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"Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de October de 2005 04:06

Ontem foi um dia de horror.

Três crimes brutais e quatro trágicas mortes fazem-nos reflectir em profundidade sobre a violência contra as mulheres.
As histórias são sempre iguais e, em Portugal, terrivelmente frequentes.

Homens violentos ( Cônjuges ou companheiros) que assassinam as suas mulheres e por vezes os seus filhos.


[www.correiodamanha.pt]

Mas os assassínios brutais de mulheres são apenas o icebergue de outras violências e abusos brutais e o culminar de sevícias que muitas vezes se prolongam durante décadas dentro de uma “relação conjugal estável”.
As tais “famílias normais”.

Promover uma cultura de vida é também exigir intervenções sociais e policiais eficazes para prevenir a violência doméstica, a violência contra as mulheres e crianças.

Gostaria de ver a Igreja Católica portuguesa a tomar medidas concretas, medidas de formação humana e de “educação “ afectiva e espiritual contra a violência brutal de exercida contra as mulheres ( e os seus filhso) em Portugal dentro do espaço doméstico.

Gostaria que as estruturas hierárquicas da Igreja em Portugal se pronunciassem sobre a esta questão dramática que é a violência doméstica e os direitos das mulheres...

A “cultura da vida” também é isso.

[web.amnesty.org]

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 02 de October de 2005 08:29

"As imagens são extremamente chocantes mas temos que mostrá-las. As pessoas têm que saber deste tamanho desprezo pela vida.
Uma bebé recém-nascida jaz morta na rua, como um pedaço de lixo, sob a indiferença dos que passam.
Ela é apenas mais uma vítima da política cruel do governo Chinês: o limite de filhos por família com aborto compulsório.

(fotos e informações do artigo de Abigail Haworth publicado na revista Marie Claire de Junho de 2001 - edição norte-americana, e retiradas do site
www.aborto.com.br


[deza7.blogs.sapo.pt]

Na província chinesa de Hunan, uma cena inimaginável de horror e crueldade: o corpo de uma menina atirada na rua.
Autocarros e bicicletas passam atirando lama para o cadáver. Dos que passam, poucos dão atenção.
Ela é mais uma das milhares de meninas recém-nascidas que são abandonadas a cada ano em consequência da política do governo Chinês: o aborto e o limite de 2 crianças por família.
A única pessoa que tentou ajudar a criança declarou: "Acho que ela acabou de morrer. Toquei-lhe e ainda estava quente. Ainda saía sangue do seu nariz."
Esta senhora chamou o pronto-socorro mas ninguém apareceu: "O bebé estava perto do escritório fiscal do governo e muitas pessoas passavam e não faziam nada... Eu tirei fotos porque isto é algo terrível... Os policiais quando chegaram ficaram mais preocupados com minhas fotos do que com o bebé."
A polícia só libertou a senhora quando ela entregou o filme.

[deza7.blogs.sapo.pt][/img] [img width=172 height=206]http://deza7.blogs.sapo.pt/arquivo/ft3-thumb.JPG

Durante horas as pessoas ignoraram a menina...

O governo da China, país mais populoso do mundo com 1,3 biliões de pessoas, impôs sua política de restrição à natalidade em 1979.
Os métodos usados causam muita miséria: os pais, aterrorizados com a possibilidade de serem descobertos pelo governo, abandonam e matam seus próprios filhos.
Oficialmente, o governo condena o uso da força ou crueldade para controlar a natalidade. Mas na prática, os encarregados do controle sofrem tanta pressão para limitar a natalidade que recorrem a esquadrões de aborto. Esses esquadrões arrastam as mães "clandestinamente" grávidas e mantêm-nas em cárcere até se submeterem ao aborto.
Já houveram mães que foram executadas por se recusarem a abortar. Outras famílias receberam penas de 10 mil yuans (sete vezes o salário anual de um camponês), esterilização compulsória e confisco de propriedade.
Outras mães conseguem ter sua criança escondidas, mas sua família é perseguida e torturada para que denuncie o paradeiro da gestante e encontram suas casas incendiadas.
As crianças que nascem nessa situação não recebem instrução escolar, nem cuidados médicos ou qualquer outro benefício social
Muitos pais vendem as suas crianças a outros casais a fim de escapar da punição do governo Chinês ...

[deza7.blogs.sapo.pt]
As meninas são as maiores vítimas da pressão intolerável para limitar a família. Na China rural, onde vive 80% da população, muitos camponeses acreditam que apenas os meninos podem levar a família adiante e consideram que seria uma grande desonra para seus ancestrais se eles não tiverem um herdeiro.
Normalmente, as filhas continuam a viver com a família mesmo depois do casamento e são consideradas um "investimento perdido".
Nas regiões rurais permite-se um segundo filho, mas quando a segunda criança é outra menina, isso é tido como um desastre. Um homem ficou tão revoltado ao ter a segunda filha que estrangulou as duas. Um outro atirou a sua filha a poço abandonado para que ninguém soubesse que ela existiu.
De acordo com estatísticas oficiais, 97,5% das crianças abortadas são meninas. Acredita-se que muitas são vendidas à casais inférteis para que as autoridades não tomem conhecimento.
O resultado é um desequilíbrio entre as populações masculina e feminina. Milhões de homens não conseguem encontrar uma esposa. Já existe o tráfico de mulheres. Em alguns lugares há 6 homens para cada mulher.

[deza7.blogs.sapo.pt]

Por fim, um senhor pegou o corpo da menina, colocou num caixote e pôs na lata de lixo...

Estima-se que estão em falta 17 milhões de meninas na população da China. O infanticídio e abandono são os principais factores. O aborto seleccionado por sexo é proibido, mas o exame de ultra-som que determina o sexo é facilmente conseguido com suborno.
As crianças que sobrevivem acabam em orfanatos precários.
O governo Chinês insiste na política de limitação das famílias e ignora o problema da discriminação contra filhas mulheres.
A assistente social Wu Hongli explica que "Os programas educacionais têm tido bastante sucesso em algumas áreas rurais, mas ainda há um vasto trabalho a ser feito. Tantas tragédias são ignoradas a cada dia que sinto vontade de chorar."

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de October de 2005 09:26

Realmente, a morte de meninas e o infanticídio é algo de terrível.

Sobretudo quando resulta de uma mentalidade machista que se baseia no conceito patriarcal de família , tão típico de certos valores

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de October de 2005 09:46

Os mesmos valores e a mesma cultura que conduzem à aceitação da violência doméstica, á incapacidade de considerar as mulheres cidadãs de plano direito ou de defender os direitos das mulheres.

Mas a preocupação em prende-las isso sim, para alguns é a prioridade da "cultura da vida".

Para mim é caricatura.

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 02 de October de 2005 11:21

Não concordo com o "chavão" de que a violência doméstica parte invariavelmente dos homens contra as mulheres. Quem lêr o Correio da Manhã de hoje, lá verá a mulher que matou o marido à cacetada, e depois tentou convencer os outros de que ele se tinha suicidado dando marradas numa cadeira de praia... Ainda por cima é estúpida... No mesmo jornal, infelizmente, se lêem outras notícias do género. Parece que o dia de ontem foi altamente produtivo para as funerárias...
A violência doméstica pode ter muitos contornos. Não se pode "carimbar" tudo com o mesmo selo. O que leva um homem a matar a mulher? Auto-defesa contra a violência psíquica? O que leva a mulher a meter veneno para os ratos na sopinha de letras que serve ao marido ao fim do dia?
Cada caso, é um caso, e que venha o diabo e escolha. Já lá vai o tempo em que a mulher levava um estalo e calava. Hoje em dia, é igual para todos. Parem com os chavões, e lutem contra a violência doméstica. Geral, não particularizada em idéias de há 50 anos.

Abraço fraterno, e um santo Domingo

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 02 de October de 2005 22:52

CP, a grande valorização dos meninos na china tem raizes profundas na cultura local.

Na religião popular chinesa, fortemente influenciada pelo decadente taoismo, depois da morte os destinos podem ser vários, deste entrar no reino dos deuses até tornar-se num espirito faminto, uma especie de fantasma atribulado e atribulador. Para que a um antepassado não se torne num espirito faminto é preciso que os seus descendentes lhe prestem culto. Os pormenores não interessam muito, o que interessa é que esse culto deve ser prestado pelo filhO mais velho.
Uma politica de filho unico cria colide frontalmente com essa crença e com a mentalidade por ela criada. Essa crença torna muito importante que um casal crie um filho varão para que este lhe preste depois o culto que impedirá que eles se tornem em espiritos famintos.

O resultado é uma muito maior descriminação contra as mulheres e uma violencia bastante mais grave que a existente na cultura ocidental.

Quanto a prender alguem que matou o seu filho por nascer, para mim isso é a defesa de uma vida indefesa.

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 09:06

"Mas a preocupação em prende-las (as mulheres) isso sim, para alguns é a prioridade da "cultura da vida".

Para mim é caricatura".

Julgadas sabemos que são mas presas… qual o nome da primeira em Portugal?

Claro que é caricatura, como caricatura é ser acusado de abuso de poder e de desgoverno e de corrupção na causa publica como no mundo autárquico e ter um mandato de captura por fuga a uma ordem de prisão e nem querer beneficiar da presunção de inocência direito que se tem até transitar em julgado e fazer valer a sua posição e jeito para a astúcia e ficar em liberdade aproveitando os buracos na lei - não referindo aqui ninguém em especial mas todos nos lembremos casos mediáticos.

Além de falha no poder judicial há falha no cumprimento dos direitos e deveres de cidadania.

Mas as mulheres Senhor, porque padecem assim?

Uma coisa é certa, mesmo sendo dirigida por homens que têm todos os defeitos de humanos, é a cultura cristã e são as Igrejas em geral as maiores defensoras da dignidade da mulher e assim a dignidade da vida em toda a sua expressão global.

Caricatura é dizer-se defensor da dignidade da vida e não se ser defensor dos direitos e dos deveres da cidadania e dos seus valores, regras e princípios neste incluindo os de ordem moral.
Só neste entendimento se defende a vida, o direito de viver a todo e qualquer cidadão do nosso mundo.

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 09:13

EStou perplexa:

"Julgadas sabemos que são mas presas… qual o nome da primeira em Portugal? "

Continuo perpelxa.


E issonão o incomoda?


Se não houvesse um único homicida em portugal preso nas prisões portuugueas, isso não o indignaria?????????



Mas então o galvão não concorda que as mulheres sejam presas????

Fica satisfeito por não estarem?????


Não me diga! Cultura da vida?????

Ou Uma caricatura????


E penso que as caricaturas do poder autárquico são muitas, de facto... queijos limianos, apitos dourados, contas na suiça, you name it....
è melhor não ir por aí, até porque não é o tema...

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 11:49

Claro que me incomoda, e se necessário fosse não me incomodaria se na prisão estivessem alguns dos médicos, dos enfermeiros, dos farmacêuticos, das parteiras de vão de escada, etc. que fazem os abortos.
Junto deveriam estar, até por terem dado entrada ainda antes destas homicidas (comparação não da minha responsabilidade), junto digo, de quem não promove a dignidade da mulher, como os políticos, os empregadores, os elementos da segurança social, os exploradores das mulheres para negócio ou apenas para totalitarismo doméstico.
Também por já lá deverem estar, estes/estas ficariam juntos de alguns pais, professores, educadores, elementos dos ministérios da educação por responsáveis da falta da educação e da formação para a cultura da vida e do amor.
Junto ainda de quem deve ter uma política de justiça social e do foro jurídico, para o respeito da mulher, da mulher grávida, da mãe solteira, da mulher violada ou alvo de "violências domésticas, Mas, também, por terem entrado antes, os que não defendem a criança neo-nascida, a que carece de acompanhamento na aleitação, na doença, na deficiência, na vida.
Ainda e por entrarem também junto delas por entrarem momentos antes os homens, maridos ou não, que as forçarem ao acto sexual sem cuidado e sem responsabilidade.

Claro que me incomoda... e veja que não tem razão para ficar perplexa ou mesmo escandalizada com o que afirmei e o que questionei sem obter resposta.
Não comparemos com outros homicidas se não teríamos de entrar no complexo caso das "legítimas defesas"...

Mas sabe bem que este rol de personagens não se incomodam e estão impotáveis no conceito do politicamente correcto. E se se incomodam legislam, ou tentam pela negativa, isto é pela cultura da morte de que é exemplo a lei do aborto, não só como está mas pior quando e se vier a receber as alterações que os políticos agora lhe querem introduzir.

O referendo deveria ser para questionar se deveriam ser julgados, e naturalmente punidos, os responsáveis pelas condições sociais, culturais, educacionais, económicas, de trabalho e emprego, de falta de cuidados na saúde materna e no planeamento familiar, de falta de segurança social às famílias e em particular à mulher e às crianças, que as levam contra vontade própria a caminharem para a falsa solução dos seus problemas recorrendo ao aborto?

Só depois, e se a vontade própria fosse da única e exclusiva responsabilidade de quem pede o aborto para uma gravidez que iniciou naturalmente e quer simplesmente destruir matando o embrião ou feto que nela se desenvolve e está em gestação, só depois as mulheres iriam a tribunal para se sujeitarem à lei.

Falso é despenalizar hipocritamente ou que é um crime hediondo.

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 12:42

HUM...Com tanta gente presa, penso que o sistema prisional teria de ser remodelado...

Já agora - teria de haver um investimento brutal do Estado em novas penitenciárias....

O Galvão fala "destas homicidas" ( mulheres que interrompem a gravidez antes das 10 semanas) e afirma que deveriam ser presas. mas, antes delas serem presas, afirma o galvão, em primeiro lugar, deveriam ser presos uns outros milhares de pessoas ...

EStranha e bizarra argumentação...

É esse o juízo que faz para os verdadeiros crimes de homicídio?

Ou mesmo para os verdadeiros crimes de infanticídio?

Por exemplo, considera que os arguidos no caso de um homicídio como o caso de

Joaninha, caso venham a ser condenados, nunca venham a ser presos, sem que antes o

sejam também outras centenas ou milhares de pessoas e, passo a citar, "os políticos, os

empregadores, os elementos da segurança social, os responsáveis pelas condições

sociais, culturais, educacionais, económicas, de trabalho e emprego, de falta de cuidados

na saúde materna e no planeamento familiar " ?????


Continuo perplexa com tal tipo de argumentação.

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 13:02

V.M:

A propósito da tua intervenção sugerir que os homens são vítimas da violência doméstica todos os estudos e dados estaísticos sobre criminalidade indicam que as vítimas são essencialmente as mulheres e as crianças e os agressores são os homens.
Sobre a situação portuguesa:
[www.aps.pt]

Ou seja, quando falamos em violência doméstica estamos a falar essencialmente um fenómeno de violência contra as mulheres.
Embora existam casos de homens adultos vítimas de agressão feminina em contexto conjugal o seu número é irrisório. E resultam de situações que muitas vezes podem ser enquadradas em cenários de"legítima defesa" perante abusos físicos prolongados ou ameçaa á própria vida.

Por outro lado o VM fez uma afirmação bastante perversa...

Considerou que o crime de homicídio de mulheres ou o crime de agressões físicas de mulherespoderiam ser "justificados" ou "desculpabilizados" como uma resposta ou "Auto-defesa contra a violência psíquica"....


Não, VM, a violência doméstica Não é igual para todos.


Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 13:32

Minha cara amiga

Peço que seja mais concreta nas questões da sua perplexidade.
Só assim a poderei ajudar.

Os males previnem-se não se remedeiam e poucos se curam...

Também humanamente creio que estamos do mesmo lado da barricada mas...
Brincamos aos espadachins; Ora agora uso eu a espada ora a usa voçê...

Alegra-me ler a sua argumentação e a posição de advogada do Diabo... Oh diabo e se não há diabo e tal também é um mito sócio cultural para meter medo aos Cristãos?

Deixemo-nos de esgrimir argumentos e contra argumentos, bom seria que o homem pudesse viver em liberdade todos os seus dias. Seria que o homem estaria a cumprir o seu projecto primeiro de vida e da cultura da vida, Amar o próximo como a Deus e como o mesmo Deus nos ama.

Estamos ou não na mesma cultura da vida?

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 13:48

Caro Amigo Galvão:

Tem toda razão. Também humanamente creio que estamos do mesmo lado da barricada ...

Talvez que um dia nos possamos encontrar e conversar sobre estes temas, com respeito e consideração.

Eu pessoalmente já deixei clara a minha posição e os seus fundamentos ( ou seja sou absolutamente contra o aborto e afavor da vida e votarei SIM no referendo, que espero que se realize) ,

pelo que

" I rest my case".




Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 03 de October de 2005 13:58

Coerência
Coerência
referendo à parte

Ou

Referendo
referendo
Coerência à parte.

Agora fiquei eu... atónito

e esta hein!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 06 de October de 2005 10:53

Onde está o aborto?

.
No excesso de ruído que nos invade está instalada a confusão geral sobre o aborto.

Desde as variáveis de nome para atenuar agressividades ou acentuar perspectivas ideológicas, passando por alterações no enfoque da duração do feto, início de vida, até à definição de vida humana, pessoa, licitude e descriminalização. E nada disto é simples nos envolvimentos filosóficos, biológicos, legais e humanos que acarreta, seja qual for a opinião de quem, em última análise, suporta as consequências últimas desta complexa teia: a mulher. Ou melhor, a vida inocente que em nada disto tem a palavra, como não teve na chamada à existência.

Estamos perante uma situação humana que não pode flutuar ao vento dos humores e engenhos políticos circunstanciais que engrenam, com jogos de poder, estratégias de agenda política ou cartazes de comício. A vida humana é, em si, suficientemente sagrada para se preservar de gritarias e falácias, onde se diz mais o que convém dizer, do que aquilo que mais respeita a pessoa.

Andámos, nos últimos tempos, com atabalhoamentos de calendário do Referendo sobre o aborto, sem o povo perceber se o que está em causa é o Presidente da República (este ou o próximo), o Governo, as oposições, o tapete político para exigir pronunciamentos que embaracem as próximas presidenciais (já suficientemente baralhadas), com uma pressa enervada em referendar o que o povo já referendou. (Se o povo tivesse dito sim ao aborto, quem se atreveria a exigir agora outro Referendo? Que aconteceu realmente de novo de então para cá, que vicie e anule a escolha popular que já foi feita?).
Sem nada disto resolvido, uma outra questão (lebre?) se levantou: ”decidir o aborto em duas semanas”, como é titulado a quatro colunas na imprensa. E uma chuva de novas confusões cai sobre a opinião pública. A Ordem dos Médicos acha a medida do Governo “bem intencionada mas impraticável”. Outros ginecologistas e obstetras têm diferente opinião, chegando a dizer-se que “seria um escândalo haver médicos que de manhã são objectores de consciência nos hospitais públicos, e à tarde deixam de o ser nas clínicas privadas”. De que aborto estamos a falar? Já houve referendo e não notámos nada? Já está decidido o que “deve” ser? Já se legisla com presunção de vitória?

De tudo isto, o mais grave é desordem à volta da palavra aborto - como se se tratasse duma ligeira indisposição digestiva após alguma refeição mais lauta.
Estamos perante uma questão humana gravíssima – a vida - que se não pode envolver em desarrumações de consciências elásticas, acomodadas a todas as situações.

António Rego
.
Editorial | António Rego| 04/10/2005 | 13:01 | 2601 Caracteres | 372

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de October de 2005 11:37

1 - "Estamos perante uma situação humana que não pode flutuar ao vento dos humores e engenhos políticos circunstanciais que engrenam, com jogos de poder, estratégias de agenda política ou cartazes de comício."

Subscrevo inteiramente.

Espero que nada disso aconteça no próximo referendo, ou a propósito do referendo, na próxima campanha para as presidenciais.


2 - "Se o povo tivesse dito sim ao aborto, quem se atreveria a exigir agora outro Referendo?"

Sejamos sérios. Todos sabemos a resposta.
Precisamente os mesmos que agora colocam em dúvida a realização do novo refrendo.
E fariam essa exigência com toda a legitimidade se os pressupostos fossem os de agora - a falta de vinculação dos resultados do primeiro referendo, em que se abstiveram 60% dos eleitores.


3 - "Que aconteceu realmente de novo de então para cá?"

Pouca coisas de facto.

Houve alguns infanticídios de recém- nascidos e fetos viáveis abandonados em contentores do lixo.
Os abortos clandestinos continuaram a existir, sendo que as mulheres com maiores capacidades económicas o realizaram em condições de segurança ou recorrerem a clínicas privadas no estrangeiro ( sobretudo espanholas).

As outras não. Só no ano de 2002, em Portugal, 11.000 mulheres portuguesas foram atendidas em serviços de urgência por complicações pós aborto. Só em 2002 cinco mulheres morreram por este motivo.

O que aconteceu realmente de novo?

Houve perseguições judiciais e alguns julgamentos meditáticos, em que todos , mas todos mesmo, ficaram muito felizes por as mulheres arguidas não terem sido condenadas a penas de prisão. ( sobretudo aqueles que publicamente defendem a manutenção de pena de prisão)

O que aconteceu realmente de novo?

Continua a não haver uma efectiva educação sexual nas escolas integrada nos planos curriculares e há grupos de pressão para que nunca venha de facto a existir.

Entretanto, ficámos a saber que a exigência feita pela então deputada Leonor Beleza no Parlamento, de que a ctual Lei seja integralmente cumprida ( permitindo uma interpretação exaustiva e até extensiva), não foi seguida.

4 - "“seria um escândalo haver médicos que de manhã são objectores de consciência nos hospitais públicos, e à tarde deixam de o ser nas clínicas privadas”.

Sim, seria. Eu pessoalmente não acredito que isso seja sequer imaginável, porque os médicos não saõ mercenários ad saúde. E a profissão que exercem é digníssima.



Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: (IP registado)
Data: 06 de October de 2005 12:24

Relativamente à questão do aborto, não tenho tempo agora para expôr em extensão a minha opinião, mas posso dizer que no último referendo fiz campanha pelo "não" e que voltaria a fazer o mesmo. Esse "não" não corresponde a uma situação que julgaria ideal, visto que infelizmente me parece que qualquer resposta ao referendo ajuda mais a ilibar o Estado das suas responsabilidades sociais que a resolver problemas...

Algumas considerações:
1- Não sou a favor de que se prenda as mulheres que abortam. Entendo a justiça como um acto de reabilitação, não de vingança e não vejo como prender essas mulheres ajuda no que quer que seja. Porém, para mim é claro de que deve haver um acompanhamento pelo menos a nível psicológico, visto que se trata de um drama horrível para as mães que deixaram de o ser. Talvez - e aqui falo sem pensar muito - uma pena de trabalhos comunitários ou obrigatoriedade de frequentar programas de formação seja muito mais útil.

2- Entre as várias razões porque se aborta, há uma "imperdoável": questões financeiras ou meramente egoistas. Há casos em que a família não tem efectivamente dinheiro e aí culpo o Estado por falta de apoio para estas situações (o "não" do último referendo era um repto a que se responsabilizassem!!!). Nos casos em que há dinheiro e a razão é apenas algo superficial (não atrasar a progressão na carreiram, por exemplo), aí já não me choca nada a pena de cadeia.

3- Para mim, tudo se resume a um conflito de direitos. Todas as pessoas, neste caso mais concretamente as mulheres, têm o direito a fazer tudo o que não prejudique os demais. Porém, do outro lado, está um ser por nascer que também tem direito a sobreviver. Julgo que toda a gente concordará com isso. A questão é então apenas de se saber qual o estatuto do não-nascido: é uma pessoa como as outras, é um aglomerado de moléculas, o que é? Em caso de dúvida, acho que se deve adoptar o princípio da precaução.

De qualquer forma, julgo que todos concordamos nalguns pontos essenciais:
- o aborto deve ser evitado;
- as mulheres que abortam devem ser tratadas com caridade.

A pergunta que me fica é: que fez o Estado para prevenir que haja situações em que as mulheres sentem necessidade de recorrer ao aborto? E que faz para prevenir que haja reincidência? Quanto às pessoas que abortam por motivos superficiais, acho que a cadeia talvez as pudesse "regenerar", mas as que abortam por outros motivos, tem de se extinguir esses motivos! E o último referendo deveria ter servido para se dar prioridade a essas questões!

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 06 de October de 2005 23:04

Perigoso vírus ataca a vida humana.

Vírus mata em Portugal. Dá pelo nome de aborto ou de IVG, está instalado na classe política, em particular no Parlamento Português.
Aguarda para ser instalado, a permissão do Presidente da República.
Está a actuar na Assembleia da República mas prepara-se para ser um perigo nacional
Pode ser uma epidemia e o seu mecanismo de actuação passa pelo referendo sobre a despenalização do aborto ou das IVG.
A data da instalação pode ocorrer entre o Outono e o Inverno em Portugal.

É provável que o dia de maior risco para o seu ataque seja o dia 27 de Nov. 2005 a menos que o Presidente da República não aprove o projecto do PS e BE.
O único antivírus conhecido é o Não ao aborto no dia do referendo, porque a vida é o primeiro e o mais intimo direito da pessoa humana.
Este vírus mata em todo o mundo e já é uma pandemia na sociedade sem respeito pela vida humana da concepção à morte natural.

Devemos avisar os nossos amigos, marcar posição no voto antivírus, no não ao aborto no dia do referendo.
A sua prevenção implica politicas sociais e económicas de apoio à vida que valorizem a dignidade das Mulheres, dos embriões e fetos humanos.

Politicas económicas e sociais pela vida e pela dignidade dos recém-nascidos, que os políticos não querem fazer nem tomar para a sua prevenção útil.

Combater este vírus é um dever de consciência e uma prova de defesa dos direitos da pessoa humana é um sinal de modernidade e maturidade da civilização do amor contra a cultura da morte

Vamos afastar este vírus de Portugal

O antivírus está na nossa mão no referendo diga Não ao aborto e à IVG, escolha a vida, da concepção à morte natural.

Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 07 de October de 2005 00:46

Afirma-se neste fórum:
- "As outras não. Só no ano de 2002, em Portugal, 11.000 mulheres portuguesas foram atendidas em serviços de urgência por complicações pós aborto. Só em 2002 cinco mulheres morreram por este motivo".

E pergunta-se
- "O que aconteceu realmente de novo?"

Desde já lhe digo e vos digo que intencionalmente se falta à verdade, como na frase anterior e por meio de outras pessoas que sistematicamente a referem, em nome dos interesses políticos e não humanos. Faço esta afirmação plenamente consciente do que vos digo.

Na Assembleia da Rep. antes de 2003, foi feita a proposta para se fazer o estudo exaustivo da verdade sobre os números das situações clandestinas e suas consequências. Mais uma vez não se terminou este estudo e sem conclusões sérias continua-se a jogar números sem se divulgarem fontes e modelos de estudos. A AR não os quis obter. como posso provar consultando as opiniões da Deputada do PCP Odete Santos .
Vou procurar as suas opiniões sobre o assunto na net e logo que as tenha trago-as



Re: "Uma cultura de Vida"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de October de 2005 00:52

Os dados referidos do ano 2002 constam das estatíscas oficiais dos serviços de saúde em Portugal. ( causas de mortalidade e causas de internamento em serviços de saúde ).

Repito, só no ano 2005 registaram-se cinco mortes de mulhres por esta causa.

Mas Provavelmente estes números estão subavaliados.

SE o galvão está consciente do que diz, a afirmação é gravíssima e deve prová-lo.

Quanto ao estudo sobre o aborto clandestino em portugal , não há qualquer estudo a nível nacional, mas estudos parciais ou estimativas.






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