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Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 31 de October de 2005 16:52

Como reconhecer a autêntica Igreja de Cristo, em meio a tantas denominações cristãs, que se dizem portadoras da genuína mensagem do Evangelho?

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 31 de October de 2005 17:17

falo por experiencia propria: eu não preciso de uma Igreja para chegar a Deus, nem de uma Igreja para ler a Palavra de Deus.

Não acredito que haja uma Igreja verdadeira! Nenhuma das denominações cristãs é a genuína portadora da mensagem de Cristo. A mensagem de Cristo vem nos Evangelhos, e estes não pertencem a uma Igreja, mas a todos os homens e mulheres do Mundo criado por Deus.

Não me atrevo a condenar ninguem, nem a desrespeitar ninguem. Mas não consigo seguir uma Igreja-instituição feita e criada por homens, para servir os seus intentos. Na minha vida sigo a Palavra de Deus e o exemplo de vida de Cristo.

Se todas as denominações cristãs olhassem mais para a Palavra em vez de valorizarem o poder secular, não haveria espaço a tanta diferença e por certo que reinaria a união debaixo da mesma palavra. Claro que diferentes tradições culturais criam diferentes interpretações dos Evangelhos, mas não podemos deixar que motivações pessoais impessão a verdadeira reunião no seio de Cristo.

Não existe uma fé verdadeira, ou uma Igreja verdadeira.

Só deveria existir um caminho: o caminho para uma verdadeira comunhão com Deus, caminho esse que Jesus nos veio ensinar.

Os homens têm minado aos poucos a mensagem de Jesus. O fascinio pela primazia no ensino da doutrina tem minado o cristianismo... Jesus nasceu homem, para nos mostrar que todos somos iguais perante Deus... é uma pena que as Igrejas, que todas as Igrejas, não vejam isto... Somos todos filhos de Deus, mesmo os que não o seguem ou não conhecem a sua palavra.

Em vez de procurarmos a Igreja verdadeira, devemos antes auxiliar o irmao que morre de fome, o irmao que esta doente, devemos ate ajudar-nos a nós proprios!

O poder que uma religião desperta exerce um verdadeiro fascinio sobre todas as Igrejas, novas ou velhas, ocidentais ou orientais.

Devemos antes libertar-nos dos grilhoes da Igreja dos homens e caminhar até Deus, levando connosco unicamente a Palavra que Cristo nos deixou.

Um abraço

Miguel Dias

Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 31 de October de 2005 17:28

O que queres dizer com autêntica Igreja de Cristo?

A Igreja Ortodoxa é tão autêntica como a Igreja Católica Romana. Em certos aspectos a Igreja Luterana é mais autêntica e fiel que a Igreja Católica Romana.

Agora a minha Igreja é a Católica, aquela onde fui criado e que acredito ser o meu caminho para a Salvação... com tudo o que isso implica, com as coisas boas (que são a maioria) e coisas más (que também são algumas).

Agora não acredito que haja algo que se possa chamar A única e autêntica Igreja de Cristo mas antes Igrejas com uma autêntica aderência a Cristo. Agora sei que há muitas Igrejas que se apelidam cristãs que são só nome porque a cristandade ficou no momento em que se esqueceram do amor a Deus e ao próximo para utilizarem os pequenos para enriquecerem.

Em comunhão



Editado 1 vezes. Última edição em 31/10/2005 17:35 por Tilleul.

Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 31 de October de 2005 17:32

Desculpa Miguel mas não concordo contigo senão interpreta-me esta passagem

"Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela."

Nos Actos dos Apóstolos, Paulo visita as Igrejas de vários sítios... Há até o primeiro dos concílios da Igreja na Bíblia como podes tu dizer que a Igreja é uma invenção?

Em comunhão



Editado 1 vezes. Última edição em 31/10/2005 17:34 por Tilleul.

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 31 de October de 2005 19:58

Caro Tilleul

eu não vejo essa frase com esse sentido tão lato... Quando leio essa passagem em Mt 16, 17-20 interpreto-a como um sinal de passagem do testemunho. Jesus já sabe nesse momento que o seu caminho na terra está a chegar ao fim. Ele vê em Pedro o seu continuador. Jesus não pede a Pedro, ou a qualquer outro apóstolo, que construam uma instituição, uma Igreja em pedra. Na minha interpretação dessa passagem, Jesus pede aos apóstolos que sigam o seu exemplo de vida e que mantenham a defesa da sua Mensagem após a Sua morte. O próprio Jesus não criou locais de culto novos, nem instituições para guiarem a fé e a moral dos homens. Jesus só pensou numa coisa: entregar e dar a conhecer aos homens a Palavra de Deus.

Jesus não pede a Pedro que este construa codigos morais ou éticos. Jesus não pede a Pedro que regulamente a fé ou crie dogmas. Jesus pede a Pedro que continue o seu exemplo de vida e que não deixa morrer a Palavra de Deus que ele nos trouxe.

Mesmo assim, se quiseres pegar nos exemplos do Cristianismo Antigo, podes ver que a Igreja não tem nada a ver com esses tempos. Existiam inclusivamente mulheres que guiavam Assembleias, não sendo esse um dominio masculino. Também não havia sacerdotes, mas anciãos que regulamentavam o culto, mas não a fé das pessoas.

Peço-te que olhes para o principio. Peço-te que olhes para Jesus, para a sua vida e para a Sua Mensagem. Agora peço-te que faças o mesmo para os dias de hoje....

A Igreja como nós a conhecemos hoje é uma invenção dos homens. Onde é que Jesus instituiu a figura de Bispo ou de cardeal...? Onde é que Jesus mandou criar uma Instituição terrena...?

Duvido que Jesus quisesse uma Igreja como nós a temos hoje. Se Ele a quisesse tinha-a estabelecido enquanto esteve no meio de nós. Ele que também foi homem como nós sabia que não nos poderia confiar essa tarefa porque nós não somos homens como Ele.

Um abraço

Miguel Dias

Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 09:46

Caro Miguel,

Provavelmente não há ninguém que conteste a hierarquia do que eu...

Se há coisas que são visíveis que podemos criticar abertamente como seja a falta de díalogo entre as cúpulas de decisão e a assembleia de fiéis, o autismo revelado no diálogo ecúmenico ou com as vozes discordantes, a falta de coerência da vivência da fé com a moral apresentada, há provavelmente muitas outras que nós simples leigos só sabemos por rumores e que se apresentam sempre como se fossem mitos, o assédio de padres a jovens seminaristas, as relações com as catequistas ou a promoção por relações pouco lícitas e por vezes criminosas.

No entanto, embora eu mesmo já o tenha feito, não podemos fazer tábua rasa da Igreja. A Igreja instituição provavelmente está como um corpo que foi seco e consumido por dentro revelando pouco mais que uma carcaça velha e pouco atraente. Mas a Igreja viva, constituída por leigos, padres, religiosos, movimentos e comunidades, continua viva e florescente pela acção inspiradora do Espírito Santo. E acredito com todo o meu ser que é na relação directa entre fiéis e clero que a Igreja se cosntroi diaramente.

Quantos de nós não teve já experiências negativas com padres péssimos mas depois mais tarde encontramos padres que nos inspiram e que nos ajudam?

Por isso acho que não se deve desistir, não devemos abandonar porque em consciência não concordamos com muitas coisas... se fizermos isto deixamos a Igreja de Cristo aos abutres de uma suposta obra de um Deus que é tudo menos amor, aos fariseus que se apelidam de estar em comunhão e em liberdade mas são castradores e de uma ambiação seabrista sem limites e aos falsos profetas que se querem fazer passar por arautos da mensagem do nosso Deus.

Se queremos que alguma coisa mude não é de fora que se consegue... é dentro, estando com no meio do lodo... Cristo não pregou do topo de um monte... foi para o meio dos pecadores.

Em comunhão

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de November de 2005 14:03

Se queremos que alguma coisa mude não é de fora que se consegue... é dentro, estando com no meio do lodo....

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 03 de November de 2005 20:44


Além de nos deixar a sua Palavra, Jesus nos deixou a sua presença. Os sacramentos são sinais que tornam presente a obra salvífica de Cristo. Só há um sacramento, a Igreja que é Cristo presente sob a forma de sacramento...

Assim como um homem é mais do que o seu corpo físico, assim a Igreja é infinitamente mais do que mera organização exterior visível.
Jesus confiou aos seus Apóstolos uma tríplice missão, que é a tríplice missão da Igreja.

Ensinar: Ide, pois, ensinai a todos os povos...Ensinando=os a observar todas as coisas que vos mandei (Mt 28,19-20).


Santificar: Batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espíito Santo( Mt 28,19);
Isto é o meu corpo(...); fazei isto em memória de mim( Lc 22,19);1Cor 11,23-25
;àqueles a quem perdoades os pecados , ser-lhes-ão perdoados.Áqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos(Jo 20,21-23).


E governar em seu nome: Se se recusar a ouvi-los, dize-o á Igreja. Se não ouvir a Igreja, considera-o como um gentio ou um publicano. (...) Tudo o que ligares sobre a Terra, será ligado no céu;(Mt 18,17-18); Quem vos ouve, a mim ouve, e quem vos despreza, a mim despreza (Lc 10,16).


Em Mt 16,13-19;Lc 22,31s;Jo 21,15-17 Cristo escolhe Pedro. Mt 16,19 entrega as chaves;Lc22,31s pede que confirme seus irmãos na fé e apascente todo o rebanho ( cf.21,15-17).

Infalibilidade - Jo 14,16;16,13s.

Temos uma nota objetiva : a continuidade da sucessão apostólica.

A presença de Papas e Cardeais de má vida na hierarquia da Igreja é um dos testemunhos mais eloquentes de que a Igreja não é sustentada pelos homens apenas, mas é sim, a obra estupenda de Jesus Cristo, que se serve de instrumentos de argila para realizar seu plano de Redenção.




Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 03 de November de 2005 22:19

Concordo em absoluto com a Chris.

Há trigo, há joio. Mas Jesus disse ao Apostolos que o Espirito Santo nos ensinaria todas as coisas. Renegar a Igreja equivaleria a renegar todos os seculos de historia do cristianismo, ou seja renegar os ensinamentos do Espirito Santo o que equivale a renegar a Deus.

Sempre foi uma tentações dizer que se ama a Deus mas rejeitar a Igreja, tentação na linha de amar a Deus que não se vê mas não amar o proximo que se vê.

A Igreja tem defeitos, gente boa, menos boa e até joio mau mas quem quiser amar apenas pessoas e entidades sem defeitos então não amará nada nem ninguém porque só Deus é isento de defeitos.

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: (IP registado)
Data: 03 de November de 2005 22:23

Porém, Camilo, pode-se amar a Deus, amar a Igreja e não concordar com tudo o que esta diz. Eu incluo-me neste caso, e penso que todas os outros participantes deste tópico também. É-me impossível não sentir carinho pelo Papa (apesar de, por motivos óbvios, não sentir a mesma ligação a este Papa que sentia por João Paulo II).

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 03 de November de 2005 22:30

Caro Tilleul

é minha convicção que ambos pensamos o mesmo. No entanto, fico com a ideia de que não estou a passar correctamente a minha mensagem.

Gostava de te dizer que eu não faço tabua raza da Igreja. Não pretendo substitui-la por nenhuma criação ex nihilo minha. Até porque se eu fizesse tabua raza da Igreja estaria a fazer o mesmo a mim, como membro dessa Igreja.

Em minha opinião, formada a partir da minha vivência, penso existirem duas Igrejas, dentro de uma só: a Igreja do leigos e a Igreja da hierarquia. Claro que algo tão grande e com tantos membros, precisa de uma estrutura que a suporte, mas a estrutura de suporte precisa de ser dialogante e não fechada. É isso que eu de certa forma crítico: a falta de dialogo, que por vezes nos dá uma ideia de haver duas Igrejas, em vez de uma unica assembleia.

Outra coisa que eu crítico na Igreja é a forma como se encontra estruturada. Não tenho problemas em assumir hierarquias, mas acho que se calhar precisavamos de voltar atras no tempo. Ou seja, eu penso que a assembleia seria muito mais eficaz se fosse mais delimitada. Por exemplo a minha paróquia tem perto de 20000 habitantes e um padre. Por muito bom que este padre seja, dificilmente conseguirá chegar aos seus fieis. Se houvesse uma descentralização, a começar logo pela paróquia, penso que a Igreja poderia chegar muito mais longe. Daí eu dizer que gostava muito de poder voltar aos tempos antigos do cristianismo, onde se funcionava em pequenas comunidades, que se juntavam semanalmente para a celebração da eucaristia. Estas comunidades pequenas podem ser unidades familiares, grupos de amigos, que se juntam para partilhar o seu Amor por Deus e para ouvir e comentar a Sua Palavra. Penso que esta poderia ser uma optima solução para o problema das vocações, pois também ajudava a que estas surgissem num ambiente mais familiar e mais acompanhado. Atenção: não quero retirar importancia, nem reduzir o papel do paroco. Simplesmente dar-lhe mais tempo, para outras funções. Penso que a Igreja já caminha um pouco neste sentido. Não sei até que ponto está a resultar, mas já existem leigos que auxiliam os presbiteros, como ministros da comunhão e como ministros de exequias... O caminho é longo, por isso também demora algum tempo a ser percorrido.

Só existe um campo onde eu sou capaz de ser talvez mais crítico: a questão da supremacia na doutrina moral. Mas aqui tanto estão englobados os membros ordenados como os leigos. Não podemos pensar que só os membros ordenados é que são conservadores. Aqui acho que a toda a Assembleia de crentes, que a própria Igreja viva precisa de mais vida. Acho que a Igreja não se pode desligar da vida em sociedade. E não estamos a falar de facilitismos morais, mas de uma adaptação à vida na sociedade actual. Mas temos de nos lembrar que também aqui a Igreja está a dar alguns passos, embora timidos... Ainda à pouco tempo foi batizada uma criança filha de uma mãe solteira... PArece pouco é verdade, mas mais vale passos pequenos, do que ficar parado.

Como podes ver se calhar estamos mais próximos do que o meu discurso, algumas vezes inflamado, parece demonstrar.

Agora uma coisa eu acho ser verdade: existe muito de terreno nesta Igreja de Jesus. Temos de nós aproximar de uma Igreja mais pura e ideal. Uma Igreja para reunir todos os homens e não uma Igreja de alguns homens.

E quando eu disse: «Não acredito que haja uma Igreja verdadeira!», não estava a dizer que a minha Igreja, a nossa Igreja, é falsa, mas que a verdade, no meu entender, não é exclusiva. Logo, não existe uma (no sentido de unica) Igreja verdadeira. Todas as confissões cristãs seguem a Palavra de Cristo, logo, não podem ser falsas ou menos verdadeiras que a Igreja católica. Existem várias interpretações, mas todas partem da mesma Palavra.

Um abraço fraterno

Miguel Dias


Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 03 de November de 2005 22:40

Existem 40 mil denominações cristãs, todas partem da mesma palavra mas algumas são autenticas aberrações.

Jesus deixou aos Apostolos o encargo de guiar os cristãos e a Pedro o encargo de confirmar os irmãos na fé.
Zé, nem eu concordo com tudo o que a Igreja diz e ensina tal como ensina mas existe um corpo de doutrina seguro, um credo, os dogmas na sua essencia.

Para além disto existem muitas orientações, muita doutrina, uma mais segura outra mais discutivel. A Igreja aponta principalmente para um ideal, Jesus Cristo. Jesus que nos recomendou seguir pelo caminho estreito. Traduzir esse ideal nas situações concretas do dia a dia do mundo de hoje nem sempre é tarefa facil, nem sempre é obvio. O Espirito Santo vai ensinando a Igreja, Corpo Mistico de Cristo, ou seja a comunidade cristã, leigos e hierarquia, como esse ideal deve ser concretizado.

Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 03 de November de 2005 22:41

Nada a acrescentar Miguel... só precisamos de força e coragem para enfrentarmos os profetas da desgraça e os velhos do restelo tentarmos levar a Igreja mais longe e melhor.

Há realmente necessidade de rever conteúdos das catequeses de jovens e adultos, a distribuição geográfica dos párocos existentes, analisarmos se o sistema de paróquias continua a ser o melhor... enfim muito trabalho para ser feito com os nossos padres e bispos mas principalmente com as nossas comunidades e movimentos.

Sempre ouvi dizer que a Igreja se faz de baixo para cima... todos os padres antes de o serem foram leigos.

A auténtica Igreja de Cristo é a celeste, a terrena só pode ser peregrina... as discussões sobre as interpretações acabarão sempre por voltar às fontes do evangelho...

Como já ouvi dizerem muitas vezes, quando chegarmos ou outro lado vamos ter muitas surpresas e exclamações de "Tu aqui??"

Em comunhão



Editado 1 vezes. Última edição em 03/11/2005 22:43 por Tilleul.

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de November de 2005 21:15

Um texto interessante:

[www.agencia.ecclesia.pt]

"As grandes unidades habitacionais plurifamiliares tornaram-se, em muitos países, um emblema dos modos urbanos e modernos de habitar o território.
Todos conhecemos o comentário recorrente acerca das formas de sociabilidade nesses blocos habita-cionais: que as pessoas vivem lado a lado, mas não se conhecem. De facto, isso é uma evidência, mesmo se depende de variáveis que aqui não interessa esmiuçar. Mas talvez não pudesse ser de outra forma. Essa modalidade de urbanismo impõe alguns limites à possibilidade do desenvolvimento de relações de proximidade a partir da vizinhança. Tenha-se em conta o potencial de conflito que encerraria um modo de sociabilidade semelhante ao das comunidades camponesas, onde “todos se conhecem”, onde frequentemente a “intriga” é um modo privilegiado de circulação de informação. Numa situação em que a densidade é enorme, esse conhecimento interfamiliar poderia abrir a porta a conflitos insanáveis - como explicou um dos clássicos da sociologia, G. Simmel, dir-se-ia que esses citadinos compensam em distância psicológica o que lhes falta em espaço físico.

Nesse sentido se deve perceber a urbana procura do anonimato (mesmo se entre a multidão que invade um centro comercial). Esse anonimato é uma forma de defesa pessoal ao serviço de uma cultura individualista, longe já do comunitarismo que ainda podemos observar em culturas rurais (talvez algum do nosso imaginário em torno da paróquia esteja ainda muito limitado pela idealiza-ção da civilização rural). Mas, paradoxalmente, esse mesmo indivíduo urbano que se defende com os recursos do anonimato, procura o reconhecimento do outro. É o mesmo espaço urbano que facilita o desenvolvimento de uma cultura de relações amigais, grupais, de reconhecimento mútuo. O desafio das comunidades crentes na cidade passa por encontrar vias de resposta a essa lógica aparente de contrários: respeitar esse desejo de anonimato e responder à demanda de reconhecimento.

3. O termo desterritorialização tem sido usado com frequência para caracterizar as transformações que têm afectado as formas de praticar a paróquia enquanto circunscrição territorial. Em muitas cidades, 60% a 70% dos praticantes das instituições paroquiais não reside nos limites dos territórios que as identificam. Os comportamentos electivos, neste domínio, não são muito diferentes daqueles que o indivíduo urbano conhece no domínio de todas as outras sociabilidades. Também a sociabilidade religiosa deixou de se poder explicar exaustivamente pelas relações de vizinhança, afectada que foi por factores diversos que favorecem uma cultura da individualização, facilitando a mobilidade e a pluralização de trajectórias e ofertas de sentido.
Pensemos em todos aqueles que, quando ao Domingo escolhem o lugar onde vão à missa, não seguem os critérios cómodos da proximidade, mas elegem a sua missa dominical tendo em conta a presença de um padre de quem gostam, de um grupo onde se sentem reconhecidos, a força de atracção de certo ambiente celebrativo, o fascínio que determinado templo exerce. Não muito diferentes são os problemas criados pela práticas familiares ao fim-de-semana. Muitos cristãos praticantes regulares e membros activos das comunidades vivem permanentemente essa tensão: estão empenhados em iniciativas diversas naquela que reconhecem como sua paróquia, mas frequentemente não participam aí na reunião dominical. Vivem, assim, a necessidade de encontrar compromissos práticos que possam compatibilizar a centralidade da eucaristia do Domingo com a importância familiar das práticas de fim-de-semana.

4. Mas estas formas de praticar o território são acompanhadas de outros caracteres sociais não menos desafiantes. As Igrejas terão que ter em conta que é na cidade que encontramos frequentemente aquelas pessoas que dificilmente aceitarão propostas do tipo “a Igreja diz…”, “a Igreja sabe…”, sem que aí estejam implicadas as suas experiências de vida. Muitas das pessoas que hoje habitam os espaços urbanos procuram ajuda na “arte de viver”, querem dar mais qualidade e autenticidade à sua vida - não será, talvez , por acaso que o vocabulário pastoral tenha incorporado no seu jargão o termo “qualidade”.

Mas para dar resposta a essa demanda as comunidades cristãs experimentam a necessidade de encontrar dentro de si espaços de grande diversidade, procurando apresentar-se como um lugar onde todos, a partir dos seus dramas, e segundo os seus interesses, podem ter de alguma forma voz e assim confrontá-la com a palavra dos Evangelhos.

Aquilo que conhecemos acerca da complexidade das formas de vida urbana remete-nos para uma paisagem social muito diversa. Pensemos nos lugares da cidade que deixaram de ter residentes, mas têm uma enorme densidade de transeuntes e de pessoas em situação de trabalho. É esse o caso de certas paróquias urbanas onde o comércio e os serviços foi tomando conta do espaço residencial. Pensemos nos lugares da cidade que se apresentam como zonas de trânsito, com acessibilidades mais ou menos facilitadas onde as pessoas estão sempre a caminho de qualquer coisa. Tenha-se em atenção as zonas históricas da cidade onde sociabilidades próprias dos bairros populares se mesclam com novas apropriações, nocturnas e diurnas; as zonas residenciais defendidas por condomínios vigiados e as outras desprotegidas que crescem sob a pressão de novos imigrantes. E pensemos também nos que praticam a cidade como um não-lugar, os que vivem da e na rua."

Alfredo Teixeira, Sociólogo e Teólogo

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 17 de November de 2005 19:46

CP
Realmente o individualismo é um fechamento que ocorre atualmente.
Isso nos prejuda muito á abertura ao Outro.
É o medo de nos incomodar , de nos envolver e leva ao Superficialismo e ao imediatismo...
Quantos ismos.....
-)
Chris

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: vander (IP registado)
Data: 18 de November de 2005 09:43

Caro Miguel

"..Ou seja, eu penso que a assembleia seria muito mais eficaz se fosse mais delimitada. Por exemplo a minha paróquia tem perto de 20000 habitantes e um padre. Por muito bom que este padre seja, dificilmente conseguirá chegar aos seus fieis. Se houvesse uma descentralização, a começar logo pela paróquia, penso que a Igreja poderia chegar muito mais longe. Daí eu dizer que gostava muito de poder voltar aos tempos antigos do cristianismo, onde se funcionava em pequenas comunidades, que se juntavam semanalmente para a celebração da eucaristia."

Antes de entrarmos no assunto, gostaria de dar uma sugestão ao forum.
Como aqui conversamos sobre e fazemos parte de uma mesma igreja, podemos observar claramente isso no forum. Podemos afirmar com trata-se de ralmente de pessoas firme em nesta fé, porém com algumas adiversidades, o que é normal.

Talvez, pudessemos identificar de que lugar do planeta estamos falando, quem sabe isso possa ajudar nas respostas.

Sobre o paragrafo citado acima.

Na minha paróquia, com mais ou menos 10.000 habitantes, a divisão em pequenos grupos já existe. É o que denominamos, grupos de reflexão. Como funciona ?.
Reunise-se um ou dois quaterões do bairro uma vez por semana e mensalmente todos estes grupos se reunem na igreja.
Aqui no Brasil, ainda me lembro quando tinham uns 16 anos de idade, em 1984 foi dado o sinal verde para esta modalidade de comunidade, na época chamava-se CEBS Comunidade Eclesiais de Base, o Grupos de Reflexãos hoje é uma extensão disso.

Um abraço

Vander / Londrina - Paraná - Brasil


Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 19 de November de 2005 23:49

Chris - RJ

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 20 de November de 2005 01:18

Eu creio na Igreja Santa Catolica Apostolica Romana.
Mais, vejo que muitas das contestações que lhe fazem e à doutrina que ensina tem origem em deficiente compreensão dessa doutrina, falta de reflexão e falta de conhecimento.

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: (IP registado)
Data: 20 de November de 2005 13:07

Concordo contigo, Camilo.
Mas, por outro lado, há uma grande diversidade de opiniões dentro da nossa própria Igreja. O importante, julgo eu, é por um lado ser-se um cristão como nos dita a consciência (mesmo que esta esteja mal formada) e por outro manter o espírito sempre aberto à verdade. Isto aplica-se, aliás, a qualquer pessoa (substituindo a palavra cristã por outra).

Re: Autêntica Igreja de Cristo
Escrito por: huguenote (IP registado)
Data: 20 de November de 2005 23:14

A Autêntica Igreja de Cristo, sinto que são todas, pois cada uma à sua maneira é um testemunho de Cristo...Como é uma Igreja feita por homens, tem as suas lacunas!Mas Deus também faz a sua obra!Como exemplo Madre Teresa de Calcutá...entre outros

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