Dois teólogos (um é Papa!) estudam Maria

"Qual o lugar de Maria na teologia, na história e na devoção? Respondem Joseph Ratzinger (Bento XVI) e Hans Urs von Balthasar


Pelas mãos de Joseph Ratzinger, que dispensa apresentações, e do teólogo suíço Hans Urs von Balthasar, chega-nos um conjunto de estudos sobre Nossa Senhora, “Maria, Primeira Igreja”, da Gráfica de Coimbra. Não se trata de meditações populares, mas de estudos teológicos; portanto, com um nível de reflexão mais exigente.
Os cinco estudos daquele que é actualmente o Papa foram escritos entre 1979 e 1995. Um deles centra-se na questão do lugar da Mariologia (disciplina teológica que estuda Maria). Ou seja, a Mariologia está mais perto (ou dentro) da Cristologia (disciplina teológica que estuda Jesus Cristo) ou da Eclesiologia (disciplina teológica que estuda a Igreja)? A questão não é irrelevante. Tem consequências no modo como nos relacionamos com Maria e que podemos sintetizar nestas três expressões: por Maria até Cristo (Maria assume protagonismo), por Cristo até Maria (a Mariologia será o corolário da Cristologia), ou com Maria em Igreja (Maria é “apenas” o primeiro dos discípulos que constituem a Igreja). Hoje, há uma certa predominância da segunda corrente. A centralidade está em Cristo. E é Ele que indica Maria (como na cruz) e a oferece aos discípulos como Mãe.
Raztinger dedica-se ainda à interpretação de expressões bíblicas sobre Maria e à explicação da expressão do Credo “e incarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria”.
Von Balthasar, que durante algum tempo foi jesuíta (entre 1928 e 1950) e que morreu em 1988, dois dias antes de ser feito cardeal por João Paulo II, em quatro ensaios escritos numa linguagem mais calorosa que a do actual Papa, explica também ele a expressão do Credo, realça a característica mariana da Igreja (para Von Balthasar, a maternidade da Igreja é clarificada na forma como Maria foi mãe de Jesus) e debate o lugar de Maria na doutrina e na piedade da Igreja, entre a veneração e a imitação, mas indesligável de Jesus Cristo. É que, se se desliga Maria de Cristo, cai-se na adoração de Maria (ora, Maria não salva). Mas o movimento contrário também não está isento de perigo: “Se Cristo for artificialmente separado de sua mãe ou da sua Igreja, então, na piedade cristã, Cristo perde a sua tangibilidade histórica, torna-se algo de Abstracto, algo que, como um aerólito, cai do céu e depois de novo sobe ao céu, sem se enraizar concretamente na tradição passada e futura dos seres humanos”. Por outras palavras, sem Maria, Cristo não seria um de nós, humano."

J.P.F. in Jornal Correio do Vouga



«Que a paz esteja convosco»
Fernando Cassola Marques

Para relembrar o que já foi escrito neste fórum sobre o lugar de Maria na Igreja, deixo a referência dos seguintes tópicos:

Lugar e a importância de Maria na vida cristã

Será válida a consagração a Maria?

Porquê veneramos a Santíssima Virgem?

Luis

«Declaração de interesses» (como agora de usa dizer): li relativamente pouca coisa de Balthasar e o que li não me entusiasmou muito. Contudo, Balthasar é um grande teólogo, que, entre outros aspectos, restituiu à Teologia elementos de enorme importância, como a mística e a estética. Espero incluir Balthasar nas minhas leituras de médio-longo prazo. Parece-me também que o menos bom de Balthasar são alguns dos seus «discípulos» ou «divulgadores»... Adiante.

No respeitante a Maria, creio que o que se apresenta aqui como a posição de Balthasar é bastante verdadeiro e é algo que também gostaria de aprofundar. A Mariologia só tem sentido inserida na Cristologia ou na Eclesiologia, mas é necessária. Sem a Mariologia o Cristianismo pode degenerar numa espécie de gnosticismo a-histórico. É algo que valeria a pena estudar e até agora só ouvi uma pessoa falar disto e nada vi escrito. Contudo, parece-me dúbia e até perigosa a expressão «a Mariologia como corolário da Cristologia». A Cristologia não é um «itinerário» para uma meta que seria Maria (o tal corolário). Isso seria desvirtuar tudo. «Fazei tudo o que Ele vos disser».

O que me parece muito perigoso é a transformação daquilo que deveria ser uma teologia sobre o papel de Maria numa espécie de contra-Cristologia, onde a Maria se atribuem uma série de títulos cristológicos, criando-se uma espécie de «religião substitutiva». Aí se insere a pretensão de atribuir oficialmente a Maria o título de «Co-Redentora»... Já para não falar no título (que não vingou em Portugal, mas noutros lados sim) de «Divina Pastora». Isto admite-se?

Teologicamente parece-me muito rica uma outra chave de leitura, muito «esquecida». Maria, como «virgem», mais do que representar primariamente os valores da pureza no sentido tradicional da «pureza», é figura de todos os «pobres de Javé». Lembremo-nos que a virgindade não era propriamente um valor no Antigo Testamento. A mulher virgem e sem filhos não «produziu» filhos, não tem vida, não recebeu a bênção dos filhos... Mas Deus intervém na História e é dos que nada contam que se forma um novo Povo de Deus. Em Maria, enquanto representante de todos os «esquecidos» manifesta-se toda a força de Deus. Lembremo-nos que ao longo da história bíblica há grandes crises que se resolvem «através» de mulheres e em situações de improvável fecundidade... De Sara, passando por Rute, até Maria...

Mas isto nada tem a ver com fazer de Maria uma espécie de deusa...

Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 14/06/2005 22:06 por Alef.

Isto é como diz o ditado popular:

Citação:

«...uma bola de neve ...»

_{Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.}

Olhem o que recebi na minha caixa de correio hoje:)!
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MAMÃE MARIA



Hugo Ferreira Pinto


Ensinava o santo padre Afonso Rodrigues SJ que a humanidade está dividida em duas partes: os que aceitam Maria por Mãe - são os filhos de Maria - e os que não A aceitam, que são os "filhos da puta".



Aos que o censuravam de "dizer palavrão" ele respondia: Pois está na Bíblia! Vejam então o que faz a Puta: A "grande meretriz..., com a qual se contaminaram os reis da terra. Ela inebriou os habitantes da terra com o vinho da sua prostituição" (Ap 17,1-2), triste e exata descrição dos nosso dias em que os homens até se gloriam de tal "maternidade".



Pe. Afonso Rodrigues

E foi canonizado, esse senhor???

Gostava de saber a fonte dessa história, que me cheira a esturro.

De resto, esse santo não era padre, ao contrário do que se escreve. Nem era propriamente versado em Escritura, embora fosse um importante mestre espiritual.

Alef

Padres como este nao me fazem faltinha nenhuma. Para alem de afastarem so dizem parvoices...

E entao aqueles que nem ouviram falar de Maria?

Realmente ha coisas que me fazem acreditar que nestes casos, nao ha nada mais responsavel que rezar.

Em comunhao

Pois, pois, lança-se mão de tudo para hipnotizarem as pessoas.
Os interesses levam-nos a isso.
A economia vai mal para todos!
Muitos vão na onda!

_{Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.}



Editado 1 vezes. Última edição em 15/05/2006 17:12 por Manuel Pires.