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Re: Questão "delicada"
Escrito por: Mónica (IP registado)
Data: 07 de October de 2005 13:33


Caro Zé,

Eu não queria me meter ao barulho nesta conversa, mas...

É o seguinte: no que diz respeito à igreja, a homosexualidade não é normal. Pronto, está tudo dito.

Tal como existem outras regras, tal como por exemplo, não ao divórcio, etc., etc., etc., essas regras existem há seculos e seculos. A religião católica não facilita mesmo nada, e nós não deveria-mos tentar mudar a religião para nos facilitar a vida. Isso não pode acontecer. Especialmente na Igreja Católica. No dia que as pessoas perceberem isso, mudará muita coisa.

Agora, homosexualidade não é uma doença. No meu ponto de vista, já nasceste assim. Com certeza deve ter muito a ver com o teu sistema hormonal e com o teu ADN. Não poderás fazer muita coisa na Igreja, mas se és realmente católico, então reza.

Talvez não te deixem fazer a comunhão. Em vez de te chateares sobre isso, reza! Porque sabes, independentemente de tudo. Deus te ajudará.

Eu há uns anos não acredita em rezar. Achava que não fazia nada, nem ajudava nada. Mas posso dizer-te que ajuda. Reza! Ninguem poderá dizer que és menos católico por seres gay. Ninguem poderá que és má pessoa por seres gay. Mas uma coisa é certa, tu é que tens que viver com isso. Nós cá fora, só podemos dar opiniões.

Ama muito (todos à tua volta) e reza muito. Mas lembra-te, pede só aquilo que realmente queres.

No que diz respeito à tua mãe. Não lhe digas que vais a um psicologo pois só lhe vais aumentar a esperança e não tens o direito de fazer isso. Reza por ela também. Dá-lhe muitos beijinhos e abraços. Afasta um pouco a homosexualidade dela, e depois lentamente aproxima-a. Ás vezes as pessoas precisam de tempo. Ela é tua mãe, amará-te apesar de tudo que possas fazer ou da tua inclinação sexual.

Beijos

Re: Questão "delicada"
Escrito por: (IP registado)
Data: 07 de October de 2005 13:53

Cara Mónica,

obrigado por te teres "metido ao barulho"!
Em relação a ir a um psicólogo, eu disse à minha mãe que o faria por ela, mas que achava não mudaria nada. Ela não ficou contente, mas é como dizes, não lhe posso dar esperança para depois a frustrar... De resto, acarinho-a, como sempre fiz.

Tens razão que para a Igreja a homosexualidade não é normal. Porém, penso que ninguém me pode assegurar que isso nunca mudará. Não se trata sequer de um dogma, e a própria Igreja já mudou de opiniões (ou seja, "afinou" a sua forma de interpretar) noutros assuntos. Gostaria de ter mais dados sobre o assunto, mas julgo que a própria homosexualidade não era considerada pecado até ao século X ou XI. Penso poder ter "lícitas" esperanças de que a Igreja reveja a sua posção nesse ponto, tal como noutros.

Finalmente, acho que focaste um ponto muito interessante, que é o que tenho de fazer: rezar. De facto, não é isso ecumenismo? Pedir a todos, independentemente de discordarmos, que sejam o melhor possível dentro do seu quadro de crenças? E que reze. Se eu estiver certo, tanto melhor, e Deus mudará a Igreja Católica para melhor. Se eu estiver errado, Deus mudar-me-à a mim. Ou talvez o Espírito Santo escolha outro caminho melhor, mas a mim resta-me rezar. Peço a todos que o façam também por mim, porque preciso, tendo ou não razão.

Obrigado, Mónica

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 07 de October de 2005 22:03

Se doar aos outros é no amor-serviço . exemplificado no messianismo de serviço assumido por Jesus.
Ele tentou nos ensinar a sublimar o amor Eros em Filia para talvez alcançarmos o Ágape.

Isso é celibato , entrega total ao amor-serviço!

Não vamos confundir Eros com Agape!
"Transmutar Eros em Filia e em Ágape!
Sermos plenamente e integralmente Humanos...

Re: Questão "delicada"
Escrito por: (IP registado)
Data: 08 de October de 2005 16:28

Caro Chris, não leves a mal, mas podias voltar a dar a tua opinião? É que não tenho formação clássica e não entendo muito de mitologia. Se pudesses explicar-te com termos mais simples, agradecia. Um abraço,


Re: Questão "delicada"
Escrito por: (IP registado)
Data: 08 de October de 2005 23:19

Alguém conhece os livros "Christianity, Social Tolerance and Homosexuality: Gay People in Western Europe from the Beginning of the Christian Era to the 14th Century ", de John Boswel (ver em [www.amazon.co.uk]) e "The Church and the Homosexual", de John J. McNeill? Gostava de os ler, mas se for apenas propaganda, preferia evitar... Alguém sabe dizer alguma coisa da seriedade destes autores?

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 14:03

Não é mitologia !
Eros - amor carnal , sexual , desejo físico de uma outra pessoa que se exprime pela paixão amorosa, vivida frequentemente na carência e no sofrimento.
- uma realidade de fogo com a qual é perigoso jogar.Queima mais do que ilumina!
Freud cahamou de libido, chamamos de concupiscência.

philia ( amizade) - quando o amor carnal evolue para o amor-ternura .Deixa de ser somente instinto animal, ou umna consupiscência. ele se dá. é alegre e radiante.
É o amor conjugal realizado e o que devotamos a nossos filhos e vice-versa. Mais ainda se mantém interessado.
Agápe- ( caridade) - É o amor dado sem busca de contrapartida. É o Bem por excelência.
Sua fonte é Deus, que é Amor.Já citado 1Cor13,1-7.
O amor carnal jamais fica saciado, uma vez que o desejo é a sua necessidade. Saciado, fica triste, não é mais o amor. Não renasce senão pela volta do desejo, da car~encia. Parece-se com a sede!


Queremos o bem á alguém , em vez de querer possuí-lo.
o amor-eros não é virtude.
A medida que avançamos na sabedoria e na virtude, apartamo-nos dos desejos egoístas, elevamo-nos nos degraus do amor.
No princípio amamos apenas a nós mesmos, depois a um outro ser,depois a outros.
O amor que produz a moral dela nos liberta!
A sexualidade está envolta no espírito. O papel do espírito é o de assumir e sublimar o que deve ser espiritualizado no plano da matéria e da vida.
Daí surgira um conflito, na merdida que em que não podem coexistir no mesmo espírito dois valores, dois amores. O valor menor é consumido pelo valor mais forte!
Não recuperamos o paraíso fazendo economia de sacrificio.
O homem é dual, preso entre a besta e o anjo...
Há uma recusa da carne em reconhecer o maior valor do Espírito.Devemos suplantar essa divisãopelo sacrificio, pela virtude, pela sabedoria.
Devemos renunciar uma parte de nós mesmos em benefício de outra mais sublime.
o mundo está sufocado por um erotismo de baixo nível!
o Cristianismo chama o ser a sua verdadeira natureza, fonte de felicidade para si e para a espécie encarnada e pensante.
Disciplinar o fogo sexual pela liberdade e pela razão!

Jesus não condena Eros , mas ao contrario convida-o a torna-se completo, purificando-se e encarnando-se num ser em particular. O cristo estabeleceu o amor do homem por uma mulher. O amor conjugal tornou-se uma ligação profunda, terna e durável de um só por uma só. Tornou-se sacramento. Adquiriu assim dimensão espiritual...que renuncia a " ser apenas um", mito de éros devorador na palpitação de desejo egoísta.Renunciamos ao amor louco para entrar no aprofundamento do amor sábio e verdadeiro.Se houver desequilíbrio no casal e um dos dois mostre espírito de DOMINAÇÃO, ocorre aniquilamento do mais fraco...


Re: Questão "delicada"
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 14:13

Quanto ao Agape, Jesus sabe que é uma exigência maior e diz:
SE QUERES SER PERFEITO, larga tudo e segue-me. CAstidade...
Amor-serviço de doação a toda humanidade!
Francisco de Assis, Tereza de Calcutá, etc....

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 14:50


Chris Luz BR


Nem todos podem ser como Francisco de Assis, nem como Teresa de Calcutá.

Esses são únicos. Podemos tentar imita-los, mas não é fácil.

Dizer é uma das coisas mais fáceis, fazer é que é dificil. Como diz o Moises, obras!!!

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 14:55

Desculpem os erros pois ainda sou impaciênte e não volto para reler o que escrevi.
quanto a sede que não se sacia ( EROs) leia a passagem da SAMARITANA no poço com JEsus....

Re: Questão "delicada"
Escrito por: (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 17:42

Chris, muito obrigado pelas tuas mensagens, com as quais concordo no ponto que entendi essencial: amor não é desejo carnal, mas sim um querer mais ao outro que queremos a nós mesmos, fazer pela sua felicidade e pelo seu bem. Porém, em que sentido é que isso é em si uma contradição a uma relação homosexual?

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 19:07

Caro Zé , cada um é testado conforme suas forças. O homossexualismo dificilmente sai do Eros, da atração sexual de um pelo outro, e se confunde com o Filia.
A força que move o amor ( Eros, filia e Agape) é sempre a Vida! Em eros a necessidade de perpetuação da espécie, etc..., etc...

Os antigos não conheciam plenamente o amor do homem pela mulher, o amor conjugal monogâmico que foi descoberto pelo Cristianismo.
Citarei o mito antigo :
O do Andrógino, um ser humano completo.
Devido a razões inexplicáveis , o andrógino teria sido cortado em dois, resultado em macho e fêmea, doravante destinados a procurar-se para unir-se e reencontrar a unidade.
Esse desejo leva ao amor carnal, fundível, eros.
Porém se a união de dois seres é possível, a fusão não é.
Muito além do acasalamento, a realidade e a unidade do eu persistem.
A fusão ideal neste mundo implicaria o desaparecimento do ego, que viria a morrer....

Larga tudo e segue-me ..... Se queres ser perfeito...

O homossexualismo não se encaixa em nenhuma destas definições. Sinto muito... a não ser na mortificação, pois o que é desordenado é o ato carnal homossexual e não o ser afeminado, mais sensível , generoso talvez...




Re: Questão "delicada"
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 20:32

Tudo isto foi dito ( aliás muita coisa repetida de leitura de Jean Guitton )para você compreender que dependendo da sua opção fundamental , da sua livre escolha , Deus ou não Deus , você crescerá em virtude e amadurecerá na castidade , como muitos leigos que se consagram... ou cederá a luxúria e terá mais dificuldades para desabrochar a semente que nos conduz a Vida Plena!

Coragem , firmeza e confiança . Você ainda é muito jovem e impulsivo , e falar de castidade pode parecer algo antiguado. Mas quem disse que castidade é só para padres????

Re: Questão "delicada"
Escrito por: (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 20:49

Chris, mas se leste o que eu disse, vês que a questão para mim não se coloca em termos de ceder ou não a impulsos indesejáveis. Acho que fui muito honesto e aberto, colocando a questão na licitude moral dos meus actos. Repara, não procuro uma religião "à la carte" e enquanto pensei como tu pensas agora sempre tive um comportamento que tu dirias irrepreensível. Porém, acho que tenho o direito de questionar a própria Igreja, conquanto não seja nos seus dogmas (quanto muito relativamente à interpretação dos mesmos, se bem que nem a tal me atreva), desde que o faça de boa fé. Concordas?
Obrigado pelas tuas palavras, reconheço nelas a recta e louvável intenção de me ajudar.

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 21:57

A questão não é com a IGreja é contigo !
Resolva qual tua opção fundamental, e teu comportamento será coerente com ela.
Se tua escolha não for Deus - Agape e cair na idolatria da carne e do prazer da carne , todas suas ações serão coerentes com isso, e sofrerá , pois a sede nunca passará.
Isto é idependente da Igreja. Somos assim, fomos feito assim, para o Agape.
" Meu coração só repousa em Ti Senhor" , Tenho sede de Ti Senhor...
Nenhuma criatura vai lhe completar, vai se decepcionar e quando envelhecer perguntará se valeu á pena???
A escolha é sua , és livre para escolher!
Essa escolha todo temos que fazer cedo ou tarde, pois Deus não nos quer mornos, né!
obs: Se você chegar no céu e eu não estiver lá, inteceda por mim ao Senhor ,- ).
Chris

Re: Questão "delicada"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 22:13

Pois, isso pode bem acontecer... mesmo que a tua escolha, Zé, não seja a escolha que a Cris pensa que devia ser....

SE deus te criou assim, algum motivo devia ter que não fosse o de viveres castrado emocional e sexualmente a vida toda.

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 10 de October de 2005 23:40


Pensem nas palavras do Alef: Porquê ele/a e não eu?

Estas palavras mudaram a minha maneira de pensar...fizeram-me mais humana!

Re: Questão "delicada"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de October de 2005 13:41

Amigo Zé

Eis um texto excelente de Maria da Conceição,[www.jardimdeluz.blogspot.com]

"Qualquer questão que envolva o Homem, tendo sempre a perspectivá-la em relação a

Deus, é nesse sentido que começo a referir que; “Deus fez o Homem criador de si mesmo”.

Quer isto dizer que Deus não “fabricou” algures na história ao homem e à mulher,

mas antes, “é agora que Deus cria
; é agora, sempre, a cada instante, que Deus me

cria a mim mesma, por mim mesma. Sou eu que me crio a mim mesma.

Recebo de Deus o poder de me criar a mim mesma. Criar-me significa tornar-me homem/mulher livre.”

Liberdade, consiste em querer aquilo que se faz, em assumir a total responsabilidade pelos nossos actos. A liberdade é quando o homem não é escravo de si mesmo, do egoísmo, exclusivamente dos seus próprios interesses.

Mas a liberdade, não foi algo que me foi oferecido como uma caixa cheia de chocolates e que eu vou tirando, um cada vez que me apetece. A liberdade é construída a pouco e pouco, na medida do meu querer e das minhas possibilidades/capacidades. É sobre isto, que acenta a pedagogia de Deus.

Isto tudo, para afastar de vez a ideia, de um deus, que nos criou seres perfeitos e que nós, nos vamos “estragando” a cada passo. E no fim da “jornada”, lá estará Deus a separar maus e bons.

Um dos dados adquiridos, em relação ao conhecimento que temos de Deus, é que, Ele não faz qualquer distinção entre as pessoas. Criou-nos a todos de igual modo; homens, mulheres, brancos, pretos, amarelos, ruivos, louros...Deus ama todos os homens, não há nada que nos possa separar de Deus/Amor. Creio que, nesta discussão, valoriza-se, mais a Lei, do que ao Homem, a quem ela serve. “Não foi o homem, que foi feito para o sábado, mas o sábado, para o homem.”

A sexualidade é uma questão muito complexa.
Todos sabemos que ela comporta “forças” que nos escapam. Não creio, como alguns argumentam ( a própria Igreja, inclusive) que essas forças são exclusivamente direccionadas para a propagação da espécie (procriação).

Elas vão muito para além disso. Vendo a sexualidade de uma forma positiva, verificamos três definições sexuais – heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade.
Um dos dados que temos sobre a homossexualidade é que ela existiu desde sempre, pegando no testemunho bíblico, logo no livro do Génesis (19,1-10) vemos um relato onde Lot, para não violar o respeito que qualquer visita merecia, oferecia as suas próprias filhas, virgens, que sendo mulheres tinham menos valor, aos sodomitas que perseguiam dois homossexuais.

Também S. Paulo em Rm 1, 26-27 condena os comportamentos homossexuais, como também faz outra condenações, inclusive contra alguns comportamentos das mulheres, que não eram aceites na sociedade helenista.

Em Jesus Cristo, nos quatro evangelhos, não encontramos uma única referência condenatória a comportamentos homossexuais. O que encontramos, é o anúncio da Boa Nova; todo aquele que acolher Cristo, que escolher a cada dia, a cada gesto, a cada palavra, amar a Deus que é Amor, e aos irmãos como a si mesmo, cumpre o verdadeiro destino do Homem: ser para Deus.

Resumindo: não é a nossa “direcção” sexual, que me parece, não é escolha nossa, que nos “santifica” mais, ou menos, mas a forma como amamos.

Mas, que sei eu do amor? É “teimosamente” procurá-lo, todos os dias, na liberdade."

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 13 de October de 2005 14:31

Olá, Zé! Entrei há pouco tempo para este fórum e ainda não tive oportunidade de te escrever. O trabalho é muito e nem sempre é fácil.

Antes de mais, ainda bem que tiveste coragem de colocar esta questão. Não é nada fácil assumir-se que se é homossexual nesta sociedade, principalmente quando estamos a falar de religião.

De facto, S.Paulo condena a homossexualidade. Tendo em conta que a Bíblia é inspirada por Deus, é porque Deus também a condena. Este é, pelo menos, o meu pensamento como cristã católica que sou. No entanto, Deus também diz para não condenarmos e o grande mandamento que nos leva à Vida Eterna é amar-nos uns aos outros e, o facto de seres homossexual, não impede que cumpras esse mandamento. Deus só nos dá aquilo que nós conseguimos aguentar e tudo na vida tem uma razão de ser.

Compreendo que queiras questionar a Igreja em relação à homossexualidade, mas não acredito que as coisas vão mudar, porque de facto na Bíblia S.Paulo diz-se contra a homossexualidade. Mas, não te sintas inferior em relação a Deus por causa disso. Somos todos seus filhos e os primeiros serão os últimos, como disse Jesus.

O que eu acho que é importante é lutar por uma nova mentalidade dentro das religiões. Afinal, quantas pessoas que se dizem cristãs, que seguem a Palavra de Deus - e vos tratam como se tivessem uma doença contagiosa e vos põe de parte? Entre um homossexual que ama o próximo e alguém que se diz muito praticante e condena e despreza os homossexuais, quem é que cumpre o mandamento do Amor? Acho que nem é preciso responder.

Em relação à tua mãe, tens que compreender - por mais que te custe - também se trata de uma questão de mentalidades que variam de geração para geração. Dá-lhe tempo e reza muito. A oração é poderosa e espera com paciência uma resposta. Deus vai dá-la quando achar que for melhor para ti e para ela. Acredita. Estou a falar por experiência própria. A resposta de Deus pode levar tempo, mas chega e com a melhor solução.

Vou rezar por ti e pela tua mãe.

Re: Questão "delicada"
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 13 de October de 2005 21:43

«Deus se compadeça de nós e nos abençoe,
faça brilhar sobre nós a luz do Seu rosto.»
(Salmo 67)

Devo dizer que estou chocado! Admito que quando se fala no abstracto se procurem estereótipos sociais e se critiquem aqueles que mais nos incomodam. Contudo, o Zé apresenta-nos um caso real, expondo a sua vida.

Primeiro que tudo Ze, quero dar-te os parabéns por teres a coragem de te expor e expor o teu caso, por teres a coragem de assumires a tua homossexualidade, mas acima de tudo por amares a Jesus Cristo e a Deus, acima de todas as coisas. O mais importante para um ser humano é encontrar o caminho que nos conduz a Deus, e independentemente das tuas opções sexuais, acho que já o conseguiste. Só por isso devias considerar-te um homem feliz.

Efectivamente a questão que colocas é extremamente delicada. Não porque seja um assunto grave (um acto homossexual poderá ser um pecado venial e nunca um pecado mortal, a não ser no caso de luxúria) mas porque obriga a falar e reflectir sobre a condição sexual humana. A Igreja nunca lidou bem com a questão sexual entre os heterossexuais, e muito menos entre os homossexuais. Tudo isto se prende com as formulações teológicas formadas a partir do acto da criação. Segundo o Génesis, Deus criou o homem e a mulher. A partir daqui todas as concepções de sexualidade foram avançadas, mas tendo em vista uma relação heterossexual. A homossexualidade não é contemplada. A exegese biblica é feita a partir do que está escrito, sendo que neste ponto, na maior parte das vezes, a omissão no texto significa a sua não contemplação. Esta linha de pensamento não deverá ser seguida. Isto porque, o Antigo Testamento (AT) também evoca restrições alimentares que nos dia de hoje não são seguidas. Poderiamos seguir este caminho de discurso, mas relembrando a forma como iniciei este texto, não estamos a falar de um caso abstracto, mas sim de algo bem concreto.

Devo dizer que pessoalmente acredito no amor e não na luxúria. Acho que o acto de luxúria deverá ser críticado, quer ele seja hetero ou homossexual. Mas o caso que tu nos apresentas não é esse. Tu vens nos falar de amor, de partilha, de entrega. Pois é precisamente por isto que eu estou chocado!! Critica-se a luxuria, critica-se a promiscuidade. Mas quando alguem homossexual surge-nos com um caso de uma relação amorosa integra e recta, a unica resposta que conseguem apresentar é que não é natural!!!

Pois bem, o Catecismo da Igreja Católica (CIC) refere-se assim à homossexualidade: «A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que apresentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para com pessoas do mesmo sexo. Reveste formas muito variáveis, através dos séculos e das culturas. A sua génese psiquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura (SE), que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que “os actos homossexuais são intrinsecamente desordenados” (CDF, decl. Persona humana 8). São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem de uma verdadeira complementariedade afectiva sexual, não podem, em caso algum, receber aprovação. Um número não desprezível de homens e mulheres apresentam tendências homossexuais profundas. Eles não escolhem a sua condição de homossexuais; essa condição constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-à, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se são cristãos, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.» (cf. CIC, 2357-2359). Pois bem, isto é o que diz a Igreja Católica sobre a homossexualidade.

Efectivamente, quanto às SE o que eu te posso dizer é o seguinte: no que se refere à passagem existente no Genesis, tudo se resume a um eufemismo linguistico, nao estando provado que o episódio de Sodoma esteja ligado à condenação Divina de actos de sodomia (quem não concordar pode cf. Gn 19, 1-29). Efectivamente, Paulo (cf. Rm 1, 24-27) condena a homossexualidade, mas enquanto redução do corpo humano a mero objecto de prazer. O mesmo autor volta a condenar a homossexualidade (cf. 1 Cor 6, 9-10), mas na sua vertente de pedofilia. Mais uma vez, o autor volta a faze-lo (cf. 1 Tm 1, 10). Nesta passagem volta a referir o que já havia descrito em Rm 1, 24-27. Como podemos observar, as SSEE condenam a homossexualidade, mas sempre enquanto redução do corpo humano a mero objecto de prazer e na sua vertente pedófila. Não condenam um acto de amor entre dois homens (pois nunca se referem a ele), mas sim actos de luxúria entre dois homens. Contudo, a luxúria é sempre condenada, sendo um dos sete pecados mortais. Muito sucintamente, é isto que a Tradição da Igreja Católica apresenta sobre a homossexualidade.

Se olharmos para as palavras do CIC, em nenhum momento podemos podemos deduzir que elas afastam os homossexuais do seio da Igreja. Antes pelo contrário. Se um homossexual não cumprir a recomendação da Igreja, a castidade sexual, encontra-se num mesmo plano que divorciados e que heterossexuais que recorrem à contracepção. Sendo que, aos homossexuais a Igreja não fecha as suas portas, antes pelo contrário, pede que todos os acolham e respeitem.

Muito sucintamente, isto é o que a Igreja Católica tem a dizer sobre a homossexualidade no Catecismo da Igreja Católica.

Quanto ao problema sobre a tua mãe e a tua família, acho que é mais do foro pessoal, do que do foro religioso. Acho que não me cabe a mim comenta-lo, mas acho que devo dizer duas coisas: Ze, a homossexualidade não é uma doença, nem um desvio psíquico. Acho bem que te preocupes com a tua mãe, pois isso só demonstra que és observador da lei de Deus (4º mandamento). Mas assim como os filhos se devem preocupar com a felicidade dos pais, também os pais devem procurar a felicidade para os seus filhos. Só consigo compreender a ajuda de um terapeuta, se for um terapeuta familiar, para que este ajude os teus pais a compreender e a aceitar a tua homossexualidade e para que te ajude a ti a conseguir comunicar com eles. Pois volto a dizer, cientificamente, a homossexualidade não é uma doença.

Espero que o Senhor guie os teus passos e que te ajude a encontrar a felicidade no seu seio. Tens todo o meu apoio!!

«É nos humildes de coração contrito que os meus olhos se fixam, pois escutam a minha palavra com respeito.» (Is 66, 2)

Miguel Dias

Re: Questão "delicada"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 14 de October de 2005 00:51

há 2 diferenças em relação aos heterossexuais que dentro de um casamento usam o contracepção. Uma já aqui a expliquei a outra é que o acto sexual genital mesmo com contracepção é identico ao sem contracepção, logo lembra esse acto, expressa melhor o simbolismo desse acto, em que do amor surge a vida e pode mesmo assim servir melhor para reforçar os laços afectivos do casal.

quanto à questão de Deus fazer alguem homossexual dizem os psicologos que a homossexualidade é em grande parte resultado da educação, normalmente são filhos de pais ausentes ou de mães dominadoreas.

E quanto à abstenção do acto sexual ser castrador sexual e emocionalmente relembro aquilo que Jesus disse:

Mt 19, 10-12
Nem todos compreendem esta linguagem mas apenas aqueles a quem isso é dado. Há eunucos que nasceram assim do ventre materno, há os que se tornaram eunucos pela interferencia dos homens e há aqueles que se eunucos a si mesmos, por amor do reino do Céu. Quem puder compreender, compreenda.


Não creio que S. Paulo, S. João Baptista, S. João Evangelista, Jeremias e o proprio Jesus Cristo fossem castrados emocionalmente. Pelo contrario a renuncia pelo amor do Reino dos Ceus à dedicação exclusiva a uma familia pode ser enriquecedora espiritual e emocionalmente. Não o é necessariamente mas pode ser. Mas já Jesus dizia que nem todos conseguem compreender isto.

Quanto ao sexo anal não vejo como possa ser expressão de amor. É um acto que prejudica a saude, coloca em risco a nossa saude e a do suposto objecto do nosso amor. Suposto alvo do amor porque um verdadeiro amor não comete um acto que pode causar problemas de saude serios. Usando a comparação feita pelo Zé, eu para mostrar o meu amor por alguem não o intoxicaria com fumo de tabaco só porque eu gostava de fumar, isso não seria uma demonstração de amor mas sim de egoismo. Quanto à fidelidade do parceiro pelo que tenho lido em varios estudos ela é muito duvidosa.

Por fim quanto aos beijos e abraços. Os russos tradicionalmente beijavam-se na boca e esse comportamento nada tinha de sexual. Vi fotografias de brejnev a beijar varios lideres de paises comunistas. Já nos africanos, pelos menos os de muitas tribos, nem as mães beijam os filhos. Em principio de per si as manifestações de afecto não são más, pecaminosas, são-no apenas na medida em que forem na realidade manifestações de luxuria egoista, essa especie de nuvem que tolda muitas vezes o raciocionio.

Quanto ao sexo oral e masturbação mutua num relação estavel e que se quer perpetua. É uma região de penumbra, em que me sobra uma sombra de duvida, eu por fim acho que preferiria escolher o caminho estreito, ou seja eu acho que não o faria, ou pelo menos desejaria não o fazer.

Ou seja basicamente concordo com o/a Chris Luz BR e ele/a expoem melhor do que eu aquilo que quero dizer.

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