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É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 15:38

O meu amigo, João Araújo, professor universitário, leva verdadeiramente a sério a sua função de educador, como pai e como professor. Talvez por isso, tenha sentido a urgência de dedicar muito do seu tempo a estudar o programa oficial de Educação Sexual no Ensino Básico e Secundário. Diz-me que esta notícia (da primeira página do Expresso, com continuação na página 23) reflecte bem as conclusões do estudo que fez e deu a conhecer à redacção.

Como não fazia “a mínima” (como agora se diz), fico verdadeiramente impressionado com o que a mentalidade oficial (que espero, não seja ainda a mentalidade comum) entende por educação.

Por isso, agradeço-lhe vivamente o seu trabalho que nos desperta. Bem haja.

Obrigado, João.


Educação sexual polémica

Alguns manuais escolares, elaborados em consonância com as novas orientações dos Ministérios da Educação e da Saúde, propõem aos professores exercícios para crianças de 10 e 11 anos tais como colorir «partes do corpo que gostam que sejam tocadas».

Outra sugestão é pedir aos alunos que indiquem «manifestações sexuais», dando como exemplos a «manipulação dos órgãos genitais, beijos entre namorados e relação sexual». Estes manuais estão a provocar acesa polémica entre os educadores.



Educação Sexual
Programas sem controlo






Um teatro sugerido para o 2.º e 3.º ciclos: 5 alunos «fazem» uma viagem de avião e chegam a uma terra onde a maioria da população é homossexual. Improvisam-se diálogos entre viajantes e população e o debate deve ser orientado para questões como: um comportamento é saudável ou normal porque é maioritário? Outro exercício, para o 1.º ciclo, é falar sobre os diversos tipos de família a partir deste desenho



EM EXERCÍCIO de 50 minutos, destinado a turmas do 5.º e do 6.º ano, propõe que, durante a aula, os professores ponham os alunos de 10 a 12 anos a pensarem no maior número possível de sinónimos para palavras como testículos, pénis, vagina ou relação sexual. De acordo com os manuais para os professores é «normal e aceitável utilizar expressões consideradas menos adequadas» e que podem mesmo «causar embaraço ou tornar-se desagradáveis». No final, e esgotadas todas as hipóteses, os estudantes devem afixar num «placard» o resultado deste trabalho.

Este é um dos exemplos das tarefas propostas para o ensino de Educação Sexual, uma matéria transversal, isto é, que pode ser dada por qualquer professor e em qualquer disciplina entre o 1.º e os 12.º anos de escolaridade. Em Outubro de 2000, os Ministérios da Educação e da Saúde produziram umas «linhas orientadoras da Educação Sexual em Meio Escolar» que passaram a estar em vigor. Foram feitos manuais e sugeridos textos para ajudar os professores, mas nunca foi feita qualquer avaliação. Neste momento, ninguém sabe como foi dada, por quem e a quantos alunos chegou esta informação. Muito menos se apurou a eficácia deste tipo de conteúdos.

«Ridículo».

Esta ficha, integrada num livro espanhol sugerido pelo Ministério da Educação, pretende introduzir nas salas de aula do 1.º ciclo a questão da masturbação. O professor deve perguntar: o que está o rapaz a tocar (o mesmo para a rapariga)? Já fizeste isso? Onde o fazes? Com quem o fazes?



Para Manuela Calheiros, psicóloga e professora universitária, «o exercício proposto é ridículo». Mas esse não é o maior problema deste projecto educativo. Com efeito, por não ser «testado, por não ser feita formação de professores e avaliados os resultados», há aqui «uma falha gravíssima», tanto mais que ninguém sabe «quem é responsável» pelas eventuais falhas cometidas. Manuela Calheiros vai mais longe: «não há contexto emocional» em todos os conteúdos programáticos sobre sexualidade, tal como ausentes estão «as famílias, o próprio envolvimento cultural e, mais grave, a possibilidade de qualquer pessoa dizer ‘não’». Para a psicóloga, mais importante do que enumerar e enunciar os actos sexuais - sejam eles quais forem - «é formar os alunos para sentimentos positivos e negativos» e, nesse processo, «aprender a conhecer-se e reconhecer que pode recusar situações ou atitudes que não aceite».

Outra proposta de trabalho apresentada nos manuais de apoio aos professores, tendo como destinatários crianças de 10 e 11 anos, consiste em pôr os alunos a colorir uma figura (masculina ou feminina), para depois assinalarem «as partes do corpo que elas gostam, ou não, que sejam tocadas. Estes desenhos podem ser recolhidos de forma a constituírem informação para o professor». Outra sugestão passa por pedir aos alunos que façam «uma lista com todas as manifestações sexuais que venham à ideia, colocando à frente de cada um o tipo de sensações presentes». Como exemplos sugeridos aos professores são elencados: «manipulação dos órgãos genitais, beijos entre namorados, relação sexual».

Pais fora de jogo?


O conteúdo desta «disciplina» está longe de ser consensual. Uma professora do 3.º ciclo recusou-se mesmo a seguir os manuais propostos, mas foi advertida pela direcção da escola «de que não podia fazer objecção de consciência» e corre o risco de ser punida disciplinarmente se não acatar a ordem.

Claudia Muller, mãe de várias crianças, decidiu ir assistir a uma sessão de esclarecimento para alunos, promovida pela Associação de Planeamento da Família na escola dos seus filhos. Destinada a crianças entre os 9 e os 12 anos, a apresentação esclarecia questões tão diversas como «para onde vai o esperma» ou «o que é o sexo oral», finalizando com a médica de um centro de saúde da região de Mafra a dar os seus contactos telefónicos às crianças que quisessem esclarecer outras dúvidas. «É um desprezo total pelos pais, que a toda a hora são chamados à escola. Menos sobre a educação sexual dada aos seus filhos», conclui esta mãe, que se confessa «chocada pela total exclusão dos encarregados de educação».

Por seu lado, Albino Almeida, presidente da Confederação das Associações de Pais (Confap), é pessoalmente adepto da educação sexual nas escolas. Mas admite que a actual orientação tem «lacunas e alguns temas estão desadaptados» às faixas etárias a que se destinam. Os vários tipos de família apresentados, por exemplo, «deviam surgir como vários tipos de união».

«Pares homossexuais não se enquadram no meu conceito de família», sublinha Albino Almeida. «Nem está enquadrada na lei», acrescenta Manuela Calheiros.

Paula Vilariça, pedopsiquiatra do Hospital Dona Estefânia, considera mesmo a desadequação etária um dos problemas mais graves deste programa. Além disso, os conteúdos apresentados «não são esclarecedores» e podem mesmo «ser perturbadores, agressivos e até traumáticos para alguns alunos».

Defendendo uma estratégia mais informativa para estas aulas, a médica rejeita este projecto nos termos em que está apresentado, por o considerar «um atentado à fantasia e à inocência».

Albino Almeida sustenta esta ideia ao referir que a maior lacuna do projecto «é a não inclusão das doenças sexualmente transmissíveis». Em vez de informar, «o programa diverte-se com conteúdos desfasados, esquecendo as doenças que são parte fulcral em matéria de sexualidade», conclui.

A APF - que subscreve as linhas orientadoras e assinou um protocolo com o Ministério da Educação para promover a Educação Sexual nas escolas - garante, no seu relatório anual, que «muitas escolas estão já envolvidas» e «em todo o território nacional». «Mas estamos longe de poder afirmar que todas ou a maior parte das crianças e jovens têm acesso a actividades de educação sexual», dizem, reclamando a publicação de legislação que obrigue, efectivamente, as escolas a cumprir este programa.




Monica Contreras e Rosa Pedroso Lima com Susana Branco

Programa educacional

JOÃO Araújo, professor universitário e pai de quatro crianças, dedicou muitas horas a estudar o programa oficial de Educação Sexual. Os aspectos que mais o chocaram foram organizados num CD que passou a mostrar pelo país, em sessões de esclarecimento para as quais é convidado.

O EXPRESSO foi assistir. Pais, e por vezes professores, enchem as salas para verem uma selecção de textos, desenhos e jogos sugeridos para as salas de aulas. A partir destes dados - confirmados pelo EXPRESSO nos textos originais que servem de documentação oficial - foram pedidas opiniões a diversos especialistas.

A grande responsável pela actual filosofia orientadora da educação sexual nas escolas é a Associação para o Planeamento da Família (APF) - filial de uma das maiores ONG mundiais - que participou na produção das «Linhas Orientadoras», fez vários manuais, formou e continua a formar professores no âmbito de protocolos com o Ministério da Educação.

Um dos livros aconselhados - «Educação Sexual na Escola», de Júlio Machado Vaz e Duarte Vilar, da APF - propõe como conteúdos para o pré-escolar e o 1.º ciclo: aprender a realizar a masturbação, se existir, na privacidade; conhecer diferentes tipos de família; adquirir um papel de género flexível e reconhecer comportamentos sexuais como carícias, beijos e relações coitais.












Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 15:47

Já agora convém fazer todas as Referencias bibliográficas, com indicação de página, dos referidos manuais escolares e dos "exercícios " relatados, e indicar com precisão quais as escolas privadas e públicas que os adoptaram e onde são aplicados.

É uma questão de honestidade intelectual ...

Já agora gostaria de saber quais as escolas do país onde esteja a ser implementado qualquer programa de educação SExual.




.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 16:42

Conforme mencionei, o artigo vem no expresso de hoje. pode ser lido em:
[semanal.expresso.clix.pt].

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 16:58

É de facto uma questão complexa... devo confessar que a questão não é tanto se esta a educação sexual que queremos, mas se esta é a educação sexual de que as nossas crianças precisam.

1. É necessário estarmos de acordo quanto à necessidade de educação sexual nas escolas: isto é, será que todos estamos de acordo quanto ao reconhecer à escola capacidade para educar as crianças a esse nível ou deve ela continuar resrevada quase exclusivamente à familia;

2. Partindo do princípio de que a resposta a 1. é sim, depois teremos de nos entender quanto ao que ensinar. E aí há duas hipóteses:
2.1 ou a escola ensina o que os pais acham que deve ser ensinado (e aí são os pais a determinar o programa, o que levanta problemas completamente irresolúveis neste momento, relacionados com a total falta de acordo geral nestas matérias. Por exemplo: deve um programa escolar consagrar como conteúdo a leccionar a apresentação do preservativo como método importante no combate à SIDA? deve apresentar a masturbação como prática normal e porventura aconselhável em determinada fase da vida humana; ou deve apresentar a homossexualidade como algo normal ou como uma doença, ou como uma aberração ou como uma tendência a combater, ou a abater... ao longo da história todas estas hipóteses foram e ainda hoje são certamente consideradas). Se esta for a resposta, então eu julgo que nos tempos mais próximos não se chegará a acordo e é melhor não haver qualquer educação sexual nas escolas;

2.2 ou a escola ensina o que um conjunto de especialistas DE CRÉDITOS RECONHECIDOS e suficientemente VARIADO considera importante ser conhecido/estudado consoante a faixa etária e o que se considera apropriado conhecer. Não que os pais, ou todos nós, não tivéssemos uma palavra a dizer sobre o que é estudado: por isso há normalmente um período de discussão pública ou há movimentos críticos na própria sociedade, como aconteceu contra os programas de PortuguÊs do Secundário. De qualquer modo, a responsabilidade última pelos programas não seria directamente dos pais ou das suas vontades ou sensibilidades, o que não significaria que não pudessem constituir voz crítica. De qualquer modo, o Estado, como responsável geral pela política educativa e pelos programas, procuraria nestas questões sobretudo a voz de quem não se limita a ter opiniões ou sensibilidades ou ideologias ou sentimentos religiosos, mas ao que pensam os especialistas reputados desde os MELHORES pedopsiquiatras aos MELHORES especialistas em pedagogia e sexualidade. Naturalmente haveria sempre críticas ao programa: porque demasiado fechado; porque demasiado aberto; porque X ou porque Y, como acontece com os programas de outras cadeiras.

Para mim o problema maior não é o programa: eu confiaria de facto o programa a pessoas VARIADAS de méritos indiscutíveis. Com isto não digo que nao se devesse respeitar a sensibilidade geral da sociedade, não apenas das grandes cidades, mas também do interior, por exemplo, por forma a criar um programa útil que não fosse desnecessariamente fonte de escândalo. Claro que, e pelo menos como consultor, poderia ser importante entre esses especialistas haver um sociólogo de créditos firmados. E se uma equipa com estas características de qualidade e diversidade considera que é importante falar sobre a masturbação ou a hmossexualidade, não vejo por que não.

3. Para mim o pior problema seria quem vai leccionar a disciplina.
3.1 Qualquer professor: por exemplo um licenciado em história ou em línguas, ou em matemática ou em economia, em filosofia ou geografia para dar alguns exemplos.
3.2 ou professores especialistas na área: e.g. biologia, medicina, psicologia, etc...

Nestes casos, devo reconhecer que pessoalmente não reconheço qualquer competência neste sentido aos do grupo 3.1, apesar de todos poderem ter naturalmente alguma experiência a algum nível sexual . Era o mesmo que dizer que qualquer pessoa que sabe inglês poderia dar inglês ou que qualquer falante de PortuguÊs poderia ser professor de PortuguÊs. Não basta apenas a maior ou menor prática ou até conhecimento de determinada matéria que faz dessa pessoa um professor.

Depois colocam-se ainda outros problemas, qualquer que fosse a hipótese escolhida em 3:

4. quanto ao perfil do professor...
4.1 Todos os professores (de forma global como em 3.1, ou de forma mais particular, do grupo considerado em 3.2);
4.2 Apenas os que mostram uma prática de vida conforme aos princípios veiculados no programa. Imaginemos que o professor é homossexual. Pode dar a disciplina? E se o programa fosse escolhido pelos pais ou por alguns sectores da Igreja e dissesse que os homossexuais se deveriam abster de relações sexuais? Imaginemos que o próprio professor tem uma vida sexual instável e promíscua... pode dar a disciplina?

Para mim este é um problema complexo, como vêem...

Só mais uma coisa e aqui é um pedido de esclarecimento. É ou não verdade que em Portugal a educação sexual, ou conteúdos relacionados com a iniciação sexual, os órgãos genitais, a maternidade ou a homossexualidade não estão ja contemplados em alguns programas actualmente em vigor, designadamente em Biologia?

Abraço fraterno

Miguel

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Rui B (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 19:31

Eu aprendi o aparelho reprodutor no 6º ano em Ciências. No 8º ano voltei a dar também em Ciências e dei também as doenças sexualmente transmissíveis (DST). Mas eu não chamaria educação sexual a isto, à excepção da matéria sobre as DST. Limitávamos à parte científica mesmo. Aliás, acho que nunca sequer abordámos o conceito de relação sexual. Isto foi há cerca de 8 anos.

Vendo por alto o exposto aqui, dá-me a ideia que o que se pretende ensinar aos alunos são ciências do sexo e não tanto educação sexual. Acho que tem que haver esclarecimento sobre as duas coisas, no devido equilíbrio, mas nunca limitarem-se apenas ao sexo em si. DST, contracepção, gravidezes indesejadas, isto sim é o importante na educação sexual.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 19:40

Concordo que têm de ser as "duas coisas" Rui. Tens razão... MAs tb me parece que não há uma sem a outra.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 19:44

Mas já agora, para veres como é dificil isto de fazer um programa. Imagina a unidade acerca da gravidez indesejada.

O que dirias? Como evitar a gravidez? Que métodos achas que o programa escolar deveria conter? E agora imagina que um pai católico dizia que não admitia que o preservativo fosse apresentado como método contraceptivo ao seu filho... e imagina que um prof. católico se recusava a dar isso dessa maneira... é que é tão complicado...

Abraço fraterno

Miguel

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 20:07

De qualquer forma, Rui, é importante transmitir uma informação científica válida aos

adolescentes e jovens, através da Escola.

Todos os meus filhos, e todos os alunos do ensino oficial em Portugal, desde o 3º ano do

ensino Básico adquirem conhecimentos sobre a reprodução humana, os orgãos

reprodutores, etc, e esses temas são depois aprofundados em anos posteriores, nas

disciplinas de Ciências da Natureza, ou Biologia...

Na escola dos meus filhos existe também um programa muito interessante de prevenção

de abuso sexual na infância destinado a meninos até ao 4ºano, com a colaboração de

professores e pais.

Já não é mau.

Os jovens de hoje obtêm a informação que quiserem através da net, de revistas para

teenagers, de dvs, da televisão, do grupo de pares - estão mais que "bombardeados

de "informação/ educação sexual, explícita ou implícita...

Ou seja, a Educação Sexual existe sempre, quer através dos programas escolares, quer

através de outras fontes de formação que não apenas os contextos familiares......

Mas por vezes esta informação desconexa é distorcida e fragmentada, completamente

caótica...

Por exemplo, um adolescente que faça a sua aprendizagem sobre a sexualidade através

de filmes pornográficos será que tem uma visão adequada sobre a sexualidade humana?


Eu sou professora de estudantes do ensino superior, todos com elevadas notas do

secundário e fixo perplexa com a falta de informação meramente científica, e com as

dúvidas, contradições e perplexidades que por vezes os jovens manifestam.

Depois, mais grave ainda, é a clivagem entre a informação que os jovens e adolescentes

possuem e os seus valores ou os seus comportamentos... Por exemplo, hoje em dia

quase todos os jovens estão informado de que a única forma de se protegerem das DST

é a abstinência ou a utilização do preservativo...

No entanto, a maior parte dos estudantes universitário continua a ter relações sexuais sem preservativos!!! ás vezes porque nem sabem como se utiliza...

Ainda a semana passada uma aluna universitária do segundo ano me dizia - "Eu quero

ter muitos filhos porque a maternidade é uma forma de poder!!!"

Quanto ás considerações colocadas pelo Miguel são bastante pertinentes.

"De qualquer modo, a responsabilidade última pelos programas não seria directamente
dos pais ou das suas vontades ou sensibilidades, o que não significaria que não pudessem constituir voz crítica. De qualquer modo, o Estado, como responsável geral pela política educativa e pelos programas, procuraria nestas questões sobretudo a voz de quem não se limita a ter opiniões ou sensibilidades ou ideologias ou sentimentos religiosos, mas ao que pensam os especialistas reputados desde os MELHORES pedopsiquiatras aos MELHORES especialistas em pedagogia e sexualida".

Assim como a responsabilidade última dos programas de História ou Filosofia não devem ser ditada pelas sensibilidades ou insensibilidades dos pais...

Assim como ninguém coloca em causa a capacidade de um professor leccionar História ou Filosofia se for Homossexual ou um heterossexual promíscuo...

(Desde que não seja pedófilo e não assedie os alunos, a sua vida privada é a sua vida privada...)

O grande problema é que quando se fala em "EDUCAÇÃO SEXUAL" algumas pessoas pensam em " Ideologia de prática sexuais"...

Educação SExual não é a mesma disciplina que "Educação Moral e Religiosa".
è preciso não confundir as coisas.

E Claro que o papel dos pais é importante. Não tanto pela informação técnica mas pelo exemplo de vida e pla forma como são eles próprios modelos de construção de uma afectividade/sexualidade equilibradas e adultas...

Ou não...

Ou seja, os pais não estão nunca "fora do jogo", mesmo quando se colocam fora do jogo, por indiferença ou ignorancia...


Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 20:25

Caro Miguel:


"Que métodos achas que o programa escolar deveria conter? E agora imagina que um pai católico dizia que não admitia que o preservativo fosse apresentado como método contraceptivo ao seu filho"

Quando se fala em gevidez indesejada e as formas de as prevenir - quem fala em garvidez indesejada fala e doenças incuráveis, como a SIDA, a abordagem deve ser técnica, científica e não panfletária. Isto é, os jovens e os adultosportugueses têm direito a toda a informação sobre este tema...

A questão que colocas não tem qualquer sentido!


Da mesma forma que não tem sentido um pai chegar ao pé do professor de Matemática e dizer que não admite que seja ensinado ao filho oTeorema de Pitágoras, ou chegar ao pé ddo professor de Biologia é dizer que não se pode ensinar a Evolução de Darwin ou chegar ao pé do professor de Filosofia e proibir que se fale do existencialismo porque essas rúbricas programáticas vão contra as suas convicções ideológicas, ou proibir que o Professor de História leccione a matéria sobre a implantação da República em Portugal por que os pais são fervorosos monárquicos,,
Seria ridículo, não?

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Rui B (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 21:15

Miguel, eu concordo que não há uma sem a outra, mas os alunos sabem disso? Se se ensina apenas conceitos do sexo em si, os alunos não ficam com a noção que há "outra parte". Mas claro que para se falar de educação sexual se tem que falar sobre o sexo.

Portanto (e respondendo também à Catolicapraticante), eu concordo que se dê a parte científica. Eu só quis mostrar com o meu exemplo que aquilo que dei na escola não se pode chamar de educação sexual (à excepção das DST, obviamente).

Re: É esta a Eduaçăo Sexual que queremos???
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 14 de May de 2005 23:57

Eu diria:

Que houvesse educação sexual nas escolas através de um filme. Primeiro que fosse visto pelos pais e depois os pais decidiam se os filhos deviam ver esse filme ou não como se faz no Canadá. Depois em casa, cada pai ensina ao filho ou filha como quer...
Eu por acaso pedi aos meus filhos, que não tivessem namorados, namoradas até aos 17 anos. Por acaso escutaram-me! Para que interessa um namorado aos 12 ou aos 13 ou aos 15 ou aos 16 anos? Para que precisam eles de namorar? Com essa idade precisam é do amor e do carinho dos pais. Aos 19 anos, disse à minha filha, agora se quiseres podes ter um namorado. Ela respondeu-me: agora quero tirar o meu curso. Já está no 4. Ano do ensino superior, o resto agora é com ela!.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 15 de May de 2005 00:36

Ora ´cá está o erro. É que os pais tem mesmo o direito de intervir na educação que recebem os seus filhos. Não é o estado o Educador - isso era nos regimes comunistas já caídos. Os educadores são os pais, que tem uma palavra a dizer em algumas matérias sim. Parece-me um contra-senso a forunauta CP intervir na vida religiosa e intima dos seus filhos, evitando que se confessem, e exigindo que as catequistas ensinem à sua prole apenas o que lhe interessa - Os Beatos Francisco e Jacinta estão-lhes interditos, e agora muda o discurso na escola, podendo ela ensinar teorias e praticas do ambito etico e moral contrário à educação que os pais pretendem dar aos seus filhos. Era só o que faltava. Os pais acharem um erro a masturbação por exemplo e explicarem aos filhos o porquê desse erro, e na escola o professor incentivar e dizer que é uma coisa normalissima que todos devem fazer.
Não é uma materia facil, nem um tema facil de abordar, não podemos admitir é que seja o estado a estabelecer a educação sexual dos nossos filhos, como tambem não tem o direito de intervir na educação religiosa dos mesmos. É uma opção dos pais.
Pelo artigo do Expresso, é triste e lamentavel tal programa e um alerta aos pais deste país. Pelo daqueles que o são a sério.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de May de 2005 01:31

Talvez então seja melhor os pais retirarem os filhos do ensino e passarem a ensiná-los em casa.... Física, Matemática, Biologia, Sexologia, Filosofia, Portugues, Alemão, Geografia.. etec... se nada vale o conhecimento técnico especializado ou científico dos ptrofessores nessas áreas.. Se apenas conta a ideologia dos pais e o que s epretende não é transmitir conheciementos e construír saberes o melhor mesmo é nem haver professores nas escolas...
As comissões de pais, definem os currículos, a rubricas programáticas, elaboram os manuais e leccionam as aulas...


Um exemplo ridículo a que JL refere é a "masturbação. " ( Os argumentos poderiam ser palicados com o ensino ou não da teoria da relatividade. Para alguns pais a teoria da relatividade pode parecer uma coisa errada. Além disso o Eisnteisn era judeu e pouco ortodoxo... Logo, não se deveria sequer falar dela. )

"Era o que faltava... Os pais acharem um erro a masturbação por exemplo e explicarem aos filhos o porquê desse erro, e na escola o professor incentivar e dizer que é uma coisa normalissima que todos devem fazer. "...

Os pais que acham a masturbação um erro em adolescentes obviamente que não têm informação sobre sexualidade nem sobre o normal desenvolviemto psicosexual dos adolescentes.. e provavelmente eles próprios lidam mal com a sua sexualidadee saão pessoas perturbadas...... Não é pelo facto de eles considerarem a masturbação um erro ou um pecado que os adolescentes e jovens saudáveis vão deixar de se masturbar nem é por os seus pais terem esses conceitos distorcidos, por falta de fomação que a masturbação não deixa de ser algo de normalíssimo...

O que eu quero mais uma vez reiterrar é que a Educação SExual já existe disseminada pelas várias disciplinas dos curricula escolares...

A existência de um programa específico pode obviamente ser matéria de debate público, mas as definições sobre essa matérias devem ser feitas por especialistas e pedagogos.

Repito, não se trata de uma disciplina de "religião e moral".



Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de May de 2005 01:54

Caros amigos,

Tenho que vos confessar que hoje de manhã, ao ler essa notícia no Expresso, me desatei a rir sozinho :-) sobretudo, pela imagem escolhida para acompanhar o destaque da notícia na capa: não sabia que os manuais escolares de hoje, já tinha imagens que, no meu tempo, se vendiam em postais com o título: "O Amor é ...».

Quando li o conteúdo da notícia do Expresso aqui colocada pelo Pe. João Luis (obrigado!), fiquei surpreendido: já sabia que o nosso sistema de ensino era mau, nunca pensei que chegasse a este ponto. Por natureza (e tradição) sou um crítico do nosso sistema de ensino. Acho-o medíocre, para não dizer pior, e não vejo melhorias nos próximos anos ou décadas. Espera-se onze anos, até se encontrar uma disciplina a sério: Matemática do 12º ano (pelo menos, foi assim quando eu estudei mas não sei se hoje se mantém).

Acho inconcebível os programas de Matemática permitirem a utilização de máquina de calcular nas aulas. Estamos a formar ignorantes, que por sua vez irão formar as próximas gerações. Falo do exemplo da Matemática porque é (ou deveria ser) um dos pilares do ensino, e também aquela que conheço melhor. Tive colegas minhas na faculdade, futuras professoras de ensino da Matemática que não sabiam fazer divisões entre números com decimais (matéria do 4º ano de ensino), já para não falar de calcular a raiz quadrada de um número pelo algoritmo (matéria do 8º ano de ensino).

Voltando à Educação Sexual, com o Miguel (Rmcf) diz, é uma questão complexa. Segundo percebi, o estudo do Prof. João Araújo aponta as falhas do actual programa, mas não vai mais além, apresentando um programa alternativo ou forma de resolver o problema, certo?

Talvez o problema não seja assim tão complexo. Como o Miguel sugere, reúnam-se um leque variado de pessoas competentes e definam os programas e conteúdos. Quanto a quem pode dar esta disciplina (se é necessário ser uma disciplina) já não concordo tanto com o Miguel. Na minha opinião, qualquer pessoa adulta, madura e bem formada deve ter capacidade de ensinar esta matéria. Se não é adulta ou madura ou bem formada, então provavelmente não tem sequer capacidade para ser professor. Porque, falar de educação sexual, falar de sexo para ser mais concreto, é falar de Amor. É falar de duas pessoas que se amam. Do sentimento que as úne. Pois, mas se calhar nem todos somos capazes de falar de Amor...

Como já aqui foi dito, é necessário unir a componente técnica à componente afectiva, ou estaremo-nos a esquecer que nunca foi preciso ensinar na escola como se tinha relações sexuais, para os pessoas as terem. O que é preciso ensinar, na minha opinião, é que não faz sentido Sexo sem Amor, e provavelmente antes de ensinarmos como se faz Amor, temos que ensinar... como se Ama.

Luis

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de May de 2005 02:07

Para que todos saibam do que estamos a falar. aqui fica um docuemnto:

[srec.azores.gov.pt]

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de May de 2005 02:25

Caro Pe. João Luis,

Diz «É que os pais tem mesmo o direito de intervir na educação que recebem os seus filhos.». Sem dúvida: os pais não tem só o direito de intervir como são os principais responsáveis pela educação dos seus filhos. Mas a educação é muito mais que o ensino, e os pais não podem esperar que a educação dos seus filhos fique apenas a cargo da escola e dos professores.

Pergunto-lhe, terei eu direito, como pai, que se altere o programa de Matemática e que nunca se utilizem máquinas de calcular nas aulas? Provavelmente a sua utilização nas aulas é mais nefasta para o futuro dos alunos que o ensino da masturbação (como se fosse preciso ensinar nas aulas, para que os adolescentes soubessem do que se trata....). A ideia que os pais tem uma palavra a dizer em algumas matérias é uma ideia muito bonita mas traz outros pontos na agenda.

Durante a recente campanha eleitoral, ouvi algumas pessoas reclamarem o Cheque Ensino, que é qualquer coisa parecida com o seguinte (corrijam-me se eu estiver enganado): como o estado gasta uma fortuna com o ensino, e como muitos de nós não gostamos do resultado, então, calcule-se quanto é que o estado gasta por aluno, e dê esse dinheiro aos pais para que estes escolham a escola onde querem que os seus filhos estudem. Fantástico. O que de errado esta maravilhosa ideia pode ter?

Aliás, a ideia é tão boa que deveria ser extendida a outras áreas, por exemplo, a saúde. Dêem-me o valor que eu custo ao estado na saúde, e eu utilizo no hospital e nos médicos da minha preferência. Em vez de se construirem estradas, dêem o valor a cada pessoa, e estas que escolham que estradas vão construir e quem as irá construir. Se extendermos esta ideia a todas as áreas, deixaremos de pagar impostos, deixaremos de ter funcionários públicos, deixaremos quiçá de ter défice público.

O papel do estado, entre outras funções, é assegurar o ensino gratuito (já pago pelos impostos) dos cidadãos. Num estado democrático, compete aos governantes escolhidos democraticamente pelo povo, escolher e definir o sistema de ensino.

Não é por se ensinar Filosofia (e alguns filósofos) que os alunos deixam de acreditar em Deus.
Não é por se ensinar o que é o aborto, o preservativo, a pílula, a masturbação, entre outros, que influenciamos os alunos a seguirem determinada atitude perante o sexo. Mas repito, mais importante que ensinar a fazer amor, é preciso ensinar a amar.

Luis

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 16 de May de 2005 00:47

Concluindo pela maravilhosa resposta da Cientista Praticante, a doutrina da Igreja, a puresa, a castidade é tudo para deitar as malvas, porque os jovens devem atentar contra o 6º Mandamento por ser uma fase evolutiva.
Ciencia é ciencia, e todos hoje sabemos que muitas asneiras foram ditas no passado, e hoje compreendemos muita coisa de maneira diferente, mas o que está aqui em causa não são verdades cientificas mas principios eticos que os pais tem o diereito de permitir ou nao que os filhos aprendam.
Imagine-se um professor de Historia que exalte o nazismo, que ensine que o holocausto foi uma mentira, e que devem os jovens brancos bater nos de outras raças, tal professor tem o direito de ensinar tal coisa aos alunos?
Nas questões eticas e morais, não compete nem pode nunca competir ao estado impor um ensino, da mesma forma que a disciplina da EMRC é facultativa, porque pais Protestantes não querem que os filhos sejam educados nos valores catolicos.
E Quer queiram quer não, o ensino da Igreja é tão ou mais importante do que o ensino escolar. Não é a ciencia psico qualquer coisa que me fará alcançar a vida eterna, mas Jesus Cristo e o seus mandamentos.
Instalou-se uma visão distorcida, de que o estado deve impor o ensino que quer - porque é sempre verdadeiro - a Igreja não o pode fazer, tem de ser inspeccionado por pais zelosos que exigem que os catequistas não abordem os temas que eles não gostam. Com que direito?????
É uma igualdade de circunstancias. Se acredito na qualidade dos professores e dos programas que o estado impôe e por isso ponho lá os meus filhos, da mesma forma acredito no ensino da Igreja.
A consequencia logica disto, é que criamos um fosso ainda maior. Porque os pais que tem dinheiro, recusam-se a por os filhos nas escolas publicas onde lhes ensinam tais barbaridades.
Ainda me lembro do meu programa de História do 9º ano - no pós 25 de Abril em passamos o ano todo a estudar o regime soviético os seus planos quinquenais etc, como modelo que devimos lutar por implantar em Portugal.
Um pai que o seja verdadeiramente deve ter muito cuidado com o que lhes enfiam na cabeça das crianças nomeadamente na escola. Aí sim é que é perigoso.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de May de 2005 10:56

O facto do JL ter um trauma com a sua educação no Ensino Básico - que pelos vistos concluiu há bastantes anos - muito particularmente com a disciplina de História, não lhe dá particular autoridade científica para exigir que os programas do Ensino em Portugal devam ser estruturados de acordo com ideologias religiosas.

Vivemos num Estado laico e democrática e não num Estado totalitário e fundamentalista religioso.

Se o JL quer que o ensino público seja construído com bases religiosas e não científicas pode ir viver para o Irão...

Pergunta o JL :

"Imagine-se um professor de Historia que exalte o nazismo, que ensine que o holocausto foi uma mentira, e que devem os jovens brancos bater nos de outras raças, tal professor tem o direito de ensinar tal coisa aos alunos? "

Não, não pode. Primeiro porque não consta de qualquer Programa escolar, depois, se o fizer e porque vivemos num Estado de Direito Democrático, incorre em sanções disciplinares e até criminais.

È a diferença entre um Estado de Direito Democrático e um Estado Teocrático.

Reparem que até mesmo os colégios católicos, ou os colégios da Opus são obrigados a seguir os programas do Ensino público.

Qual seria então o programa de história que o JL propõe para 9º ano em alternativa ao actual programa proposto pelo Estado Português para este nível de escolaridade ?

[mediateca.doc.ua.pt]

Já agora quel o Programa de Matemática ou de CIências?

Provavelmente não pode propor nenhum porque não tem competência técnico-científica para tal.

Em suma – Limitem-se aos programas de EMRC. Só queria acrescentar que, ao contrário do que escreveu o JL é possível que a disciplina de EMR seja leccionada por outras religiões que não apenas a católica, como a protestante, muçulmana ou hindu...
E é um facto que alguns professores de EMR leccionam conteúdos de Educação Sexual. Uns bem, outros mal. Mas, se o fazem é porque admitem que existe esta lacuna no sistema de Ensino e que a Educação Sexual...
E é também verdade que andam por aí uma organizações /associações que pretendem substituir o Estado nesta tarefa educativa...

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de May de 2005 11:07

Quanto ao mau gosto e falta de sentido cristão por detrás desta frase, nem comento: "Porque os pais que tem dinheiro, recusam-se a por os filhos nas escolas publicas ..."



Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 16 de May de 2005 11:15

Eu em parte concordo com o que o João Luís diz e até percebo: de facto, a Igreja defende um determinado tipo de valores e de ensinos que, todos sabemos isso, não são muito compatíveis com uma educação sexual mais 'descomprometida'. Podemos achar que a doutrina da Igreja tem sempre razão (como o João Luís), podemos achar que nem em tudo tem muita razão (como a catolicapraticante e outros, entre os quais eu próprio me incluo); contudo temos de concluir que

1. há de facto um fosso entre a vida moral proposta pela Igreja e por um lado aquele que é o pensamento/comportamente moral senão proposto pelo menos praticado por uma parte da sociedade, e por outro com algumas das proposições do pensamento científico actual;

2. Ora não há um ensino nem desideologizado nem à parte da sociedade. Todo o ensino é sempre fruto de claras opções ideológicas (e.g. quando se prefere dar história de Portugal no secundário ou história da Europa), do que a sociedade de forma global considera útil/relevante que os estudantes aprendam, e do estado da ciência em determinada altura. Desde que, sobretudo a partir do século XIX, o Estado tomou a responsabilidade (que podia não ter) de formar os seus cidadãos, naturalmente esse ensino foi sempre moldado pelo conjunto destas três realidades indistrinsáveis: a ideologia, a sociedade e o pensamento científico dominante, pelo menos. Podiamos acrescentar como quarto nível a Igreja para os que não a quiserem inserir como uma das forças da sociedade.

3. O exemplo do nazismo é um bom exemplo. Eu já fui professor de história, e eu sei que o João Luís tem formação nessa área também. Penso que não é discutível a inserção deste tema como tópico de qualquer programa de história contemporânea. É a própria sociedade que acha relevante de maneira geral que os alunos conheçam a história do século XX, onde a 2ª guerra mundial ocupa por motivos óbvios lugar de destaque. O Estado plural em que hoje vivemos não afasta a possibilidade do estudo do nazismo e como democracia considera até aconselhável que esse estudo venha acompanhado de uma insistência particular nas suas consequências, como regime brutal e ditatorial; a ciência naturalmente permite esse estudo pelos avanços na investigação e na perspectivação e compreensão dos problemas, que um Estado democrático não deve à partida impor. E, sobretudo, deve limitar, como ciência, uma abordagem demasiado subjectiva do tema e demasiado apaixonada. Não se coloca, pois, a questão, no nosso contexto actual, de não estudar o holocausto ou o nazismo, porque é a sociedade e a ideologia do nosso Estado/Sociedad, que o determinam, sobre bases científicas.

4. Com o problema da Educação sexual, as coisas são diferentes. Porquê? Porque mesmo que o Estado esteja de acordo em considerar relevante uma disciplina de Educação sexual com determinada orientação (e nem aí deve haver grande acordo entre decisores políticos), mesmo que a ciência diga que com X anos de idade era bom que as crianças/jovens aprendessem Y do ponto de vista científico, a sociedade encontra-se razoavelmente dividida quanto às perspectivas e aos conteúdos... e a causa dessa divisão radica em grande parte (mas não só) na posição da Igreja. E é que a sociedade não é de menor importância neste problema! Numa sociedade democrática, o Estado e a ciência (parto do princípio discutivel de que o Estado é positivo e que seguiria o pensamento científico) não têm o direito de impor as suas perspectivas sem mais. Então? Deve o programa de Educação sexual propor a masturbação como acto normal do desenvolvimento? Mas será que neste caso as famílias devem ou não ter uma palavra a dizer? Ou deve o Estado/Ciência procurar educar a sexualidade das novas gerações mesmo se muitas famílias forem contra este ensino, à maneira dos regimes de pensamento único? E eu não tenho dúvidas: propostas sobre a normalidade da masturbação, da homossexualidade, da igualdade entre vários tipos de famílias ou do planeamento familiar estão muito longe de serem unânimes e cortam transversalmente a sociedade e o país (presumo que entre norte/sul; litoral/interior).

5. O Estado deve educar... mas a que preço? Contra consciencias? Contra o ensinamento respeitável da Igreja? Podemos gostar ou não, concordar com ele ou nao, considerá-lo obscurantista ou não, mas não me parece que merece menor respeito... quanto mais não seja pela quantidade de gente que arrasta.

6. Depois, o que julgam: deveria a educação sexual ser antes de mais nada uma função preferencial dos pais, da familia, ou deveria ser totalmente assumida pelo Estado, en dépit dos pais? Eu julgo que é antes de mais uma função da família; mas quando não há família que a assuma? Ou não queira assumir? Nesse caso, pode depositar no estado essa responsabilidade, penso que sim.

7. Sendo assim, julgo que o melhor e para já é que a disciplina de Educação Sexual, seguindo critérios rigorosamente científicos e positivos, de acordo com o que a ciência hoje defende (e lamento, João Luís, mas não será possível ter hoje outro cenário), segundo os melhores especialistas reconhecidos deveria ser OPTATIVA, como EMRC. Quem deposita no Estado e na Ciência (lembro que estou a procurar identificar os dois, o que pode ser discutível) confiança para educar os seus filhos para uma sexualidade com base científica (biologia + psicologia + sociologia + pedagogia + pediatria), poderia fazê-lo. Quem considera, com todo o direito, que apesar de tudo a ciência é naturalmente uma coisa falível, que não tem em conta outras questões relacionadas sobretudo com o ensino da Igreja, alicerçado na Palavra de Deus, e que este deve ser preferível, não escolhia a disciplina para os seus filhos, e os próprios pais, a própria Igreja e a própria disciplina de EMRC poderia ou continuaria a assumir então o que considerava mais relavante a ensinar a esse nível.

8. O que julgo é que a Igreja não tem qualquer direito de impedir que quem o queira e havendo também opiniões nesse sentido, possa beneficoiar de uma Educação sexual em moldes científicos, mesmo que não compatível com o ensino da Igreja... do mesmo modo que o Estado não pode impor a quem não concorde esse mesmo ensino.

Abraço fraterno

Miguel

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