No Canadá, há cemitérios católicos e não católicos, mas temos gente católica enterrada em cemitérios não católicos. Em Portugal, em cidades e vilas, há apenas um cemitério, aí enterram todos. Os católicos, têm algum lugar reservado para eles?
A Princesa Diana foi sepultada numa Quinta da família, creio. Em Portugal só se pode sepultar em cemitérios?
Há dias faleceu uma senhora Canadiana, pediu para ser queimada e as cinzas ficaram no Jardim da casa dela. Isto pode ser feito em Portugal? Para as pessoas que conservam as casas das famílias, era uma óptima ideia.

De facto não sei responder a essas perguntas. Presumo que a vontade de cada um possa ser respeitada e por isso essa questão da cremação acontece, agora quanto ao enterrar pessoas em outros locais que não os cemitérios, não sei. Não conheço nenhum caso.
Só sei que os cemitérios por estas bandas estão a tornar-se em locais que algumas pessoas usam para ostentar grandes jazigos e floreados e não com a devoção e simplicidade do "és pó e em pó te hás-de tornar".

Quem tem casas com herdades de antepassados e gostassem de o fazer até ficava bem.

Tenho familiares com quintas e foram a ser enterrados no cemitério.

Não sei se em Portugal, no fim de serem cremados, se as cinzas as podem por nessas herdades, quintas ou quintais, era uma boa recordação.
Aquí já fazem cerimónias fúnebres apenas para familiares e amigos...

Parece-me que os mortos portugueses são mais ecuménicos. Todos ao molho (molhe?) e fé em Deus! ;-)

Antigamente enterravam-se os mortos dentro das igrejas ou no adro da igreja, no caso de lotação esgotada. No século XIX proibiram-se os enterros dentro das igrejas, o que levou à famosa revolta «Maria da Fonte».

Agora alguns enterram-se vivos, sobretudo se forem políticos ou trabalharem em televisão. Ou, no caso de clérigos, se proferirem certas homilias e houver um jornalista perto... ;-)

Bem, mais a sério, tanto quanto sei, os cemitérios em Portugal dependem das autarquias (juntas de freguesia). Dadas algumas curiosas particularidades dos muçulmanos e judeus, não sei se têm espaços reservados onde houver comunidades significativas.

Não sei se isso tem a ver com o serem católicos, mas o mais significativo dos cemitérios portugueses é serem feios, feios, feios. Felizmente os mortos não se queixam. Diz-se.

Alef

Ana:

Quanto aos cemitérios em Portugal, serem feios, feios, feios (sic Alef), concordo e acrescento deprimentes, deprimentes, deprimentes...
Sei também que os "ditos", são civis, não se fazendo a acepção dos mortos em relação à sua prática espiritual em vida.
Quanto à cremação, e ao que as pessoas fazem depois com as cinzas, acho que "cada maluco, sua mania". Há quem goste de lançar as cinzas ao mar, há quem construa autenticos mausoléus nas propriedades e guarde lá as pequenas urnas dos familiares, etc.
Eu pessoalmente (embora num fórum público não se deva entrar muito por esse campo), quando a minha mulher faleceu, foi cremada, e as cinzas espalhei-as no jardim da casa que tinhamos comprado pouco tempo antes.
Afinal são só cinzas, pois a alma dela estará onde Deus quizer, mas gosto de me sentar no muro, a fumar um cigarrito e conversar com ela. Tal como eu disse antes, cada maluco, sua mania... Mas para mim, prefiro que ela ali "esteja", com uma vista bonita da colina, a estar num cemitério deprimente. E os meus filhos, também gostam de colher uma rosa, e oferecerem-na, colocando-a numa palmeira do centro do relvado.
Pieguices? Talvez, mas sentimo-nos bem assim, e não há cá choradeiras e prantos. Terapia? Recomendo.
E para isto, na altura, não perguntei nada a ninguém nem pedi autorizações. Fiz, e pronto!
Acho que o melhor mesmo, nestas coisas, é desligar o "complicador".

Abraço Fraterno

VM

Gostei da tua atitude...Lindo, lindo essa acção. Essa casa agora tem de ser preservada de pais para filhos...e fica com muitas memórias. God Bless.

Escreves de Portugal?

Pensava que em Portugal os mortos íam todos para os cemitérios.

Olá Ana.

Escrevo de Portugal, sim.
Quanto a manter a casa, isso será mais difícil. Porque a vida dá muitas voltas, e umas vezes a vida corre bem profissionalmente e outras vezes não, porque às vezes temos saúde e outras vezes não, tenho a minha casa à venda (passe a publicidade).
Mas isso não invalida que a minha mulher fique num sítio de que tanto gostava. E estará sempre "viva", na minha memória, na minha Fé de que um dia estaremos juntos outra vez, não como marido e mulher, mas como irmãos. Até lá, desconhecendo os desígnios de Deus, temos que os tentar descobrir o melhor possível e andar para a frente.
E como o sítio é elevado, posso sempre olhar para o cêrro mesmo que de longe, e piscar-lhe o olho e sorrir. "Sei" que ela está lá, a sorrir também...
Sabes Ana, acho que sou um priveligiado. Foram vinte anos, cheios, com alguns bons e maus momentos, mas sempre com a capacidade de seguir juntos e amar. E com muita amizade. E quando olho para tantas pessoas solitárias, com casamentos desfeitos, ou que nunca forma capazes de amar ou deixarem-se amar, tenho pena delas. E digo-o sinceramente, sem a pretensão de os menosprezar por isso.

Por aquilo que eu percebi, vives no Canadá? É uma terra linda. Fiz aí umas férias fantásticas, na provincia do Quebéc. Tem um bom Fim-de-semana. Amanhã, na Missa vou orar por ti, aí tão longe e ao mesmo tempo tão perto de cá.

Abraço Fraterno

Sobre este assunto sei muito pouco, certamente um padre pode explicar melhor.

O que vos posso dizer é que existe em Faro, um cemitério judeu. Segundo sei, por um estudo que fiz, sobre um outro assunto, o qual a determinada altura se relacionou com dito cemitério, este local de culto, é um dos mais antigos da Europa, e já foi, em tempos tb um dos maiores da Europa. O que aliás se compreende pela nossa história.

Este cemitério, dada de há muitos séc. mas não sei precisar, tenho essa matéria em arquivo, quando o encontrar digo-vos. Mas li algures num dos anais da cidade, que data do tempo em que havia uma biblioteca judaica na cidade, a qual terá desaparecido aquando da cristianização dos judeus. Não imagino como o cemitério sobreviveu, mas deve haver histórias sobre isso. Nunca o fui visitar, mas sei, por uma amiga judia, que as suas campas são cobertas de pedras, muitas pedras, não havendo lugar para luxos.

O dito cemitério fica curiosamente, dentro da cidade, imaginem, num enclave, entre o estádio de futebol do farense a sul, o pavilhão desportivo do farense a este e do Hospital Distrital de Faro a norte. Mais ainda, no lado sul, onde se encontra o estádio de futebol, foi construído, utilizando a parede exterior das bancadas, um supermercado pingo doce. Eu sei que é difícil de imaginar, mas é real.

Assim o cemitério está ao pé do supermercado, dum estádio de futebol, de um pavilhão desportivo, de um hospital....enfim, numa das ruas mais movimentadas da cidade, mesmo em frente a uma das rotundas que serve de saída e entrada para a cidade. Outrora esta área foi descampada, hoje está no meio da cidade.

Contudo ninguém se importa muito, está bem disfarçado, muita gente que lá passa nem dá por ele, outros mesmo nem sabem que existe, até porque tem um relvado muito bonito com flores mesmo em frente ao portão do cemitério.

Para mim, apesar de achar todo o enquadramento um tanto insólito, fico contente por saber que ele existe, pois faz parte da história do Algarve e foi importante para os judeus na Europa. Constou-me que estão judeus muito importantes lá enterrados. Por falta de espaço foi construido um outro em Lisboa, mas não sei onde fica.

Durante muito tempo, houve muitos judeus falecidos em portugal, a sul do tejo, que vieram cá parar. Tanto quanto sei, acho que há uma organização interna dentro dos cemitérios, a qual tem haver com as familias e também com o peso destas dentro da sociedade judaica. mas não sei mais do que isto.

Quanto aos muçulmanos não faço ideia.

Coloco aqui a questão que a Ana colocou noutro tópico, porque acho que merece uma resposta abrangente e não focalizada na pessoa x, y ou z.

A pergunta é esta:

Como uma pessoa não católica, pode ser enterrada num cemitério católico?

Pois Ana,

Também não sei responder. Eventualmente o Padre João Luís talvez nos possa elucidar sobre este assunto.

Pessoalmente, acho que desde que se trate de gente, por mim, pode ficar num cemitério católico, que não me incomoda. Acho que toda a gente tem direito a um enterro digno e a um espaço onde se possa fazer o culto ao defunto...o culto aos mortos é uma prática tão ancestral, quanto a própria civilização humana. Depois de os meus avós falecerem descobri o quanto este culto pode ser confortante ao fazer coisas simples, como colocar as flores preferidas, ir ao cemitério limpar a campa...etc. são tarefas que aprendi a valorizar.

No entanto reconheço alguma incoerência nas pessoas que sempre negaram a autoridade da Igreja e se calhar até de Deus mas aceitam ser colocados num cemitério católico. Presumo que seja pela tradição... ou porque se calhar ainda não são tão evoluídos e “avant garde” como desejariam ser, ou porque um funeral católico é o meio mais convencional …

Já agora se o sujeito não for baptizado, por ser enterrado num cemitério católico?

gostaria que me explicassem como funcionam os cemitérios, tb tenho esta curiosidade. devem haver regras suponho!

Chuva

Por aquí os cemitérios são bem cuidados, mas luxos de pedras como vemos em Portugal, não há. Um funeral aquí fica caríssimo ultrapssa as $10.000 Dólares.

Cá na minha vila temos um cemitério da responsabilidade da Câmara. Portanto, à partida deveria ser um cemitério sem religião. Apesar disso, os elementos cristãos estao bem patentes no cemitério (além das próprias campas e jazigos), tal como cruzes e uma capela. Penso que isto vem de tradição e, portanto, penso que nunca ninguém se queixou de tal coisa. Até porque aqui ainda existe muito a teoria do "católico não-praticante", segundo a qual o Padre tem a obrigação de acompanhar o funeral de cada pessoa, mesmo que esta não frequentasse a Igreja (não estou a criticar nada, eu também já pensei assim). Portanto, ninguém se incomoda.

Há algum tempo vi uma reportagem na televisão sobre um cemitério que havia em Lisboa (acho que em Carnide). Era um cemitério todo relvado, com sepulturas bastante simples e até tinha um lago com patos.

Aqui não, é o típico cemitério português com campas de mármore todas encostadas umas às outras (optimização de espaço), com grandes textos nas lápides para que todas as pessoas saibam que a família está cheia de saudades do falecido (incluindo os filhos que o andaram a empurrar de uns para os outros e o neto que nem andar sabia). Que local tão pouco digno...

Rui B.

É verdade, aquí também o padre vai sempre fazer o funeral mesmo daqueles que nunca foram à igreja.
Por acaso, vou agora mesmo a um dos cemitérios com uma senhora que me convidou para a acompanhar. Hoje aquí, comemora-se o dia do Pai. "Father's Day"
Aquí entre as sepulturas há relva e os cemitérios sempre muito bem cuidados.
Em Portugal também há muito espaço, muitos terrenos, só que as Câmaras não querem pagar por terreno para esse efeito. O clima também é mais seco e não há água para manter as relvas verdes. Aquí chove muito durante o verão, por isso o Canadá é verdinho. Ao cemitério onde vou, até andamos de carro, tem estradas pelo meio...isto é enormíssimo e com muito espaço.

À pergunta:
Como uma pessoa não católica, pode ser enterrada num cemitério católico?

respondo com outra pergunta:
Como é que qualquer espaço católico se pode fechar a quem quer que seja?

(e já agora outra pergunta lateral: o que é um católico não-praticante?)

João (JMA)

> (e já agora outra pergunta lateral: o que é um católico não-praticante?)

JMA, repare que eu utilizei o termo entre aspas precisamente para que todos entendessem que não acredito no conceito.

Aconselho-o a ler o seguinte tópico: Catolicos Não praticantes??? Isso não existe.

JMA:

Usando uma expressão de um amigo meu, um católico não-praticante é aquele que só vai à missa com um capote de madeira. ;-)

Humor negro... :-s

Alef

Alef,

É o humor adequado a este tópico. :o))

Está bem apanhado, não deixa de ter uma certa razão. Mas também não é assim tão simples.

É de lançar o tópico:
Missa, imperativo categórico para o Católico?

João (JMA)

Caros amigos,

Eu penso que o Alef têm razão e não é só na vila do Rui B, mas (quase) todos os cemitérios em Portugal são da responsabilidade da autarquia respectiva, pelo que são tão católicos, como o país é católico. Isto é, são "tradicionalmente" católicos mas na prática, os cemitérios não têm religião (como o país).

Concordo com aqueles quando dizem que os cemitérios são feios, feios, feios. Alguns deles são mesmo horríveis. Muitos deles seriam óptimos locais de rodagem de filmes de John Carpenter. Chego a pensar que essa é uma das principais razões porque as pessoas não querem morrer ;-) Penso que os cemitérios reflectem a imagem que cada cultura ou sociedade tem da morte.

Pessoalmente, gosto mais dos cemitérios que vimos nos filmes norte-americanos: com muita relva, com uma lápide simples e um crucifixo de madeira pintado de branco. Era num cemitério desses que gostaria que o meu corpo fosse enterrado quando eu morrer.

Sei que algumas localidades do país têm um cemitério judeu onde são enterrados os judeus e, se não estou em erro, também os muçulmanos. Isto, porque, se não estou em erro, a forma como o corpo é depositado é semelhante: o corpo é lavado, despido e envolto num tecido branco; e não num caixão de madeira.

Respondendo à pergunta inicial da Ana «Os católicos têm algum lugar reservado para eles?». Não, são sepultados no cemitério da localidade onde vivem (ou onde nasceram, penso que têm essa opção) junto das outras pessoas, sejam elas baptizadas ou não.

Aproveitando este assunto, e sem querer fugir demasiado dele, queria-vos perguntar algo que tem a ver com os cemitérios e funerais: o luto. O que pensam do luto (e não me refiro ao luto nacional)? Há uns anos atrás, penso que por ocasião da morte da minha avó materna, a minha mãe comentava comigo que a minha avó gostava que as pessoas vestissem de luto (de preto), quando algum familiar próximo morria. Ela própria vestiu-se de preto nos últimos vinte anos da vida dela, desde que o meu avô paterno morreu.
Talvez por eu ter crescido num meio (cidade) diferente do dela (aldeia), tenho uma opinião diferente. Quando penso se, um dia, um familiar meu morrer, eu vestirei de preto, a pergunta que me vem logo à cabeça é se o facto de eu vestir de preto ou não, irei sentir melhor ou pior a perca da pessoa querida, ou se estarei a respeitar ou não a sua morte. Eu, pessoalmente, penso que a cor da roupa que visto não ofende nem desrespeita ninguém, seja vivo, ou morto. Todavia, tal como em muitas outras matérias, não tenho uma opinião definitiva sobre o assunto. Pelo que gostaria de saber a vossa.

Obrigado,
Luis

Para mim o luto não tem razão de ser. Não faço intenções de me vestir de preto quando um familiar meu morrer e não me evitarei de usar o que quer que seja. Aliás, nem sequer consigo compreender a razão de ser do luto. É para demonstrar que estou triste? Que tenho respeito por quem morreu?

Cá para os meus lados existem "regras" para o luto. Os viúvos (e viúvas, claro) vestem preto o resto da vida (terminou há pouco tempo a "regra" do lenço na cabeça para as viúvas). Os filhos e irmãos de falecidos vestem preto durante um ano; a partir daí começam a vestir cinzentos e azul escuro (acho que são 6 meses); depois começam, pouco a pouco, a voltar ao normal. Os netos e sobrinhos devem evitar peças que tenham vermelho e cores semelhantes (bordeaux, laranja...); se forem já com alguma idade, fica sempre bem usar uma peça de preto.

Não estão escritas em lado nenhum, mas toda a gente conhece estas "regras". E, tal como eu, já vai havendo quem se borrife completamente para elas. Porque aqui o luto usa-se por aparência, porque se não se usa as pessoas comentam. Quase que diria que o luto é feito pelos vivos, não por quem morreu.

Aquilo que sentimos pelas pessoas demonstramos enquanto são vivas. Depois de partirem deste mundo, podemos demonstrá-lo de muitas maneiras, mas não me faz qualquer sentido que tenha que o mostrar aos outros através daquilo que visto.

Agora lembrei-me de outra "regra" que também já desapareceu (ou pelo menos não será tão frequente): não se ver televisão durante não sei quanto tempo!...

Luis


Ainda não li as outras mensagens dos outros foristas, apenas esta tua. Vou responder: Eu já disse aos meus filhos, quando eu morrer não choreis por mim, quero que nunca se esqueçam de mim, mas chorar não chorem. Preto só no dia do funeral. Aquí as pessoas vestem-se a rigor para ir a um funeral. Fato preto, blusa ou camisa branca e gravata, vestido preto, etc.
Também não concordo nada com essas roupas pretas que põem durante um ano...isso é muito tempo para usar uma cor só...adoro cores, branco, amarelo, vermelho, preto, etc. E este ano que se usa o rosa e o verde por aquí :)
Por mim quando eu morrer, que ninguém chore e depois do funeral que vistam todas as roupas e de todas as cores....
Cheguei há pouco do cemitério...hoje dei uma grande volta no cemitério. As ruas divedem o cemitério. De um lado vi gente e nomes Portugueses e Italianos, do lado oposto vi gente Chinesa...os Chineses a maioria não são católicos. Agora se é o próprio cemitério que faz isso, não sei! Cada cemitério aquí tem lá empregados todos os dias. Este onde eu fui, é enorme. Umas simples placas, relva em todas as sepulturas, não temos qualquer receio a entrar lá dentro...Este onde eu fui, não vi jazigos, nem são cremados no cemitério, mas sim nas casas funerárias.

JMA

Um católico não praticante, será aquele que é baptizado, mas não cumpre com os deveres da igreja, como por exemplo, não ir à missa todos os domingos.