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O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:21

As últimas semanas foram particularmente pródigas em notícias sobre a Igreja Católica. A agonia e morte de um Papa incontornável na História da Igreja dos últimos séculos (e uma das figuras mais marcantes do século XX), e a eleição de um novo Papa, que despertou as mais variadas reacções, não deixou (quase) ninguém indiferente. Católicos de todos os quadrantes, cristãos de outras confissões, crentes de outras religiões, agnósticos e ateus, todos tece(ra)m os mais variados comentários, elabora(ra)m análises, arrisca(ra)m-se previsões para a Igreja e para o mundo.

Passada a ebulição mediática, temos mais condições para calmamente pensarmos e rezarmos a realidade da Igreja de que fazemos parte.

Esta Igreja, que é uma realidade misteriosa e da qual devemos falar sempre em primeira pessoa.

Deve ser com esta «premissa» bem presente que podemos partilhar neste fórum o como «(vi)vemos» o presente da Igreja. A mesma ideia-chave deve orientar-nos neste espaço, onde podemos pôr em comum as nossas perspectivas sobre o futuro da Igreja e os nossos sonhos para a Igreja do futuro.

É fácil cair em estereótipos que têm muito de ideológico e pouco de espiritual. Mas isso não obsta – pelo contrário – a que se se «oiça» o que «se» diz... No balanço e perspectivas da Igreja, uns quererão a revogação do Concílio Vaticano II, no seu todo ou parte, sonhando talvez com a restauração da «Cristandade»; outros quererão que o mesmo Concílio seja «plenamente concretizado»: mais colegialidade, melhor ecumenismo, leigos mais conscientes do seu papel, etc.; outros ainda que ele seja «alargado»: ordenação de mulheres, fim do celibato obrigatório dos padres, «despenalização» da contracepção, democratização do exercício do poder na Igreja.

Contudo, se a nossa visão da Igreja que queremos não passa de uns quantos «slogans» de tipo «ideológico», corremos o risco de não ter entendido nada. Não pode haver visão cristã da Igreja sem a atenção ao Espírito Santo (esse «Deus menor» de muita teologia católica e o «esquecido» da vida de muitos cristãos). E não pode haver atenção ao Espírito Santo sem oração e sem o «adentrarmo-nos» na Palavra que Ele torna viva e actual, para cada um de nós, «Igreja de Cristo». Precisamos menos de «slogans» e muito mais de discernimento, onde todos são chamados a participar.

Portanto, mais do que de análises e previsões «à Nuno Rogeiro» (ele que me perdoe a referência), urge perscrutar o que nos diz o Espírito.

Quer isto dizer que certamente aqui contarão as opiniões e os argumentos, mas deveria também contar o grande «trabalho de casa» que temos que fazer... Que isso esteja nas entrelinhas do que formos escrevendo!

Deixarei em seguida dois textos que poderão ser uma ajuda ou ponto de partida para uma reflexão...

Alef

Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:25

Continuando...

O primeiro texto são três pequeníssimos extractos de um livro publicado em 1971 (edição inglesa). Vale a pena ser lido. Peço desculpa não ter comigo a versão portuguesa.

Ah, foi escrito por um jovem teólogo que esteve sob suspeita do «Santo Ofício» e ameaçado de ser expulso do Concílio, onde estava como perito. De seu nome, Joseph Ratzinger.

Em inglês o livro chama-se Faith and the Future e existe pelo menos uma tradução portuguesa: Fé e futuro (Vozes, Petrópolis, 1971).

Leia-se com atenção.

Alef



Citação:
“From today’s crisis, a Church will emerge tomorrow that will have lost a great deal. She will be small and …. will have to start from the beginning. She will no longer be able to fill many of the buildings created in her period of great splendor …. Contrary to what has happened until now, she will present herself much more as a community of volunteers ….

"As a small community, she will demand much more from the initiative of each of her members, and she will also certainly acknowledge new forms of ministry and raise up proven Christians who have a calling to the priesthood. The normal care of souls will be made by smaller communities, in social groups with some affinity. ….

"This will be achieved with effort. The process of crystallization and clarification will demand a great exertion. It will make her a poor Church and a Church of the little people …. All this will require time. The process will be slow and painful.”


Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:33

O segundo texto é de Frei Bento Domingues, no «Público» de hoje. Transcrevo-o na íntegra.

Alef



Citação:

Limites da prospectiva sobre o futuro da Igreja


1. O primeiro Papa - seja perdoado o anacronismo da designação - proclamou enfaticamente o sacerdócio de todos os cristãos. E não só. S. Pedro exigiu que: todos os membros da comunidade cristã fossem teólogos bem preparados, mansos e sem arrogância. Volta a confrontar-nos, na Missa de hoje, com essa urgência: "Estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança, com mansidão e respeito, a todo aquele que vo-la pedir" (cf. I Pedro, 3,15-18).

Diante de tanta propaganda tonta em torno de Bento XVI e dos medos projectados do passado para o futuro, importa não esgotar a esperança cristã com a autoridade de humanos eleitos por seres humanos, segundo regras e processos estabelecidos por alguns deles. Seria cair no pecado da idolatria.

O Espírito Santo não foi fechado à chave para a eleição do Papa nem assinou a acta da eleição. No entanto, acolhido ou rejeitado, o Espírito Santo - com o Pai e o Filho - é para a fé católica o habitante mais cosmopolita e bem disfarçado. Seria muito estranho - embora sem substituir as suas qualidades e os seus defeitos - que Ele se tivesse mantido alheio às tarefas dos cardeais eleitores que invocaram a sua divina assistência!

Parece-me fundamental que os católicos não abandonem o espírito crítico nem se furtem a colaborar generosamente com Bento XVI para que a Igreja cató1ica seja a pátria de todos os que são movidos pelo Espírito do Ressuscitado e não se torne, segundo uma antiga expressão de J. Rapinem, o reino da "estupidez sectária e da teimosia pretensiosa".

2. No momento em que abundam os palpites e as estatísticas acerca do futuro da Igreja Católica Romana, comentadas por crentes, agnósticos e ateus, é preciso não esquecer, como nos adverte o historiador Odon Vallet, os limites dos exercícios da prospectiva, sobretudo em matéria religiosa. Na sua história, o homem será sempre um abismo e Deus é imprevisível.

Algumas referências podem ajudar-nos a medir a incerteza quanto ao futuro das religiões. (1)
No séc. II, o culto de Mithra teria sido dado como vencedor contra o cristianismo. O prognóstico teria sido o mesmo a favor do islão no séc. X. No séc. XVI, a Reforma protestante poderia ter ganho à Igreja romana. O ateísmo, tão em voga no séc. XX, ao desabar a quase totalidade dos regimes marxistas ficou abalado...

Odon Vallet realça incógnitas evidentes, nada teológicas, que aconselham muita cautela com prognósticos no campo religioso.

Ignoramos, por um lado, qual será o ritmo da demografia mundial. Será, sem dúvida, mais moderado, embora diferente segundo os países e os continentes. Por outro, o budismo e o cristianismo ortodoxo, entre as grandes religiões, foram as que mais perderam no séc. XX. Esta tendência vai manter-se ou inverter-se? No final do séc. XIX, o cristianismo encontrava-se em igualdade numérica com o budismo. Hoje - sem dúvida por obra dos regimes comunistas da Ásia - existe apenas um budista para cinco cristãos. Assiste-se a uma renovação do budismo nesta região, mas o seu futuro vai depender muito da evolução demográfica destes países. Enquanto a população mundial foi multiplicada por cinco em pouco mais de um século, o número dos cristãos ortodoxos pouco variou. Existe, sem dúvida, uma renovação da Igreja ortodoxa na Rússia, mas a sua população está a diminuir...

O islão, no mesmo período, progrediu ligeiramente, graças à dinâmica demográfica dos países muçulmanos. O seu futuro depende muito da evolução desta demografia, porque o número das conversões é negligenciável. Além disso, é muito difícil saber se o islão vai continuar encrespado numa certa tradição ou vai abrir-se à modernidade.

O judaísmo, por razões de um terrível e programado genocídio no séc. XX, mantém-se ao nível do que era em 1900, apesar de a população mundial ter quintuplicado... O seu futuro também está ligado à demografia, muito dinâmica entre os judeus ortodoxos, mas parece que os casamentos mistos ameaçam a dissolução da identidade judaica.

Quanto ao cristianismo, muito dependerá das novas Igrejas protestantes. Pela sua antiguidade, a Igreja católica tem a vantagem da experiência e o inconveniente do seu peso e lentidão institucionais. Excedendo largamente o protestantismo histórico, as novas Igrejas protestantes têm a favor o seu excepcional dinamismo e o inconveniente da inexperiência dos seus pastores. Elas obtiveram grandes êxitos em alguns países e continuam muito proselitistas. Não se esqueça, como observa Odon Vallet, que, no final do séc. XIX, dois terços dos missionários eram católicos e, destes, metade eram franceses. Hoje, 75 por cento dos missionários são americanos e membros dessas novas Igrejas protestantes.

Resta, finalmente, olhar para o processo de secularização nas sociedades conquistadas pela modernidade. Não é sempre verdade que o bem-estar é o maior inimigo da religião. Basta pensar no caso da América do Norte. Até poderia dar-se o caso de que as religiões venham a perder influência nos países emergentes e a ganhar nos países ricos, vítimas do desemprego e de uma grave crise de valores, em larga medida, devido ao fracasso do ateísmo materialista.

Joseph Ratzinger, no começo dos anos 70, prognosticou para o ano 2000 a transformação da Igreja católica numa pequena e atraente comunidade de santos. (2) Como irá Bento XVI lidar com a Igreja impura das grandes multidões, a Igreja que se mostrou no triunfo e na morte de João Paulo II? Voltaremos a essa questão.

1) Cf. "Le Monde des Religions", 2005, n. 11, p. 10-24
2) "Fé e Futuro", Vozes, 1971, pp. 267-78.

Frei Bento Domingues, O.P.
«Público», 2005-05-01


Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:42

Caro Alef:

Achei especialmente importante a tua frase:

"E não pode haver atenção ao Espírito Santo sem oração e sem o «adentrarmo-nos» na Palavra que Ele torna viva e actual, para cada um de nós, «Igreja de Cristo». "

Vou ficar a digerir isto durante uns dias - sobretudo o desafio de "nos adentrarmos na Palavra".


Isto não é fácil...

Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de May de 2005 23:56

De uns amigos de Espanha:

"La Iglesia en que creemos ESTÁ ABIERTA AL CAMBIO.
La sociedad cambia, y los cristianos somos parte de la sociedad. Tenemos que saber cambiar con ella. La historia del Pueblo de Dios sigue viva.


La Iglesia en que creemos DEBE MIRARSE A SI MISMA.
Debemos ser críticos con nosotros mismos. Con nuestros aciertos y nuestros errores. Debemos pararnos a reflexionar sobre lo que hacemos y decimos para poder mejorar, pareciéndonos cada vez más a Jesús.


La Iglesia en que creemos LUCHA Y SE REBELA CONTRA LAS INJUSTICIAS.
Debemos ser valientes. Seguir a Jesús, es rebelarse contra las injusticias, es llevar el amor de Dios a todos. Y este camino no es fácil. ¿Acaso Jesús midió sus palabras y acciones por temor a lo que pudiera pasar?.


La Iglesia en que creemos AYUDA, ES SOLIDARIA, SE MEZCLA CON EL MUNDO

TRANSFORMÁNDOLO.

¡Y que por esto nos conozcan!


Los LÍDERES de la Iglesia en que creemos:

No importa si son hombres o mujeres, casados o solteros, jóvenes o mayores, negros o blancos. pero sí importa que sean sencillos, justos, abiertos, comprensivos, cercanos, luchadores contra las injusticias, valientes, los primeros en servir, y sobre todo, QUE NOS RECUERDEN A JESÚS.



Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 00:30

Deixo-vos um EXCELENTE post alheio do ww.terrasdadalegriablogspot.com.

Não resisto a partilhá-lo:

"Os porcos satisfeitos

Camus nos "Cadernos" cita Stuart Mill: "Mais vale ser Sócrates descontente do que um porco satisfeito".

No seu primeiro discurso após ter sido eleito Papa, Bento XVI afirmou que: "dirijo-me a todos, mesmo aos que seguem outras religiões ou que simplesmente procuram uma resposta às perguntas fundamentais da existência e ainda não a encontraram. A todos me dirijo com simplicidade e afecto, para assegurar que a Igreja quer continuar a tecer com eles um diálogo aberto e sincero, à procura do verdadeiro bem do homem e da sociedade."

Será possível prosseguir um diálogo aberto, sincero e profícuo se estivermos cheios de milhares de certezas absolutas?

Uma mundivisão cheia de certezas, certezas grandes, pequenas e pequeninas, cheia de respostas peremptórias para todas as questões, é um bom terreno para o diálogo?

E as perguntas cuja complexidade exige uma resposta caso a caso em que a consciência de cada um, obedecendo a princípios sólidos, deveria escutar sobretudo a voz de Deus com vista a estabelecer o equilíbrio e a proporcionalidade entre valores conflituantes?

Milhares de grandes e pequenas certezas, sérias, solenes e graves correspondem a uma mundivisão totalitária na qual não há espaço para o diálogo, uma mundivisão totalitária, sectária, na qual existe tanto amor como aquele que existia quando se queimavam vivos os nossos irmãos em Cristo. Em nome da luta contra o pecado.

A ditadura do fundamentalismo é tão perigosa como a ditadura do relativismo.

O espaço da Fé é também um espaço de dúvidas.

Só não tem dúvidas quem tem uma fé absoluta nos apetites e nos interesses do seu eu. Apenas esse tipo de fé é compatível nas pessoas com absoluta ausência de dúvidas.

E as dúvidas não existem neste tipo de pessoas porque elas têm uma bússola de uma precisão admirável que aponta sempre para o seu ego. Estão sempre satisfeitos pois nunca têm dúvidas.

O único mandamento que Cristo nos deixou foi o mandamento do Amor ("O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei", Jo 15 12)". Ele só nos deu este mandamento.

É apenas a esta ordem que devemos obedecer. Basta-nos essa certeza transcendental, fundamental e axiomática porque de origem divina. E mais algumas (poucas) certezas que decorrem dessa. Depois, é só agir em conformidade: amar, dialogar e partilhar.

A partir de um ou vários pressupostos, é possível construir um mundo dogmático (como é o caso do mundo neo-liberal ou do mundo marxista), de uma grande beleza e coerência. Neste tipo de mundos, existem respostas peremptórias para tudo e tudo é de uma solidez magnífica, recheada de detalhes que contribuem para a imponência do edífico. Mas o cristianismo não é só lógica. O cristianismo tem subjacente a lógica do amor. E essa é incompatível com a lógica das inumeráveis grandes, pequenas e pequeninas certezas absolutas.

É difícil o equilíbrio entre as certezas e as dúvidas?

É. Cada um tem que procurar esse equilíbrio.

A incapacidade de aceitar dúvidas e a necessidade de viver num mundo cheio de certezas corresponde com frequência a uma personalidade imatura e perturbada.

Os mais fragilizados têm direito a viver num mundo de certezas, muitas e inflexíveis.

Os outros têm o dever de procurar escutar a voz de Deus. E a Igreja Católica, normalmente, é um excelente meio de transmissão desta voz, embora por vezes seja necessário estar com atenção para que um certo ruído ou um certo número de interferências não afectem a escuta.

E o principal ruído que me parece poder afectá-la nos tempos actuais é não perceber que o homem precisa de valores e precisa de amor. E que este equilíbrio se alcança com bom-senso e sentido da proporcionalidade e não com fundamentalismos desproporcionados."

Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 00:32

DEsculpem- aqui vai - www.terradaalegria.blogspot.com

Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 01:50

Como «nota suplementar», aqui fica uma «notícia» da «Ecclesia» sobre dados estatísticos da Igreja Católica. Como se sugere no final, vejam-se mais dados aqui, em formato PDF.

Alef


Citação:
A Igreja que Bento XVI recebe

O sucessor de João Paulo II encontra uma Igreja Católica num mundo em mutação, em que mais de metade dos fiéis vive na América, percentagem que ultrapassa largamente a Europa (26,1%).

Segundo o Anuário Pontifício 2004, o número de católicos baptizados em todo o mundo era de 1,071 mil milhões de pessoas (17,2% da população mundial).

A distribuição de católicos por continentes é a seguinte: América, 50%; Europa, 26,1%; África, 12,8 %; Ásia, 10,3%; Oceânia, 0,8 %. Três quartos dos católicos vive, portanto, fora da Europa.

A América é também o continente com maior percentagem de católicos em relação à população total: América, 62,4% de católicos; Europa, 40,5%; Oceânia, 26,8%; África, 16,5%; Ásia, 3%.

O pessoal empenhado nas actividades pastorais da Igreja ascende aos 4 milhões e 200 mil. A vitalidade crescente do Catolicismo na Ásia e na África não consegue compensar a queda das vocações sacerdotais: 416.329 padres em 1978, 405.450 em 2003.

A Igreja conta com 4. 695 Bispos; 405. 058 sacerdotes (dos quais 267.334 diocesanos); 30.097 diáconos permanentes; 54.828 religiosos; 782.932 religiosas (das quais 51.371 de vida contemplativa); 28.766 membros de institutos seculares; 143.745 missionários leigos; 2.767.451 catequistas; 112.982 seminaristas maiores.



Igreja Católica em números


Dados extraídos do Annuarium Statiscum Ecclesiae (ed. trilingue) 2002, que contém os dados relativos a 31 de Dezembro desse ano.

A Secretaria de Estado da Santa Sé, através do seu Departamento Central de Estatística, publica todos os anos os dados estatísticos gerais da Igreja. Apesar da frieza dos números, esses dados permitem ao homem de fé detectar a acção do Espírito, embora esta seja inquantificável por natureza. Muitas acções pastorais realistas são possíveis a partir da análise desses elementos estatísticos. Aqui deixamos os mais importantes. (PDF)

«Agência Ecclesia», 2005-04-20


Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 04:44

O «post» «Os porcos satisfeitos» do «terra da alegria» está bastante interessante, mas haveria que fazer algumas matizações, porque me parece que se dá (pelo menos) um passo em falso, ainda que relativamente subtil.

O «post» parece partir do suposto de que ter certezas absolutas é sinónimo de fundamentalismo. Pelo menos, não esclarece o «salto». Ora, isso não é verdade. O fundamentalista não é necessariamente o que tem «milhares de certezas absolutas», mas o que, mesmo não tendo qualquer certeza absoluta, usa a força e a violência como «argumento» de uma ideia ou «slogan». Ou, como dizia alguém, o fundamentalismo é «uma ideia que pegou em armas». É possível, por outro lado, ter certezas inabaláveis (absolutas) e não ter qualquer tentação fundamentalista.

Este primeiro passo em falso leva a outra conclusão (ou será o contrário?), outra ideia relativamente corrente e discutível, pelo menos para mim. Trata-se da ideia de que para o diálogo inter-religioso há que precindir de verdades absolutas. Isto é, a meu ver, completamente falso, e uma visão bastante distorcida e até demasiado ocidentalizada do que se entende por diálogo religioso. Dei-me conta disto ao estudar, há alguns anos, o modo como muitos hindus entendem o diálogo inter-religioso. Espero voltar a este assunto no final desta mensagem.

Pensa-se muitas vezes que para se poder ter um diálogo inter-religioso há que precindir de demasiadas certezas e optar por uma atitude de «negociação»... Mas isto, por si mesmo, não tem nada a ver com «diálogo inter-religioso».

De resto, este é um erro comum aos «tradicionalistas» e a muitos «progressistas», os primeiros com medo de perder os dogmas, os segundos com pena de que não se avance mais, prescindindo dos mesmos «dogmas», em nome do «entendimento».

Mas isto não é, por si mesmo, diálogo inter-religioso.

Não se trata então de encontrarmos «meios termos», nem é verdade que a existência de verdades absolutas seja impedimento, por si mesmo, o diálogo inter-religioso. Podíamos tomar como exemplo um qualquer dogma teológico ou artigo do credo. São, ou não, verdades absolutas? Sim, porque definem «absolutamente» um caminho (não vou entrar aqui na questão da historicidade do dogma). Por exemplo, podemos «abdicar» da ressurreição para dialogar com quem crê na reencarnação? Mas «prescindir» do credo cristão significaria deixar se ser cristão (o credo «define» a fé em que fui baptizado) e nesse caso não haveria diálogo, mas algo como «fusão» ou «sincretismo religioso»... Para dialogar com alguém não preciso de me transformar nesse alguém. O diálogo inter-religioso tem a ver com outros aspectos, que não a negociação de «credos»...

O diálogo religioso tem a ver, por exemplo, com a partilha da experiência de relação íntima com «Alguém» ou «Algo» que nos «plenifica», com a busca de linguagens «traduzíveis», com o empenho prático em causas comuns e partilha do modo como se vive isso, com a troca de pontos de vista sobre as experiências-limite, como a morte, a doença, o mal moral, etc... E podemos receber muito uns dos outros: linguagens, educação mútua na tolerância, estima e ajuda. Para se poder dialogar não precisamos de prescindir do nosso credo, precisamos, sim, de prescindir da pretensão de impor os nossos pontos de vista. Há diferentes graus de diálogo inter-religioso. Quanto mais profundo, menos importam os conteúdos, embora nunca se prescinda completamente deles. Veja-se como os grandes místicos, cristãos, muçulmanos, judeus ou budistas se aproximam tanto, apesar de terem «credos» tão diferentes...

Portanto, ter certezas não é necessariamente sinónimo de fundamentalismo.

E relativismo não é necessariamente sinónimo de diálogo.

O fundamentalismo tem a ver mais com a atitude com que se «lida» com aquilo que temos por certo no momento em que nos fazemos «emissores».

Globalmente, o «post» está bem escrito e é «sedutor», mas são vários os pequenos saltos subtis, que implicam pequenas falácias. Saltam-se níveis com demasiado «à vontade» e patina-se como convém... ;-)

Mas do artigo podem-se retirar muitos elementos válidos. Apesar de ser importante dizer que o artigo tem falhas na lógica do discurso, muitas frases isoladas tocam pontos importantes.

Por exemplo, concordo que «a ditadura do fundamentalismo é tão perigosa como a ditadura do relativismo».

E a frase seguinte é igualmente importante, embora se situe num novo plano: «O espaço da Fé é também um espaço de dúvidas». Certamente. Mas o espaço da(s) dúvida(s) (haveria que distinguir o singular e o plural) que entra na fé não é sempre o contrário de ter certezas absolutas. Podemos ter muitas certezas absolutas do ponto de vista «gnoseológico», dogmático e até «lógico» (=exige a lógica que isto tenha que ser verdadeiro), e, contudo, estarmos cheios de dúvida (mais do que de «dúvidas», no plural), essa dúvida existencial e profundamente religiosa que muitos místicos conheceram bem, como é o caso de Santa Teresa do Menino Jesus.

Diz-se ainda: «Só não tem dúvidas quem tem uma fé absoluta nos apetites e nos interesses do seu eu. Apenas esse tipo de fé é compatível nas pessoas com absoluta ausência de dúvidas. E as dúvidas não existem neste tipo de pessoas porque elas têm uma bússola de uma precisão admirável que aponta sempre para o seu ego. Estão sempre satisfeitos pois nunca têm dúvidas». Ainda que teoricamente se possa pensar tal coisa, parece-me uma argumentação «sedutora», mas algo vazia, simplesmente por que tal coisa não é realmente «fé» no sentido religioso da palavra. Por outras palavras, parece-me mais retórica que real esta «análise».

De resto, valeria a pena tematizar outro grande tema, que terá que ficar para outra altura: a «tensão» entre fé e dúvida(s). Mas basta dizer isto: ter dúvidas não é sinónimo de falta de fé e o contrário também é verdade. A fé não é só «assentimento de razão» (cf. S. Tomás de Aquino) e a dúvida (singular) também vai para além das dúvidas (plural). E concordo com um autor que aprecio que a grande tentação de TODO o crente é o ateísmo, que não é meramente uma abordagem «teórica» sobre a existência de Deus...

Ah, volto, como prometi acima, a referir a questão do diálogo inter-religioso e a «necessidade» de encontrar «meios termos» ou de «negociar»... Alguns hindus apontam aos cristãos que buscam estas «plataformas de entendimento» uma mania demasiado ocidental de tratar as coisas. Na nossa lógica, de raiz grega, o princípio de não-contadição é fundamental. Não suportamos que uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo. É a lógica do «ou... ou». E contudo, as religiões orientais convivem bem com outro tipo de «lógica»: «e... e...». Caso para dizer que também podemos pecar de ocidentalismo quando «ao nosso modo» queremos «dialogar» com outras culturas... Também isto mostra que o diálogo inter-religioso está em algo mais que o «acerto de proposições»...

Já agora, outro elemento, cuja omissão gera muita confusão, sobretudo quando se trata de ecumenismo: o diálogo não deve ofuscar uma outra realidade: todos somos chamados à conversão. E as «sementes do Verbo» presentes também noutras religiões, poderão ajudar-nos a entender melhor quem somos e aquilo a que somos chamados...

Para concluir e para não sairmos do tema geral do tópico, parece-me que sim, que só haverá uma Igreja aberta a todas as pessoas do mundo e «sal da terra e luz do mundo» se afastar de si a tentação fundamentalista – que existe –, mas para isso não é preciso prescindir das «verdades absolutas». É preciso, sim, prescindir da arrogância e do desamor. Se tivermos a certeza absoluta que Deus ama a todos os homens por igual (para Ele «não há acepção de pessoas») e que nós somos chamados a fazer o mesmo, o fundamentalismo desaparecerá e estaremos mais próximos do FUNDAMENTO, do fundamental.

Alef

Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 06:47

Ora bem, «isto anda tudo ligado»... Na «terra da alegria» acaba de sair a tradução dos extractos de Ratzinger que deixei aqui em inglês. Curiosa coincidência... Com os meus agradecimentos, aqui transcrevo a tradução:

Citação:
«Da crise actual, uma Igreja emergirá amanhã que terá perdido muito. Será uma Igreja pequena e terá de começar do início. Já não será capaz de encher muitos edifícios construídos nos seus tempos áureos. Ao contrário do que aconteceu até hoje, ela apresentar-se-á muito mais como uma comunidade de voluntários.

Como pequena comunidade, ela exigirá muito mais a iniciativa de cada um dos seus membros e certamente reconhecerá novas formas de ministério e criará cristãos com uma formação sólida que serão chamados à presidência da comunidade. O normal cuidado das almas estará a cargo de pequenas comunidades em grupos sociais com alguma afinidade.

Isto será atingido com esforço e exigirá muito empenho. Tornará a Igreja pobre e numa Igreja dos pobres e humildes. Tudo isto exigirá tempo. Será um processo lento e doloroso.»

Joseph Ratzinger

Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 02 de May de 2005 23:22

A abordagem ao futuro da Igreja pode ser visto em várias vertentes. Há algum tempo li o seguinte:O Cristianismo chegou a Roma e transformou-se em Instituição. Chegou à Europa e transformou-se em Civilização. Chegou à América e transformou-se em em Emprendimento. Temos portanto pelo menos 3 vertentes em que a Igreja pode sofrer transformações.
Há um sítio [www.catholicplanet.com], cujo coordenador questionei um dia àcerca das perspectivas de união entre os cristãos. Ele respondeu-me que a união entre os cristãos se faria em torno da Igreja Católica Romana, que pelo ano 2020 agruparia sete Sedes Apostólicas em unidade funcional. É interessante a perspectva colegial deste católico. Será que tinha acabado de ler o Apocalipse (o livro da revelação como se diz em inglês, dirigido às sete Igrejas) e o seu capítulo 7 ?. Outro aspecto interessante nesta perspectiva vem de D. Júlio Tavares Rebimbas, que comentava a propósito da necessidade de quatro bispos na diocese do Porto: "são coisas do Espírito". O número quatro tem igualmente uma carga simbólica notável. São quatro as forças estruturantes da matéria. São quatro os andamentos da 9ª sinfonia de Beethoven (ode de Sciller- interpretada por músicos de vários países em 25/Dez/1989, em Berlim, para comemorar a queda do muro). São quatro os pontos cardeais (com todo o respeito pela bússola, que hoje aponta para norte, mas que em tempos idos apontava para sul). São quatro os viventes do Apocalipse (Revelação 5). E a seguir vem o número dois (as duas testemunhas, Revelação 11). A Igreja precisa de se reestruturar a nível Universal (colegialidade), a nível de cúpula (colegialidade) a nível de base (colegialidade) e reestruturar-se em Jesus Cristo (Revelação 22,6-21). Precisa também de se reestruturar na simplicidade da sua mensagem, o tal livrinho (Revelação 10). Precisa de se reestruturar na correcção do ensino teológico (Revelação 19,6; 11,15; 19,16), rever a dogmática em reunião com todos os discípulos de Cristo (Actos 2).
A lógica (leia-se coerência) desempenha um papel central na abordagem à realidade. As pessoas procuram desenvolver conceitos que se ajustem aos fenómenos observados ou a observar. Nesse sentido é possível prever fenómenos ou renovar os conceitos de acordo com o que se observa. O meu filho Tiago queixava-se certo dia: "Mãe, como é que queres que eu saiba?- Chuva escreve-se com "u", choveu escreve-se com "o". Talvez pela falta de lógica e de coerência, haja tanto insucesso na língua portuguesa. Pessoalmente, não reagi bem à abordagem às operações com números negativos. No 1º teste que fiz sobre esta matéria, obtive um estrondoso 4 (em 20). Nunca me explicaram a lógica de converter - (menos) por (x) - (menos) em nº positivo. Pela lógica, e uma vez que um produto é uma soma de factores, menos por menos devia ser menos. Ou porque é que menos por mais dá necessariamente menos. Na minha lógica menos por menos devia poder dar tanto um número positivo, como negativo, dependendo, da perspectiva. Muito tarde aprendi porque é que qualquer número (excepto zero) elevado a zero dá necessariamente 1 (é interessante que ainda hoje, isto, que é muito simples, não é explicado aos alunos). Estas e outras faltas de lógica, poderão explicar o insucesso dos alunos em Matemática. Andei 7 anos (+ 4 da 1ª) a estudar matemática e não aprendi algo de tão elementar, como fazer um cálculo de acumulação de capital sujeito a uma determinada taxa de juro. Quando surge uma nova teoria, fica-se habitualmente à espera de factos ou observações que a confirmem. O relativismo faz portanto parte integrante do processo evolutivo. A falta de lógica (coerência) é causa frequente de tropeços em todos os sentidos. Outro problema é o autismo. O autismo na sua expressão mais grave é uma doença facilmente reconhecida. Mais subtis são outras formas, como o egoismo. Dou-lhes um exemplo: Alguém realizava à minha frente uma operação num computador, que me fazia falta dominar- coisa simples de 3 segundos. Eu perguntava: como fazes isso? click, click e voltava a repetir a operação. Mas não me explicou. Eu tive vergonha de ser mais explícito e fiquei a pensar que não percebia mesmo nada daquilo e que o melhor seria tirar um curso. Enfim, depois de um curso de 40 horas, que na prática me foi pouco útil, lá aprendi a fazer a tal operação click, click.
A verdade, sempre a verdade. "Eu vim para dar testemunho da verdade", diz Jesus a Pilatos. Mas Deus diz nos dez Mandamentos. "Não responderás contra o teu próximo como testemunha mentirosa". Curiosamente não diz: "não mentirás"- porquê? Mas diz "Não matarás", "Não cometerás adultério", "Não roubarás", "Não desejarás a casa do teu próximo"- e é o que se vê na prática. Afinal quem é que mente?- Não se iludam. A mentira de Deus é ficcção e utopia. Isto vem a propósito de uma mentira descarada que vinha no catecismo da minha infância. Vinha lá uma imagem de Lutero a queimar a Bíblia e por baixo dizia: "Lutero renega a sua Fé". "Que tristeza! Afinal Lutero até tinha uma veneração especial por Maria, Mãe de Deus. Mas vamos a coisas positivas. Acho que a Igreja Católica devia incluir no seu ensino básico a educação sexual, numa perspectiva construtiva, alfabética, digamos. Ensinar a declaração Universal dos Direitos do Homem. Propôr viagens na Internet a sítios educativos. Aumentar o acesso à educação musical.
Igreja Emprendimento- Só uma pergunta: Porque não garantir em definitivo o acesso dos leprosos a tratamento médico (fácil, barato e com real impacto na credibilidade da Igreja Universal- Lepra: paradigma de todas as lepras)?.
E para terminar e já que é causa próxima das minhas andanças por este fórum e estamos no mês de Maria:
Avé Maria, cheia de graça,
O Senhor é contigo,
bendita és tu entre todas as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre. Jesus.
Santa Maria, Mãe da Igreja,
rogai por nós pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Amén.

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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 04 de May de 2005 00:02

Uma pequena correcção ao texto anterior. Leia-se:
Na minha lógica, menos por (X) mais, tanto pode dar resultado positivo, como negativo, dependendo da perspectiva. Se estamos do lado do universo dos números negativos (dentro do espelho), vemos a operação decorrer no universo dos números positivos. Portanto, o que vemos é uma imagem de nós (negativo), no mundo positivo, e o resultado é positivo. Se estamos do lado dos números positivos (do lado de cá do espelho), vemos uma imagem de nós (positivo) no mundo dos números negativos e o resultado é negativo (esta situação é a mais comum). E voltemos à questão da coerência. Se por definição um produto é uma soma de factores, não há motivo para alterarmos as regras, a não ser que tenhamos batido com a cabeça no tecto; devemos, outrossim, manter a coerência, mesmo que troveje. Quanto à lógica das operações de divisão com números negativos, ainda não pensei bem no assunto. Seria interessante trazer Matemáticos para discutir este assunto. Ou enviar esta questão ao Ministro da Educação. Há outros pequenas incoerências no ensino da matemática que podem baralhar. Por exemplo, a ordem das variáveis, numa equação. Toda a gente sabe, que na prática, entra sempre primeiro a variável independente e a variável dependente (o resultado) vem no fim. Isto é bem patente nas máquinas de calcular. Então porque escrever Z=AxB e não AxB=Z. Isto pode parecer minhoquice. Mas nalgumas situações pode marcar a diferença, por exemplo: A perspectiva no tratamento do cancro é dada pela necessidade de destruir as células cancerosas. Mas suponhamos que encarávamos o problema ao contrário e chegávamos á conclusão de que o problema de base reside nas células aparentemente sãs?- É isto a que eu chamo trocar a ordem das variáveis.
Chegou-me agora esta mensagem, que partilho convosco.

COMO NASCE UM PARADIGMA

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo
centro
puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.
Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os
cientistas
lançavam um jacto de água fria nos que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros
enchiam-no de pancada.
Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar
da
tentação das bananas.
Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo
rapidamente
retirado pelos outros, que lhe bateram.
Depois de alguma surras, o novo integrante do grupo não subia mais a
escada.
Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro
substituto
participado, com entusiasmo, na surra ao novato.
Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto.
Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que,
mesmo
nunca
tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse
chegar às
bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem
tentasse
subir a escada, com certeza a resposta seria:
"Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."
Não deves perder a oportunidade de passar esta história para os teus
amigos,
para que, de vez em quando, se questionem porque fazem algumas coisas
sem
pensar...

"É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO" (Albert
Einstein)

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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 04 de May de 2005 23:46

Já bati com a cabeça no tecto.
É o que acontece a quem se fia em princípios absolutos. Mas será que em algum ponto do universo, 1+1 é diferente de 2 ou seja: 1 passo em frente no ponto "a" leva a 1000 passos até ao ponto "b"?. Uma oscilação infinita e instantânea não faz parte da estrutura do universo. No caso da multiplicação com números negativos, segundo as regras definidas nos programas de Matemática, acontece o seguinte:
-2x-2=4 ; -2x-2x-2= -8. Isto levaria a que se pode viajar instantâneamente entre dois pontos do universo, potencialmente situados a uma distância infinita um do outro.
Ora vamos ao meu problema. A multiplicação era equivalente a uma soma, no tempo em que faziam as contas pelos dedos ou com pauzinhos. Mas tempos houve em que saber fazer contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir, como mandam as regras, dava direito a ter uma vida faustosa. Com as operações básicas chegou-se à abstracção. Se 3x3= 3+3, não é verdade que 0,2x0,2= 0,2+0,2. O formalismo foi ao ar. No intervalo de -1 a +1 os números têm efeito de aborção, sendo 1 e -1 elementos neutros da multiplicação e o zero o elemento que provoca absorção total. No zero concentra-se toda a energia do universo; é um autêntico buraco negro, sem harmónicos. Por isso não faz sentido uma potência zero de base zero (0 levanto a 0), porque no zero está tudo e nada e este só pode ocupar uma posição.
- Afinal toda a regra tem uma excepção.


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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 05 de May de 2005 07:59

Será que é mesmo necessário chamar a Igreja Católica Romana à razão?
Reparem que no tópico sobre as ordens de Jesus Cristo (que são muitas), ninguém acresentou uma que fosse ao longo de mais de dez dias. A Igreja Católica Romana não parece de facto centrada em Jesus Cristo. Eu sou cristão e por inerência das ordens de Jesus Cristo ("Ide por todo o mundo") sou Católico. Aqui ficam 3 desafios.

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AxB=Z

Avé Maria cheia de graça,
o Senhor está contigo,
bendita és tu, entre todas as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre. Jesus.
Bem-aventurada Virgem Maria,
rogais pela Paz e por nós pecadores.
Amén.

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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 05 de May de 2005 23:11

"Veni Creator Spíritus"
(do CD- Coro dos Monges Beneditinos, S. Domingos de Cilos)

Vem, Espírito Criador,
Visita as almas dos teus fiéis
E enche de graça divina
Os corações que tu mesmo criaste.

Tu serás nosso Paráclito,
Dom do Deus Altíssimo,
Fonte viva, fogo,
Caridade e unção espiritual.

Tu, portador de sete dons,
Tu serás o dedo da mão de Deus
Tu, o prometido do Pai: tu, quem põe
Em nossos lábios os tesouros da tua palavra.

Acende com a tua luz os nossos sentidos;
Infunde o teu amor nos nossos corações:
E, com o teu auxílio perpétuo,
fortalece a nossa carne frágil.

Afasta de nós o inimigo,
Dá-nos já a paz, sê tu o nosso guia:
E, postos sob a tua direcção
Evitaremos todo o mal.

Por ti conhecemos o Pai
e também o Filho
e que em ti, Espírito de ambos
Acreditemos em todo o tempo.

Glória a Deus Pai e ao Filho
Que ressuscitou dentre os mortos,
E ao Espírito Consolador
Pelos séculos dos séculos.

Amém.

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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 06 de May de 2005 08:02

Sobre o autismo aqui fica mais um exemplo.
Há ceca de um ano enviei um donativo para uma instituição católica, para apoiar uma iniciativa que me pareceu muito válida (um donativo próximo de 1% do meu rendimento anual- 1% custam as grande iniciativas, como os Descobrimentos Portuguses e a NASA). O donativo ia acompanhado de um impresso com o meu nome e morada. Estranhamente não me disseram: "recebemos" ou "recebemos e aqui está o recibo" ou "rebemos, aqui está o recibo, mande mais"...
E antes de me entranhar mais nas questões matemáticas da fé, deixo duas perguntas:
- A primeira tem a ver com um paradigma: sabem porque é que a vogal i leva uma pintinha por cima, mesmo em Inglês?
- A segunda refere-se às operações matemáticas: havendo o universo dos números negativos (dentro) e o universo dos números positivos (fora), segundo a lógica do espelho, será que, na multiplicação, a ordem dos factores é arbitrária?

Respondam para o meu email.

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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 06 de May de 2005 08:02

E antes de me entranhar mais nas questões matemáticas da fé, deixo duas perguntas:
- A primeira tem a ver com um paradigma: sabem porque é que a vogal i leva uma pintinha por cima, mesmo em Inglês?
- A segunda refere-se às operações matemáticas: havendo o universo dos números negativos (dentro) e o universo dos números positivos (fora), segundo a lógica do espelho, será que, na multiplicação, a ordem dos factores é arbitrária?

Respondam para o meu email.

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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de May de 2005 12:10

Aler!
A lef ;-)


Citação:
Por um catolicismo como o mundo moderno espera

Aqueles que, como eu, vão entrando no Outono da sua existência não podem deixar de olhar com natural perplexidade para este mundo em que vivem e interrogar-se sobre as razões por que não é este um tempo de celebração das vitórias que pareciam afinal estar tão à mão: o triunfo sobre ignorância com as armas de uma educação que as novas formas de comunicar deveriam levar a todos; o triunfo sobre a doença com o progresso quase mágico de armas que curam ou previnem os males do corpo; o triunfo sobre a fome com as novas engenharias capazes de produzir alimentos para todas as bocas do mundo; o triunfo sobre a pobreza com a distribuição equitativa da riqueza gerada pelas economias mais robustas; o triunfo sobre os totalitarismos com a extinção das ideologias que os sustentavam; o triunfo sobre a violência com a compreensão dos mecanismos sociais que a fazem nascer; o triunfo sobre o enfado com a multiplicação das formas de entreter; o triunfo sobre a monotonia do quotidiano com a imaginativa explosão da criação artística; o triunfo sobre o desleixo com que se cuidou do planeta pela intervenção avisada dos ecologistas; o triunfo sobre a guerra pelo apelo dos povos que a sentiram na carne durante todo um século.

E contudo este não é o melhor dos tempos para o espírito dos homens. A atitude confortável é dizer simplesmente que, por razões múltiplas e complexas, tudo isto resulta de uma crise de valores morais que alguns consideram resignadamente como consequência inevitável da "modernidade".

Assim se proclama o anátema da decadência espiritual de uma sociedade chamada depreciativamente técnico-científica, que cobre um novo bezerro com o ouro do êxito, do poder, do dinheiro, da exaltação da vida e do sucesso.

E de facto, parece evidente que todas as conquistas que poderiam ter levado ao triunfo incontestável sobre tantos males da civilização não foram acompanhadas de um progresso moral correlativo, e, mais do que isso, é mais tímida a afirmação dos valores de morais tradicionais em que fomos educados, e mais envergonhado o testemunho de uma cidadania na tradição cristã ocidental. E a própria Igreja não permaneceu incólume, abalada por escândalos que revelaram as chagas da sua pobre humanidade, ou pela ofensa de um silêncio quando a história parecia reclamar um grito.

É certo que o Concílio Vaticano II veio criar a esperança de uma renovação que permitia novas formas de intervenção pastoral, mas que não terão sido cumpridas na largueza que o tempo parecia exigir, em parte porque a hierarquia eclesiástica lhes não terá dado curso mais livre, em parte porque os leigos católicos não terão acorrido à chamada.

Quem, como eu, foi educado numa cristalina ortodoxia, foi-lhe explicado que a salvação da alma seria sempre numa luta solitária com o anjo, mas que seria imperdoável fugir ao testemunho de uma vida em que se entrelaçam valores intelectuais e morais que permitiam pagar a César o que lhe era devido, porque compreendíamos, como dizia Maritain, que nada era mais importante para a liberdade das almas e para o bem dos homens que a distinção dos dois poderes.

Parece hoje que apenas pagamos a César, e que já não são nossos os mártires. Se a Igreja tem decerto uma voz mais activa na intervenção política, e se se verifica o que se poderia chamar uma globalização do poder Papal, na afirmação vigilante da solidariedade e da justiça, a Igreja não se pode afastar das reais questões da sociedade do nosso tempo, a sua voz não pode ser débil quando interpelada pelas consciências inquietas, nem frágil e fragmentada a intervenção dos católicos, nem retrógrada a sua posição em relação aos desafios contemporâneos da ciência e da técnica. É que a Igreja surge por vezes como uma força que parece travar e não iluminar, como se a revolução científica a apanhasse de surpresa, e a sua resposta fosse tardia e inadequada. De facto, o progresso científico criou saberes e tecnologias cuja aplicação parece desafiar uma ordem moral sedimentada ao longo dos séculos, e a Igreja tem de desembaraçar o complexo novelo da modernidade. O próprio Papa João Paulo II reconheceu a importância destas questões e na encíclica Fides et Ratio advertia que "o movimento filosófico contemporâneo exige o empenhamento solícito e competente de filósofos crentes".

É também claro para mim que há verdadeiras diásporas no seio da comunidade dos crentes, gente que labuta como formigas cegas, perdida num labirinto sem sentido, gente a quem o rigor dos cânones obrigou a afastarem-se dos sacramentos que foram fonte de consolo durante toda a vida, gente que busca o equilíbrio tão difícil entre a beatitude e a justiça. E os críticos mais severos afirmam: guarde-se a fé, mude-se a Igreja.

Parece-me evidente que este mundo exige um catolicismo como uma nova força revitalizadora, aberto à comunicação com todos, atento à ciência e à técnica, e consciente de que continua a ser uma duradoura e consistente força do progresso moral e social dos povos, e, por isso, a si mesmo chamou sal da terra e luz do mundo. E talvez não seja preciso ir muito mais longe; talvez baste apenas recordar a serena mensagem do Sermão da Montanha, que mantém a sua perene modernidade, neste tempo tão interessante de viver.

João Lobo Antunes, Médico
[texto escrito a convite do cardeal-patriarca de Lisboa para uma sessão que tinha como palestrante o cardeal arcebispo de Viena]

«Público», 2005-05-05


Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 06 de May de 2005 17:58

Já sei que toda a gente está a dizer Amém ao texto do Dr. Lobo Antunes, mas ninguém responde às perguntas que fiz (que dor vai no meu cotovelo...)

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Re: O futuro da Igreja e a Igreja do futuro
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 07 de May de 2005 18:04

Cada vez me parece menos consistente o princípio de que na multiplicação, o produto de menos por menos dá mais ou seja (-4) x (-4) = +16. Reparem que (+4)x (+4) é igual a +16 e não a -16. O que se passa no mundo dos números positivos espelha o que se passa no mundo dos negativos e vice-versa. Portanto, se mais por mais é mais, menos por menos é menos, para mantermos o princípio da relatividade e das propriedades da multiplicação. É estranho este assunto ter-me surgido ao debater a questão da coerência dentro da Igreja Católica. Portanto, se se diz que acreditamos num só Deus: Pai, Filho Espírito Santo, devemos ser coerentes com este princípio nos passos seguintes.
Enquanto aguardo que alguém arrisque uma resposta fundamentada às questões que levanto 3 pontos acima, aqui fica uma anedota:
O Professor voltou-se, com voz firme, para o melhor aluno da turma e perguntou:
Joãozinho,
Quem descobriu o Brasil?
O Joãozinho hesitou, fingiu que tinha o nome debaixo da língua , mas esquecera-se de estudar a lição e ficou calado.
O professor então insistiu, elevando o tom de voz:
Joãozinho, quem descobriu o Brasil?
Foiiii...
Então o professor berrou,
Joãozinho, quem descobriu o Brasil?
O Joãozinho percebeu que tinha mesmo de dar uma respota inquestionável e respondeu:
- Não fui eu, senhor professor.
e a história continua, já que no caminho para casa alguém terá dito:
- Senhor professor, se calhar o miúdo até tem razão.

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