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Perdoar
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 04 de September de 2005 19:07

Convivemos na Igreja com pessoas santas e admiráveis, mas também com pecadores e gente de procedimento reprovável. Somos um "povo santo e pecador", como se diz numa de nossas orações eucarísticas. Temos que reconhecer essa realidade. Os grupos que se julgam perfeitos - e que acham que só eles estão - e que acham que só eles estão certos - tendem a se tornar sectários. Temos algum exemplo mesmo aqui dentro do Brasil. Sem falar no famoso grupo dos tradicionalistas de Lefrebvre, que acabaram tendo que ser rejeitados pela igreja como irreconciliáveis, e praticamente formam uma série à parte.
Para os que erram, Jesus deixou na Igreja uma porta de misericórdia, o sacramento do perdão. Basta que haja vontade sincera de conversão. Mas, além disso, o Divino Mestre nos ensina a ajudar os irmãos que erram a se corrigem de seu pecado. Ele nos manda praticar a correção fraterna, como está na prática evangélica que lemos na missa deste XXIII domingo do Tempo Comum (cfr. Mt 18, 15-20)
Mas, como todos sabemos, não se aceita facilmente essa correção. Exige-se muita habilidade pedagógica em quem quiser corrigir um irmão que errou. Aceitamos facilmente, e até com gratidão, que alguém nos aponte uma mancha de tinta que tivermos no rosto ou na roupa. Mas dificilmente toleramos que alguém nos mostre algum nosso defeito moral. O orgulho e a vaidade tem raízes muito profundas em nosso coração. Felizes das comunidades onde existirem pessoas capazes de ajudar na correção dos que erram! Tudo será fruto de paciência e humildade.
Muitas vezes será muito mais útil começar pelo caminho do elogio às boas qualidades. Talvez com isso se abra a porta do coração para aceitar a correção de algum defeito. Jesus, ao tratar do assunto, apresenta uma gradação. Primeiro, a correção em particular; se não der resultado, a correção com a presença de alguma testemunha; e, se nem isso tiver êxito, então, o recurso à comunidade, a qual, em último caso, poderá até excluir o irmão, como alguém que obstinadamente não quiser viver de acordo com o Evangelho. É algo parecido com o lugar onde Jesus enumera três graus de ofensa a um irmão, cada um deles com um castigo maior: comparecer ao tribunal do juízo, ser julgado pelo Sinédrio, ser lançado à Geena de fogo (cfr Mt 5,22). Com muito pesar, a Igreja conserva para casos de total resistência a pena da excomunhão. Mas nem essa está excluída do perdão, quando houver a devida volta ao bom caminho. Pois o que a Igreja quer não é uma fria condenação do pecador, mas que se converta e viva. Isso já era a lição dos antigos profetas (cfr Ez 18,23); mas é, sobretudo o ensinamento de Jesus. O que se quer é o amor, a reconciliação, o perdão, a união de todos na família de Deus.
O que queremos - o que Deus quer! - é a comunidade unida no amor e na fraternidade. Unidos na fé e na oração, Jesus estará presente. É a grande palavra que sempre relemos com alegria no Evangelho: "Onde, na verdade, dois ou três estiverem reunidos no meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18,20). Quanto mais fervorosamente a comunidade rezar e cantar em coro uníssono em nossas celebrações eucarísticas, tanto mais se tornará viva e como que sensível a presença do Senhor Ressuscitado. E diremos com verdade: "Ele está no meio de nós".
Leituras do XXIII Domingo do Tempo Comum - Ano A:
1a) Ez 33,7-9
2a) Rom 13,8-10
3a) Mt 18,15-20

Re: Perdoar
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 06 de September de 2005 12:13

Bons amigos

Parabéns pela proposta de debate deste tema tão importante, pena é que registe até agora tão poucos participantes no nosso fórum.

Penso que em face de alertas para que vigiemos pois não sabemos nem o dia nem a hora em que "o ladrão, o azar ou mesmo o tentador" bate à porta nunca passamos de virgens sem azeite suficiente na almotolia.

Escreviam e repetiam os Santos Padres João XXIII e João Paulo II as palavras-chaves da comunhão da Fraternidade Cristã e com Deus Pai, Filho e Espírito Santo.:
- Amor, verdade, justiça e perdão.

Como é valioso saber Perdoar, e como é difícil.

Vamos ajudar o Homem do sec XXI a saber perdoar!

Re: Perdoar
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 06 de September de 2005 17:25

A EXPERIÊNCIA DE PERDÃO É INERENTE A VIDA DO CRISTÃO”.



Pax Domini sit semper vobiscum!!!



Dentro do mês da Bíblia, neste domingo, somos questionados sobre o sentido profundo de libertação que ocorre em nossa vida a partir do perdão. O perdão tem três dimensões fundamentais: recebemos de Deus, perdoamos a nós mesmos e perdoamos os nossos irmãos. Quando acontece esta experiência de perdão sentimos em nosso coração uma tremenda alegria. Quando falamos que o amor deve superar o ódio dentro do cristianismo, estamos falando na concretização do perdão que se torna para nós cristãos fonte da verdadeira felicidade.




Re: Perdoar
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 06 de September de 2005 17:50

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.



O perdão sincero é um dos desafios mais fortes que enfrentamos em nossa caminhada cristã. O gesto de perdão está ligado intimamente ao nosso contacto com a verdade e humildade. Quando somos verdadeiros temos a coragem de perdoar. Somos também desafiados a vivermos hoje a antiga “correção fraterna”, que parece que está esquecida hoje devido ao profundo relativismo que vivemos.



Esta parábola contada por Jesus tem um significado muito actual para nós. Todos foram perdoados da grande dívida do pecado original e não temos direito de cobrar nada de nossos irmãos, pois somos devedores de nossa própria vida.



O perdão está relacionado com a palavra perda. Ele exige a perda de algo que temos para a realização de nosso próximo. O mundo em que vivemos está sobre uma forte tensão de falta de entendimento entre as pessoas. Este é o grande desafio universal que enfrentamos hoje. A falta de comunicação entre as pessoas faz que elas não se perdoem mais. Isto vai nos levando a um forte vazio existencial que nos leva a sucumbir em nossos empreendimentos.



A experiência cristã é experiência de misericórdia e perdão. Quando recebemos o perdão de Deus, nos perdoamos e sabemos perdoar a nossos irmãos. Quando isto acontece a nossa vida é transformada. Não podemos amar e odiar ao mesmo tempo. Deus já nos deu seu perdão definitivo com a entrega de seu Filho para nos salvar. Nada pode se comparar a esta atitude de entrega e misericórdia.



Estamos numa sociedade de cobranças. Cada um deve produzir para si mesmo a fim de alcançar uma realização pessoal. A proposta cristã é uma proposta comunitária essencialmente. É na partilha que o homem se realiza. Enquanto nossos relacionamentos não forem melhorados estaremos sempre na superficialidade.



Todos somos endividados em relação à misericórdia de Deus. Somos limitados pela nossa própria administração do que Deus nos proporciona. Pedro imagina que sete vezes seria suficiente no sentido de um perdão perfeito, legal e não um perdão misericordioso que não se recorda mais da dívida. Deus é capaz de nos perdoar desta forma por nos amar de um jeito absoluto. Ele nos ama como somos e em conjunto dentro de nossas relações.



O que recebe perdão tem a responsabilidade de perdoar. Todos fomos perdoados, por esta razão não podemos querer exigir de nossos irm ãos aquilo que recebemos de graça. Na realidade o perdão é um processo que faz parte da amorização que o Senhor quer que vivamos nesta vida.



Quando estamos imbuídos do Espírito Santo nosso amor se torna comunitário. Começamos a valorizar a existência dos outros que passam pelo mesmo processo que o nosso. Todo cristão é desafiado pela prática do perdão que só será possível na abertura e aceitação da realidade do amor de Deus presente em nós desde a nossa origem.



“Senhor Jesus ajudai-nos a entender o quanto temos que perdoar para sermos felizes.”




Re: Perdoar
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 06 de September de 2005 21:21

Vivi em Taizé uma excelente amostra do que pode significar o perdão... É interessante verificar como, quando alguém conhecido me pede para lhe contar o que aconteceu na noite de 16 de Agosto, e perante a descrição exclama : " um balázio logo ali na cabeça da Gaja" "então e vocês não lhe deram uma carga de porrada?" " Qual doente mental, era logo cadeira electrica".

Como vêm, há um longo caminho a percorrer, e os irmãos de Taizé ensinaram-nos bem a percorre-lo

Tozé

Re: Perdoar
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de September de 2005 01:01

Tenho uma opinião sobre o «Perdoar» um pouco diferente da vossa, e não concordo quando a Ana diz que perdão está relacionado com a palavra perda, mas sim com "per-doar".

Quando eu perdoo a alguém, liberto-me do passado. Escolho por viver o presente. Sem mágoas, sem ressentimentos. Isto permite-me amar mais facilmente. Sentir este amor que nada mais é que a presença de Deus. Se não perdoo, prendo-me ao passado. Vivo de ressentimentos, de angústias, de raiva e de ódio. Não há lugar ao amor. Não consigo estar próximo de Deus, sem amor.

Não são os outros que precisam do meu perdão. Sou eu que preciso de perdoar os outros. Só assim me sinto bem. Só assim estou disponível para amar.

A reacção dita natural quando se vê algo de errado ou de muito mal, como foi a experiência vivida pelo Tozé em Taizé, é responder na mesma moeda, de forma racional, e, faz sentido colocar-se a hipótese de responder com violência, à violência. Não é este o caminho de Deus. Não é este o caminho de Amor. Todos ouvimos dizer que não é com guerra que se combate a guerra. É com paz que se combate a guerra. É com amor que se combate o ódio e o medo.

Luis

Re: Perdoar
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 07 de September de 2005 05:34



O perdão

"Senhor, se meu irmão pecar contra mim, quantas vezes lhe devo perdoar? Até sete vezes (Mt 18,21)"? É uma pergunta que tem, até, cabimento. Se vou sempre perdoando, e a pessoa vai sempre pecando de novo, parece que ela não pretende corrigir-se. É uma reincidência teimosa, que acaba prejudicando a própria comunidade. Trata-se de alguém que não leva muito a sério seu próprio pedido de perdão. Porém Jesus não está ponderando essa fraqueza do homem que errou. E, se Pedro, falando em perdoar sete vezes -"sete" é um número de plenitude - já está achando que está sendo muito generoso, Jesus vai muito além: "Eu não te digo sete vezes, mas setenta vezes sete vezes" (v 21 ). O que quer dizer perdoar sempre.
É a lei do Evangelho. O perdão! Talvez o aspecto mais difícil da caridade. Há muito cristão - será mesmo cristão? - que não sabe perdoar. Apesar de rezar todos os dias "Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". E é bom lembrar que o perdão, dado com sinceridade, ajuda o irmão a se corrigir. Sobretudo se, de maneira oportuna, houver um diálogo com ele, mostrando-lhe como está errado. Aí entra toda a pedagogia das mães, que perdoam as faltas de seus filhos - elas perdoam mesmo "setenta vezes sete vezes" -e pouco a pouco os vão educando para que se corrijam. Quem não recebe o perdão, é levado ao desânimo e até ao desespero.
O diálogo com Pedro sobre o perdão a alguém que nos ofendeu, sugere - pelo menos na redação de Mateus - uma preciosa parábola que já tem em vista o pecado contra Deus, tantas vezes lembrado nas parábolas na figura de um rei. Jesus diz que o Reino dos céus é semelhante a um rei que quis acertar as contas com seus funcionários.
Encontrou um que lhe devia uma quantia absurda: dez mil talentos! Para se ter uma idéia disso, convém lembrar que dez mil talentos correspondiam a sessenta milhões de denários, sendo que o denário era o que ganhava como diária um trabalhador comum. Essa quantia, ouvida pelo povo, sugeria algo de incalculável. Nunca ninguém tinha visto isso! Jesus quis mesmo insistir no tamanho da dívida, já insinuando a gravidade de um pecado contra Deus. Na parábola, o rei, informado do tamanho da dívida - que faz supor tratar - se de um funcionário graduado, provavelmente envolvido em negócios desonestos - mandou que o vendessem a ele, à mulher e aos filhos, e a todos os seus bens, até que pagasse tudo. Fatos assim aconteciam naquele tempo, como se pode ver no caso da pobre viúva que foi pedir socorro ao profeta Eliseu, porque aparecera um credor de seu finado marido, exigindo que ela lhe entregasse seus dois filhos para fazê-Ios escravos (2 Rs 4,1 ss).
O funcionário, ao ouvir essa ordem do rei, caiu-Ihe aos pés, suplicando em altas vozes: "Tem paciência comigo, e tudo te pagarei". E o rei se comoveu. Perdoou-lhe toda a dívida. E ele partiu satisfeito (Cfr Mt 18,23-27). Mas aconteceu que, ao sair da presença do rei, o funcionário se encontrou com um seu companheiro que lhe devia cem denários. E foi logo exigindo: "Paga-me o que me deves". Caindo-lhe aos pés, o companheiro suplicava angustiosamente: "Tem paciência comigo, e tudo te pagarei". Ele, porém, não quis saber de nada. Mandou pô-Io na cadeia até que pagasse toda a dívida. Naturalmente o rei veio a saber. E voltou atrás no seu perdão. Apesar do provérbio "palavra de rei não volta atrás", o caso era tão revoltante, que saía fora de todas as normas de conveniência. Reprovando com veemência o funcionário, entregou-o nas mãos do carrasco, até que pagasse tudo o que devia (cfr. Ibid., 28-34).
E vem o final da parábola, já transpondo-a para o juízo de Deus. Disse Jesus: É assim que o meu Pai do céu vos tratará, se cada um não perdoar a seu irmão de todo o coração" (Ibid., 35). Não sem razão Jesus ensinou a rezar: "Perdoai-nos ...como nós perdoamos". Evidentemente o julgamento de Deus não segue o estilo do rei da parábola. Mas, de qualquer maneira, fica a grande lição: Não merece o perdão de Deus aquele que não .souber perdoar a seu irmão. Sobretudo olhando para a Imensa desproporção entre uma ofensa que alguém nos possa fazer, e o pecado que cometemos contra a majestade e a bondade de Deus.

Leituras do XXIV Domingo do Tempo Comum - Ano A:
1 a) Eclo 27 ,33-28, 9


Re: Perdoar
Escrito por: Anam (IP registado)
Data: 07 de September de 2005 14:04

O perdão é sinal de amor.
Mas, infelizmente, cada vez mais as pessoas confundem perdão com "parvoíce", com impunidade dada de bandeja aos criminosos.
Torna-se difícil a um pai perdoar o criminoso que lhe matou o filho, ou um trabalhador honesto perdoar quem lhe rouba uma vida de sacrifício...

Re: Perdoar
Escrito por: Mónica (IP registado)
Data: 07 de September de 2005 14:32


Pois! Concordo com o Luis.

Mas gostaria de responder ao seguinte:

Há quem reze mas não sabe perdoar!

Acredito que ninguém sabe realmente perdoar. E como alguém disse acima, umas coisas são sim, mais dificeis que outras.

Mas sugiro o seguinte: Rezar é também pedir! Quando rezarem, peçam a Deus ajuda no que diz respeito a perdoar. Pode ser um processo demorado, pois há coisas que não se perdoam de um dia para o outro (factor humano), ou pelo menos eu não consigo. Peço sempre ajuda para que nosso Pai me ajude, e ás vezes, penso que tá tudo perdoado, e num certo dia, lá me vem o velho ressentimento, e volto à estaca zero.

Mas concordo, que ninguém consegue realmente viver bem com ressentimentos e o passado às costas. Tem que se pelo menos tentar perdoar! E acredito, que se formos pedido ajuda, com certeza, até nas coisas mais dificeis, acabaremos por encontrar dentro de nós esse perdão.

Mónica

Re: Perdoar
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de September de 2005 22:19

De facto, Mónica, é como dizes. Há quem reze mas não sabe perdoar. Penso que neste caso a oração não será bem sucedida.

Associado à dificuldade do perdão, lembro-me da "facilidade" da ofensa, e do sentir-se ofendido. Conheço algumas pessoas que são muito susceptíveis de se sentirem ofendidas, magoadas, e com necessidade que lhes peçam desculpa.

Há uma história oriental que me ensinou algo sobre este último aspecto: uma ofensa é como um prenda, só se aceita se quisermos.

Sim, bem sei que não é fácil, mas passa muito pelo exercício e treino. Lia há dias que não há nada que aborreça mais os nossos inimigos que perdoar-lhes as ofensas. Se alguém nos tenta ofender e nós deixamos que isso nos afecte, esquecemos que esse alguém conseguiu o seu objectivo. Se, por outro lado, somos imunes à ofensa e seguimos em frente, então deixaremos alguém frustrado e sem sucesso.

Ainda sobre este tema, gostaria de vos sugerir o livro Perdoar, de Gerald G. Jampolsky, publicado pela Sinais de Fogo. Embora esta editora publique livros na área de auto-ajuda, alguns deles numa linha New Age, tem livros muito bons e que recomendo. Ao todo, tenho mais de dez livros desta editora e já li oito deles, e tenho outros dois já começados.

Deixo também um link para o original Forgiveness: The Greatest Healer of All, onde poderão também ler alguns comentários de leitores.

Luis

Re: Perdoar
Escrito por: Mónica (IP registado)
Data: 09 de September de 2005 16:25



Boa Tarde Luis,

Vou ver se encontro o Livro na Fnac, se não vou ver se encomendo!

Porque, tenho que ser sincera, perdoar ás vezes é super complicado, mesmo rezando e pendindo a Deus para me ajudar. Penso que as vezes ouvir o que outros dizem sobre o assunto ajuda.

Beijos

Re: Perdoar
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 11 de September de 2005 00:36

Quando se lê Mateus 25, 31-46 (Juízo definitivo), fica-se com a sensação de que há coisas que não têm perdão. É interessante que neste caso, como noutros, os juízos severos e condenatórios são postos na pessoa de um rei. Há aparente contradição nos Evangelhos. Por um lado Jesus manda perdoar setenta vezes sete, por outro admite, no momento em que perdoar se torna mais importante, que tal não sucederá. Talvez historicamente haja coisas que não têm perdão, como a insensibilidade total e completa às carências do próximo (lembremo-nos do episódio de Lázaro). E põe-se naturalmente a questão do Inferno. A Bíblia fala do Inferno, mas não diz quem o criou. Será que o Inferno é uma criação humana, algo semelhante a um estado de egoismo absoluto? Jesus revela-se contra a pena de talião, mas por exemplo, na parábola do grande banquete (Mateus 22, 1-14) o rei encontra um convidado sem a veste nupcial e, em vez de o mandar pôr na rua, como seria natural, manda que lhe amarrem os pés e as mãos e que o lancem nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes. De facto as figuras de reis que os Evangelhos nos apresentam não são habitualmente pessoas recomendáveis (há um, não me lembro onde é referido, que nem sequer admite oposição política). Será isto um aviso para que não nos fiemos nos seus juízos? Porque outra coisa que é dito é que "não julgueis para não serdes julgados". Será que seremos julgados segundo as regras que nós próprios criarmos?
E finalmente um poema de Mário Salgueirinho que trago na pasta de trabalho:

---Perdão---

Perdoa!...
Mesmo de alma rasgada pela dor,
- velas rotas de tantos vendavais:
Infidelidade, mentiras, traição...
Mesmo que as cicatrizes gritem vingança,
purifica as chagas dolorosas da ofensa
com o bálsamo redentor do perdão...

Perdoa!...
Mesmo de rosto sulcado pelas lágrimas,
sangue ardente de mágoa, raiva ou indignação...
Mesmo de honra babujada pela infâmia
e de esperança tombada pela desilusão,
reconstrói os sonhos de teu caminho
com a alavanca poderosa do perdão...

Perdoa!...
Perdoa tudo e sempre:
- ignorância, injustiça, imcompreensão...
Perdoa incomensuravelmente
e renascerá a paz em teu coração.
(Mário Salgueirinho)



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Editado 1 vezes. Última edição em 11/09/2005 00:45 por Albino O M Soares.

Re: Perdoar
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 12 de September de 2005 21:57

Sobre o que poderá não ter perdão chamaram-me a atenção para a seguinte passagem evangélica (Mc 3,28-29) Então Jesus disse-lhes:
"Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu de pecado eterno".
É claro que alguém poderá argumentar que temos sempre o recurso à confissão. Mas para isso precisaríamos de ter um padre por perto, o que nem sempre acontece. E quantas vemos não reconhecemos os nossos verdadeiros pecados (cuidado com a neurose da confissão...). Mais uma citação bíblica (Apoc 22,12-17):
"Eis que eu venho em breve e trarei a recompensa para retribuir a cada um conforme as suas obras.
Eu sou o Alfa e o Ómega,
o Primeiro e o último,
o Princípio e o Fim.
Felizes os que lavam as suas vestes,
para terem direito à Árvore da Vida
e poderem entrar nas portas da cidade.
Fora os cães, os feiticeiros, os luxuriosos,
os assassinos, os idólatras
e todos os que amam e praticam a fraude.
Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos anunciar todas estas coisas
acerca das Igrejas:
Eu sou o descendente e a estirpe de David,
Eu sou a brilhante estrela da manhã.
O Espírito e a Esposa dizem:
«Vem!»
Diga também o que escuta: «Vem!»
O que tem sede que se aproxime;
e o que deseja beba gratuitamente
da água da vida".


*=?.0



Editado 1 vezes. Última edição em 12/09/2005 22:04 por Albino O M Soares.

Re: Perdoar
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 12 de September de 2005 23:35

Caro Albino:


Com todo o respeito, eu interpreto a passagem do Evangelho de outra forma. Lido no contexto (trata-se da conclusão de uma narração sobre o expulsar dos demónios) parece-me evidente é que se trata de uma referência à dúvida. Não há realmente maior pecado, ou seja nada que nos afaste mais de Deus do que a dúvida relativamente à sua capacidade de perdoar, ou seja a negação dessa presença do espírito santo em cad um de nós.

Ter a pretenção de impor limites ao amor de Deus e à sua capacidade de perdoar, quando a única coisa que Deus pode é amar cada um de nós sem limites é sim a verdadeira blasfémia contra o Espírito Santo.

Alguém me disse um dia que o grande pecado de Judas não foi a traição, mas sim o não acreditar na dimensão do Perdão de Deus. Foi isso o que realmente o afastou da comunhão com Deus, não a traição em que o pobre-diabo foi manipulado pelos representantes das três verdadeiras faces do Mal (ou do diabo se preferirem): O Poder da Força e da Violência, representado pelos romanos, o Poder do Dinheiro e do Materialismo, representado por herodes, e e o Poder sobre as Consciências, o domíno sobre a liberdade humana, representado pelos sacerdotes manipuladores das multidões. Estas faces do mal ainda hoje e sempre nos atormentam!

Resumindo, acho que não podemos impor limites humanos à capacidade de perdão de Deus, porque isso é limitar o Amor infinito de Deus por cada um de nós.

Tozé

Re: Perdoar
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 13 de September de 2005 00:40

Gostava de lançar a ideia de um dia nacional do perdão

Em que cada um procuraria fazer a reconciliação
com alguém pelo perdão e pelo diálogo fraterno e Cristão

Querem dar sugestões sobre quando e como tornar esta ideia
uma realidade?

Será possível?
Querem avançar com esta ideia?


Re: Perdoar
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 13 de September de 2005 00:54

Meu caro Joaquim Galvão

já existe um dia mundial do perdão. Chama-se Yom Kippur (o dia do perdão) e é uma tradição judaica, que o próprio Jesus celebrou, mas que os seus seguidores, pelo que hoje podemos observar, não continuaram...

Porque é que não nos associamos aos nossos irmãos judeus e celebramos todos juntos o Yom Kippur...? e porque não juntar todos os credos e religiões no Yom Kippur...? Que melhor pedido de perdão poderiamos fazer...? Que alegria juntarmo-nos com nossos irmãos de confissões diferentes e todos juntos orarmos pelo perdão... orarmos todos em comunhão com o Pai...

Miguel D

Re: Perdoar
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 13 de September de 2005 11:58

Que seja.

E se este ano 2005 a data já tiver passado, a liturgia do passado fim de semana era muito sugestiva para se ter comemorado nesse fim de semana mas...

Que venha a proxima data do Yom Kippur 2005 ou outra data para este ano.

Mobilizemos as nossas catequeses e movimentos ou grupos para ser uma realidade

Também assim traremos sinais de fé para a Cidade

Joaquim

Re: Perdoar
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 13 de September de 2005 12:20

Ano novo (Rosh Hashana) e a festa do Perdão (Yom Kippur), em setembro, são separadas por dez dias de penitência e formam uma unidade: o Rosh Hashana recorda o sacrifício de Isaac e evoca o julgamento de Deus, que se realiza no Dia do Perdão.

[www.prof2000.pt]

List of Dates
Yom Kippur will occur on the following days of the Gregorian calendar:

Jewish Year 5764: sunset October 5, 2003 - nightfall October 6, 2003
Jewish Year 5765: sunset September 24, 2004 - nightfall September 25, 2004
Jewish Year 5766: sunset October 12, 2005 - nightfall October 13, 2005
Jewish Year 5767: sunset October 1, 2006 - nightfall October 2, 2006
Jewish Year 5768: sunset September 21, 2007 - nightfall September 22, 2007
For additional holiday dates, see Links to Jewish Calendars.



--------------------------------------------------------------------------------
© Copyright 5756-5762 (1995-2001), Tracey R Rich


Portanto
tudo leva a creditar que será em 12 de Outubro de 2005
será?

[www.jewfaq.org]

Re: Perdoar
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 14 de September de 2005 16:41

Alô gente

Re: Perdoar
Escrito por: Mónica (IP registado)
Data: 20 de September de 2005 09:57


Hehe!

Parece-me que o convite lançado não foi muito bem aceite, ou então estão todos a reflectir no assunto e a ponderar como fazer!

Vou aqui dizer algo pessoal!

Eu tive que aprender a perdoar, perdoar mesmo, durante este ano! E a primeira coisa que tive que fazer foi no meu ver, perdoar Deus! Acontecem coisas na nossa vida em que não encontra-mos respostas: "Porque que Deus deixou que acontecesse?"
Claro, eu fiz a pergunta directamente a Ele, e nunca tive resposta. Fiquei zangada e afastei-me. Após mais de vinte anos consegui voltar e fazer novamente a pergunta. Tive que encontrar algo dentro de mim para superar isto, mas só consegui com ajuda d'Ele.

Só encontrei paz depois de perdoar, de encontrar o perdão! E tudo mudou!

Beijos

Mónica

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