pregação da verdade brilha em toda a parte e ilumina todos os homens que desejam chegar ao conhecimento da verdade.

E dos que presidem nas Igrejas, nem o muito eloquente dirá coisas diferentes das que enumerámos (pois ninguém está acima do Mestre divino); nem o orador menos hábil debilitará a força da tradição. Sendo uma e a mesma fé, nem aquele que muito diz sobre ela a aumenta, nem aquele que diz menos a diminui."



Já agora, onde está "universo", leia-se: "mundo".

João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 29 de November de 2002 20:16


Do Tratado de S. Cipriano, bispo e mártir, sobre a unidade da Igreja católica (Séc. III)
(De unitate catholicae Ecclesiae, 6 - Trad. Serafim F. Silva, Ed. Paulistas S.d., pág. 127)

"A Esposa de Cristo não pode ser adulterada, porque é imaculada, porque é pura. Só conhece uma casa, guarda na sua pureza a santidade de um único tálamo. É Ela que nos mantém na união de Deus, é Ela que destina ao Reino de Deus todos os filhos que de Si nasceram.

Quem se afasta da Igreja para se juntar a uma seita herética, não tem direito às promessas da Igreja. Quem a abandona não poderá receber o prémio que Cristo prometeu, porque se tornou um estranho, um renegado, um inimigo de Cristo.

Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe.

E como ninguém pôde escapar ao dilúvio a não ser no refúgio da Arca de Noé, assim ninguém poderá salvar-se sem fazer parte da Igreja. Soam com verdadeira censura estas palavras do Senhor: «Quem não está comigo, é contra Mim, e quem não recolhe comigo dispersa». Quem despreza e rompe a paz de Cristo, age contra Cristo. Quem recolhe fora da Igreja espalha a Igreja de Cristo.

O Senhor diz ainda: «Eu e o Pai somos Um». E sabemos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são «um só». Quem será tão estúpido para supor que a unidade eclesiástica que procede da estabilidade de Deus, amalgamada pelos sacramentos, possa ser dividida, dilacerada, por contrastes de paixões?

Quem rasga a unidade da Igreja está fora da Lei divina, não está na Fé do Pai e do Filho; não tem vida nem salvação."



Esta foi uma dissertação apresentada no Concílio de Cartago de 251, na qual é explicado como a unidade da Igreja se funda sobre a unidade do Corpo Episcopal em comunhão com a Sé Romana. O livro sobre a unidade da Igreja é o primeiro tratado de eclesiologia. Como vimos, a unidade da Igreja repousa sobre a unidade do Corpo Episcopal em união com a Sé Apostólica, mas o episcopado local é o sinal concreto da unidade eclesial [comentários da autoria do Pe. Francisco Tito Espinheira].

Noutra parte do Tratado, diz também S. Cipriano:

"Quem abandonou a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja, como pode presumir estar na verdadeira Igreja?"


João

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: ana (IP registado)
Data: 29 de November de 2002 21:14

A Bíblia é um documento da Igreja?

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 29 de November de 2002 23:37

O Novo Testamento pode-se dizer que sim.

João (JMA)

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Susete Gonzaga (IP registado)
Data: 01 de December de 2002 08:07

e o velho? é de quem?

Susete

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 01 de December de 2002 14:14

Olá Marcelo,

Eu não sou contrário à devoção a Maria, Nossa Senhora. Sou sim contrário à devoção que hoje vejo por aí em muito católicos, e que muito do que se passa em Fátima, acaba por ser um exemplo claro àquilo que me refiro.

Ao longo dos últimos anos, os católicos divinizaram Maria, fazendo dela muito pouco humana. Muitos colocaram-na no centro do Cristianismo. Outros, por oposição aos protestantes, e para contra-balançar o facto de eles lhes prestarem pouca (ou nenhuma) devoção, esquecem-se que o centro é Cristo e Maria é aquela que aponta o dedo para Jesus Cristo, e nos diz para o seguir. Mas isso já aqui foi dito noutro tópico, e penso que não é necessário repetir.

Já cheguei a entrar numa capela, supostamente católica, em que, para meu espanto, a cruz encontrava-se ao lado esquerdo do altar, ao lado direito confesso que não me lembro. Apenas me recordo que ao centro estava uma estátua de nossa senhora e o sacrário estava aproximadamente, ao centro do seu corpo, no seu peito/coração. Muito católicos poderão sentir-se bem com este exagero da devoção mariana. Eu fiquei chocado ao entrar na capela.

Quanto à tua pergunta «Acaso, a saudação à Nossa Senhora desagradaria a Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho?», penso que se pode encontrar a resposta nos Evangelhos: Mt 12, 46-50; Mc 3, 31-35; Lc 8, 19-21.

Luis

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 01 de December de 2002 15:32

Quando afirmei que o Novo Testamento é um documento da Igreja, quero com isto dizer que ele foi elaborado no seio da Igreja de Cristo.

Por isso apenas falei no Novo Testamento.

João (JMA)

Re: A Igreja e/ou a Bíblia?
Escrito por: Rita.........Edmonton, Canada (IP registado)
Data: 01 de December de 2002 17:16

Ola, a todos!!!

Hoje passei por este Forum!!!

Desconhecia....mas aprende-se muito!!!

Uma saudacao desde o Canada!!!

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